Categoria: Fãs

Alguns dos melhores dias de nossas vidas. Parte 2

Alguns dos melhores dias de nossas vidas. Parte 2

Por Maria Teresa Menegassi da Rosa

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Foto by Ricardo Rocha

Nos meus 30 anos recém completados como fã do U2 (pra quem não sabe, me apaixonei pela banda em 13 de julho de 1985, ao ver a performance deles no Live Aid), ganhei um super presente: ver metade da banda – Adam e The Edge – aparecer de surpresa e tocar na festa de 20 anos do ótimo fansite @U2, criado por Matt McAgee, referência na comunidade de fãs do U2 pelo mundo afora.

Sempre gostei de festas e reuniões de fãs. São eventos que congregam pessoas com a mesma paixão, que pra tantas outras pessoas parece descabida. Participei em 2005 da festa do grupo U2 GTA, em Toronto, no Canadá, que aconteceu antes dos 4 shows da Vertigo Tour na cidade. E depois, em 2008, da grande festa de 10 anos do nosso fã clube, Ultraviolet-U2 Brasil, em São Paulo. Dessa vez, decidimos participar na festa do pessoal do @U2, que aconteceria no dia 29 de julho, véspera do penúltimo show do U2 em New York.

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Foto by Isabel Rocha

O encontro começou cedo, num bar/pub chamado The Cutting Room, lugar pequeno, mas bem interessante. A atração principal da festa era a performance da banda cover de New York, Unforgettable Fire, também completando 20 anos de estrada. O setlist trouxe de volta à vida pérolas pra gente que é fã há muito tempo, músicas que o U2 não toca há décadas como: Twilight, An Cat Dubh, Seconds, A Celebration, Exit, Trip Through Your Wires, e até uma inédita, Acrobat, além de praticamente todos os grandes hits. A banda é realmente muito boa, estão de parabéns.

Mais ou menos na metade do show, o vocalista Tony Russo anunciou uma surpresa, algo que eles também não esperavam. Em seguida, vemos Dallas Schoo, técnico das guitarras do Edge no palco. Todos aplaudiram e gritaram muito, pois ele é uma figura queridíssima dos fãs do U2.  Ele pega uma guitarra da banda cover, busca a afinação, e todos na audiência pensam que ele vai tocar pros fãs presentes na festa. Ele então toca algumas notas, porém parece desistir da idéia e devolve a guitarra… nesse exato momento sobem no palco The Edge e Adam Clayton, que haviam entrado no pub completamente incógnitos! (vale ler o relato com todos os detalhes dessa proeza, escrito pelo Matt McAgee aqui, em inglês.

A partir daí, eu me vi outra vez na gravação do especial do U2 para o Fantástico em novembro de 2000… não dava pra acreditar que Adam e The Edge estavam ali, tão perto da gente. Nossa queridíssima Ana Vitti, fundadora do Ultraviolet, chorava e chorava, incrédula como tantos ali. Eu? Sorria e sorria, não me perguntem o porquê… talvez por vê-los sorrindo muito, genuinamente felizes em estar prestigiando o evento, tocando outra vez num pequeno pub, como no começo da carreira deles.

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Foto by Ricardo Rocha
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Foto by Ricardo Rocha
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Foto by Ricardo Rocha
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Foto by Ricardo Rocha
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Foto by Ricardo Rocha
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Foto by Ricardo Rocha
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Foto by Ricardo Rocha
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Foto by Ricardo Rocha

A emoção foi muito grande, catarse total. Eles tocaram Where the Streets Have no Name, depois posaram pra fotos com a banda cover, enquanto todos gritavam “one more song, one more song…”, e então pegaram os instrumentos novamente e tocaram Out of Control…o primeiro single, o primeiro registro fonográfico, a música que Bono compôs na manhã do seu aniversário de 18 anos, quando se deu conta de que os dois eventos mais importantes das  nossas vidas estão fora do nosso controle, da nossa vontade: nascer e morrer.

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Por que eles apareceram na festa? Por que decidiram prestigiar o evento? A esta altura da carreira, uma das bandas mais famosas e celebradas do mundo…não havia nenhuma necessidade! Foi uma deferência muito especial aos seus fãs, especialmente sendo surpresa total, inclusive para os organizadores da festa e para a banda cover. Inacreditável. Inesquecível. Esse é o U2 que amamos.

O site da banda citou o episódio, com fotos e vídeos.

Veja o que aconteceu no vídeo abaixo:

Alguns dos melhores dias das nossas vidas…

Alguns dos melhores dias das nossas vidas…

Por Maria Teresa Menegassi da Rosa

Engenheira Civil, fã do U2 há 30 anos e membro do Ultraviolet há cerca de 15.

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Pensei em vários títulos pra este texto que me propus a escrever, em forma de depoimento, sobre o que vivemos acompanhando os dois últimos shows do U2 em New York, dias 30 e 31 de julho, além da festa de aniversário do fansite @U2, no dia 29 de julho.

Minha proposta original era de voltar a Dublin no final do ano, porém os tão esperados shows na cidade não chegaram a ser anunciados. Assim que a iNNOCENCE + eXPERIENCE Tour começou, em Vancouver, maio passado, Edge e Bono deixaram claro que esse show, essa produção, não teria condições de ser levada pra cidade “deles”, e que eles estavam tentando viabilizar shows na cidade… parece que ainda estão.

A verdade é que, ao ver as primeiras imagens desses shows, corri pra ver onde ainda havia ingressos disponíveis, porque eu jamais me perdoaria se não fosse a pelo menos um deles. À essa altura, só os dois últimos, dos oito shows em New York, ainda tinham ingressos à venda, e apenas cadeiras. Os ingressos de pista obviamente foram todos vendidos na pré-venda do U2.com, e eu, assim como muitos fãs, havia guardado meu código de pré-venda para Dublin. Agora ele não servia mais pra nada…mas c’est la vie.

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Decidi virar essa página, e junto com queridos amigos, assistir a esses dois shows em New York. E o que dizer sobre esses shows? Simplesmente fantásticos. O nível de inovação, de criatividade, e ao mesmo tempo de simplicidade dessa produção é impressionante. Como todos os shows do U2 desde a ZooTV, é uma produção que procura utilizar ao máximo recursos de vídeo e iluminação, pensada para quem está no lugar mais longe da arena, além da qualidade de áudio impecável. O show é extremamente coreografado, com pequeno espaço para improvisação, mas sabemos que essa tem sido a proposta do U2, de novo, desde a tour do Achtung Baby.

O espetáculo se desenrola realmente em dois atos, com um pequeno intervalo. A proposta original da banda era fazer pares de shows diferentes, um mais elétrico e outro mais acústico, ou talvez um mais sobre a “inocência” e outro mais sobre a “experiência”, não sabemos ao certo. O fato é que eles parecem ter desistido dessa ideia, e o que vemos pode ser, de certa forma, uma colagem dessas duas propostas, com dois atos como numa peça teatral.

A primeira parte procura levar o público à uma viagem no tempo e no espaço, para a zona norte de Dublin, no final dos anos 70. Bono convida a plateia pra isso, procurando contextualizar o início da banda. Iris é lindíssima, muito emocionante, e Song for Someone também não fica atrás. Os efeitos utilizados em Cedarwood Road, especialmente, são impressionantes ao vivo, com um passeio virtual do Bono pela rua e memórias de sua infância e adolescência. Já ao final de Until the End of the World, as ondas virtuais no telão levam tudo embora (as casas, carros, a cerejeira florida, enfim…), o que pra mim demonstra fim da inocência. É o fim do primeiro ato.

Na segunda parte estão os grandes hits, e é também onde acontecem algumas variações no setlist. Falando sobre eles (Pride, Mysterious Ways, With Or Without You, Streets, etc), é impressionante a reação que essas músicas provocam no público em geral, o que me dá a certeza de que elas nunca vão sair do setlist. Pra nós que somos fãs, elas podem soar desgastadas até, mas não tem jeito, elas tocam fogo na massa.

Foi muito bom ouvir Ordinary Love e Satellite of Love na primeira noite, dia 30, e também Party Girl e Stand By Me na segunda noite, dia 31. Pena que não rolou Gloria, October, Lucifer´s Hands ou Bad, mas tudo bem, não costumo reclamar de setlists. E fechar o show e a leg americana da tour com “40” foi emocionante, como sempre.

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Foto by Ju Sarda

No show do dia 30, aconteceu um episódio um tanto insólito, quando o Bono quis agradecer as pessoas que o ajudaram após o grave acidente de bicicleta que sofreu no Central Park em novembro passado. O Madison Square Garden inteiro vaiou a tal mulher que deu o telefonema para os bombeiros, já que, num ato insano e talvez impensado, fez questão de se autopromover criticando os nova-iorquinos na casa deles. O Larry ficou visivelmente indignado e o Bono prometeu na hora não fazer mais esse tipo de coisa. Será que ele cumpre?

Em compensação, no show do dia 31 teve brasileiros no palco. A turma do fansite U2BR usou e abusou da criatividade e reproduziu os figurinos a la Village People do videoclipe de Discotheque, conseguindo chamar a atenção da banda. Bono os convidou para subir no palco enquanto tocavam Desire e eles fizeram a festa. Foi muito legal testemunhar a empolgação dessa turma. Pena que não rolou Discotheque, mas quem sabe eles não mudam de ideia na próxima leg?

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E pra fechar, as participações de Paul Simon, dia 30, e Bruce Springsteen, dia 31. Memoráveis. Sem mais.

E sobre Adam e The Edge bancando os penetras na festa do @U2? Ainda vou falar sobre isso, mas paro por aqui pra não me estender demais. Só adianto que foi épico!.

 

Paulo Lilla, o brasileiro que tocou com o U2 no MSG: Foi mágico!!!

Paulo Lilla, o brasileiro que tocou com o U2 no MSG: Foi mágico!!!

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Paulo Lilla, 37 anos, advogado, foi o homem escolhido por Bono para tocar All I want is you no show do Madison Square Garden da última quinta feira, dia 23 de julho. Fã do U2 há quase 25 anos – “Depois de assistir Rattle and Hum” – Paulo sabe que 10 entre 10 fãs da banda irlandesa gostariam de estar em seu lugar. “Estava escrito! Foi coisa de Deus”, afirmou.

Ele nos concedeu entrevista exclusiva, direto de Nova Iorque, onde revela aos amigos do fã clube Ultraviolet sua “experiência”, as impressões sobre Bono e a banda, além de detalhar tudo o que aconteceu durante esta super aventura norte americana.

Paulo foi para Nova Iorque com a esposa, Angela, em férias programadas para coincidirem com as apresentações da banda. Lá encontrou-se com outros UVs – Cristianne Medeiros e Eraylton Neto – e assistiu um show nas cadeiras e outro – justamente este onde foi protagonista – na pista. Sua esposa, que o acompanhou nas cadeiras, não foi neste, não tinha ingresso.

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Ele já tinha assistido a todos os shows que o U2 havia feito em São Paulo, mas esta foi a primeira vez que viajou para vê-los fora do Brasil. Ficou impressionado com o espetáculo visto da arquibancada: “Dá pra ver a grandeza do show, com o telão e tudo mais. Aquele telão interage com a banda o show inteiro, faz parte do espetáculo. Quem tá na pista perde muito isso”, revelou.

Apesar disto, prefere a pista porque “Há uma interação incrível entre público e banda! Bono tem um carisma incrível! Consegue unir a galera”. A ideia de levar o cartaz veio do fato de ver outros serem chamados: “Vi que ele chamou pessoas pra tocar em vários shows. Estão interagindo muito mais com o público, dado o clima mais intimista dessa turnê, então resolvi arriscar… Fiz um cartaz mequetrefe, feio pra caramba, porém grande. Feio, mas eficaz! Fiz a mão, com canetinha mesmo”, brincou.

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A seguir, vocês vão ler o relato da aventura vivida por Paulo, em primeira pessoa. Tudo o que ele viveu, sentiu e consegue expressar com palavras, já que é impossível descrever de forma racional tamanha emoção.

 

“Quando o Bono foi ao palco e parou na minha frente, levantei o cartaz. Não fiquei com ele levantado o tempo todo pra não atrapalhar o pessoal que estava atrás. Bono viu, leu, e fez um sinal pra mim com a cabeça. Eu não disse nada… Apenas levantei o cartaz e olhei fixamente para ele, sorrindo. Como se eu estivesse falando com os olhos.

Quando ele fez o sinal pra mim, achei que minhas chances tinham aumentado. Aí o show seguiu e mantive o cartaz abaixado. Fiz várias fotos e videos bacanas, já que a posição era privilegiada. Quando a banda veio ao palco B e tocou Mysterious Ways, o sonho começou…

Bono puxa uma colombiana pra dançar com ele e filmar pelo celular. Quando vi que tocaram Sweetest Thing achei que não teria mais chances, pois normalmente chamam pra tocar Desire ou Angel of Harlem. Nenhuma das duas foi tocada. Ai veio Every Breaking Wave.

Nesse momento, eu já me conformava que não iria rolar. Quando acabou, ele disse algo no ouvido do Edge. E veio em minha direção, perguntando quem era o cara que tocava guitarra. Eu levantei a mão e mostrei o cartaz. Ai, ele perguntou se eu sabia tocar All I Want is You. Disse que sim. E ele me chamou…

Subi e ele perguntou meu nome e de onde eu era. Respondi e a Arena veio abaixo. Ele disse para eu conferir a afinação com Edge. E comecei a tocar os primeiros acordes. Meio improvisado. Comecei a tocar, mas não tinha retorno… Eles ficam com um retorno no ouvido para conseguirem se ouvir.

Eu não conseguia ouvir o que estava tocando. E Bono foi ditando o ritmo pra mim. Com os pés e com as mãos. Dá pra ver no vídeo. Eu estava anestesiado… Foi difícil me concentrar, mas não podia fazer feio diante de 30 mil pessoas no MSG, né? Olhei pro Edge e ele piscou pra mim…

Bono estava concentrado, vendo se eu entrava no ritmo direito. Aí veio o riff do refrão. Fiz direitinho. Ele fez um sinal e a banda entrou. Com a bateria ficou mais fácil entrar no ritmo certo. E Bono relaxou e começou a cantar mais solto…

Eu comecei a flutuar pelo palco pra curtir o momento… Olhava para as pessoas em volta, olhava o pessoal nas cadeiras… Um sonho!

O Bono olhava fixamente nos meus olhos e eu olhava nos dele. Como se houvesse uma comunicação por telepatia. Fiquei impressionado, como ele é baixinho… Mas é uma figura abençoada, um ser iluminado! Impressionante!

Ele viu que eu estava cantando e aproximou o microfone para eu cantar com ele a parte final em que ele grita All I Want is You seguidamente… No final, pediu pra eu dedilhar o violão. Coloquei a palheta na boca e fiz com os dedos pra não ter perigo de errar… Ele veio com aquele snippet de improviso enquanto eu dedilhava.

E olhava pra mim fixamente, nos meus olhos. Eu sorria e agradecia! Então a musica acabou e ele me reverenciou se inclinando pra baixo. Fiz o mesmo! Então veio me abraçar… Abraço forte, carinhoso… Ficamos assim e ele não disse uma única palavra… Enquanto ele me abraçava, começou a tocar With or Without You. Disse pra ele que essa era a musica da minha vida…

Nesse momento, agradeci, fiz graça dizendo que achava que era o primeiro brasileiro a tocar com o U2 (depois lembrei que o Seu Jorge já tinha tocado). Disse que eles eram meus ídolos! E não lembro mais o que falei… Eu estava em transe…

Ele me levou até a escada, fui tirar o violão para entregar pra produção. Mas ele então fez um sinal pra eu parar e disse: “that belongs to you” (isso pertence a você)… Aí, não acreditei… Quase chorei de emoção… Ia pedir pra ficar com a palheta… A produção veio dizer que guardaria o violão até o fim do show…

 

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Foto by Paulo Lilla
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Foto by Paulo Lilla

 

E virei celebridade…  Todo mundo queria me abraçar, me conhecer, tirar foto… E o Dallas veio me trazer a viola no case do Edge. Não resisti e tirei fotos com ele. E a galera atrás, querendo tirar foto comigo! Não conseguia sair do MSG. Todo mundo vinha pedir pra tirar foto, conversar…

Uns achavam q tinha tido ensaio, que foi armado! Foi tudo improviso que partiu da genialidade do Bono, de sentir que aquele momento valeria a pena! Mas sei que me comuniquei com ele com os olhos. É difícil de explicar com palavras…. Foi mágico!”

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Paulo, que tinha Juzinha UV como amiga e por isso se juntou ao fã clube, mandou um belo recado para todos os que ainda sonham em passar pela mesma experiência que ele:

“Espero ter representado bem a UV! E nunca desistam de seus sonhos! Tudo é possível, até o impossível!”

Alguém aqui ainda duvida?

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Vejam o vídeo com a apresentação:

Outro ângulo:

Paulo Lilla fez tanto sucesso que concedeu entrevista ao canal GloboNews, direto de Nova Iorque, contando a surreal aventura. Teve seu nome citado também no site oficial do U2.

Ficou curiosa com o presente? Dá uma olhadinha nas fotos do violão que o Paulo nos mandou…

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Foto by Paulo Lilla
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Foto by Paulo Lilla
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Foto by Paulo Lilla
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Foto by Paulo Lilla
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Foto by Paulo Lilla
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Foto by Paulo Lilla

 

Parabéns. Paulo!!! Você merece!

Uma conversa para se ter em um pub com o meu melhor amigo irlandês… E poderia ser ao som de Sunday Bloody Sunday!

Uma conversa para se ter em um pub com o meu melhor amigo irlandês… E poderia ser ao som de Sunday Bloody Sunday!

Por Angela Kuczach

Bióloga – diretora executiva da Rede Nacional Pró Unidades de Conservação.

Eleita uma das 100 pessoas mais influentes do Brasil, pela revista Época, em 2014.

Amazônia

 

Dias atrás conversando com uma amiga sobre esse culto ao Bono, doença crônica da qual sofro há uns 20 anos, disse a ela que se eu pudesse escolher um pedido u2maníaco para o Universo, seria ter uma conversa de bar com o meu melhor amigo irlandês.

Ser fã do U2 é coisa séria. Os surtados que seguem a banda pelo mundo e se entregam à egrégora criada em um show em músicas como Where the streets… ou Walk On, sabem disso. Só que não há nada nesse mundo que não possa piorar…

Como uma banda formada por irlandeses crazy-caxias, cristãos e altamente politizados, as influências que eles têm sobre nós podem ser inúmeras, variando de espiritualidade, obsessão pela Irlanda ou militância política.

No meu caso, começou há mais ou menos 20 anos…

Aos 13 anos, eu era uma adolescente marrenta, rebelde, sonhadora e querendo desesperadamente uma causa perdida para lutar. Bem… Na época, acho que nem sabia direito o que era uma causa perdida, talvez para combinar com o ar intempestivo que eu adorava ter, achasse que a causa perdida em si era eu e o quanto não me encaixava no mundo. No fundo, só o egocentrismo de uma adolescente leonina.

Naqueles dias, eu sonhava em viajar o mundo, conhecer o máximo de belezas naturais que pudesse e “nunca deixar de olhar para um céu estralado”. Naquela época também, ficava cada vez mais claro que esse era um sonho caro. Desistir estava fora de cogitação, então a opção era buscar um jeito de viabilizar.

Por gostar de escrever, aos 14 anos, decidi ser jornalista. E por gostar muito mais da aventura e da liberdade em meio a natureza, aos 15, achei que biologia fazia mais sentido. Uma rebelde inveterada com um certo complexo de heroína, me meter em encrenca era algo frequente. Era comum me encontrar com a cara pintada no pátio da escola, onde só eu protestava “contra a venda da Vale” ou algo que o valha.

Como nada na vida é o por acaso, um belo dia, depois de uma discussão familiar em que o pai ou a mãe proferem aquele famoso discurso “enquanto você viver sob o meu teto e eu pagar as tuas contas você faz o que eu mandar” – mais clichê do que nunca – bati a porta e prometi arrumar um emprego “para me sustentar e fazer o que eu quiser”.

Parque Nacional da Serra da Canastra

Acabei estreando minha carteira de trabalho como “atendente de lanchonete do McDonalds”, e, se o tal emprego foi em si uma experiência para não ser repetida, ele me trouxe uma coisa boa: foi lá, com o meu chefe na época, que eu conheci e aprendi a gostar de U2. Eu tinha 15 anos, e na letra de músicas como “Sunday bloody Sunday” “pride”, “bad” e “MLK” eu me encontrei.

Naqueles dias de sede por algo maior, conhecer a história de Martin Luther King ou a guerra religiosa-separatista vivida na Irlanda através das músicas do U2, me trouxe a amplidão de horizonte que eu tanto ansiava. Acho, porém, que foi 4 anos depois, quando passei no vestibular para biologia, que eu comecei a entender a dimensão que essa banda teria minha vida.

Ainda na faculdade, eu entendi que Conservação da Natureza, antes de mais nada, é uma missão de vida, que para ser um conservacionista de verdade o sangue precisa acelerar nas veias, o coração precisa bater mais forte. E o meu batia. Era a causa pela qual um dia pedi e pela qual valeria a pena lutar, da qual depende o futuro de todos nós – sem xiitismo, mas é isso mesmo. Nesta época, estudava para as provas ao som de Beautiful Day.

Minha paixão, além do U2, eram os grandes predadores e durante toda a graduação, eu me dediquei às onças-pintadas e pumas pelos rincões do Brasil. Depois de me formar, o amor pelos felinos selvagens que, eu imaginava, me levariam para os confins da África ou da India, me levaram na verdade para o centro-político das discussões.  Ter o ativismo junto com a biologia correndo no sangue era uma combinação explosiva demais para me levar para os lugares inóspitos que sonhava. Mais fácil acabar no meio de alguma passeata para que esses lugares continuassem existindo.

Como não poderia deixar de ser, fui trabalhar em uma Organização Não Governamental (uma ONG) que tem como missão a conservação de áreas protegidas, como os Parques Nacionais. Uma forma de mantermos o mínimo de recursos naturais, frente às necessidades cada vez maiores de uma população de sete bilhões de pessoas e que continua aumentando… Muita gente, muito consumo. Só um planeta.

Idas e vindas da vida – mudanças de emprego, mas nunca de rumo – a dificuldade de se defender uma causa que não afeta a vida das pessoas de forma imediata. Ainda mais no Brasil. A certeza de que nasci pra fazer isso, não necessariamente como uma escolha, mais como uma missão, uma benção e uma maldição. O ônus e o bônus de ter nascido ativista por natureza… E em certos dias só a voz do Bono me salvava.

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No meio disso, descubri a ONE Campaign. Inspiração pura! Tudo aquilo que eu acredito: “ser você a mudança que se deseja para o mundo –  Gandhi”, trabalhar em prol da mudança positiva. Olhar para a solução e não para o problema. Fé. Esperança. Coragem. Uma boa briga é aquela que você luta gargalhando! Combater o bom combate e não cair na tentação fácil da lamúria e da vitimização. Mudar o mundo é possível… e é uma grande aventura!

Não por acaso a ONE é uma organização advocacy, ou seja, que trabalha de forma articulada com outras instituições em prol de uma causa. Não por acaso a minha ONG é advocacy. E quando o termo mal era conhecido no Brasil – até “esses dias” atrás – eu entrava no site da ONE babando nas ações q eles desenvolvem, na comunicação, na forma que atuam, e pensava: “É isso! É desse jeito que eu quero trabalhar… só que para a conservação!” De novo, Bono me apontando o caminho e naquilo que eu menos esperava…

Olhando pra trás, não mudou muito da adolescente de 15 anos para a mulher de 35. As lutas hoje são mais reais, os embates muito mais duros e agora não se trata mais de “sonhar em mudar o mundo” e sim de encontrar uma forma de efetivamente fazê-lo. Mas no fundo, acho que quem acredita que pode mudar o mundo não amadurece no sentido cético da palavra. A esperança precisa de uma certa dose de ingenuidade, de uma fé no impossível.

Casa do Bono

Vinte anos depois, e hoje como diretora executiva dessa mesma ONG advocacy que defende os Parques Nacionais do Brasil, eu continuo buscando inspiração no ativismo do Bono para desenvolver o meu trabalho. Na verdade, cada vez que vejo as apresentações de One, em Chicago (2005), e Walk On, na 360° Tour, parte da minha fé na vida se renova. Cada vez que vejo um discurso do Bono dizendo que nós podemos sim mudar o mundo, eu me identifico. Quando ele diz que: “celulares são aparelhinhos muito perigosos e que querem a nossa voz”, eu entendo no fundo da alma o que ele está dizendo. Me sinto olhando na mesma direção.

Meu melhor amigo irlandês me dá músicas lindas, a voz familiar e reconfortante dele em uma canção, me dá a sensação de estar em casa, e meu amor por ele me levou até a Irlanda, uma das melhores experiências que a viajante de alma aqui já teve, mas o que meu melhor amigo irlandês trouxe de mais forte para minha vida até hoje foi essa fé inabalável na vida. O sonho quase palpável de que mudar o mundo é possível, de que apesar de tudo, hoje estamos melhor do que ontem como humanidade, e onde a maioria das pessoas enxerga um problema, ele me ensinou a enxergar um desafio, uma oportunidade. Uma aventura!

Não sei dizer até onde minha visão de vida é intrínseca e até onde o Bono me influenciou. Sei que, no meio disso tudo, quando olho para o “factivismo” dele. eu me sinto menos sozinha no mundo. Sinto que numa conversa de bar a gente se entenderia. Coisa de gente louca é claro… Mas quem é louco o suficiente para achar que pode mudar o mundo, é capaz de acreditar em qualquer coisa e torna-la possível.

 

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U2 & Eu: Andréa

U2 & Eu: Andréa

Eu sou Andréa, tenho 41 anos, moro em São Paulo, adoro ler, viajar, sair com amigos, praticar caridade e viver bem. Amei encontrar todos os grupos no Facebook, vocês são as únicas pessoas que me entendem.

Minha história com o U2

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Como muitos de vocês sou considerada louca, boba e chata por amar tanto o U2. Esse amor começou quando tinha apenas 11 anos. Estava assistindo a um daqueles programas de clipes que já não existem há muito tempo, quando me deparei com uma banda que nunca tinha visto antes. Achei o vocalista um gato, meus olhos brilharam e eu fiquei hipnotizada com o U2 cantando Pride. Foi amor à primeira vista.

A partir deste dia, comecei a pesquisar sobre a banda dos 4 jovens irlandeses. A cada descoberta, meu amor aumentava mais. Todas as músicas tinham algo em comum comigo, achava esse fato surpreendente e tive certeza de que tinha encontrado minha cara metade!!!

Comprei discos, revistas, camisetas, etc. Daí começaram as críticas: “ Ah, como você é boba”; “Não aguento mais ouvir U2”; “Dá pra parar de falar desses caras?”. Enquanto todas as minhas amigas se desesperavam pelo Menudo, eu continuava fiel ao Bono e cia.

Fui uma jovem idealista que sonhava em mudar o mundo e Bono era meu maior e melhor exemplo: pela sua luta contra a miséria na África, pela paz entre as nações, pelos direitos iguais, entre outros engajamentos. Quando assistia o clipe do “Do they know it´s Christmas” chorava e tinha certeza de que ele era minha alma gêmea, rsrs. Coisas de adolescente…

Recebia críticas de todos pelo meu fanatismo sem limites, exceto de uma pessoa: meu pai, que resumia a banda e Bono em “udois”.  Ele comprava jornais, revistas, discos importados, shows em VHS – a secretária dele ajudava na busca de novidades, coitada… Se ele estivesse assistindo TV e alguma matéria sobre o U2 fosse anunciada, ele começava a gritar: “Dé corre que o ‘udois’ vai passar na televisão”.

Em 1998, o U2 anuncia sua vinda ao Brasil. Enlouqueci, fui nos 2 shows de São Paulo e chorei muito, gritei como histérica, confesso que não lembro nada da turnê POP, só deles cantando “I still haven´t found…” vagamente, e Bono apresentando a banda. Nos 2 shows, meu pai me levou até o estádio e ficou me esperando do lado de fora do Morumbi. Quanto o show acabava, eu corria até ele e o abraçava. Nós 2 chorávamos como crianças, eu por ter visto meus ídolos e ele por ver minha felicidade…

Chegou o ano de 2006 e o U2 volta ao Brasil com a turnê Vertigo. Novamente fui aos 2 shows, só que dessa vez foi diferente, lembro deles inteiros. O que mais me marcou foi Bono cantando “Sometimes you can make…” de forma tão dolorida e cheia de saudades de seu pai. Mais uma vez, o meu estava me esperando do lado de fora do estádio, na primeira noite nos abraçamos e choramos. Na segunda, fui surpreendida: quando corri para abraçá-lo, ele fez sinal de para, pra mim e falou:

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“Espera filha, como o “udois” é feio!”

Eu: “Como assim pai?”.

Ele: “Ah, ele parou o carro aqui, desceu e me cumprimentou e a todos os que aqui estavam, mas que sujeitinho baixinho e feio”.

Quase morri…

O que aconteceu foi que quando o U2 estava chegando ao Morumbi, Bono pediu pro motorista parar o carro e foi até o povo que estava em uma determinada região para distribuir autógrafos e tirar fotos, porque ele pensou que eram fãs que não tinham conseguido ingresso. Eu quase enfartei, fomos brigando até minha casa. Primeiro porque ele achou Bono feio e segundo porque eu estava morrendo de inveja. Ele ria da situação e dizia que um dia eu ia conseguir abraçar e ganhar um beijo do “udois”.

Em 2011, o U2 traz ao Brasil sua maior turnê: 360º. Fantástica. 3 shows em São Paulo, comprei ingressos para todos os shows, só que desta vez foi muito diferente, meu pai não estava mais aqui… Fui a todos os shows sozinha e saia chorando, porque não havia mais ninguém me esperando… E uma música do U2 tinha tudo a ver comigo: Sometimes you can’t make it on your own. Parecia ter sido feita especialmente para falar da relação com meu pai, meu sentimento por ele e a dor da perda, que nunca passa.

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No domingo, segundo show, sai de casa logo no começo da tarde, peguei a Marginal e num estalo mudei o caminho. Fui direto ao hotel onde a banda estava hospedada. Poucas pessoas estavam ali, porque os seguranças falavam que o U2 já tinha ido pro Morumbi. Mas eu decidi ficar um pouco, porque àquela hora já não iria ficar em um bom lugar na pista.

Meia hora depois, Edge desceu. Ele só me deu um autógrafo. Pedi 1 beijo, mas ele negou. Pedi pra segurar na sua mão, com certeza ele me achou uma louca, mas concedeu meu desejo. Ah, que mãos finas e suaves… A essa altura, a frente do hotel estava lotada.

Eis que surge Bono… Distribuiu vários autógrafos, abraçou algumas pessoas e se encantou por uma criança. Quando ele veio em minha direção e chegou perto de mim (que já estava aos prantos), me olhou, me abraçou e me deu um beijo no rosto… Em meio a toda aquela emoção, sentia meu pai dizendo: Tá vendo? Eu disse que um dia o “udois” ia te beijar…

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E essa é minha história de amor pelos 5 homens da minha vida: Bono, Edge, Adam, Larry e Olimpio.

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U2 & Eu: Cristina

U2 & Eu: Cristina

Percebi que realizar um sonho não é impossível.

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Eu sou Cristina, funcionária pública e fui até a Irlanda conhecer Bono.

Eu comecei a gostar do U2 justamente odiando o U2 e Bono. Assim começou minha relação com os 4 rapazes. Depois de tanto ouvir e ver, acostumei e viciei. Mas nossa convivência nem sempre foi de paz, houve vários momentos em que me “divorciei” deste casamento por me sentir traída: a primeira vez foi na tour POP.

Fiquei eufórica com a possibilidade de ver U2 ao vivo. Não acreditava! Fui às lojas C&A comprar 3 ingressos e quando cheguei, logo na escada rolante, tinha um stand. Uma barraquinha com propagandas e com um letreiro: Show do U2! Compre seus ingressos aqui. Quase fui laçada pelos vendedores, não tinha ninguém comprando. Fiquei mais ainda empolgada e pensei: – Beleza, vai ser um show vazio.

Não esqueço, foi numa terça-feira de janeiro. Saí cedo de casa, chegamos tranquilas no Autódromo, eu e minhas duas irmãs. Minha chateação começou quando não fiquei na pista, e sim nas arquibancadas. Mais decepcionada ainda quando vi uma multidão enchendo o lugar. Não entendia de onde tinha saído tanta gente. Como U2 tinha tanto fã e eu não sabia? Não me preparei para este choque, achava que só nós 3, eu e minhas irmãs conheciam a banda.

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A abertura foi aquele fiasco, estava longe do palco e nervosa. Enfim, a tortura acabou e eles entraram… Perdi o show em lágrimas, não consegui parar, olhei para os lados e uma multidão se acabava junto comigo. A cada música, eu chorava mais. Depois que o show terminou, fiquei sabendo do caos no trânsito do Rio. Tive sorte.

Um belo domingo, estava eu em casa, no quarto, e ouço na televisão da sala um show que os rapazes do U2 realizaram no Projac. Saí correndo do quarto e vi E-S-T-A-R-R-E-C-I-D-A uma apresentação para poucas pessoas.

Como???

Eu não estava sabendo daquilo. Quem eram aquelas pessoas? Como U2 vem ao Brasil e faz um show para um grupo de pessoas? Chorei decepcionada, chorei de raiva, chorei magoada. Depois desta noite, fiquei um ano sem ouvir nada deles.

O tempo passou e ele é senhor da razão, um santo remédio. Voltei a ouvir minhas músicas favoritas. Depois disso, fui conhecendo pessoas, quando descobri a UV através da Gabriela Godói, daqui do Rio. Eu a conheci pelo antigo Fotolog. E outras pessoas com quem mantenho contato até hoje, virtual ou não.

Não sou boa em datas, mas depois disso veio encontros em SP, festas e fui conhecendo os fãs que eu julgava não existir, como Maria Teresa, Juliana, Rita Cássia, Antonieta. Era e é ótimo conversar sobre o mesmo assunto, sem recriminação ou ser taxada de louca.

Veio outra turnê, Vertigo, e a maluquice de comprar ingressos. Estava previsto que haveria vendas online e nas lojas do Pão de Açúcar. No primeiro dia de venda, acordei às 4 da manhã. Eu, minha irmã e meu sobrinho Filipe. Chegamos na Barra da Tijuca às 5 e já tinha uma fila com cerca de 100 pessoas na nossa frente (novamente não entendia). O tempo foi passando e quando chegou a hora da venda, o caos se instalou.

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Tumulto, brigas, me envolvi em várias (até idoso que estava lá para comprar preferencial, eu tirei da fila). Eram quase 23 horas e veio a notícia de que as vendas estavam canceladas. Surtei. Fizeram uma fila para reserva. Não acreditei. Quando chegou minha vez de dar nome, identidade e quantidade de ingressos, não conseguia falar. Chorei alto. Tentaram me acalmar, seguranças, recepcionistas e nada. Minha irmã interveio e deu meus dados. Não esqueço a frase que a funcionária do Pão de Açúcar me falou: “Fique tranquila, até sexta-feira ligaremos para a senhora e poderá vir pegar seus ingressos. Dr. Abílio Diniz garantiu que todos receberão”.

Fui para casa aos prantos. No dia seguinte, era meu aniversário, 14 de janeiro. Não conseguia sair da apatia. Imaginava um show deles e eu fora. No entanto, na quinta-feira ligaram para minha casa avisando que os ingressos estariam a minha disposição no mesmo local, a partir das 10 horas de sexta-feira. Às 8 horas, estava na porta. Eram 2 shows e eu não queria ver um só. Graças a Deus, eu conhecia Ana, que na época morava em Brasília e mantínhamos contato pelo Fotolog e MSN. Um anjo salvador que conseguiu meu ingresso para o segundo dia.

Nos encontramos no hotel, onde ficamos eu, minhas irmãs, meu sobrinho e Fernanda, outro anjo. Ela foi quem dormiu na fila para o segundo show. No primeiro, eu vi das cadeiras, mas no segundo consegui chegar até a o palco. Fiquei na grade de um dos lados, aonde Adam e Larry viriam perto de nós para tocar e onde Bono entrou para abrir o show. Neste dia conheci também Halisson, vi muita gente do Fotolog, que também estavam próximos.

Quando as luzes se apagaram e começou a tocar Arcade Fire, comecei a chorar, mas lembrei de POP e falei: NÃO, desta vez verei o show. Bono entrou e perdi a noção de tudo. Diante de mim estava ele. Não acreditei. Pulei muito. Quando o show acabou, vi o estrago em minhas pernas: joelhos esfolados pela grade.

O tempo passou e veio 360º. Eu já conhecia muita gente pessoalmente e virtual. Conheci e revi pessoas especiais, como minha outra família de Caçapava, meus amigos do Rio e Maria Elvira, Adra, Solange, Pedro da Bahia, Cecília de MG e tantos outros.

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Fui aos 3 shows. O primeiro, arquibancada com a família, o segundo com Fernanda, Mônica (que conseguiu os ingressos). Fiquei debaixo da garra e novamente pertinho deles. No terceiro show, tivemos um intervalo de 2 dias e na véspera, uma terça-feira, fomos passear na porta do Morumbi, ver as filas e chegamos na hora que eles estavam chegando para a passagem de som. Pensamos: quem entra, saí. Resolvemos ficar. Eram umas 18 horas. Choveu naquele dia que parecia fim do mundo. Ficamos eu e Amanda, uma amiga do Rio. Tentaram fazer com que fossemos embora, falaram que Bono pediu que saíssemos dali por que estava perigoso em função da tempestade. Alguns desistiram, poucos ficaram.

Quando era quase meia noite, eles começaram a sair. Um dos últimos carros foi o de Bono. Ele ia direto, mas deve ter se compadecido dos pobres mortais enrugados de tanta água… Desceu do carro na minha frente e veio em nossa direção. Eu ia gritar, mas minha amiga falou: não grita, ele não gosta. Fiquei calada. Bono veio falar com cada um que estava lá e quando vi, a mão dele estava estendida em minha direção. Segurei na mão dele, a minha gelada, molhada. A dele quentinha. Um aperto de mão firme e sincero. Depois veio The Edge. Tinha valido a pena.

O terceiro show, eu vi em companhia de minha amiga Amanda, que tinha estado comigo na noite anterior. Neste show, eu, ela, Fernanda e Monica combinamos de conhecer a Irlanda. O tempo passou e eu realizei outro sonho: Ter um carro vermelho, com um adesivo do U2 e pegar estrada ouvindo a música deles. Realizei ouvindo o No Line, mas estava na hora de realizar o sonho maior e então planejamos a viagem: eu, Monica e Fernanda. Vendi meu carrinho e transformei em passagem e estadia.

No dia 4 de dezembro de 2013, nós embarcamos num voo da Air France com destino a Irlanda, com conexão em Paris. Aterrissamos na Irlanda no dia seguinte. Passamos na imigração sem acreditar, pegamos um taxi e chegamos ao Apart-hotel que seria nosso lar, nos próximos 20 dias. Quando entramos no quarto nos abraçamos emocionadas. Nosso sonho estava realizado. Nossa rotina na Irlanda seria uma só: esperar dar 9 horas para o dia clarear e sair em busca do U2. Visitamos o que dava para visitar, o estúdio, a casa do Bono, mas ainda ficaram lugares que um dia eu volto para conhecer.

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Uma data muito esperada chegou: Dia 24 de dezembro, era o dia D! Fomos para a Grafton Street bem cedo por que não sabíamos a hora em que Bono cantaria. Matamos o tempo dentro de um shopping em frente à árvore de natal que deveria ser o local onde ele estaria. Acertamos na mosca. Quando saímos do shopping, o local estava cheio.

Procuramos um lugar para ficar, novamente escolhemos certo. Era o local de onde Bono subiria no pequeno tablado. Certa hora, não sei precisar qual – ficamos ali, num frio absurdo que congelava tudo – Glen Hansard chamou: Bono venha cá… E ele passou por mim, ao ponto de tocar nele. Houve um empurra-empurra e acabei do lado do tablado, com os músicos tapando minha visão, o que não foi problema, pois aproveitei meu tamanho e me coloquei entre dois músicos para pode ver Bono cantando.

Quando terminou, Bono passou por mim novamente e sua mão estava apoiada em um segurança, aproveitei para tocar nele. Era o máximo da nossa viagem.  Fomos lanchar e conversar sobre nossa sorte, sobre o nosso sonho realizado. Mas vinha mais por aí. Daqui em diante, não sei como aconteceu. Lembro-me de termos conhecido uma garota no McDonalds e ela nos levou para andar por Dublin. Andamos, andamos e em determinado momento estávamos em frente a um restaurante, que por um acaso era perto de onde Bono tinha acabado de cantar.

Ela nos falou que Bono estava dentro do restaurante e se quiséssemos vê-lo, teríamos que ficar aguardando. Avaliamos o tempo, frio de congelar fogo e resolvemos ficar. Depois de quase 20 dias, não íamos perder esta chance. Ficamos lá, eu, Fernanda e Mônica. Cada hora que passava, mais ia esfriando, foi preciso nos manter em movimento para não congelarmos. A rua estava incrivelmente vazia, pois ninguém iria ficar zanzando com a temperatura tão baixa.

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Quando era mais ou menos umas 21 horas, a porta do restaurante novamente se abriu para sair um grupo. Reconhecemos os cantores e falamos: Agora ele sai. E ele saiu. No topo da escada, foi o último a sair do restaurante, mas não nos viu, estávamos escondidas atrás da coluna de um prédio, ao lado. Quando ele desceu as escadas para se despedir do último músico, nos aproximamos devagar, sem alarde e Fernanda falou baixinho: Bono, please, Bono please… Ele virou devagar e deu de cara com 3 loucas congeladas e emocionadas.

Foi super gentil conosco. Deu atenção, conversou com as meninas (elas falam inglês), perguntou sobre a nova música (era Ordinary Love). Eu estava ali do lado de Bono, olhando para ele falar com as garotas e aquele famoso filme passou na minha cabeça. Lembrei cada momento até aquele instante. Perguntou de onde éramos e Fernanda falou e abriu uma bandeira do Brasil. Ele se mostrou surpreso de estarmos tão longe e em uma data tão especial. As garotas falaram que estávamos ali para vê-lo. Ele agradeceu e nos aconselhou a voltar para o hotel. Nós pedimos para tirar fotos e ele atendeu com muita gentileza.

Não tinha segurança, era só ele, o motorista, eu, Fernanda e Mônica. Na rua deserta, nem carro passou. Era o nosso momento. Nem acreditei quando ele me abraçou para a foto, era absurdo demais aquilo tudo. Fernanda e Mônica ganharam um beijo dele, que eu não consegui registrar. Quando ele se foi, ficamos paradas olhando o carro indo embora e saímos correndo, eu senti uma vontade absurda de correr e o foi o que eu fiz. Fui impedida pela Mônica de atravessar uma rua sem olhar de tão catatônica que estava. Chegamos ao hotel e não parávamos de falar, de chorar, de falar, de chorar!!!

Nosso natal de 2013 foi assim…

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U2 & Eu: Marina

U2 & Eu: Marina

“Eu sou Marina. Geminiana típica, idealista à moda antiga e sonhadora como criança. Jovem de 30 e poucos anos, advogada e estudante de petróleo e gás. Curiosa por astronomia e louca por U2”.

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A primeira pergunta que nos fazem é sempre a mesma: como começou a sua paixão pelo U2? Eu não tenho uma resposta exata para essa questão. Não tenho datas, não tenho um fato específico – como todo grande amor, adentrou na minha vida lentamente, tomou espaço, ganhou importância e dela não saiu mais. E hoje a minha vida é inconcebível sem essa trilha sonora. O som da banda é meu bálsamo, meu conselheiro, minha redenção.

Conheci o U2 ainda na adolescência, em uma dessas aulas de inglês em que o professor coloca uma música como atividade para traduzir a letra e escutar a pronúncia. Era ONE, uma dessas “mais tocadas” da época, suficiente para despertar a curiosidade de conhecer um pouco mais da banda que a fez – será que eles tinham outras músicas tão boas quanto essa?

Tinham. Muitas outras, tão boas ou melhores. E assim fui me aprofundando no mundo dos irlandeses, escutando álbuns mais antigos, acompanhando a banda, tentando entender as letras. A propósito, para meu lado religioso aflorado, as letras do U2 tornaram-se um vínculo importante com a banda. Era sempre delicioso descobrir passagens bíblicas e salmos nas letras. E, nesse momento, percebi que as letras do grupo não eram composições aleatórias, mas algo com um significado muito forte a ser explorado.

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Tempos depois, eis que me deparo com o real significado de ONE e, para mim e minhas histórias familiares com seus desajustes e desacertos, ela parecia ser uma tradução de sentimentos. Hoje é impossível ouvi-la ao vivo sem ir às lágrimas e o refrão ‘One Love One Life’ virou tatuagem, o símbolo visível das marcas da banda em mim.

Um dia, meu avô estava na UTI e em um determinado dia, o quarto estava com som ambiente. Tocava baixinho uma série de músicas clássicas e, de repente, no meio da sequência, escuto ‘With or Without You’. Não me recordo exatamente da minha reação ou do meu comentário sobre a música, mas foi a última vez em que vi meu avô com vida. Durante muito tempo não consegui escutar a música e só voltei a ouvi-la ao vivo, nos shows da Vertigo Tour. E assim tem permanecido até hoje: uma recordação sagrada a ser ouvida apenas ao vivo. Escutei novamente na 360º Tour e, quem sabe, volte a fazê-lo na próxima turnê.

E assim seguiu minha história com o U2, amando cada música, tendo várias delas como trilhas de fatos da minha vida. Ora escutando ‘If you wear that velvet dress’ para lembrar de um grande amor, ora ‘Walk On’, para me motivar durante fases turbulentas. Às vezes, escutando ‘40’ como oração, às vezes escutando ‘Lemon’, para dançar comigo mesma no meio da sala.

Devo ao U2 minhas melhores recordações e as melhores noites da minha vida, que foram nos shows. Devo a eles, inclusive, grandes amigos. Pessoas que se aproximaram para compartilhar o amor pela banda e hoje me dão o prazer de compartilhar a vida. Valiosas amizades que hoje contam uma década, como a do Thiago e da Gláucia, presentes do U2 para mim.

Essa é a minha relação do mais puro amor com a banda, que alguns podem chamar de fanatismo. Mas assim continuará sendo, Love is not an easy thing (…) it’s the only baggage that you can´t leave behind.

 

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U2 & Eu: Alexandre

U2 & Eu: Alexandre

“Sou o Alexandre, tenho 41 anos de idade, sou biólogo e segundo minha esposa, sou doido por gostar do U2… E sou doido pelo U2 mesmo!”

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Estava eu, no distante ano de 1985 vendo pela TV um show para ajudar a África, quando um cabeludo desce do palco e dança com duas garotas… Ai começava a minha história com o U2!

Passei a minha adolescência ouvindo essa banda no meu quarto sozinho, com meus discos de vinil em meu 3 em 1, CCE. E com o sonho de um dia conseguir vê-los ao vivo. Sonho que se realizou em 1998, exatos 13 anos depois da minha primeira audição da banda! O U2 viria ao Brasil e eu estava pronto para ir de qualquer maneira, já que não conhecia ninguém nas cidades aonde a banda iria se apresentar.

206935_211778735499572_4277077_nMinha primeira preocupação: conseguir o ingresso. Comprei num shopping daqui de Fortaleza, mesmo o preço sendo salgado na época: 50 reais! Mas a garantia do ingresso não queria dizer que eu iria ao show, pois era longe de minha cidade. Pelo menos eu teria uma lembrança do show dos irlandeses. Tentei até entrar em contato com alguns fãs aqui da cidade, em vão.

Os dias iam passando e meu consolo era gravar tudo o que passava sobre a vinda deles. Devo ter gastado umas 5 fitas VHS. Tentei até participar de uma promoção para levar duas pessoas ao show, coisa que eu nunca tinha feito antes. Mas não tive sorte! Estava pronto para acompanhar o show pela TV (com meu ingresso na mão), quando ao olhar um jornal , na parte de classificados me deparei: SHOW DO U2 EM SÃO PAULO! INGRESSO, TRANSLADO, PASSAGENS!

Era a minha chance de ir! Liguei para lá  e o valor do pacote me desanimou um pouco: 800 reais!  Em 1998, isso era dinheiro para caramba! Tive que recorrer aos meus “paitrocinadores”, já que o que eu ganhava na época como estagiário não dava nem para sonhar. Adquiri o pacote e as malas! Agora estava com dois ingressos do mesmo dia. Mas o outro ingresso, que comprei no shopping, esta guardado até hoje…

Cheguei em Sampa na quinta à noite e na sexta já era o show. Acordei e fiz um lanche reforçado. Peguei uma van e rumei para o estádio. Quando cheguei no Morumbi e vi aquela fila enorme, acabei topando com um guarda que me ajudou a entrar (furar a fila mesmo), pois eu o perturbava muito. Era mais ou menos duas horas da tarde.

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Dentro do estádio, me deparei com aquele arco gigantesco, o limão, o telão, tudo do tour POP MART… Eu já sabia que era grande, mas nem tanto. Já tinha muita gente lá dentro e acabei ficando bem perto do palco B. O calor era infernal, mas a vontade de ver a banda era maior. Agora era só esperar…

O tema de Missão Impossível ecoava pela caixas de som! Chegou o momento tão esperado: U2 AO VIVO! Para mim, nada de tecnologia importava, só queria ver a banda. Quando percebi que eram os caras de verdade e que eu não estava vendo um vídeo, nem fotos em revistas, acabei liberando umas lágrimas… Bono falou: “….suas vozes são lindas!! Nunca esqueceremos vocês…”. Eu também não…

Em 2006, a história ia se repetir. U2 no Brasil! Depois da confirmação do show, datas, locais de vendas de ingressos, forma de comprar pela internet e telefone, começou a minha luta pelos ingressos, foi muito sofrimento, guerra de nervos e psicológica. Mas conseguir juntar um grupo de fãs do U2 aqui na cidade (20 pessoas) e todos foram para internet e telefone, tentar conseguir os tais desejados ingressos.

O legal é que nesse grupo que se formou, todos se ajudaram! Sem eles, eu não teria ido ao show! Bom, ido eu teria, só não saberia se ia entrar no estádio e ver a banda, ao vivo. E ainda sobraram ingressos!!! Na época, eu tinha 32 anos, e meus pais diziam: “Para com isso de U2! Você já tem 32 anos!” Isso não é nada, pois um amigo meu terminou o namoro para ir ver a banda!

Chegando em São Paulo, tentamos ver a banda no hotel. Acabamos pegando o ônibus errado e paramos no outro lado da cidade, distantes uns 60km! Depois de rodar muito de ônibus em ônibus, conseguimos chegar aonde eles estavam hospedados. Depois de alguma espera, vimos o Bono chegando de Brasília. Sensacional!

fot_show_1No show, pensei que eu iria estar mais concentrado, já que tinha visto a banda, em 1998. Que nada! Chorei, mas chorei mesmo ao ver “aqueles caras” a cerca de 2 metros de mim! Ver o suor pingando de suas mãos, as artérias da garganta do Edge e do Bono “saltarem”, o modo de cada um cantar… Emoção maior, só quando meu primeiro filho nascer!

Depois do show, o grupo que reuni não se desfez. Criamos o fã-clube U2FORTALEZA! Resolvemos, a cada dois meses, promover festas e encontros aqui em Fortaleza, onde sempre curtimos uma banda cover! E inspirados pelas atitudes de Bono, em prol dos menos favorecidos, nós também (you too) arrecadamos alimentos, nesses encontros, e doamos para instituições carentes daqui de nossa cidade. Já ajudamos asilos, creches, casa de doentes, etc…

Mas de 20 anos depois, é incrível como várias músicas do U2 ainda me emocionam. E por causa da banda me tornei uma pessoa melhor! E quero passar isso a outras pessoas. Daí a minha ideia de criar um grupo de fãs e promover os encontros e arrecadar alimentos. Ideia tão boa que outras pessoas de fora, agora, fazem o mesmo.

Não ganho nada financeiro com isso, com os encontros ou com o site que mantenho. E nem quero ganhar, pois o maior presente já recebi foram os amigos que fiz (e ainda faço). Isto faz seu coração bater mais forte e lembrar que quem plantou isso em seu coração foi uma banda da uma terra longe, a Irlanda. É por isso e por outras coisas que tenho orgulho de ser fã destes irlandeses, o U2! E você?

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Alexandre – U2 FORTALEZA  (ao som de WALK ON)

U2 e Eu: Ana Julia.

U2 e Eu: Ana Julia.

Aproveitando o lançamento do novo CD Songs of Innocence, estamos de volta com a coluna na qual os fãs contam sua experiências pessoais com o U2. Caso tenha interesse em participar, deixe seu e-mail nos comentários.  Começamos com a história de Ana Julia.

 

Eu sou Ana Julia, de Porto Alegre, psicóloga, adoro coisas místicas e espirituais, meio perdida no mundo e muito fã de U2.

                                                                                                foto 1 u2 

Passei a ser fã do U2 aos 13 anos, por causa da música New Year’s Day. Nesta época, o U2 estava vindo pela primeira vez ao Brasil com a Pop Mart Tour e estavam falando bastante da banda na mídia, Foi num ano em que a MTV de minha casa era em UHF e o sinal não pegava muito bem, para minha tristeza. Não conseguia ver os programas especiais que passavam, muito menos o grandioso show, que foi transmitido ao vivo.

Havia ganhado um walkman (na época do k7) e não tinha nenhuma fita que realmente valesse a pena ouvir em uma  caminhada com minha mãe. Gravei essa musica numa fita e era a única musica que ficava escutando, a rebobinava para  ouvir várias vezes. Por acha-la muito legal, passei a prestar atenção na rádio pop-rock, durante o programa “bloquinho é  tri”. Costumava passar sequencias de três musicas de um mesmo artista.

Eram musicas diferentes, mas muito boas quando os bloquinhos tocavam o U2, então decidi ouvir uma k7 inteira antiga do disco “Zooropa” e “Achtung Baby” que meu pai tinha guardado com muito carinho (alias, eram as únicas fitas que não podiam ser regravadas de forma alguma… E que meu pai gostava de escutar sozinho, de vez em quando). Assim, valeu a pena comprar os CDs destes k7s e os outros álbuns, já que não tinham todos os hits e a primeira coletânea só saiu muitos anos depois…

Desta maneira, troquei a idolatria por Alanis Morissette pelo U2 e a historia de vida fantástica do Bono tornou-se uma obsessão, passei a sonhar bastante com ele, a ponto de ouvi-lo falar em inglês e acordando com a sensação de estar entendendo o que ele estava a dizer. Mesmo uns sonhos premonitórios muito interessantes… É uma historia que gostava de contar ás pessoas, até porque era espirita e acreditava em contato com pessoas através de sonhos. Será que o fuso horário poderia coincidir em algum momento durante as turnês e tantas viagens que ele fazia?

Comecei a perambular pelas livrarias dos shoppings da cidade, lendo as noticias na Rolling Stones e em qualquer computador com internet até descobrir que ele era casado e com duas filhas lindas, que fizeram perfil no “bebo”, com fotos de festas e até boatos sobre namoros com os rapazes do Kings of Leon… Ficava pensando se ele não teve um caso com Andrea Corr (tão parecida com a Ali, será?) e sobre quem era aquela modelo chamada Helena com a tatuagem…  E sobre o porquê de Sinnead O’Connor não gostar da banda, etc.

As turnês inovadoras! Será que eles ainda irão fazer um show como a Barbie, no espaço? Será que o Bono conhece este vídeo da Barbie, porque foi tão marcante ler que ele sonhava com Madonna, ele poderia ter visto este vídeo em algum momento de solidão e alergia a pessoas, em suas estadias pelos hotéis…

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Uma banda que me acompanhou no primeiro grau – depressão profunda, sustentada pela música Stay, oooooh… Ser um anjo de alguém, ou melhor, ter um anjo! – e no segundo grau, onde as leituras eram uma forma de estudar inglês, até mesmo na faculdade, porque as mil e uma análises da vida do Bono davam ensejo de traçar um perfil psicológico e procurar um rapaz que fosse como ele. E o mais interessante foi poder se apaixonar por um cara maluco na faculdade que tinha nome de um grande ator de Hollywood dado pela mãe.

Um dia ele me perguntou se eu interpretava os significados das musicas do U2. Que significados? Será Lemon uma ode a fada Aine? De qualquer forma ele se lembrava de mim com a música One, mas eu poderia ser lembrada por tantas musicas do U2 (porque One?). “Dirty Days Remix” foi a minha musica de formatura, numa turma que escolheu “Beautiful Day” para representar o momento…

E até hoje, com 29 anos, o U2 é uma banda superinteressante, onde as musicas lado B e os remixes sempre são grandes descobertas, (faz de conta que os fracassos de vida podem ser meio como lados B, ainda um dia…) a influencia do Bono na politica e mesmo na religião é algo intrigante.

O que será que faz um artista se preocupar com a África e divulgar uma Ong para 70 000 pastores, falar com o Lula no Brasil e apoiar o bolsa família? Será que ele quer chegar à ONU e ter poder aqui também? A banda sempre nos faz pensar na Irlanda, em musicas medievais irlandesas e várias coisas que talvez eles não tenham preocupação alguma de divulgar…

Me fez conhecer também várias outras bandas bacanas dos anos 80, tanto internacionais (Bono e seus amigos) quanto nacionais (Paula Toller poderia ser amiga do Bono, fez um videoclipe baseado em Wim Wenders). E New Year’s Day é clássica em toda virada de ano, claro. Agora pelo Youtube, mp3…

 

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UV infiltrada, em Los Angeles, faz Bono cometer gafe engraçada

UV infiltrada, em Los Angeles, faz Bono cometer gafe engraçada

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Durante o evento no qual foi homenageado por Ordinary Love – pela LA Italian Film, Fashion and Art, na cidade de Los Angeles, EUA – Bono cometeu uma pequena gafe, da qual conseguiu extrair muita graça, ao discursar agradecendo a homenagem recebida.

Ao ler um pedaço da carta enviada pela esposa Winnie ao marido Nelson Mandela (quando este ainda se encontrava na prisão) e cujo conteúdo o inspirou a compor a letra da canção indicada ao Oscar, Bono acabou pegando a carta errada e brincou, dizendo ser uma nova canção que lhe tinha sido dada por um fã, na entrada do evento.

A plateia, aos risos, ainda ouviu ser este fato muito comum, Em todos os lugares aonde vai, Bono afirmou receber músicas novas “de presente” de fãs e músicos que encontra.

O que ninguém sabia era que a carta, na verdade, foi entregue a Bono pela UV Mérili, radicada em Los Angeles, na qual ela relata sua paixão pela banda, algumas experiências traumáticas pelas quais passou – entre elas um grave acidente que quase lhe tira a vida – e como o U2 foi importante para que ela conseguisse se recuperar.

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Nesta carta, que conseguiu fazer chegar às mãos de Bono, Mérili relata a importância que Stay possui para ela. Coincidentemente ou não, a canção voltou ao repertório da banda, imediatamente após os fatos ocorridos com ela, nos shows dos Estados Unidos.

Mais uma demonstração de como a conexão entre o U2 e seus fãs é algo real. Existem alguns acontecimentos “mágicos” que fazem com que os fãs gostem deles ainda mais, trinta anos depois de subirem aos palcos da Mount Temple, em Dublin.

Veja Bono chegando ao local do evento:

E veja Bono pegando a carta errada e fazendo piada com o fato:

O conteúdo da carta, na integra:

Minha vida se cruzou em muitos momentos com o U2. Momentos de amor. Momentos de paz. Momento de festa. Momentos de risos, lágrimas e também de superação. Era meu aniversário de 22 anos. Eu estava feliz, apaixonada e por alguns minutos nossos corações batiam na mesma frequência, embalados por uma música que já me era conhecida, mas q naquele momento me emocionou ainda mais. Era 1999. A música: Stay. Eu sabia q aquele momento era especial e ficou imortalizado por causa da música. Também seria nosso último dia juntos e felizes. Dias depois nos separamos. Um ano mais tarde, tive um sonho. Parecia normal, só me lembro de que estava num ônibus cantando uma música e quando acordei me lembrei de que era Stay.

Até este momento, eu não sabia qual era a tradução da música, o que ela dizia em português, mas gostava da batida e do ritmo dela. Aquele dia era pra ser mais 1 dia normal, como outro qualquer: levantar cedo, trabalhar e voltar pra casa. Mas eu não estava bem e resolvi sair à noite com uns amigos e fomos a uma festa. Na volta pra casa, sofremos um acidente de carro. Só me lembro dos gritos e do carro girando. Perdi a noção do tempo, mas enquanto o resgate não chegava, tinha um homem ao meu lado. Ele ficava na janela do carro segurando meu rosto, conversava comigo e me acalmava. Dizia q estava tudo bem comigo, pra não me preocupar. Eu não conseguia respirar nem me mexer, mas fiquei firme. Depois só me lembro de chegar à ambulância e este homem sumiu.

Dias depois é que entendi a gravidade do acidente: tinha quebrado 1 vértebra e o braço e teria q operar pra colocar 2 próteses no corpo. Fiquei 1 mês no hospital. Foi difícil, doloroso, mas graças a Deus tudo deu certo e levei alguns meses pra me recuperar. Naqueles dias, eu não me lembrei do sonho e também não me importei, mas algum tempo depois vi a letra da música traduzida e prestei mais atenção ao clipe. Algumas coisas pareciam coincidências e o fato de falar de anjos me chamou mais atenção, porque sempre acreditei muito neles e converso com o meu anjo sempre (essa música fala de anjos e foi escrita pra um filme chamado Asas do desejo (sic)… Que fala de um anjo que se apaixona por uma mortal, mas eu não sabia disso ate então…)

Desde então tive certeza de que o sonho foi um aviso do meu anjo da guarda, de que ele estaria sempre ao meu lado e ele estava. Acredito que era o homem que me acalmava durante o acidente. É por isso que tenho uma ligação espiritual com essa música. Esse foi um momento difícil em minha vida, mas tive força pra superá-lo e seguir em frente. Assim o U2 se tornou ainda mais importante no meu caminho, trazendo mensagens positivas e alegrando meus dias.

Por isso, nos momentos difíceis, ouço Stay e me sinto protegida. E não importa se o céu está azul ou cinza, Beautiful day traz uma nova esperança. Quando me sinto perdida, tem Walk on pra me fazer seguir em frente. E mesmo q não tenha encontrado o que procuro (I still haven’t…), eu continuo correndo, pois sei que o Amor está lá em algum lugar e ele é tudo que não se pode deixar pra trás.

E por tudo isso: Obrigada por fazerem parte da minha vida.
E, por favor: Toquem Stay pra mim e pros milhões de fãs que a adoram!

Mérili estará em Los Angeles, durante a festa do Oscar, como nossa “correspondente especial”, mandando notícias que serão divulgadas pelo Twitter e Facebook do Ultraviolet.

Fiquem ligados!