Especial “U2 e o cinema” – Parte 1

Especial “U2 e o cinema” – Parte 1

/// Especial “U2 e o Cinema” – Parte 1 ///

O U2 sempre uma banda ‘cinemática’, como Bono gosta de falar. A preocupação com a imagem que a música passa é até mais importante as vezes que a letra contida nela. “The Joshua Tree” é um grande exemplo de disco com essa inspiração visual. Bono disse que gostaria que as músicas te levassem para aquela paisagem desértica da capa do disco, tão brilhantemente fotografada por Anton Corbjin.

Então, não é de se  estranhar que a banda sempre esteve envolvida com o cinema, seja fornecendo material já existente para as trilhas sonoras, compondo músicas especificamente para os filmes ou produzindo e até escrevendo!

Nesse especial, dividido em três partes, vamos fazer um apanhado de todas as participações da banda no cinema, com alguns vídeos, playlists e até downloads!

Vamos lá!

/// Anos 80 ///

Desde o começo da carreira da banda, ainda na década de setenta, Bono teve uma preocupação de não apenas cantar, e sim ‘atuar’ no palco. Teve inclusive aulas de interpretação teatral para melhorar seus maneirismos. A grande amizade com Gavin Friday e Guggi, que faziam parte dos Virgin Prunes, que abusava da teatralidade também ajudou Bono a crescer quando subia ao palco.

Durante a década de oitenta e noventa principalmente, era muito comum que músicas já lançadas préviamente fossem usadas em trilhas sonoras montadas por gravadoras para ganhar mais uma grana sobre os lançamentos cinematográficos, e desde o início da carreira, o U2 participou de várias. Já em 1982, eles estiveram em duas; Primeiro, com duas versões de “October”, uma remixada e outra apenas instrumental,  para o filme “They Call It an Accident”, filme francês de baixo orçamento e que só foi lançado no país natal e na Hungria. Bem artístico, pra começar. Porém, logo depois, “I Will Follow”, em uma versão levemente diferente da lançada no álbum “Boy” dois anos antes, fez parte da trilha do famoso clássico da Sessão da Tarde “O Último Americano Virgem”. Inclusive, essa versão foi posteriormente incluída no box especial lançado em 2008; Ouça a versão remixada de “October”

Depois de quatro anos sem participar de nenhuma trilha, Edge aproveitou a folga entre os álbums “The Unforgettable Fire” e “The Joshua Tree” para se meter de cabeça em um projeto mais desafiador; Compor sozinho a trilha sonora  de um filme. “Captive”foi lançado no verão de 1986 e produzido também por Edge em parceria com Michael Brook. Quase todas as canções são extensões do trabalho mais experimental proposto por Brian Eno e Daniel Lanois no álbum de 1984; Ambiências etéreas, cheias de teclados e com poucos vocais. Em um deles, na faixa “Heroine” (o único single retirado do disco), Edge trabalhou com uma ainda aspirante a Pop Star Sinead O’Connor, que contribuiría com a banda em outros projetos durante suas carreiras.

O filme teve um lançamento tímido, somente no circuito britânico e com pouca divulgação em cinemas de arte nos Estados Unidos. A trama mostra uma garota, filha de um grande empresário, sendo sequestrada. O relacionamento dela com os sequestradores é o mote do filme.

E aproveitando, encontrei esse vídeo raro onde Edge conversa com o narrador Dave Fanning sobre a composição da trilha; (Em Inglês)

Entre 1987 e 1989 a banda contribuiu com mais três filmes; primeiro, “Walk To The Water”, lado b do single de “With Or Without You” foi usada no filme “The Courier”, outro pequeno lançamento, estrelado por Gabriel Byrne (“Stigmata”  e “Os Suspeitos). No ano seguinte, uma versão de “Sweetest Thing”, lançada originalmente no lado B de “Where The Streets Have No Name”, feita pelo coral New Voices Of Freedom foi incluída na trilha da comédia “Os Fantasmas Contra-Atacam”, com Bill Murray (“Feitiço do Tempo” e “Encontros e Desencontros). E em 1989, a faixa “Sweet Fire Of Love”, contribuição da banda com o cantor Robbie Robertsonfoi incluída em “Uma Estrada Sem Limites”, outro lançamento britânico pequeno. O detalhe é que a canção foi incluída no filme, mas não na trilha sonora original lançada.

E pra quem não conhece, ela foi lançada originalmente no primeiro álbum solo do cantor, em 1987. Robbie é ex-membro da cultuada The Band, que fez certo sucesso no circuito alternativo nos anos sessenta e que mais tarde foi banda de apoio de Bob Dylan durante os primeiros anos ‘elétricos’ do cantor. Ele ainda é co-autor do maior clássico da banda, “The Weight”, considerado a quadragésima primeira melhor canção de todos os tempos pela revista Rolling Stone, em 2004. (veja a lista).


Além dessa faixa, a banda ainda contribuiu com outra, “Testimony”, para o mesmo álbum. Ouça.

E para fechar essa primeira parte, não poderíamos esquecer de “Rattle And Hum”, documentário bancado pela banda em 1988 que, hoje, é renegado até por eles mesmos.

Inicialmente planejado como um pequeno Road Movie que mostraria a banda durante a turnê do álbum “The Joshua Tree”, o projeto foi inflado para, além das perfomances ao vivo, mostrar a banda produzindo material inédito inspirado nos ícones musicais norte-americanos. Pretensioso e vazio, o filme foi massacrado pela crítica, apesar do sucesso relativo de público. Eu mesmo comecei a gostar da banda nesse álbum, que funciona quase que como uma coletânea com músicas inéditas.

Mas a grande falha do filme é realmente a sua falta de conteúdo. No recém-lançado “From The Sky Down”, documentário que falaremos mais na terceira parte deste especial, ele é extensamente discutido, principalmente, para explicar seu fracasso. Inclusive, mostrando imagens nunca lançadas oficialmente, onde vemos uma banda insegura e perdida. Lutando contra suas limitações. Para alguns colecionadores, essa imagens podem ser encontras em “Rattle And Roll”, lançamento pirata que contém sete (!?!?) horas de gravações não utilizadas no filme. Pra quem tem paciência (como eu, alguns anos atrás) de assistir, podemos ver que se não tivesse se metido na edição final, como Bono e Edge fizeram, tentando controlar a imagem que se tinham deles, teríamos tido um produto final muito mais honesto e realista. (Encontrei um link para compra em um site português, aos que interessarem, aqui). Quem quiser assistir a essas cenas, todas estão disponíveis no You Tube (clique aqui).

Porém, para nós, fãs e, principalmente, para o público da época, foi uma ótima oportunidade para se ter um retrato do que era a banda naquela fase, além de grandes perfomances ao vivo de “Bad”, “Sunday Bloody Sunday” e “Pride”, e ótimas canções inéditas, como “All I Want Is You” e “Heartland”

Em outro achado no You Tube, aqui está um documentário de “Making Of” do filme. Veja; (Em Inglês).

É isso!

Na segunda parte, temos muito o que mostrar e ouvir, já que falaremos dos anos 90, muito produtivo em se tratando desse assunto.

Não se esquecam de deixar seus comentários e até lá!

3 Replies to “Especial “U2 e o cinema” – Parte 1”

  1. Há séculos eu não ouvia Sweet Fire of Love. E eu ainda acho que o Rattle & Hum foi a melhor coisa que o U2 fez em vídeo (dentre as que eu vi, claro). Valeu pela matéria!

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