Como The Edge criou o som clássico de sua guitarra no U2

Como The Edge criou o som clássico de sua guitarra no U2

Muitas pessoas não podem se gabar de estarem na mesma banda por mais de 35 anos, com os mesmos amigos que conheceu na escola. Mas Dave Evans, ou melhor The Edge, pode. O guitarrista começou a tocar com Bono, Larry Mullen Jr. e Adam Clayton enquanto estavam na Mount Temple Comprehensive School, em Dublin. Praticamente, os quatro aprenderam a tocar os instrumentos depois de formarem a banda.  The Edge e seu irmão Dick, que também iniciou na banda, construíram uma guitarra pra tocarem. Demorou um pouco para The Edge desenvolver o que é agora o som clássico de guitarra do U2. No início, seu estilo era mais blues-rock, como o irlandês Rory Gallagher, que pode ser ouvido em ‘Street Mission’, logo no comecinho da carreira.

The Edge iria adquirir a primeira peça do quebra-cabeça para o seu som de guitarra quando ele foi de férias com sua família para Nova York, em 1978. Ele comprou uma Gibson Explorer, de 1976, edição limitada. The Edge pagou $ 248,40 pela Explorer, o que era muito dinheiro para um jovem guitarrista naquela época. Mas hoje dá pra dizer que é um instrumento sem preço, considerando o significado na criação do som do U2 e o seu uso nas incontáveis gravações.

Quando The Edge colocou em leilão sua Gibson Les Paul de 1975, em 2007, ela arrecadou $240,000 e embora tenha sido usada por ele em turnês desde 1985, ainda não chegava perto da importância para o som do U2, desde que a Explorer esteve por perto desde o comecinho. The Edge falou sobre comprar sua guitarra e a reação de seus companheiros de banda na série da BBC ‘The Story of the Guitar’: “Eu apenas a peguei na loja e senti que foi maravilhoso, é essa aqui. Na verdade, eu fui para comprar, eu acho que ia comprar uma Les Paul, mas eu me apaixonei por essa guitarra. Eu a trouxe de volta e foi como… foi meio estranho olhando… os caras da banda irão olhar e dizer ‘o que’? Houve uns olhares estranhos no primeiro dia, mas todos adoravam o som. Eu acho que virou como uma assinatura, ninguém estava mais tocando Explorer naquela época, e logo nós viramos famosos por ela. Apesar de algumas outras coisas, obviamente.”

A Explorer tem algumas ‘batidas’ nesses anos todos pela estrada, com um acidente particularmente desagradável, como The Edge disse no ‘The Story of the Guitar’: “Ela teve alguns acidentes durante com os anos. Este aconteceu no Radio City na metade dos anos 80. Nós estamos tocando num show e os seguranças foram um pouco brutos, e havia algumas crianças na frente sendo atacadas. Então, eu realmente, joguei a guitarra para intervir e parar com aquilo. Bono parou o show e nós resolvemos e eu voltei, peguei a guitarra e a cabeça estava pendurada. Tava totalmente quebrada… Nós a consertamos. Eu não tenho certeza se afetou o som, eu não conseguia dizer a diferença quando a peguei de volta.” Mas o reparo é bem visível na parte de trás do braço, já que a peça reposta é de uma madeira mais nova e assumiu uma cor diferente com os anos.

The Edge ainda usa a Explorer, mas ela foi aliviada do trabalho em turnê e só é usada no estúdio, explica Dallas Schoo, técnico de guitarra do Edge, em uma entrevista na Music Radar: “Nós finalmente a aposentamos. É uma guitarra muito importante para gravação, que finalmente o convenci de deixá-la em casa. Nada muito sério aconteceu com ela, mas passou anos no sol, tomando chuva – shows ao ar livre fazem isso. Eu queria cortar pela raiz enquanto eu podia.”

Mas se você o que uma Explorer de 1976 pode fazer, você poderia estar enganado como Dallas disse: “As melhores são difíceis de achar porque a Gibson tinha dois modelos em produção naquele ano. Aquelas que foram produzidas de junho a dezembro tinham o braço fino, mas os modelos que foram produzidos no começo daquele ano tinham um braço grosso como um bastão de beisebol. São essas que o Edge prefere. Gibson não fez muitas delas, apenas umas 1800 e as pessoas se apegam a elas.”

A segunda peça do quebra-cabeça na criação do som do U2 veio na forma de uma unidade de eco. The Edge tem Electro Harmonix Memory Man Deluxe, um pedal de delay que permite modular a melodia original com coro ou efeito vibrato. Edge experimentou com diferentes intervalos de delay e mudando a modulação da melodia original. O som mais perto associado ao do U2 é talvez o eight-note delay ouvido em ‘Pride (In The Name of Love)’ e ‘I Still Haven´t Found What I´m Looking For’.

Uma vez que é bastante complicado definir o tempo de delay específico no Memory Man, The Edge iria usar dois processadores de rack Korg SDD-3000 no meio dos anos 80, depois incorporando o TC Electronic 2290 Digital Delay. Ele tem dois processadores em algumas músicas do U2, como por exemplo ‘Where The Streets Have No Name’, que usa dois delays paralelos com tempos diferentes de delays.

A peça final do quebra-cabeça para o começo do som do U2 veio na forma do amplificador que Edge tem usado por décadas. É um VOX AC30 Top Boost de 1964 num cabinet dos anos 70. The Edge ficaria com esse som característico, ou suas variações, para todos os álbuns do U2 nos anos 80. Durante a década de 90, The Edge e os outros integrantes do U2 sentiram a necessidade de reinventar seu som, o que foi um grande sucesso, especialmente no álbum Achtung Baby de 1991. Mas The Edge já voltou ao clássico delay AC30 em algumas músicas do All That You Can´t Leave Behind e How To Dismantle An Atomic Bomb – acho que você não deveria mexer muito com uma coisa boa.

Tradução do site Gibson

UltraViolet-U2 no Twitter: https://twitter.com//ultravioletu2
UltraViolet-U2 no Facebook: https://www.facebook.com/UltravioletU2Brasil

3 Replies to “Como The Edge criou o som clássico de sua guitarra no U2”

  1. Pensei que era a história de como ele teve que tocar a parte dele e do Adam quando em um show ele estava meio detonadão e não conseguia tocar baixo!

  2. Vale lembrar do truque da palheta. É onde se encontra um dos segredos do The Edge, não adianta nada ter o mesmo equipamento que ele.

    Palhetas Herdim blue, usada do lado contrário, onde tem as ranhuras… com o intuito de arranhar as cordas e dar aquela textura única nos riffs do U2.

    1. Vale lembrar do truque da palheta. É onde se encontra um dos segredos do The Edge, não adianta nada ter o mesmo equipamento que ele.

      Palhetas Herdim blue, usada do lado contrário, onde tem as ranhuras… com o intuito de arranhar as cordas e dar aquela textura única nos riffs do U2.

      Com certeza e infelizmente elas não vendem no Brasil, eu compro e recomendo no site Strings and Beyond… Lembrando que existem 3 tipos: amarela, vermelha e azul. Ele usa as azuis. 

      Para quem quer aprender a “reproduzir” esse som em casa, entre nesse forum http://u2guitartutorials.com/

Comments are closed.