Autor: Márcio Guariba

Especial “U2 e o cinema – Parte 3”

Especial “U2 e o cinema – Parte 3”

Especial “U2 e o cinema – Parte 3”

Olá UV’s! Vamos para a terceira e última parte do nosso especial sobre as participações do U2 nas trilhas de filmes, e agora, chegamos aos anos 2000.

Logo de cara, durante as gravações do álbum “All That You Can’t Leave Behind” o roteiro escrito por Bono no final dos anos oitenta, chamado “O Hotel de Um Milhão de Dólares” foi retrabalhado por Nicholas Klein e ganhou a parceria do diretor Wim Wenders e de Mel Gibson, que topou viver o detetive Skinner da produção. Empolgado, Bono bancou a trilha, que virou uma espécie de “Passengers 2”, só que se no primeiro, Brian Eno foi o ‘quinto membro’ da banda, aqui o outro grande produtor da carreira da banda, Daniel Lanois, ganhou essa função. Juntamente com outros músicos, em sua maioria de Jazz, a banda foi batizada de MDH band. O U2 contribuiu com “Stateless” (sobra das sessões dos álbum que viria a sair em novembro), “The First Time” e “The Ground Beneath Her Feet”, feita tendo como base um poema escrito por Salman Rushdie, famoso por ter sido jurado de morte pelo governo Irãniano depois do seu controverso livro “Versos Satânicos”. Essa última chegou a ser cogitada para ser lançada como single. Inclusive um vídeo, dirigido também por Wenders, foi filmado. Porém, dado a proximidade do lançamento do novo álbum de carreira da banda, foi engavetado. Posteriormente, na compilação de vídeos “The Best Of 1990 – 2000”, ele foi lançado. Veja;

E quanto ao filme? Bem… É fraco. A história de amor promete, porém não engrena. Ainda mais, com o pano de fundo ‘policial’ armado para tentar dar alguma ‘cara’ ao filme. Não funcionou…

Se você quiser baixar e ter o filme (e dar a sua própria opinião), clique aqui.

Ainda em 2000, mais dois filmes utilizaram canções da banda; “Três Reis”, com George Clooney e Mark Walhberg utilizou “In God’s Country”; E “Um Homem de Família”, com Nicolas Cage, utilizou “One”.

Em 2001, seis filmes tiveram a contribuição da banda. Dentre eles, três se destacam; O primeiro foi “Moulin Rouge”, que contou com a regravação de “Children Of The Revolution”, do T-Rex por Bono e seu parceiro de longa data, Gavin Friday. Durante o filme, o personagem de Ewan McGregor recita alguns versos de “Pride (In The Name Of Love)”. A proposta do filme era de misturar musical cabaré com hits pop do século vinte. McGregor, aliás, que é grande fã do U2. Veja ele aqui, tocando “Running To Stand Still” ao violão;

Buskers”é um curta metragem irlandês que mostra uma banda, chamada de Achtung Baby, que toca nas ruas de Dublin. Em uma das passagens, podemos ouvir ‘I Still Haven’t Found What I’m Looking For”. Veja o filme;

E num envolvimento maior, a banda remixou e lanço como single “Elevation” como parte da trilha do filme “Tomb Raider”, com Angelina Jolie vivendo a heroína dos games de ação.. Na minha opinião, tanto filme quanto o vídeo feito para ele são terríveis. Veja;

U2 bom contra U2 mal? Blergh…

Os outros três filmes que utilizaram faixas da banda são; “Vida Bandida”, com Bruce Willis e Cate Blanchett (“Beautiful Day”), “Vanilla Sky”, com Tom Cruise e Penélope Cruz (“Wild Honey”) e o já citado na parte 2, “He Died with a Felafel in his Hand” (“Miss Saravejo”).

Em 2002, o grande destaque foi “The Hands That Built America”, composta especialmente para o filme “Gangues de Nova Iorque”, de Martin Scorcese. Por essa música a banda foi indicada ao Globo de Ouro e ao Oscar de melhor canção, ganhando o primeiro e perdendo o segundo para Eminen (!?!?). Bono e Edge ainda apresentaram a canção na cerimônia. Veja;

Um single promocional foi lançado na época e é bem raro. Nele, há uma versão levemente alterada da canção, batizada de “Soundtrack Mix”.

No mesmo ano, “Um Grande Garoto”, com Hugh Grant, baseado no livro de Nick Hornby, usa “Zoo Station”durante o filme. “A Herança do Sr. Deeds”, com Adam Sandler, contou com a nova versão de “Sweetest Thing”.

O pequeno filme underground “Black Velvet”utilizou “Beautiful Day”e o irlândes “Bloody Sunday”, que faz um retrato do fatídico “Domingo sangrento” irlandês, utilizou obviamente, “Sunday Bloody Sunday”.

Em 2003, mais algumas coisas interessantes; No filme “Um Lance de Dorte” (“The Good Thief”, no original)  Bono regravou um clássico famoso na voz de Frank Sinatra; “That’s Life” é mais uma na linhagem de grandes standards do jazz que ele gravou (como “I’ve Got You Under My Skin”, “Night And Day” e “I Wanna Be Around”). A faixa é bastante interessante. Ouça;

Ainda em 2003, a vocalista do The Corrs, banda irlandesa apadrinhada por Bono, Andrea Corr, gravou uma canção composta por ele e por Gavin Friday para o filme “Terra Dos Sonhos” (“In America”, no original). A faixa se chama “Time Enough For Tears”. Veja;

Outros dois filmes utilizaram canções da banda neste ano; “O Custo da Coragem” (“Veronica Guerin”, no original), com Cate Blanchett, utilizou “Everlasting Love”, B-side do single de “All I Want is You”; Já o filme “Dias Selvagens” (“Intermission”, no original) usou “Out Of Control” em sua trilha.

Em 2004, somente o filme “Rouband Vidas” (“Taking Lives”), com Angelina Jolie, utilizou algo do U2; “Bad” foi a escolhinda.

Já 2005, tivemos duas participações dignas de nota; Primeiro, a contribuição para “I’m Your Man”, documentário sobre a vida de Leonard Cohen, influência confessa de Bono e Edge. No filme, em meio a entrevistas, vários artistas pagam tributo a Cohen. Funcionando como uma banda de apoio, o U2 se junta a ele para uma versão de “Tower Of Song”, que no ano seguinte foi utilizada como B-side do single de “Window In The Skies”. Veja;

Pra quem não conhece Leonard Cohen, vale a dica; Ele é um dos maiores poetas ainda vivos e sua voz gutural te leva a outro lugar. Bono já havia participado de um tributo á ele em 1995, com o clássico famoso na voz de Jeff Buckley, “Hallelujah”.

Outra participação legal e curiosa é a parceria de Bono e Andrea Corr (novamente ela!) na faixa “Don’t Come Knocking” para a trilha do filme de mesmo título. O detalhe é que a faixa nunca foi lançada oficialmente. Uma pena… Veja;

Outro filme que utilzou uma faixa da banda foi “Backstage”, com a clássica “Love Is Blindness”.

Em 2006, quatro filmes utilizaram canções da banda, mas nada inédito; A comédia “Click”, com Adam Sandler, tem um momento muito bonito ao som de “Ultraviolet (Light My Way)” (que também foi utilizada no filme “O Escafandro e a Borboleta”, no ano seguinte); “O Diabo Veste Prada” utiliza “City Of Blinding Lights”. O drama “Becoming a Family” usou “Sometimes You Can’t Make It On Your Own” e o pequeno filme francês “Não Diga a Ninguém” utilizou a batida “With Or Without You”.

Em 2007, algumas coisas bem interessantes; Primeiro, “Love Is In Need Of Love Today”, clássico de Stevie Wonder, regravado por ele em parceria com Bono para o filme “Darfur Now”. Como não houve lançamento de trilha sorona oficial, a faixa permance inédita.

Agora o melhor, foi a participação no musical “Across the Universe”; Bono e Edge, em parceria com o Secret Machines, gravaram versões para “I Am The Walrus” e “Lucy In The Sky With Diamods”, dos Beatles. Bono, inclusive, interpreta um personagem no filme, o malucão Dr. Robert, uma alusão a canção dos quatro de Liverpool com o mesmo nome, do álbum “Revolver”, de 1966. Veja a perfomance de Bono cantando “I Am The Walrus” no filme;

O filme é fantástico. Vale a pena conferir pra quem ainda não viu 😉

Em 2008, o filme “A Ilha da Imaginação” (“Nim’s Island”, no original), com Jodie Foster e Gerard Butler, utilizou “Beautiful Day”.

Em 2009, o filme “Entre Irmãos” (“Brothers”, no original), foi responsável pela segunda indicação ao Globo de Ouro, pela faixa “Winter”. Além dela, “White As Snow”, do álbum “No Line On The Horizon” e “Bad” fazem parte do filme.

O detalhe é que a versão lançada para o filme é bem diferente da versão lançada em outro filme, “Linear”, feito por Anton Corbjin para a edição especial do álbum “No Line On The Horizon”, do mesmo ano. Nesse filme, cada música do disco recebe um clipe contando a história de um policial franco-marroquino que chuta tudo para o alto para voltar a África. Veja;

O detalhe deste filme, é que a ordem das canções é diferente da final lançada no álbum; Uma idéia interessante que ficou meio abandonada. Para assistir a todos os clipes, clique aqui.

E por último, Bono participou da comédia “Bruno”, cantando juntamente de outras celebridades, a canção “Doves of Peace”. No filme, Sasha Baron Carter interpreta um estereótipo de modelo, assim como já havia feito no hilariante “Borat”.

Ufa!

E é isso, por enquanto.

Não encontrei nenhum registro de participação em trilhas nos últimos dois anos.

Espero que vocês tenham gostado desse especial!

Deixem seus comentários!

Até mais!

“Achtung Baby – Anniversary Editions”; O que faltou e o que poderia ter sido…

“Achtung Baby – Anniversary Editions”; O que faltou e o que poderia ter sido…

Olá UV’s!

Semana passada, depois de um atraso de um mês e meio, minha caixa Super Deluxe, comemorando vinte anos do lançamento do nosso amado “Achtung Baby” chegou aqui em casa. Lógico que não havia esperado ter esse quitute em mãos para ter me deixado á par do seu conteúdo; Já havia baixado todo o material de áudio e vídeo ainda em dezembro e já sabia tudo que estaria contido nele. “Então, por que comprou?” Oras, porque eu sou fanático! Só não comprei a Über Deluxe Edition pelo preço abusivo (hoje, no site da Amazon americana, bate mais de 480 dólares!). Optei pela Super Deluxe porque ela conteria o que mais me importa no pacote; Os cd’s, dvd’s e o fantástico livro de fotos e notas. Lógico que adoraria ter tudo em vinil, incluíndo os singles no formato original, todos os discos numa capinha bacana e o livrão independente. Cacete, até aquele óculos eu queria, mesmo sabendo que está hipervalorizado para uma réplica.

Bom, enfim. Já havia ouvido e assistido todos os discos e, agora com ele em mãos, pude ler os textos do livro e fiquei satisfeito por ter escolhido comprar a Super Deluxe, pelo simples fato de que tudo acabou por ser uma enganação tremenda.

Sim; O U2 e, especialmente, Paul McGuinness, estão roubando o seu dinheiro!

E sabem por que? Porque apesar te todo o engodo do pacote. Dos mimos e dos ‘guéri-guéris’ (como dizia o meu pai), o box não está completo e nem profundo em sua pesquisa.

Curioso? Revoltado? Bom… Vamos lá…

Primeiro, aos pontos positivos; É muito legal termos tido a oportunidade de ouvir o sexto disco, o “Kindengarten – The Alternative Achtung Baby”. Várias das canções ganharam frases, melodias e sons que nos permitem aproveitá-las novamente. Como se o seu namoro com elas tivesse reiniciado. Adorei a versão mais light de “Zoo Station”; Pudemos ver de onde saiu a versão ao vivo de “Tryin’ To Throw Your Arms Around The World” e seus violões. “One”, que está bem próxima a “Young Blood”, mas com sua letra original (aliás, porque não colocaram essa demo aqui? Esse é um dos poréns que virão á seguir…). “Who’s Gonna Ride Your Wild Horses?” e “Until the End Of The World” são cantadas em tons diferentes e “Ultraviolet (Light My Way)” e “Love Is Blindness” são praticamente outras canções.

Outro ponto positivíssimo é o documentário “From The Sky Down” de Davis Guggenheim; É a melhor coisa em filme feita sobre a banda em todos os tempos. É detalhada e histórica na medida certa pra quem quer ver a banda na sua profundidade. Pra quem almeja entender a quem se gosta. Sei que há muitos fãs de U2 que não sabem diferenciar uma canção da banda de uma farsa montada sobre uma música sertaneja atual (se é que vocês me entendem), e ter um filme assim, é um alento.

Foi lindo ver trechos de bandas que eu gostava e que conheci justamente por ter lido que eles tiveram influências na gravação do disco; Kraftwerk, Young Gods, Happy Mondays… Ouvia isso sem parar no início dos anos noventa por causa do U2. Aliás, se muitas pessoas parassem de prestar atenção em quanto o U2 ganha de dinheiro, quantos aviões tem, no tamanho dos palcos ou na sensualidade dos integrantes, perceberiam o quanto de músicas e artistas diferentes poderiam conhecer. Se hoje sou fanático por Velvet Underground e Lou Reed, é porque lá atrás, ouvi “Satellite Of Love”. Se venero Dylan, Stones e Patti Smith, foi através do U2 que eu pude me familiarizar com eles, ainda na minha ignorante fase adolescente.

O terceiro ponto positivo, são os documentários reunidos em um só DVD (mesmo que falte muuuuita coisa… Á seguir). Já havia assistido a tudo aquilo, mas ver tudo junto, arrumadinho, ficou bem bacana.

O trabalho gráfico também merece atenção, mas fiquei muito bravo na disposição dos discos na Super Deluxe, simplesmente, porque você ter que ficar puxando o disco encaixado no mesmo, o que com o tempo, vai danificar e riscar. Pelo preço, poderiam ter feito algo mais caprichado. E as fotos não são tão inéditas assim. Pra quem tem o “U2 By U2” e o “U2 and I”, do fotógrafo oficial Anton Corbijn, tem uma ou outra coisa nova… Mas enfim, vale como ‘compilação’ do material.

Ah! E o remix sensacional de “Even Better Than The Real Thing”, que foi utilizado durante a ‘360’ no início do ana passado…

Só isso.

Só isso?

É, gafanhoto… Só isso.

Vamos aos defeitos?

Bem, como podem chamar uma edição de “Über” ou “Super” se ela não é completa? Nela, não estão todas as músicas e nem todos os vídeos daquela fase. Sim, eu pesquisei 😉

  • Until The End Of The World” (Soundtrack Version)
  • Night and Day” (Red, Hot and Blue)
  • Who’s Gonna Ride Your Wild Horses?” (The Temple Bar Edit) – versão do vídeo
  • Love is Blindness” (Edge acoustic Solo)
  • Numb” (Edit)
  • Lemon” (Radio Edit)
  • Stay (Faraway, So Close!)” (Soundtrack Version)
  • The Wanderer” (Soundtrack Version)
  • I’ve Got You Under My Skin”
  • Slow Dancing”
  • Zooropa” (Promo Edit)
  • Bullet The Blue Sky” (Live – Stay Single)
  • Love is Blindness” (Live – Stay Single)
  • So Cruel” (Bono acoustic solo)
  • The Fly” (Bono acoustic solo)
  • Even Better Than The Real Thing” (Sexy Dub Mix)
  • Even Better Than The Real Thing” (A440 vs U2 Instrumental Mix)
  • Mysterious Ways” (Solar Plexus Club Mix)
  • Mysterious Ways” (Massive Attack Mix)
  • Numb” (Perfecto Mix)
  • Lemon” (Oakenfold Jeep Mix)
  • Lemon” (Bad Yard Club Mix)
  • Lemon” (Lemonande Mix)
  • Lemon” (Morales BYC Version Dub)
  • Stay” (Underdog Mix)
  • The Fly” (Live from Stop Sellafield)
  • Even Better Than The Real Thing” (Live from Stop Sellafield)
  • Salomé” (Zooromancer Remix Edit)
  • Night And Day” (Twilight Mix)
  • Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me”
  • Can’t Help Falling In Love” (Original Soundtrack Version)
  • Two Shots of Happy, One Shot of Sad” (recorded live on the Zoo TV Plane) (Zoo Radio Promo)
  • Slow Dancing” (Live) (Zoo Radio Promo)
  • Satellite Of Love” (Live) (Zoo Radio Promo)
  • Lemon” (Serious Def Dub)
  • Lemon” (Momo’s Beat Mix)
  • Lemon” (Trance Mix)

Ufa!

Isso mesmo… TUDO ISSO ficou de fora de uma edição que supostamente deveria ser completa. E eu não coloque nada ‘extra-oficial’; Tudo isso foi oficialmente lançado em outros formatos, como promos, b-sides, singles e trilhas sonoras, entre 1990 e 1994, e não foi utilizado na caixa. Poderíamos ter tido mais uns três discos com esse material tranquilamente, apesar de eu não concordar com a inserção do “Zooropa” nesse pacote; Acho que album merece um tributo só seu, apesar de fazer parte do mesmo período. Coisa que eu acho que eles vão fazer de qualquer jeito pra arrancar mais alguns dólares nossos em 2013, quando o disco também completará duas décadas do lançamento. Mesmo que tirássemos todos o conteúdo lançado em 93, (como os remixes dos singles do álbum e seus b-sides) ainda teríamos muito material oficial de fora. Uma pena e uma sacanagem.

Além disso, há muito material que pessoas como eu, que se importam com a MÚSICA adoraria ver lançadas de forma oficial; O famoso bootleg “Salomé”, por exemplo, de onde “Blow Your House Down” e “Heaven and Hell”, lançadas aqui, foram retiradas; Há muitas canções ali, como “Sunset In Colors”, “I Feel Free”, “Don’t Turn Around”, “Chances Away” e “Doctor, Doctor” (entre outras) que poderiam formar um disco.

Outro material que permanece inédito são as demos de algumas canções, como “Sick Puppy” (demo de “Mysterious Ways”) e a já mencionada “Young Blood” (demo de “One”) tão comentadas no documentário e que poderiam estar no pacote. Ainda pra quem tem o livro, há uma canção chamada “Candyman”, da qual eu não faço a mínima idéia se é algo diferente ou a demo de alguma canção que acabou no álbum. E se você pesquisar um pouco mais em livros ou em fóruns sobre banda, verá que há pelo menos mais quarenta outras demos que poderiam ter vindo a luz nesse pacote.

Outro item que poderia ter sido incluído no pacote é o áudio do show em Sidney da “ZOO TV”, que foi lançado recentemente para os membros do site oficial. Isso se eles não quisessem ter feito nenhum esforço. Mas se realmente quisessem agradar, poderiam ter lançado qualquer outro show, principalmente da primeira fase da turnê. Nós conseguimos achar vários em perfeita qualidade durante os anos, como o de Estocolmo, em 92 ou mesmo o famoso em Dublin, de 93. Não faria mal algum termos algo oficial e inédito, não acham?

Além da incompreensível exclusão de “Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me”, canção que apesar de ter sido lançada em 1994 para a trilha do horrendo “Batman Eternamente”, foi “gestada” durante as sessões de “Achtung Baby” e finalizada durante as sessões para o “Zooropa”.

Indo para os vídeos, nem preciso dizer que tambémn estão muito incompletos;

No dvd 2, batizado de “The Videos”, apesar de termos algumas (pouquíssimas) coisas inéditas (como a versão não editada de “The Fly”, os vídeos do concerto “Stop Sellafield” e o vídeo de “Until The End Of The World” que foi mostrado nos telões de Wembley durante o tributo a Freddie Mercury, em 92 (que que já havia sido lançado no DVD do mesmo)), ficou faltando alguma coisa. Vamos a lista;

  • Night and Day”
  • Until The End Of The World” (Vídeo do VHS “Interference”)
  • Even Better Than The Real Thing” (Versão 2, do mesmo VHS)
  • Lemon” (Bad Yard Remix) (Vídeo raríssimo)
  • Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me”
  • Even Better Than The Real Thing” (Fish Out Of Water Mix)

Este último é incompreensível de ter ficado de fora, já que foi feito especialmente para esse relançamento. Veja;

Com relação aos documentários e matérias na MTV, muita coisa ficou de fora. É dar uma olhada no You Tube, digitando U2 interview 1992 ou 1993 lá e veja; A mais legal talvez seja a “Beyond ZOO TV”. Veja a primeira parte (de cinco);

Outra bola redondamente fora desta edição é o fato do documentário “From The Sky Down” não ser a versão “Director’s Cut” lançada posteriormente em Blu-Ray, com mais alguns minutos de filme e as versões completas de “So Cruel”, “The Fly” e “Love Is Blindness”, acústicas, do filme.

Um absurdo pagarmos esse valor altíssimo e termos que gastar mais algum para conseguir a melhor versão de um produto.

Outra bola fora é o re-re-relançamento do show “ZOO TV – Live From Sidney”, que há menos de quatro anos recebeu um relançamento digno, com dvd duplo cheio de extras (todos eles que aliás, estão no dvd 2). Originalmente lançado em VHS em 1994, o show é fantástico e cobre a última parte da “ZOO TV”, já com várias faixas do álbum “Zooropa”, mas cá entre nós; Não custaria ter lançado um novo show, com tratamente e faixa de comentários? Há duas boas pediadas. A primeira é o fantástico show em Estocolmo, em 1992, na parte européia da ZOO TV anterior ao lançamento do álbum “Zooropa”. Um DVD pirata, batizado de “Dancing ZOO TV” é facilmente encontrado na internet ou em sites como E-Bay. O show foi transmitido para a europa, então sua qualidade é praticamente perfeita. Este é o famoso show que a banda tocou “Dancing Queen”, do ABBA junto de dois dos membros originais, Bjorn e Benny; Veja;

Outro show que poderia ter sido lançado é o de Roterdam, na Holanda, também de 92. Veja;

No final, temos um produto incompleto e caro. Mesmo com algumas faixas inéditas, fica devendo pela quantidade de material que ainda permanece inédito.

O fato de que aidna teremos outros produtos lançados contendo o mesmo material que está aqui e outros, que já foram recentemente lançados, piora a situação. Lógico que no final das contas, a edição ‘Über’ enche a gente de bibelôs e tá tudo certo….

E vocês. O que acham? Deixem seus comentários…

*** Como eu acho que poderia ter sido ***

Sem o material do álbum “Zooropa” (que receberia uma edição de luxo em 2013), sobraria mais espaço pra todos os remixes e raridades faltantes; Vamos a um pequeno exercício de insanidade;

Disco 1– Achtung Baby – Remasterizado

Disco 2– B-Sides & Other

  1. Until The End Of The World” (Soundtrack Version)
  2. Night And Day” (From Red Hot and Blue)
  3. Alex Descends Into Hell For a Bottle Of Milk Korova”
  4. The Lady With The Spinning Head (UV1)”
  5. Satellite Of Love”
  6. Even Better Than The Real Thing” (Single Version)
  7. Salomé”
  8. Where Did It All Go Wrong?”
  9. Who’s Gonna Ride Your Wild Horses?” (The Temple Bar Edit)
  10. Paint It Black”
  11. Fortunate Son”
  12. Who’s Gonna Ride Your Wild Horses?” (The Temple Bat Mix)
  13. Can’t Help Falling In Love” (Soundtrack Version)
  14. The Fly” (Bono Solo Acoustic)
  15. So Cruel” (Bono Solo Acoustic)
  16. Love Is Blindness” (Edge Solo Acoustic)

Disco 3 – Ünter Remixes

  1. The Fly” (Lounge Mix)
  2. Mysterious Ways” (Solar Plexus Magic Hour Mix)
  3. One” (Apollo 440 Ambient Mix)
  4. Even Better Than The Real Thing” (The Perfecto Mix)
  5. The Lady With The Spinning Head” (Extended Dance Mix)
  6. Salomé” (Zooromancer Mix)
  7. Night And Day” (Steel String Mix)
  8. Mysterious Ways” (Tabla Motown Mix)
  9. Can’t Help Falling In Love” (Triple Peaks Mix)
  10. Even Better Than The Real Thing” (Sexy Dub Mix)
  11. Mysterious Ways” (Ultimatium Mix)
  12. Even Better Than The Real Thing” (Fish Out Of Water 2011 Mix)

Disco 4– Über Remixes

  1. Mysterious Ways” (Massive Attack Mix)
  2. Salomé” (Zooromancer Mix Edit)
  3. Night And Day” (Twilight Mix)
  4. Even Better Than The Real Thing” (Apollo 440 Stealth Sonic Mix)
  5. One” (Apollo 440 Mix)
  6. Mysterious Ways” (The Perfecto Mix)
  7. Can’t Help Falling In Love” (Mystery Train Dub)
  8. Even Better Than The Real Thing” (V16 Exit Wound Mix)
  9. Even Better Than The Real Thing” (Trance Mix)
  10. Mysterious Ways” (Solar Plexus Club Mix)
  11. Mysterious Ways” (Solar Plexus Extended Mix)
  12. Even Better Than The Real Thing” (Jaques Lu Cont Mix)

Disco 5– Rarities & Unreleased

  1. Blow Your House Down”
  2. Oh Berlin!”
  3. Down All The Days”
  4. Everybody Loves a Winner”
  5. Near The Island”
  6. Sick Puppy”
  7. Young Blood”
  8. Candyman”
  9. Heaven and Hell”
  10. Sunset In Colors”
  11. Chances Away”
  12. Doctor, Doctor”
  13. I Feel Free”
  14. Two Shots Of Happy, One Shot Of Sad” (Live)
  15. Slow Dancing” (Live)
  16. Satellite Of Love” (Live)
  17. The Fly” (Live from “Stop Sellafield”)
  18. Even Better Than The Real Thing” (Live from “Stop Sellafield”)

Disco 6ZOO TV Live From Stockholm 11/06/1992

  1. Zoo Station”
  2. The Fly”
  3. Even Better Than The Real Thing”
  4. Mysterious Ways” / “Love To Love You Baby”
  5. One” / “Unchained Melody”
  6. Until The End Of The World”
  7. Who’s Gonna Ride Your Wild Horses?”
  8. Tryin’ To Throw Your Armd Around The World” / “Three Little Birds”
  9. Angel Of Harlem”
  10. Dancing Queen”
  11. Satellite Of Love”
  12. Bad” / “All I Want Is You”
  13. Bullet The Blue Sky”
  14. Running To Stand Still”
  15. Where The Streets Have No Name”
  16. Pride (In The Name Of Love)”
  17. I Still Haven’t Found What I’m Looking For”
  18. Stand By Me”
  19. Desire”
  20. Ultra Violet (Light My Way)” / “My Way”
  21. With Or Without You” / “Shine Like Stars”
  22. Love Is Blindness”

DVD 1– “From The Sky Down” (Director’s Cut) + Bonus vídeos

  1. The Fly” (Bono Solo Acoustic)
  2. So Cruel” (Bono Solo Acoustic)
  3. Who’s Gonna Ride Your Wild Horses?” (Live At The Hansa Studios)
  4. Love Is Blindness” (Edge Solo Acoustic)

DVD 2– “The Complete Videos”

  1. The Fly”Official Video
    Only Perfomance Version
    Only Text Version (Live)
    Live From Stop Sellafield
  2. Mysterious Ways”Official Video
  3. Zoo Station” (Live From Madison, Wisconsin)
  4. One”The Anton Corbjin Version
    The Buffalo Version
    The Bar Version
    The Automatic Baby Version (With Michael Stipe & Mike Mills)
  5. Until The End Of The World”Official Video
    Live From The Freddie Mercury Tribute
    Live From Sidney
  6. Even Better Than The Real Thing”Official Video
    Version 2
    The Perfecto Mix
    Live From Stop SellafieldLive For The MTV Video Music Awards 1992
    The Fish Out Of Water 2011 Mix
  7. Who’s Gonna Ride Your Wild Horses?”
  8. Tryin’ To Throw Your Arms Around The World” (Live From Sidney)
  9. Night And Day”
  10. Love Is Blindness”
    Official Video
    Live From Rotterdam
  11. Ultra Violet (Light My Way)” (Live From Washington, DC)
  12. Satellite Of Love” (Live From Sidney)

DVD 3 – Documentaries, Interviews and The MTV Archives

DVD 4 ZOO TV Live From Stockholm

 E como ficaria o “Zooropa”???

Bom, não sei se o álbum receberia um tratamento tão megalomaníaco quanto esse, mas acho que há material suficiente para um box nos moldes dos relançamentos do “The Joshua Tree”, em 2007, e do “The Unforgettable Fire”, em 2009. Vamos lá!

Disco 1– “Zooropa” (Remasterizado)

Disco 2– “B-Sides, Rarities & Remixes – Part 1”

  1. Numb” (Edit)
  2. Numb” (Emergency Broadcast Network Video Mix)
  3. Lemon” (Edit)
  4. Lemon” (Oakenfold Jeep Mix)
  5. Lemon” (Morales Bad Yard Club Dub)
  6. Lemon” (Bad Yard Club Mix)
  7. Lemon” (Momo’s Reprise)
  8. Lemon” (The Perfecto Mix)
  9. I’ve Got You Under My Skin”
  10. Slow Dancing”
  11. Bullet The Blue Sky” (Live)
  12. Love Is Blindness” (Live)

Disco 3– “B-Sides, Rarities & Remixes – Part 2”

  1. Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me”
  2. Numb” (The Perfecto Mix)
  3. Lemon” (Serious Def Dub)
  4. Lemon” (Lemonade Mix)
  5. Lemon” (Lemonade Edit)
  6. Lemon” (Momo’s Beats)
  7. Lemon” (Trance Mix)
  8. Zooropa” (Promo Edit)
  9. Numb” (The Soul Assasins Mix)
  10. Numb” (Gimme Some More Dignity Mix)
  11. Stay (Faraway, So Close!)” (Underdog Mix)
  12. Stay (Faraway, So Close!)” (Soundtrack Version)
  13. The Wanderer” (Soundtrack Version)

Discos 3 e 4ZOO TV Live From Sidney (Áudio)

Um quinto disco poderia ser incluído se eles resolvessem liberar o material demo desse período. Há faixas como “Sponge”, que não se sabe exatamente o que se tornou, “One Finger Piano”, que viria a se tornar “Beach Sequence”, no projeto Passengers. “Wake Up”, “Jesus Drove Me” e “Velvet Dress”, que depois virariam “Wake Up Dead Man”, “If God Will Send His Angels” e “If You Wear That Velvet Dress” no álbum “Pop”. Há ainda “Sinatra” (Demo de “Stay”), “Wandering” (demo de “The Wanderer), “Crashed Car” (Demo de “Daddy’s Gonna Pay For Your Crashed Car’) e “Prodigal Son” (demo de “The First Time”, que também possui outra demo já com o título final). Há ainda “Ellis Island”, que não se sabe se é uma outra canção ou outra versão de “The Wanderer”. Há ainda outros vários títulos e versões ao vivo que poderiam ser utilizadas.

Já nos DVD’s, Além do show de Sidney que saiu agora, poderíamos ter o show completo de Adelaide que é facilmente encontrado e foi transmitido para a TV local. O track list é o mesmo do show de Sidney.

O DVD de vídeos ficariam assim;

  1. Numb”Official Video
    EBN Video MixLive For MTV Video Music Awards 1993

  2. Lemon”Official Video
    Bad Yard Club MixLive From Adelaide ou Sidney (dependendo qual show fosse lançado)

  3. Stay (Faraway, So Close)”Official Video
    Live From Adelaide ou Sidney (Dependendo qual show fosse lançado)
  4. I’ve Got You Under My Skin”
  5. Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me”
  6. The Wanderer” (Live From The Johnny Cash Tribute 2005)
  7. Dirty Day” (Live From Adelaide ou Sidney)
  8. The First Time” (Live From The Vertigo Tour)
  9. Zooropa” (Live From The 360 Tour)
  10. Daddy’s Gonna Pay For Your Crashed Car” (Live From Adelaide ou Sidney)

É isso… Aliás, como ficaria uma reedição do “Pop”? Logo mais, aqui no site…

Multicam especial do terceiro show em São Paulo

Multicam especial do terceiro show em São Paulo

O fã Paulo Vetri, membro da UV, fez uma montagem utilizando várias filmagens do terceiro show da 360 em São Paulo e aproveitando também o áudio transmitido naquele dia. O trabalho ficou excelente. Veja o trailer:

No dia 25 de fevereiro, o vídeo será lançado oficialmente no Facebook para download.

Ele também já fez o mesmo para os dois primeiros shows em São Paulo e para o show no México. Vejam o seu canal no YouTube.

Mais informações:
https://www.facebook.com/paulovetri

paulovetri_u2@hotmail.com

Vale a pena 😉

Baixe o filme “Man On a Train”!

Baixe o filme “Man On a Train”!

Como já haviamos informado aqui antes, Larry Mullen Jnr. estreou como ator no filme “Man On a Train”, refilmagem americana de uma película homônima francesa. Obviamente, seria quase impossível assistirmos se não fosse a internet, não é mesmo?

Enfim, para que quiser conferir, aqui está o link para baixar o arquivo, com legendas.

(Clique aqui)

Veja os trailers;

Aproveitando, não percam os nossos especiais sobre o U2 e o cinema.

Parte 1

Parte 2

Especial “U2 e o cinema” – Parte 1

Especial “U2 e o cinema” – Parte 1

/// Especial “U2 e o Cinema” – Parte 1 ///

O U2 sempre uma banda ‘cinemática’, como Bono gosta de falar. A preocupação com a imagem que a música passa é até mais importante as vezes que a letra contida nela. “The Joshua Tree” é um grande exemplo de disco com essa inspiração visual. Bono disse que gostaria que as músicas te levassem para aquela paisagem desértica da capa do disco, tão brilhantemente fotografada por Anton Corbjin.

Então, não é de se  estranhar que a banda sempre esteve envolvida com o cinema, seja fornecendo material já existente para as trilhas sonoras, compondo músicas especificamente para os filmes ou produzindo e até escrevendo!

Nesse especial, dividido em três partes, vamos fazer um apanhado de todas as participações da banda no cinema, com alguns vídeos, playlists e até downloads!

Vamos lá!

/// Anos 80 ///

Desde o começo da carreira da banda, ainda na década de setenta, Bono teve uma preocupação de não apenas cantar, e sim ‘atuar’ no palco. Teve inclusive aulas de interpretação teatral para melhorar seus maneirismos. A grande amizade com Gavin Friday e Guggi, que faziam parte dos Virgin Prunes, que abusava da teatralidade também ajudou Bono a crescer quando subia ao palco.

Durante a década de oitenta e noventa principalmente, era muito comum que músicas já lançadas préviamente fossem usadas em trilhas sonoras montadas por gravadoras para ganhar mais uma grana sobre os lançamentos cinematográficos, e desde o início da carreira, o U2 participou de várias. Já em 1982, eles estiveram em duas; Primeiro, com duas versões de “October”, uma remixada e outra apenas instrumental,  para o filme “They Call It an Accident”, filme francês de baixo orçamento e que só foi lançado no país natal e na Hungria. Bem artístico, pra começar. Porém, logo depois, “I Will Follow”, em uma versão levemente diferente da lançada no álbum “Boy” dois anos antes, fez parte da trilha do famoso clássico da Sessão da Tarde “O Último Americano Virgem”. Inclusive, essa versão foi posteriormente incluída no box especial lançado em 2008; Ouça a versão remixada de “October”

Depois de quatro anos sem participar de nenhuma trilha, Edge aproveitou a folga entre os álbums “The Unforgettable Fire” e “The Joshua Tree” para se meter de cabeça em um projeto mais desafiador; Compor sozinho a trilha sonora  de um filme. “Captive”foi lançado no verão de 1986 e produzido também por Edge em parceria com Michael Brook. Quase todas as canções são extensões do trabalho mais experimental proposto por Brian Eno e Daniel Lanois no álbum de 1984; Ambiências etéreas, cheias de teclados e com poucos vocais. Em um deles, na faixa “Heroine” (o único single retirado do disco), Edge trabalhou com uma ainda aspirante a Pop Star Sinead O’Connor, que contribuiría com a banda em outros projetos durante suas carreiras.

O filme teve um lançamento tímido, somente no circuito britânico e com pouca divulgação em cinemas de arte nos Estados Unidos. A trama mostra uma garota, filha de um grande empresário, sendo sequestrada. O relacionamento dela com os sequestradores é o mote do filme.

E aproveitando, encontrei esse vídeo raro onde Edge conversa com o narrador Dave Fanning sobre a composição da trilha; (Em Inglês)

Entre 1987 e 1989 a banda contribuiu com mais três filmes; primeiro, “Walk To The Water”, lado b do single de “With Or Without You” foi usada no filme “The Courier”, outro pequeno lançamento, estrelado por Gabriel Byrne (“Stigmata”  e “Os Suspeitos). No ano seguinte, uma versão de “Sweetest Thing”, lançada originalmente no lado B de “Where The Streets Have No Name”, feita pelo coral New Voices Of Freedom foi incluída na trilha da comédia “Os Fantasmas Contra-Atacam”, com Bill Murray (“Feitiço do Tempo” e “Encontros e Desencontros). E em 1989, a faixa “Sweet Fire Of Love”, contribuição da banda com o cantor Robbie Robertsonfoi incluída em “Uma Estrada Sem Limites”, outro lançamento britânico pequeno. O detalhe é que a canção foi incluída no filme, mas não na trilha sonora original lançada.

E pra quem não conhece, ela foi lançada originalmente no primeiro álbum solo do cantor, em 1987. Robbie é ex-membro da cultuada The Band, que fez certo sucesso no circuito alternativo nos anos sessenta e que mais tarde foi banda de apoio de Bob Dylan durante os primeiros anos ‘elétricos’ do cantor. Ele ainda é co-autor do maior clássico da banda, “The Weight”, considerado a quadragésima primeira melhor canção de todos os tempos pela revista Rolling Stone, em 2004. (veja a lista).


Além dessa faixa, a banda ainda contribuiu com outra, “Testimony”, para o mesmo álbum. Ouça.

E para fechar essa primeira parte, não poderíamos esquecer de “Rattle And Hum”, documentário bancado pela banda em 1988 que, hoje, é renegado até por eles mesmos.

Inicialmente planejado como um pequeno Road Movie que mostraria a banda durante a turnê do álbum “The Joshua Tree”, o projeto foi inflado para, além das perfomances ao vivo, mostrar a banda produzindo material inédito inspirado nos ícones musicais norte-americanos. Pretensioso e vazio, o filme foi massacrado pela crítica, apesar do sucesso relativo de público. Eu mesmo comecei a gostar da banda nesse álbum, que funciona quase que como uma coletânea com músicas inéditas.

Mas a grande falha do filme é realmente a sua falta de conteúdo. No recém-lançado “From The Sky Down”, documentário que falaremos mais na terceira parte deste especial, ele é extensamente discutido, principalmente, para explicar seu fracasso. Inclusive, mostrando imagens nunca lançadas oficialmente, onde vemos uma banda insegura e perdida. Lutando contra suas limitações. Para alguns colecionadores, essa imagens podem ser encontras em “Rattle And Roll”, lançamento pirata que contém sete (!?!?) horas de gravações não utilizadas no filme. Pra quem tem paciência (como eu, alguns anos atrás) de assistir, podemos ver que se não tivesse se metido na edição final, como Bono e Edge fizeram, tentando controlar a imagem que se tinham deles, teríamos tido um produto final muito mais honesto e realista. (Encontrei um link para compra em um site português, aos que interessarem, aqui). Quem quiser assistir a essas cenas, todas estão disponíveis no You Tube (clique aqui).

Porém, para nós, fãs e, principalmente, para o público da época, foi uma ótima oportunidade para se ter um retrato do que era a banda naquela fase, além de grandes perfomances ao vivo de “Bad”, “Sunday Bloody Sunday” e “Pride”, e ótimas canções inéditas, como “All I Want Is You” e “Heartland”

Em outro achado no You Tube, aqui está um documentário de “Making Of” do filme. Veja; (Em Inglês).

É isso!

Na segunda parte, temos muito o que mostrar e ouvir, já que falaremos dos anos 90, muito produtivo em se tratando desse assunto.

Não se esquecam de deixar seus comentários e até lá!

Ótima matéria sobre as gravações do clipe de “Numb”

Ótima matéria sobre as gravações do clipe de “Numb”

Não só de Fan Sites vive o conhecimento sobre U2 aqui no Brasil. Muito menos de notícias que as vezes lembram a revista “Caras”. Há muita gente publicando material para enriquecer o nosso conhecimento sobre a banda e sobre o que realmente importa; A música!

O blog “Sombras e Árvos Altas” (http://sombrasearvoresaltas.blogspot.com/) vem já há algum tempo publicando um vasto material sobre a banda e sempre de primeira linha.

Nessa série de posts, publicados essa semana, eles montaram uma matéria sobre os bastidores da gravação do vídeo de “Numb”, em 1993, baseando-se no livro “U2 At The End Of The World”, de Bill Flannagan, baseados nas séries de traduções publicadas no fórum da Ultraviolet. Imperdível!

1993, Berlim:Quando Adam e Larry chegam para as filmagens de Numb no estúdio cinematográfico em Spandau – um grande galpão na verdade – Edge já estava trabalhando por cinco horas. Ele estava sentado em um banquinho com uma camiseta sem mangas com três garotas bastante sexys no chão, em volta dele, como na capa do álbum ‘Electric Ladyland’.
“Trabalho difícil, Edge ?” pergunta Larry.

Um pequeno e claustrofóbico curral havia sido montado em volta de Edge no centro de uma enorme área da fábrica, com telas por todo lado e holofotes quentes no topo. Uma turma de modelos alemães – garotos e garotas – ficavam em volta olhando, bochechas para dentro e existencialmente entediados. A função deles era se mover aleatoriamente, fora de foco, construindo a cena com um vago ar de niilismo desinteressado. Parecia como se representassem eles mesmos. Estes garotos pareciam como se tivessem sido tirados de um seminário não-graduado de Satre.

O diretor Kevin Godley esta no meio de uma orientação à uma garotinha, de mais ou menos cinco anos, de como bater no peito de Edge. “Mais forte ! Bata forte !” ele diz à ela.
Larry dá um passo a frente: “Eu faço isso!”.“Entre na fila”, vem a voz de Maurice Linname, por detrás do câmera.

O operador de áudio toca “Numb” e Edge começa a dublar as palavras, lendo-as de um grande quadro debaixo da câmera. Ele recitou-as de um caderno quando ele fez o disco e ele nunca teve que memorizar toda aquela ladainha. Sua intensa atenção, sem piscar, tentando não estragar a letra da música, é ajudada pela ilusão de que ele esta assistindo uma tela de TV, desatento a todos os estímulos a sua volta.

Em sua deixa, Maurice se curva e sopra fumaça no rosto de Edge. Então, Andrea Groves, um dos cantores do Stereo MC’s, surge do chão e massageia seus ombros. Duas modelos alemãs vestidas como peruas se curvam e enfiam suas línguas na orelha dele. Uma colher de sorvete é enfiada em sua boca. A pequena garota bate no peito dele. Maurice aparece por trás dele, enrola uma comprida corda sobre sua cabeça e começa a amarrar sua cara. Edge desata a rir e tudo pára.

Há uma pausa instrumental no meio da canção e eles decidiram que é uma boa idéia que o Edge saia de cena durante este intervalo. A decisão é menos estética e mais prática; isto significa que Godley pode filmar duas sequências de dois minutos cada ao invés de uma sequência de quatro minutos. Dada a quantidade de tempo que eles tem para completar este clipe – um dia – e a quantidade de diferentes ações que tem que ser coordenadas (vinte e quatro) e a chance do Edge falhar na dublagem na cadenciada sequência da letra da música, isto é uma grande benção. Mas como tirar Edge da cena?

O diretor tem uma inspiração. Ele pede à um assistente para jogar um monte de almofadas no chão, atrás de Edge. Então ele pede a Larry para vir e colocar sua mão na cara do Edge e empurrá-lo direto para trás, banquinho e tudo mais. Larry diz, legal! Edge diz “Não deveríamos tentar isso com alguém dispensável?”

Eles fazem uma tentativa. Larry vem e firmemente agarra o rosto de Edge com a mão e joga ele para trás, ambos os pés para cima, no ar, como em um desenho animado. Todo mundo ri e aplaude. Mas olhando o resultado na tela de vídeo o diretor, relutantemente, conclui que isto é muito engraçado – a queda de bunda no chão mata o ar de ‘entorpecimento’.
Godley sugere que talvez deveria ser Bono que venha e vende Edge com a corda.
“Bono”? diz Edge com ironia. “Bono vai amarrar cordas em volta de meu pescoço ? Espere um minuto aí…”

Maurice diz que este enrolar é só para o ensaio. Na filmagem de fato será usado arame farpado.
Denis Sheehan está em um canto gritando no walk-talkie que Morleigh, a dançarina da dança do ventre, tinha sido avisada para estar de prontidão para esta filmagem hoje e que agora ninguém a estava encontrando. Bill Flanagan manteve para ele que tinha visto Morleigh deixando o hotel cinco horas antes. Ela disse que ela tinha sido vagamente avisada que talvez precisassem dela para o vídeo, mas ela aguardou sentada em seu quarto a manhã toda e não ouviu nada então ela estava saindo para ver Berlim. Diferentemente de praticamente todos na turnê, Morleigh não espera pelos caprichos dos reis. Ela tem sua própria companhia de dança. Ela é uma profissional. Se há um chamado ela estará lá, pronta para o trabalho, mas se ninguém lembrar de chamá-la, ela irá cuidar de seu próprios negócios. Por sorte não haverá a necessidade de Maurice colocar uma armadura no peito e substituí-la. Com seu usual dom mágico para encontrar mulheres, Bono entra calmamente, um minuto depois com Morleigh no reboque. Ele estava olhando pela janela do carro no caminho por Berlim, a viu e chamou-a para entrar no carro e irem ver como iam as coisas nas filmagens de ‘Numb’. Denis Sheehan parece igualmente aliviado por vê-la aqui e também exasperado pela puro acaso de como ela acabou chegando….

As duas modelos de língua, com seus enormes seios apertados em busties pretos estão praticando o corte das tiras das mangas da camiseta do Edge com tesouras. A cada vez que elas o fazem, um assistente corre e conserta a camiseta com fita adesiva. Adam faz sua parte e sopra fumaça no rosto de Edge. Como a queda para trás foi descartada, Larry tenta empurrar Edge de lado, para fora do quadro. Funciona.

Todo o balé esta tomando forma agora. A coisa mais engraçada é assistir dezena de pessoas diferentes como figurantes, se agrupando, agachando e se curvando para ficar fora do cena quando não estão fazendo sua parte. Todos tem que estar à aproximadamente um braço distante de Edge de forma que eles podem aparecer no quadro e lamber, bater, vir com a colher, ou empurrar, e isto requer bastante destreza nos passos para evitar colisões entre um e outro à medida que acontece o vai e vem. Um assistente movimenta uma tira de cartão preto à frente da luz que vem por detrás de Edge, refletindo a luz no rosto de Edge para criar o efeito de uma luz de tela de TV cintilando em seu rosto.

Finalmente eles filmam toda a primeira sequência. Ela começa com um pingar de uma torneira sincronizada com a batida de introdução mecânica de ‘Numb’. Assim que a guitarra começa, a câmera se move para baixo atingindo a cabeça de um Edge passivo. Ele olha para a câmera deprimido e em mono-tom “Don’t move, don’t talk out of time, don’t think, don’t worry, everything’s just fine…” enquanto fora da câmera um auxiliar balança o cano e a torneira e a tira de cena. Adam se abaixa e sopra fumaça no rosto de Edge. As mãos de Andrea deslizam sobre seus ombros e o massageiam. Dedos empurram as bochechas de Edge. As duas modelos passam suas línguas pelas bochechas de Edge (“Mais língua !” grita o diretor. “Agora morda sua orelha! Mais forte! Lamba seu rosto!”), uma colher de sorvete é enfiada em sua boca, a garotinha bate em seu peito, as duas modelos cortam sua camiseta, Adam enrola a corda de varal em volta do seu rosto, Larry aparece no canto direito e canta “I feel numb”, Bono aparece no canto esquerdo e canta sua parte imitando uma cantora gorda, Larry empurra Edge de lado enquanto Bono se afasta, para fora do caminho.

Depois de algumas passagens, o diretor anuncia que a primeira metade do clipe está pronta. Uma longa pausa será feita e enquanto eles comem, a banda e Godley tentam finalizar o que será a segunda sequência.

Uma longa pausa é feita e enquanto eles comem, a banda e Godley tentam finalizar o que será a segunda sequência. O diretor lê a lista de opções: “Você quer as pernas de Morleigh em volta de seu pescoço ou o pé dela na sua cara?”. Bono, Adam e Larry dizem juntos, “Pé na cara!”
Edge: “eu prefiro as pernas em volta de meu pescoço.”
Godley diz que se Edge realmente quer, eles podem fazê-lo sem filme na câmera.
Bono diz que seria legal se quando o solo terminar, Larry aparecesse e colocasse sua cara na frente do Edge como se estivesse checando o que estava passando na TV imaginária, mas isto cria um problema, “Como a gente se livra de Larry?”
Godley repete a questão, “Bem, como a gente se livra do Larry?”
Larry diz, “Normalmente você usa o gerente para fazer isso.”
Guggi, cuja esposa é alemã, chega a tempo para o jantar. Godley aceita que eles não vão poder usar os dois extras que ele importou para esta filmagem. Ele aponta para uma grande mala de vôo. Ao abrir, aparecem duas enormes jibóias. Guggi chega perto e puxa para fora uma das cobras, acariciando-a. Isto os leva, Guggi e o U2, a divagar sobre sua antiga cobra em Dublin e quando ela escapou e se enrolou em volta do seu companheiro de quarto.

Bono pergunta para Bill Flanagan se ele viu “Into the West”, um filme escrito por Jim Sheridan sobre dois garotos que cresceram em Dublin. Ele viu. “Guggi e eu crescemos em casas atrás daqueles prédios”, diz Bono. “Aqueles eram as ‘Seven Towers’ (Sete Torres) de ‘Running To Stand Still’. Este filme não exagera. Havia garotos brincando montados em cavalos, cavalos dentro dos elevadores”Larry pergunta à Guggi como um dos seus vizinhos está e Guggi diz que nada bem, ele acabou de cumprir pena por assassinato e o corpo do seu irmão foi pescado do canal. Ele está tendo uma maré de azar. “Mas, é claro, ele era uma das vinte e duas crianças.” O U2 segue em frente para recontar com grande alegria uma vez que convidaram um astro do cinema que eles conheciam e que estava em Dublin, para ir com eles à um casamento, onde o ator acabou bebendo e tendo bons momentos com uns deliquentes. Dois deles se uniram e fizeram planos para sair durante o final de semana. A banda se perguntou quantos problemas a estrela de Hollywood acabaria tento antes que ele percebesse que estava na companhia de um cara mal que você não encontra nos roteiros dos filmes.

De volta ao estúdio, Edge volta para a sua cadeira enquanto Morleigh e Andrea sobem nas mesas, uma de cada lado dele, e esfregam seus pés descalços por todo rosto do Edge. Edge, com seus olhos fechados, está gostando muito disso. Larry não aguenta, tira seus sapatos, e coloca a sua meia cheirosa no rosto do Edge. O diretor incentiva Morleigh a tentar colocar o seu dedinho no nariz do Edge.
Bono, assumindo uma certa prerrogativa de diretor, anda por volta do estúdio fazendo sugestões e vetando idéia como Cecila B. DeMille. Um homem entra com um poodle na sala; Bono manda ele voltar. Bill sussurra pra ele que seria engraçado se alguém tirasse a sempre presente touca do Edge – e ele tivesse outra por baixo. Os olhos do Bono se iluminaram e ele segue em frente e sussurra a idéia para o Godley, que acha graça. Eles chamam o Edge, que grava isso tão rapidamente quanto um pato devagar no primeiro dia da temporada de caça. Edge continua com a sua touca.

A coreografia continua: Ian Brown, produtor escocês do Godley, é escolhido para gentilmente acariciar a nuca do Edge com a sua grande e forte mão. Morleigh, com a sua costumeira dança do ventre, se esquiva sob a câmera e entrão se levante, rebolando em frente ao Edge, e gira indo embora. Um dos cinegrafistas fica atento e tira uma foto do Edge, então dois adolescentes correm e fazem o mesmo.

Com a segunda sequência já bem trabalhada, eles apenas precisam de um final. Isso se apresenta quando o Paul McGuinness surge com alguns amigos com os quais ele havia acabado de jantar. O U2 insiste que o vídeo deve acabar com o Paul se aproximando do Edge, e falando perto do seu ouvido, “Tenho alguém que gostaria que você conhecesse.”

“Achtung Baby”; “Everything You Know Is Wrong”

“Achtung Baby”; “Everything You Know Is Wrong”

/// “Everything You Know Is Wrong” ///

Dezembro de 1989. Dublin, Irlanda. Num dos últimos shows da “Lovetown Tour”, que divulgou o comercialmente bem sucedido, mas massacrado pela crítica, “Rattle And Hum”, o U2 toca um set list coeso, impecável e enfadonho. Cheio de hits, emanando a cultura americana, o U2 tinha se tornado uma banda enorme. Destinada a se tornar um dinossauro. Se colocando num pedestal de gente que estava no passado. E uma banda com dez anos de vida, que já tinha alcançado tudo o que seria possível até então, estava apenas contando as doletas e se preparando para um futuro medíocre e repetitivo. Como o Queen durante os anos oitenta; Ou os Stones nos anos oitenta e noventa… Não seria cedo demais?

Mas numa música daquele show, talvez algo estivesse nascendo; “God Part Two”, pretensiosa ‘continuação’ de uma das mais memoráveis e controversas canções de Jonh Lennon, uma frase chamava a atenção;

Don’t believe in the 60’s, The golden age of pop
You glorify the past, when the future dries up
Heard a singer on the radio late last night.
He says he’s gonna kick the darkness ‘til it bleeds daylight
I… I believe in love”

Ao final daquele show, Bono profetizava que eles tinham chegado ao final de algo e que precisam sonhar tudo de novo. E alí começava uma viagem sem volta. Uma viagem que os levou aos confins de tudo o que acreditaram. E se eu sou fã de sua música até hoje, o que viria a seguir foi o motivo.

Os caminhos da banda começaram a se entortar. Depois dos últimos shows daquela turne, no ínicio de janeiro de noventa, Larry e Adam tiraram umas férias e Edge começou a se interessar por algo totalmente diferente do que a banda vinha seguindo até então; Dance Music e música Industrial alemã. Sem certeza do que viria a seguir, chamou Bono para colaborar com ele na trilha de uma versão para o teatro de “A Laranja Mercânica”. “Alex Descends Into The Hell For a Bottle Of Milk Korova”, lançada posteriormente como B-Side foi o resultado, e muitos se assustaram. Mesmo já tendo feito experimentações eletrônicas antes, como “Race Against Time”, lançado como B-Side de “Where The Streets Have No Name” em 87, a sonoridade era diferente, extrema, dançante e instrumental. Nenhum fã ficou assustado, já que aquilo era um projeto paralelo afinal…

No final de 1990, a banda foi convidada a regravar “Night And Day”, cover de Cole Porter para o então projeto “Red Hot And Blue”, que teria seus lucros revertidos ao combate á AIDS. Lembro-me como se fosse hoje; De hora em hora, na MTV, o clipe estreava. O visual ainda era o que todos se lembravam; Bono cabeludo com suspensório e sem camisa, Edge cabeludo e de lenço, Adam e seus oclinhos e Larry sendo o Larry… Mas o som…

Dark, sexy e, principalmente, eletrônico. Um susto pra quem estava assoviando “Angel of Harlem” até então.

Durante 1991, boatos rondavam a mídia… Até que “Salomé”, um bootleg que continha uma sessão inteira de gravação realizada em Dublin no início daquele ano, chegou ao mercado negro. A estrutura de várias canções que viriam a ser lançadas já estavão lá, mas algo estava errado. As músicas eram roqueiras, aliviando os puristas, mas o clima era diferente. Bowie e Roxy Music vinham imediatamente a cabeça.

Restava somente esperar até o final do ano. E ele veio. E trouxe “The Fly”

Mesmo depois das últimas músicas, ninguém estava preparado pra ouvir aquele som. Eu estava lá. Eu presenciei uma banda ser desconstruida na cabeça de seus fãs. Ninguém entendia nada.

Tudo escuro, Bono vestido de couro da cabeça aos pés, Edge usando uma touca e calças Glitter tocando uma guitarra com sonoridade pesada sob uma base que mais lembrava a então cena emergente de Manchester; Sincopada e dançante. Letras eram cuspidas e atiravam pra todos os lados;

It’s no secret that a friend is someone who lets ya help
It’s no secret that a liar won’t believe anyone else…
It’s no secret that a conscience can sometimes be a pest
It’s no secret ambition bites the nails of success
Every artist is a cannibal, every poet is a thief
All kill their inspiration and sing about their grief”

Imaginem os fãs… “Cadê o Bono? O que o Larry está fazendo com essa camisa do Ramones?” Foi lindo… Ali, eu me apaixonei.

Everything You Know Is Wrong”.

Esse era o lema.

E então, em novembro, o melhor disco dos últimos trinta anos foi lançado; “Achtung Baby”.

Tudo foi propositalmente feito para confundir a audiência. No lugar do preto-e-branco sóbrio de outrora, as cores estouravam nos olhos. No lugar da América, entravam a Alemanha reunificada e a África misteriosa.

No lugar de hits, canções. No lugar do passado, o futuro. Uma banda estava renascendo.

E já na abertura, tinhamos exatamente o que eles queriam passar; “Zoo Station” é um rock industrial metálico, pesado, cínico. A voz de Bono está quase irreconhecível. O discurso, amplifica o sentimento de dúvida que a nova década trazia, mas o medo não passava pela cabeça deles… Eles estavam prontos para o gás do riso… Para o empurrão…

Even Better Than The Real Thing” da continuidade ao disco num clima sensasional. Um rockão Glam setentista, com voz propositalmente sexy. “Meu coração está no seu devido lugar, mas minha cabeça, está em algum outro lugar”… Dela, surgiram remixes fantásticos… O melhor deles, até ganhou um vídeo engraçadíssimo… Assista e acredite; Essa é a mesma banda que posava de mártires do rock há menos de três anos.

Durante o período de gravações em Berlin, a banda passou maus bocados. As coisas não estavam se conectando. A vontade de experimentar de Edge e Bono não estavam sendo bem aceitas por Larry e Adam, e no meio, estavam um monte de idéias inacabadas. Quando tudo parecia perdido e a banda se preparando pra abandonar o barco, veio “One”…

Ela é a bóia do disco. Um alívio no meio do caos. “One” é uma força avassaladora. Narrada do ponto de vista de um filho morrendo em decorrência da AIDS, conversando com seu Pai, ela chegou ao coração de músicos, críticos e, claro, do publico. É, com certeza, a melhor canção escrita nos anos 90.

A seguir, outro clássico. “Until The End Of The World” foi originalmente lançada em 1990, numa versão um pouco diferente, para a trilha do filme homônimo, dirigido pelo alemão Wim Wenders. Essa faixa cresceu muito ao vivo, ganhou uma energia que á transformou numa faixa obrigatória em 90 por cento dos shows que vieram á seguir. A idéia da faixa é uma narrativa sob o ponto de vista de Judas, sua visão dos salmos… Melhor música da banda pra muita gente.

Teve um clipe pouco visto e praticamente renegado pela banda.

Who’s Gonna Ride Your Wild Horses” foi o quinto single do álbum e foi remixada para o seu lançamento, numa versão, talvez, mais aceitável para o público americano. Uma das reconhecíveis do bootleg “Salomé” (lá, batizada de “Don’t Turn Around”), é uma balada galopante (perdoem-me o trocadilho), pungente e… Cafona! Scott Walker, cantor de voz grave dos anos sessenta, foi uma grande influência de Bono no disco. Agora, ele ‘interpreta’ as canções, não as vive.

A faixa seguinte foi um desafio para a banda; Originalmente uma balada acústica, “So Cruel” não combinava com o clima do disco. Nenhum problema quando se tem Flood, engenheiro de som da banda, que recortou uma batida de Larry, á processou com filtros eletrônicos, encheu de pianos e deixou a tarefa de criar um ‘mood’ com Bono. Mais uma vez, Scott Walker é presença aqui. A letra, uma metáfora sobre separação e dor. Um recadinho para Edge e sua ex-exposa, que pasavam por um divórcio incomodo para todos que os rodeavam.

Depois, temos “The Fly”, que nos leva devolta pra o espaço. E para tirarmos o capacete e tentarmos respirar, vêm “Mysterious Ways”. Mesmo sendo o oposto do primeiro single, esta é luz, doce, quente, colorida… Porém, é tudo o que o U2 nunca foi; Sexy.

O clipe sensacional dirigido por Stéphane Sednaoui no Marrocos, mostrava a banda pronta para um mundo novo. O poder da auto-transformação.

Tryin’ To Throw Your Arms Around The World” não é só mais uma numa linhagem de títulos grandes que a banda costuma usar (tema de um capítulo desse blog, no futuro…), é a reafirmação da faixa anterior. Uma pop song, com introdução eletrônica, quase hip hop, sobre um homem perdido na madrugada depois de uma noitada de álcool e diversão.

Ultra Violet (Light My Way)” é uma speed-ballad tradicional, porém vem de outro clima. Aliás, a faixa mais importante das sessões foi “The Lady With The Spinning Head”. Dela, três faixas foram originadas; “Zoo Station” é uma versão industrial, “The Fly” o mais rock, e está, uma pop song. É uma das preferidas dos fãs até hoje…

Acrobat” é praticamente uma co-irmã de “The Fly”, porém aqui, o discurso é o oposto. Se na primeira, temos a sensação de um homem presenciando o fim do mundo e nos mandando um alô, aqui, a redenção o alcança; “…And you can dream, so dream out loud, And don’t let the bastards grind you down…

Nunca foi tocada ao vivo, e é tão amada, que até clipe fake teve. E é sensacional!

Pra encerrar, “Love Is Blindness”. Comparar amor e terrorismo. Cegueira que a paixão leva alguém a cometer qualquer coisa. Numa cadência de valsa, guitarra cortante, voz de Bono sussurrada… Inacreditável o que eles conseguiram fazer com doze faixas.

E o que veio depois? “Zoo TV”, “Zooropa”, “MacPhisto”… Uma fase que fez uma banda e que conquistou o meu coração

Enquanto isso… “Achtung Baby!”

“Time is Irrelevant…”

“Time is Irrelevant…”

Time is Irrelevant…”

Qual a relevância do tempo passar? O que ganhamos com isso? Experiência? Sabedoria? Paciência? Adjetivos bonitos e subjetivos quando estamos falando do ponto de vista de um jovem com delírios de criatividade latente.

Assistindo á um programa da GNT, apresentado pelo agora Big Brother Pedro Bial falando sobre o tempo, a juventude, a velhice, a vida eterna, a vida e, como sempre, ouvindo muito U2, as coisas estão se conectando. Irritavelmente até.

Um dia, Bono escreveu que “O tempo é um trem, que faz do futuro o passado”, hoje, ele diz que o mesmo é “Irrelevante e não linear”. Um, do ponto de vista de uma força criativa de 30 anos, pronta pra tudo o que vier pela frente, como o “gás do riso” como ele dizia. Outro, no ponto de vista de um cinquentão, que ainda quer enfrentar as mesmas coisas sem o medo de outrora.

Profundo demais para a música pop atual? Profundo demais para mim, um mero professor metido a jornalista? Profundo demais pra quem só quer ler besteiras na internet?

Eu entendia o ponto de vista de “ZOO Station”, primeira canção citada, quando tinha quinze anos e entendo a perspectiva da segunda, “No Line On The Horizon”, composta em 2009, agora, com trinta e dois anos. O que isso faz de mim? Vidente? Acelerado? Capaz de visualizar algo que está por vir?

Na verdade, não… Não compreendia metade daquilo… Gostava do som, da força da música, mas o conceito de uma idéia tão conectada com as limitações do que viremos a ser nem passavam pela minha cabeça com cabelos cumpridos… Hoje sim, sei do que ele estava falando e tento entender o que ele diz agora.

E como entender isso tem me feito bem…

Não diga que não pode fazer algo hoje. Não troque a ínfima possibilidade de prazer, mesmo que possa se tornar uma experiência frustrante, por uma hora a mais de sono. A energia que brota nas coisas novas é o que nos mantem vivos. O medo e dúvida é o que criamos para fugir da felicidade que está ali, ali ó… Não tá vendo…

Oscar Nyemayer, aos 102 anos, perguntado se pensava muito na sua juventude, respondeu; “Não tenho tempo pra isso!”…

E nem nós…

Pense nisso…

Um minutinho…

Duas horas….

Mas não passe a vida inteira cegado pelo tempo.

Eu também já pensei negativamente sobre o tempo que perco fazendo coisas que não gosto… “In my life, why do I give valuable time, to people who don’t care if I live or die…”. Bobagem. Forte, é verdade… Mas esqueca isso e viva. Viva intensamente. “Sonhe alto”, como Bono já disse. Faça disso o seu emprego.

Paga mal, mas é recompensador 😉

Especial “October – 30 anos”

Especial “October – 30 anos”

No próximo dia 12 de outubro, não só estaremos celebrando o nosso dia das criança como também o dia do lançamento de um disco que, de certo modo, ‘salvou’ o U2; “October”, segundo disco da banda foi lançado nesse dia, há exatos trinta anos, no longínquo ano de 1981.

Entendê-lo é também entender um pouco a carreira e a forma de trabalho de Bono, Edge, Larry e Adam. Produzido por Steve Lyllywhite, que já havia trabalhado com a banda em “Boy”, lançado exatamente um ano antes, o disco até hoje é considerado como sendo de ‘segunda linha’ na carreira da banda. Praticamente inexiste em qualquer retrospectiva feita até agora. Tanto que somente a faixa-título foi inserida na compilação que cobriu essa fase, e mesmo assim, como ‘faixa bônus’, escondida no final.

O processo de composição se iniciou logo após o término da “Boy Tour”, em fevereiro de 1981. Um primeiro single, “Fire”, já havia sido gravada em um estúdio nas Bahamas em um intervalo da gira. No livro “U2 By U2” (ou “A Bíblia”, para nós), Adam fala da gravação; “Gravamos um single, ‘Fire’ com o Steve Lillywhite. Era uma música nova que tinha uma boa aceitação ao vivo, embora, como de costume, a letra só tivesse ficado pronta na gravação final. Acho que só passamos um dia no estúdio. O tempo estava muito bom para estarmos em estúdio gravando! De certo modo, foram as primeiras férias de verão. Me fazia lembrar aquelas fotografias de quando os Beatles estiveram no Caribe, do tipo “rapazes fazem esqui aquático pela primeira vez”. Era essa a idéia, mas acabou não se concretizando. Acho que o Bono quase afundou o barco. Sei que esteve envolvido em um incidente qualquer com um barco – acho que ficou preso em um banco de areia”

Bono completa; “‘Fire’ não foi uma música muito boa. Sempre tive esperança de que a poderíamos compensar à medida que fossemos avançando, mas, por vezes, não conseguimos, e ela acabou sendo um exemplo disso. Quando se está em um lugar como Nassau, não há muita vontade para trabalhar. Percebemos então, porque é que os grandes grupos fazem discos que não valem nada quando vão gravar lá – quem é que quer ir para Bahamas e ficar fechado em um estúdio?”

Mas o grosso da lista final ainda residia no famoso ‘caderno’ de Bono. Fato que acabou sendo o grande responsável pela finalização capenga que o disco teve; Segundo consta a lenda, uma pasta com o caderno e outras anotações foi roubada enquanto a banda esteve em Portland com parte da perna americana da turnê e como tudo já estava acertado e banda precisava entregar para a Island Records um produto final até o final de Agosto, tudo teve de ser refeito as pressas. Lembrando que para a gravadora, apesar do burburinho que o primeiro álbum fez, o U2 ainda era um aposta arriscada. Mais arriscada ainda depois da crise de fé que a banda atravessou naquele período, logo após serem altamente expostos ao ‘universo do Rock’N’Roll’ nos EUA.

Os quatro, com o orçamento apertado, resolveram voltar para suas raízes e se enfurnaram onde tudo começou; No colégio Mount Temple. A banda alugou por um preço ‘simbólico’ e achou que alí encontraria um som para o próximo álbum. ” Com a confiança própria da juventude, acabamos a turnê, fomos para um local de ensaios e presumimos que as músicas fossem surgir por si. Trabalhamos inúmeras idéias muito rápido. Grande parte era improvisada. Pegamos um riff de guitarra ou uma parte da bateria e compúnhamos uma música em torno disso. Acabamos por ter muitas partes e o Bono ficou encarregado de encontrar melodias que lhes servisse de suporte. Entretanto, instalou-se o pânico quando percebemos que a data da gravação do álbum estava se aproximando e não havia letras para música nenhuma. Acho que só ficamos verdadeiramente conscientes da dimensão do problema quando entramos no estúdio. O Bono estava em pânico e, geralmente, lá em cima, em outra parte do prédio tentando desesperadamente organizar as idéias. Foram momentos bastante complicados.” contou Edge.

Dessa bagunça, nasceu “Gloria”, posteriormente lançada como segundo single do disco e que ganhou o primeiro clipe propriamente produzido da banda. A gravadora, lógico, torceu o nariz; Imaginem que você tem uma banda nova quente nas mãos, vinda de um disco que causou alvoroço, principalmente na cena New Wave/Punk da época, com um punhado de boas críticas nos EUA, elogiando o carisma e a energia da banda, e a primeira música de trabalho disponível, mostra o cantor misturando canto gregoriano e bíblia; “I try to stand up but I can’t find my feet. I try to speak up but only in you I’m complete: Gloria in te domine”. A batata, definitivamente, estava assando.

Além das limitações orçamentárias e de criatividade, a banda começo também a tropeçar nas suas limitações técnicas. “Tive grandes dificuldades na música ‘I Threw a Brick Through a Window’ por causa do tempo” conta Larry. “Muitas vezes, depois de passarmos dias compondo e recompondo, gravando e regravando, era difícil manter o ritmo, e o fato de não usar um metrônomo não ajuda nada. As peças da bateria é que sofriam quando eu tocava com toda minha energia para tentar manter o ritmo. O meu despertar deu depois de um dia inteiro sem conseguir progredir na ‘I Threw A Brick’. Quando voltei ao estúdio no dia seguinte, o Edge tinha feito um arranjo de uma parte da bateria excelente. Fiquei puto por ele ter composto uma parte da bateria melhor do que eu. Era o empurrão que eu estava precisando”.

A letras são vagas improvisações que se esforçam para se conectar. “Rejoice”, explicitamente católica e “Tomorrow”, uma das mais doloridas letras de Bono sobre a sua adolescencia e a perda de sua Mãe. Ambas, são como imagens, quadros. Bono disse “Analisando agora essas primeiras canções, onde a linguagem não é tão importante como estas imagens inconscientes, vejo que isso pode estar relacionado com uma certa falta de prudência. É o tipo de situação com a qual muita gente se identifica, mas não é algo intelectual.”.

E para, de certa forma, atrapalhar ainda mais o disco, a banda resolveu fazer o seu primeiro grande show em Slane Castle abrindo para o Thin Lizzy, em um dos maiores eventos da época. Em um momento muito pouco inspirado, a banda resolveu testar as novas canções nesse ambiente, abrindo o show com “Tomorrow” e introduzindo gaitas de fole folclóricas na canção ao vivo. “Um desastre”, segundo Bono.

Foi um dos nossos piores shows.”, Edge completa. “Saímos do estúdio, de uma das experiências de gravação mais traumática das nossas vidas, e fomos direto ao show, sem tempo para ensaiar. Algumas músicas nunca tinham sido apresentadas ao vivo. Fomos mesmo um desastre. Para piorar ainda mais as coisas, tivemos alguns problemas técnicos com as guitarras e outros equipamentos. Chegamos a um momento em que tivemos que parar e depois começar tudo de novo.”

Além de todo o imbróglio criativo, técnico e financeiro, a crise pessoal também se abateu sobre Bono, Larry e, especialmente, Edge, que chegou a abandonar a banda a certa altura. Convencidos de que a vida religiosa que levavam não combinava com a de vindouros Rock Stars, as coisas começaram a ficar tensas e estranhas. Principalmente, devido a participação dos três na comunidade cristã batizada de Shallom, que pesquisava e estudava profundamente a Bíblia. Porém, assim que Bono conseguiu convencer Edge a voltar, Larry pos um ponto final na ‘missa’; “Edge largou a banda, eu larguei as reuniões”.

Adam, o único não cistão da banda, foi o que mais temeu pelo fim de tudo; “O Bono e o Edge apareceram e disseram que estavam tendo certa dificuldade em chegar a um consenso sobre o que estava acontecendo com eles espiritualmente e sobre o que significava fazer parte de uma banda de rock’n’roll. Isso foi uma espécie de choque para mim, para o Steve Lillywhite e para o Paul, e então fizemos o que sempre fazemos em situações de crise: uma reunião. Ninguém tentou convencê-los a desistirem da idéia, mas o Paul fez uma interpretação pessoal do que eles estavam dizendo e falou: “É mesmo isso que vocês querem? Acreditam mesmo que vão se tornar mais eficientes se voltarem as suas vidas ditas normais? Ou acham que aproveitar essa oportunidade de fazer parte de uma grande banda de rock’n’roll vai, em longo prazo, ter mais valor?” O que quer que tenha acontecido depois, deu ao Bono, Edge e ao Larry determinação para sentirem que podiam terminar o disco.”

Nesse momento, as coisas voltaram a fazer sentido. Em um momento que talvez só viesse novamente á acontecer no final daquela década, quando novamente em crise criativa, a banda deu á luz a “Achtung Baby”. Esse momento de medo e insegurança logo no segundo disco, é o grande responsável pelo caminho firme e pela união que os levaria a se tornarem a maior banda do mundo em um pouco mais de seis anos daquela situação.

E essa confusão toda acabou resultando em uma obra parca de conteúdo. “October”, a canção-tema, é uma pérola. Linda, doce e extremamente profunda sobre uma base de piano. “Já não tocava piano desde criança”, conta Edge. Desisti do piano quando tinha 12 anos para me dedicar à guitarra, mas ainda me lembrava de alguma coisa. Não sei onde surgiu o trabalho October, mas estava sentado ao piano. Foi para aí que fui transportado, para um rígido e cinzento, mas também bonito lugar europeu. Depois da turnê pela Europa, de ver Paris, Amsterdam, Berlim e Hamburgo durante o inverno, nunca me senti tão europeu. Teve um impacto bem forte em mim, tal quando vi Nova York pela primeira vez.”

O título veio de Bono. “Muito Joy Division. Segunda guerra, inverno europeu”. A confusão só aumentava conforme o disco nascia; “I Fall Down” e sua base de teclado e pouca guitarra; “With a Shout”, que tentava resgatar um pouco a energia juvenil de “Boy”; “Stranger In A Strange Land” e sua batida errante; “Scarlet”, que recebeu um respeitável tributo durante a última turnê, é praticamente uma vinheta e, para fechar, eles resolveram utilizar o riff da guitarra da introdução utilizada ao vivo para “The Electric Co.”, batizada de “The Cry”, para tentarem terminar o álbum, com a faixa “Is That All?”, que é praticamente um analogia do que seria o disco.

Larry achou que o disco ficou melhor do que todos diziam. Paul McGuinnes detestou a capa, realmente, um atestado de mau gosto, que na minha opinião, só conseguiu ser comparada com de “How To Dismantle An Atomic Bomb”, de 2004. “A capa foi culpa minha”, confessa Bono. “Eu tinha uma ligação muito forte com Docklands em Dublin. O Windmill Laneficava nas docas, e havia lá uma parte em particular que eu ia durante as gravações para tentar me inspirar. Era um lugar muito especial, tinha uma espécie de estética industrial. Havia alguma coisa naquela água. Agora é onde ficam os estúdios Hanover Quay, os nossos estúdios, e é também o centro da nova Dublin. Mas, na época, não havia qualquer sinal de vida. Apenas um cachorro chamado Skipper e um cara chamado George, que era o guarda. Creio que o instinto de fazer a sessão fotográfica lá estava certo, mas não teve o resultado esperado”.

Apesar do lançamento modesto que a gravadora fez, o disco acabou indo bem no Reino Unido, mas ficou longe de ser o estouro que todos pensavam que tinham depois de que “Boy” havia ido tão bem. “Qualquer outra gravadora teria nos abandonado”, confessou McGuiness. Porém, o vídeo de “Gloria” acabou sendo muito executado na América, devido ao nascimento de uma certa “MTV”, o que os ajudou muito durante a primeira parte da turnê pelos Estados Unidos. Humildemente, Bono reconhece; “Quando iniciamos a turnê pela América, aconteceu uma coisa muito estranha. Em algumas cidades os shows continuavam sendo em clubes. ‘Gloria’ não passava na rádio e as coisas estavam ficando um pouco inseguras. Mas, nas outras cidades, tínhamos shows com mil ou duas mil pessoas assistindo. Tínhamos shows agendados em grandes anfiteatros para podermos satisfazer a procura. Apresentamos no Hollywood Palladiumem Los Angeles para mais de quatro mil pessoas. Essas cidades eram palco de estudo de mercado para um novo conceito que era a televisão da música, a MTV. Ainda não havia muitos vídeos na época, mas um deles era ‘Gloria’ e eles estavam sempre passando o vídeo. Tornamos a primeira banda da MTV e eles nos ajudaram a sermos lançados.”

Foi também durante a turnê de “October” que a banda acabou conheçendo o fotógráfo e colaborador Anton Corbjin, que está com eles até hoje. “Nós ficamos impressionados com ele” conta Bono. “porque ele pagou para nós e para a equipe da gravadora uma rodada de bebidas. Anton tornou-se um dos meus melhores amigos e uma pessoa cuja visão teria um forte impacto na banda. Anton identificou o espírito da banda e deu-nos habilidade de assumir riscos nas sessões de fotos. Nós fizemos de tudo para o Anton, nós fomos fotografados nus, nós vestimos vestidos e usamos maquiagem. Mas, de alguma forma, o prazer e diversão que sempre tivemos com o Anton, raramente foram capturados por suas lentes porque ele tem uma visão diferente de tudo. Ele não tenta capturar você como você é, ele está tentando retratar o que você pode vir a ser. As fotos muitas vezes são magníficas, visto que a banda certamente não é. Essa é a dele – ele acha as imagens certas para aquelas músicas. Nós éramos muito sérios, era uma época muito estética. Anton tirou fotos que se parecia com as músicas e não com os músicos.”

Ainda em 82, pouco tempo depois do lançamento do álbum, a gravadora se encontrava em uma enrascada; Tinha ainda mais seis meses de turnê pela frente e nenhuma música confiável para ser lançada como single. A solução? “A Celebration”, lançada como compacto juntamente de “Trash Trampoline and The Party Girl”, que acabou ganhando inclusive um vídeo totalmente renegado pela banda, já que não faz parte de nenhum lançamento posterior feito. Além de “Party Girl”, um mimo até hoje celebrado pelo fãs.

October”, o disco, é um obra incompleta, confusa, dolorida e de valor inestimável. É a sobra de “Boy” e a demo de “War”. É um disco sem singles e sem longevidade mas é o primeiro real ‘turning point’ na carreira do U2. Ali, a amizade foi reforçada, o respeito foi renovado e a vontade de alcançar seu objetivos foi definida. Pra mim,  é energético, sincero, honesto e rápido. Pueril na sua essência. Uma tentativa de subir um degrau sem ter aprendido direito a usar as pernas. “Gloria” é, até hoje, uma das minhas preferidas…O som foi moldado através do erro e meninos começaram a se tornar homens no mundo do showbizz. Se o U2 de hoje deve tudo a “Achtung Baby”, o mega-U2 do final dos anos 80 nasceu aqui.

Márcio GuaribaNota do Editor; Em 2008, a gravadora Interscope remasterizou os quatro primeiros lançamentos e os relançou com material raro e inédito, além é claro, de uma embalagem luxuosa. “October” foi tratado com muito respeito; O disquinho bônus é uma jóia para os fãs, com apresentações raras ao vivo, como de “Scarlet” e “With a Shout”, além dos b-sides da época. Mais informações, aqui.

Pra fechar esta homenagem, vamos de “Scarlet” em São Paulo, ao vivo, na ‘360 Tour’;