Categoria: Fãs

Campanha GRAACC 2020! Ano 15

Campanha GRAACC 2020! Ano 15

Campanha GRAACC 2020 – ano 15

A pandemia do Covid-19 chegou em 2020 e mudou o conceito de “vida normal” que nós tínhamos.
Isso incluiu a nossa tradicional campanha realizada todos os anos no mês de maio em benefício ao Hospital do GRAACC, que oferece tratamento especializado e humanizado para crianças e adolescente com câncer de todo o Brasil.
Entretanto, jamais deixaríamos de fazer uma campanha tão importante e querida por todos nós. Por isso, chamamos todos para participarem da 15ª campanha consecutiva dos fãs do U2, que esse ano será realizada de 1 a 30 de setembro!
Participe!
Ajude as crianças do Hospital do GRAACC a realizarem o sonho da cura e de ter um futuro inteiro pela frente.

Como participar:

Via Presente solidário(cartão de crédito/pay pal)

Ou

Via DEPÓSITOS/TED/DOC na conta do GRAACC

(OBRIGATÓRIO O ENVIO DO COMPROVANTE LEGÍVEL PARA QUE POSSAMOS COMPUTAR A DOAÇÃO)
ENVIAR O COMPROVANTE NO EMAIL:

ultraviolet-u2-owner@yahoogrupos.com.br

GRAACC
Banco Bradesco
Agência: 0548(caso seja pedido, o dígito é 7)
Conta Corrente: 98.355-1
CNPJ: 67.185.694/0001-50

Como sempre, nós oferecemos alguns brindes àqueles que doarem um pouco mais ao Hospital. Como o ano de 2020 está sendo muito difícil, nós diminuímos os valores, tentando alcançar mais pessoas, fazendo com que não seja pesado para ninguém oferecer esta ajuda às crianças e adolescentes. Ficou curioso? Dá só uma olhadinha no que temos para vocês.

Se você doar a partir de R$ 20,00 vai concorrer a:

Ecobag Ultraviolet em crochê
Single U2 – Walk on
Single U2 Sweetest Thing
Livro Killing Bono

Se você doar a partir de R$ 40,00 vai concorrer a:

Vinil Zooropa
Rolling Stone Brasil
DVD Especial – Glastonbury + Johannesburg
Livro Pedro e o Lobo

Se você doar a partir de R$ 60,00 vai concorrer a:

CD Brinde do u2.com 2019
Livro North Side Story – U2 in Dublin
Bluray Across the Universe, com participação de Bono
Livro Walk On, uma jornada espiritual

Doações a partir de 120 reais concorrem ao sorteio de uma gravura original, em papel artístico, entregue direto na sua casa. Veja que linda!

Gravura do artista 6dilly4dally, você pode admirar seu trabalho em seu Instagram, de mesmo nome.

Quem levar o quadro ganha, de brinde, a garrafinha do nosso fã clube!

Setembro é o mês de aniversário do U2, foi quando os rapazes se reuniram pela primeira vez na cozinha da mãe do Larry e a mágica aconteceu. Sua doação será um “Muito Obrigado” à banda que você tanto ama!

Não esqueça de mandar os comprovantes de deposito, para poder concorrer aos brindes!

Meu encontro com Bono em Londres

Meu encontro com Bono em Londres

Por Regiane Batista do Nascimento

Entregando o terço

Meu nome é Regiane, sou fã desde 1989/90. Moro em Campinas e sou uma mulher de fé, que acredita no ativismo do U2 e sonha com justiça social.

Hoje, eu vou contar um pouquinho sobre o dia em que entreguei um terço ao Bono. Um encontro tão esperado e que acabou acontecendo de um modo inesperado. Foi a viagem dos sonhos que fiz, somente eu e uma amiga. O destino era a Irlanda e a Escócia. Os planos eram fazer “a tour” dos fãs em Dublin e depois embarcar para Glasgow, para assistir à I+E TOUR. Eu só tinha uma certeza: entregar um terço a ele!

Ainda no Brasil, recebi uma ligação de minha irmã, perguntando onde eu estava.  Respondi: estou numa loja comprando um terço para entregar para o Bono, ela achou aquilo engraçado e disse: doida! E lá vamos nós, um vôo com escala em Londres e, para nosso desespero, fomos informadas que a conexão para Irlanda estava cancelada por causa do mau tempo, sem previsão. Resumindo: três dias presas em Londres, três dias a menos na Irlanda.

Brian e Regiane

Não consegui engolir o choro, minha amiga menos ainda. Fomos para um hotel, inconsoláveis, com um porém: estávamos inconsoláveis em Londres… Conversando com os amigos da UV, soubemos que alguns estavam na cidade. E os UVs – sempre bem informados – sabiam em que hotel eles estavam. Saímos de manhã, para dar uma volta no Hyde Park, com os itens do U2 sempre nas nossas bolsas.  Resolvemos então passar pelo hotel e ficar olhando para as janelas, porque sabíamos que era praticamente impossível encontrá-los, já que na noite anterior tinham comemorado o aniversário do Larry e, com certeza, eles estavam de ressaca.

De repente, eu vejo Brian e um pequeno grupo de mais ou menos cinco pessoas na porta do hotel. Eu surtei por dentro, por fora fingi costume. Nos aproximamos e fomos falar com ele que, por sinal, é muito simpático quando não está no Brasil, rs… Ele já tinha um esquema e, como eram poucas pessoas, combinou com a gente que Bono desceria e um de cada vez ia entrar para tirar uma foto e pegar um autógrafo, sem demorar.

Uma imagem que fala mais que mil palavras

Surtei de novo, mas sempre fingindo estar acostumada. Meu número era o 6. O papo do simpático Brian com o grupo continuou. Quando olhamos pro lado, uma turma de curiosos se aproximou e descobriu que era Bono quem estava no hotel, para o nosso desespero. O pequeno grupo se transformou numa fila com mais de vinte pessoas. Brian entrou e saiu algumas vezes, até que nos informou sobre uma mudança de planos. Esse choro, eu tive que engolir…

Brian pediu desculpas e disse que, por conta da fila, Bono resolveu sair rapidamente e só dar alguns autógrafos. Além do Brian, vários seguranças faziam de tudo para que Bono não pegasse nada nas mãos. Pediam para entregar os presentes para eles o tempo todo. Pensei: não mesmo! Brian não saia do meu pé e ficava repetindo: o presente, o presente!

Bono pertinho de Regiane, com o terço na mão

Até que o Bono chegou, olhou para o terço e me perguntou sobre as cores. Era um terço missionário. Respondi que cada cor trazia uma reflexão para cada continente e ele respondeu: “Uau, Love and peace!” Neste momento, um grande mico. Do nada, involuntariamente, simplesmente saiu da minha boca: Yep! Love And Peace Or Else… Pensei em duas coisas: abre um buraco e enfia a cabeça; ou outra, ele deve “tá” pensando: essa é fã de verdade! Esperei que ele mandasse logo um: Laydown… Kkk

Óbvio que nenhum e nem outro, ele apenas pensou, mais uma maluca! Mesmo assim, perguntou de onde éramos, de qual cidade. Respondi que era do Brasil, São Paulo. Ele disse: “Uau, Brasil!!! Nós amamos São Paulo!” Depois disso, ele autografou nosso livro e saímos de lá querendo estrangular cada curioso que estragou o plano de dar um abraço e tirar uma foto com o nosso ídolo. De qualquer maneira, quando tem que ser, é!

O hotel em Londres

O terço que imaginei entregar em Glasgow, foi entregue em Londres por conta do mau tempo. Nunca mais reclamei quando os planos não saem como planejamos. Já no show, na Escócia, tenho certeza de que ele se lembrou do terço. Eu o segurei igual e, várias vezes, Bono olhou para ele e caminhou como se viesse com a intenção de pegá-lo (temos testemunhas). Os escoceses ao nosso lado vibravam, cada vez que ele caminhava na nossa direção…

Bandeira do Brasil que Bono “roubou” de Regiane e Liz

O Eneagrama de The Edge

O Eneagrama de The Edge

O mundo corporativo é muito dinâmico. ele costuma apresentar uma série de estudos sobre a personalidade das pessoas e, atualmente, o eneagrama está sendo utilizado por alguns profissionais de sucesso. Ele pode ser usado na compreensão e estudo de qualquer processo contínuo, uma vez que, em sua lógica, o fim é sempre o início de um novo ciclo.

O UV Henrí Galvão, um grande entusiasta do assunto, resolveu fazer um estudo dentro dos preceitos desta técnica em cima das personalidades de Bono e The Edge. Aqui vai o segundo texto, sobre o Edge. Se perdeu o sobre o Bono, é só procurar em nosso site que está aqui. Se liga só:

Eneagrama & Música: The Edge

Bono certa vez comparou cada um dos quatro membros do U2 a partes do corpo humano. Enquanto ele próprio seria o coração da banda (por conta de sua grande emocionalidade), Adam e Larry representariam os pés, e The Edge representaria a cabeça.

Isso faz muito sentido se a gente for considerar que The Edge (cujo nome verdadeiro é Dave Evans) recebeu esse apelido logo quando da formação da banda, por conta de sua preferência por observar as coisas de uma certa distância, e por conta de seu comportamento geralmente pouco emocional.

E, de uma perspectiva do Eneagrama, a análise de Bono faz ainda mais sentido. Isso porque muitas poucas pessoas que conhecem esse sistema discordariam de mim quando digo que The Edge é, quase que sem nenhuma dúvida, um tipo Cinco.

Não espere por muito

Não é de se espantar que um dos nomes mais comumente usados pra descrever esse tipo é “o Observador” (“o Investigador” também é bastante comum). Eles são considerados os mais “cerebrais” dos nove tipos, no sentido de serem aqueles que tendem a confiar mais no intelecto. Muito frequentemente, em detrimento de suas emoções.

Muito disso vem da sua paixão característica, que é a avareza. No contexto do Eneagrama, a avareza deve ser vista sob um contexto mais amplo, já que ela não trata apenas de ser mesquinho em relação a dinheiro, mas também em relação a outros recursos, como tempo e energia.

Em outras palavras, o tipo Cinco frequentemente percebe as demandas externas como sendo simplesmente demais pra eles. Como resultado, eles tendem a evitar se envolver muito com outras pessoas num nível bastante emocional, em parte porque eles geralmente duvidam de sua própria capacidade de dar a essas pessoas o que elas procuram.

Disso decorre uma tendência a ter a frugalidade em alta conta, e em se virar com menos do que seria sequer concebível pra maioria das pessoas. O que, sob um ponto de vista artístico, pode dar uns resultados muito interessantes.

Tome essas mãos, elas não servem pra nada

Não é nenhum exagero dizer que The Edge é um dos guitarristas mais únicos e influentes de todos os tempos. Ter crescido sob a influência do movimento punk acabou sendo o encaixe perfeito pra um músico que se considera um minimalista de coração, com muito pouco interesse em tocar uma quantidade excessiva de notas.

“Eu sou um músico. Não sou um pistoleiro”, ele diz. E ter essa perspectiva mais ampla de si mesmo lhe permitiu explorar territórios desconhecidos enquanto guitarrista, dando rédea livre pro seu grande interesse nas possibilidades técnicas não só do seu instrumento principal, mas também do estúdio de gravação.

De fato, embora eu não leve muito a sério aqueles que o criticam enquanto guitarrista por causa do seu estilo mais contido, eu às vezes concordo com outros que dizem que ele se fia demais na parafernália técnica ao redor de tudo isso, a qual envolve um setup ridiculamente complexo de guitarras durante os shows.

E isso, por sinal, também pode ser creditado ao seu tipo no Eneagrama. Por um lado, o tipo Cinco tende a ter uma capacidade fora do comum de se concentrar e ir a fundo no trabalho que faz. Por outro lado, eles podem ir longe demais nisso, ficando obcecados com detalhes que, no fim das contas, podem acabar lhes distraindo do todo.

Aliás, até certo ponto foi uma surpresa pra alguns fãs quando Bono disse recentemente que o maior culpado pelo fato do U2 estar demorando cada vez mais pra lançar seus álbuns é The Edge. O fato dele ser tanto o maior workaholic quando o maior perfeccionista da banda é capaz de deixar todo mundo ao seu redor louco.

Você vem vivendo debaixo da terra, comendo de uma lata

O que me leva à questão dos subtipos, já que essa mistura de workaholismo e perfeccionismo é a maior razão de eu acreditar que o seu instinto mais forte no Eneagrama é o autopreservação.

Confesso que essa não é uma aposta muito confiante da minha parte. Em parte porque os diferentes subtipos do Cinco não são considerados muito diferentes uns dos outros, exceto pra aqueles que os conhecem muito bem (o que tende a ser uma tarefa difícil, como vimos).

Mas, como eu não vejo nele nem o idealismo que parece ser típico do Cinco social, nem o romantismo do Cinco sexual, classificá-lo como autopreservação-dominante me parece que pelo menos faz algum sentido (afinal, esse subtipo é o considerado o mais “puro” dos Cinco).

Em geral, diz-se que o Cinco autopreservação tem uma necessidade mais forte por demarcações claras e por se isolar, assim como uma dificuldade maior que os outros dois subtipos no que se refere a ser assertivo e demonstrar agressividade.

Não sei se quaisquer desses aspectos se aplicam a The Edge com certa regularidade (algo que provavelmente só os seus familiares e os seus colaboradores mais recorrentes poderiam dizer), mas o seu excesso de dedicação ao trabalho me lembra algo que Bea Chestnut diz em The Complete Enneagram:

O Cinco autopreservação limita suas necessidades e vontades por acreditar que todo desejo pode abrir a porta para que eles se tornem dependentes de outros. Desejos, portanto, são ou sublimados em interesses específicos, ou apagados da consciência.

Suponho que tais interesses e atividades poderiam ser simplesmente hobbies para alguns desses Cinco. Mas também é muito frequente que eles sejam seu ganha-pão.

E isso me leva ao meu último ponto de hoje (e provavelmente a coisa que mais me incomoda enquanto fã do U2).

Uma ideia perigosa que quase faz sentido

Embora, enquanto banda, o U2 sempre tenha sido mais apolíneo do que dionisíaco (no sentido de demonstrar uma preocupação muito forte com o que é apropriado de se exibir ou não), nos últimos quinze anos, mais ou menos, esse desequilíbrio cresceu ainda mais.

Enquanto boa parte dos anos 90 viu a banda se reconciliando com seu lado dionisíaco (o que, pra todos os efeitos, foi uma experiência liberadora pra todos eles), desde então eles vêm tendo mais e mais dificuldade em trazer uma dose saudável de espontaneidade e caos ao processo criativo como um todo.

A consequência é que, quando eles tentaram replicar tal experiência no álbum No Line on the Horizon, de 2009, eles simplesmente não conseguiram. Não que seja um álbum ruim, mas ele dá a nítida impressão de que eles sentiram que haviam se tornado grandes demais pra fracassar e não conseguiram mais se deixar levar.

Mas o pior de tudo é que, desde então, a banda lançou dois álbuns recheados de grandes músicas (Songs of Innocence, de 2014, e Songs of Experience, de 2017), as quais foram (pelo menos pra mim) eclipsadas por uma triste constatação: pela primeira vez, o U2 está soando como qualquer outra coisa que toca no rádio.

A razão de eu estar abordando tudo isso é por acreditar que muito disso tem a ver com a influência desproporcional que o perfeccionismo de The Edge teve sobre esses álbuns. Sinto até que estou sendo meio duro ao escrever isso, porque eu também acho que boa parte das escolhas artísticas da banda até então haviam sido mais que justificáveis.

Mas também suspeito que, se eu fosse um garoto de 11 anos hoje (como eu era quando vi pela primeira vez o clipe de “Staring at the Sun” na MTV), eu provavelmente não ligaria muito pro U2. Não porque eles estão se esforçando demais (isso eles sempre fizeram), mas porque agora eles estão se saindo melhor do que antes.

Torço pra que, como diz a letra da última música do seu (ridiculamente menosprezado) álbum de 1997, Pop, ainda seja possível rebobinar tudo como se fosse um toca-fitas (Songs of Ascent, mais alguém?). Mas a cada ano que passa isso vem se tornando uma possibilidade mais remota no meu coração.

O Eneagrama de Bono

O Eneagrama de Bono

O mundo corporativo é muito dinâmico. ele costuma apresentar uma série de estudos sobre a personalidade das pessoas e, atualmente, o eneagrama está sendo utilizado por alguns profissionais de sucesso. Ele pode ser usado na compreensão e estudo de qualquer processo contínuo, uma vez que, em sua lógica, o fim é sempre o início de um novo ciclo.

O UV Henrí Galvão, um grande entusiasta do assunto, resolveu fazer um estudo dentro dos preceitos desta técnica em cima das personalidades de Bono e The Edge. Aqui vai o primeiro texto, sobre o Bono. Semana que vem vamos postar o sobre The Edge. Se liga só:

Eneagrama & Música: Bono

Bono é um personagem que não requer maiores introduções. Ainda que, enquanto frontman do U2, ele seja uma das estrelas do rock mais famosas do mundo, talvez ele seja igualmente conhecido por seu envolvimento numa variedade de causas sociais, principalmente aquelas relacionadas à melhora das condições econômicas e de saúde na África.

Ao mesmo tempo, eu me pergunto se um estudante do Eneagrama que não soubesse quem ele é (é claro que isso é quase impossível pra qualquer um que acompanhe a música pop), e que fosse introduzido apenas aos fatos-chave da vida de Bono e do que ele defende, concordaria com o que estou prestes a dizer: que ele é, muito provavelmente, um tipo Sete.

Você perde muita coisa nesses dias se você para pra pensar

Por um lado, talvez não seja assim tão difícil pensar nele quando frequentemente se vê diferentes autores se referindo ao tipo Sete como “o Epicurista” do Eneagrama. Afinal, mesmo quando o U2 era considerado uma banda muito séria, havia sempre uma notável “joie de vivre” nas entrevistas que Bono concedia, bem como nas suas artimanhas de palco.

Por outro lado, sempre que se estuda um certo tipo no Eneagrama, há algo de mais importante do que o nome que é frequentemente dado a ele: a saber, a sua paixão predominante. A qual, para o tipo Sete, se chama gula.

Por conta disso, muito do entusiasmo que os Sete demonstram vêm de querer fazer e experimentar muitas coisas (comida sendo apenas uma delas), frequentemente todas ao mesmo tempo. E essa tendência, paradoxalmente, tende a lhes negar justamente a satisfação que eles procuravam quando decidiram se engajar em tais experiências.

Isso porque a principal fixação desse tipo se chama antecipação. Em outras palavras, como eles estão constantemente pensando sobre o que fazer ou aonde ir em seguida, estar presentes onde quer que eles estejam – e com quem quer que esteja com eles – num dado momento pode ser algo incrivelmente difícil.

É claro que estar presente não é uma tarefa fácil pra ninguém, independentemente do seu tipo. (O tipo Quatro, por exemplo, tende a pensar bastante no passado.) A questão é que muitos tipos Sete, justamente por conta de sua fixação, tendem a desenvolver uma baixíssima tolerância à frustração.

A partir daí, não é de surpreender que um dos seus maiores desafios seja uma falta de comprometimento generalizada. Toda criatividade e excitação que eles geralmente demonstram durante os estágios iniciais de qualquer projeto podem ser sabotadas por um certo desinteresse em dar prosseguimento às suas ações – em parte devido a um certo medo de se sentirem presos.

Um amor, uma vida

Tendo isso em mente, talvez soe estranho ouvir um tipo Sete dizer algo nesses termos:

Eu comecei a namorar a minha esposa, Ali, na mesma semana em que entrei no U2, e aquela foi uma boa semana

Sem contextualizar as coisas, talvez a frase acima não soe tão fora do comum por si só, então vou reenquadrá-la da seguinte maneira: temos aqui um tipo Sete na faixa dos 50 anos que encontrou sua futura esposa e seus futuros companheiros de banda quando tinha apenas 16, e eles todos estão juntos desde então. (Incrivelmente, o U2 nunca passou por nenhuma mudança de formação.)

A estranheza dessa situação pode ser ao menos parcialmente explicada quando consideramos que o instinto predominante de Bono no Eneagrama é o social, e isso o coloca dentre aqueles que são classificados como contra-tipos neste sistema – pessoas que expressam a paixão de seu tipo das formas mais inesperadas.

Como o nome sugere, o instinto social se relaciona com como uma pessoa lida com dinâmicas de grupo em geral. Assim, talvez a forma mais fácil de entender a influência que esse instinto tem sobre um indivíduo é considerar a importância que ele/ela dá a qualquer situação na qual haja mais de duas pessoas envolvidas.

Como comentei no meu primeiro texto dessa série, isso não significa que uma pessoa que seja social-dominante vá ser mais socialmente envolvida do que se o seu instinto predominante fosse o sexual ou o autopreservação. Basicamente, o que isso significa é que, seja como for que essa pessoa decida se comportar em grupos, ela raramente vai deixar de levar em conta essas dinâmicas.

Isso pode ser facilmente visto não só no papel cada vez maior de Bono enquanto ativista social ao longo dos anos, mas também no seu papel enquanto membro do U2. Nos anos 80, a banda era vista como os salvadores do rock por alguns, e um observador casual não pensaria que carregar tal bandeira fosse um fardo tão pesado pra ele.

Então, pra mais uma vez trazer a paixão a essa equação: o Sete social é considerado um contra-tipo por reconhecer que a gula – isso é, sua tendência a pensar em sua própria satisfação antes mesmo de sequer levar em conta os desejos e necessidades dos outros – frequentemente não cai muito bem com o que é socialmente esperado.

Consequentemente, esse subtipo faz o movimento contrário à tendência do tipo Sete de ser oportunista, e deliberadamente evita tomar algo pra si mesmo primeiro, defendendo causas que são frequentemente maiores do que eles mesmos.

É por isso que esse subtipo é muito apropriadamente chamado de “Sacrifício”: eles se comportam de maneiras bastante antioportunistas. Como resultado, como diz Bea Chestnut no seu livro The Complete Enneagram, sua gula pode ser difícil de identificar, “porque eles se esforçam para escondê-la em comportamentos altruístas”.

Nos sonhos começam as responsabilidades

Se tudo isso soa bom demais pra ser verdade, é porque, até certo ponto, é. Esses Sete agem como bons samaritanos, mas isso frequentemente vem acompanhado de um desejo igualmente forte de serem reconhecidos pelos outros. (O que é uma das razões pela qual o Sete social pode de certa forma se parecer com um tipo Dois.)

Em sua análise desse subtipo, Bea certamente não poupa palavras, e diz algo que soaria como música aos ouvidos dos detratores de Bono (que aparentemente são muitos): “Seu sacrifício e serviço é o preço que eles pagam por sua necessidade neurótica por admiração.”

Antes de dizer qualquer outra coisa, talvez eu deva deixar claro que sou um fã tanto dele quanto do U2. Embora isso faça com que eu seja um tanto parcial, eu realmente acredito que o seu nível de autoconsciência é bem alto, e o fato dele estar mais que disposto a receber os mais diferentes ataques me parece um bom indício de que ele realmente acredita de coração no que faz.

Na minha opinião, um calcanhar de Aquiles mais delicado está nas suas escolhas como, provavelmente, o membro mais influente do U2 – alguns diriam que ele é o líder de facto da banda. Mais evidentemente, na obsessão que a banda tem em ser aclamada e estar na crista da onda como se nada mais importasse.

Imagino que muito dessa obsessão venha da insistência de Bono em igualar relevância a popularidade. O que, por sua vez, me faz lembrar de como o tipo Sete é muito suscetível a sofrer de uma certa recusa em envelhecer, quase como se “envelhecer graciosamente” fosse um oximoro.

Não é segredo que a ambição rói as unhas do sucesso

De certa forma, me alegra ouvir Bono dizendo coisas como: “se nós acreditamos nas nossas músicas, precisamos usar todos os meios possíveis pra alcançar as pessoas”. Eu mesmo provavelmente não teria me tornado o fã que sou se não tivesse sido exposto à música da banda bem cedo, inclusive quando eles nem eram mais tão “descolados” assim.

E eu com certeza não estou aqui pra dizer o que Bono e o U2 devem ou não fazer a respeito de como comunicam o valor de seu trabalho. Mas às vezes eu me pergunto: será que eles não estão se vendendo barato demais? Não seria bacana, só pra variar, deixar os mais jovens descobrirem o U2 por si mesmos?

É claro que, enquanto fã, eu meio que já sei quais seriam as respostas a essas perguntas. Mas acho que não faz mal “sonhar alto” só um pouquinho, não é?

Email: contato@henrigalvao.com

Links do texto original:

– Bono: U2, State of the World, What He Learned From Almost Dying – https://www.rollingstone.com/music/music-features/bono-the-rolling-stone-interview-3-203774/

The Joshua Tree Tour 2017 em Paris – Um ano de boas memórias

The Joshua Tree Tour 2017 em Paris – Um ano de boas memórias

Jorge Takeda tem 27 anos, é publicitário e mora no interior de Goiás. Fã do U2 desde 1998, quando assistiu “sem querer” à transmissão da Popmart Tour em São Paulo na extinta MTV Brasil. UV desde 2003 e colaborador desde 2014, abaixo ele conta como foi assistir aos shows do U2 na França, há exatamente um ano:

 

Quando o U2 anunciou a turnê comemorativa de 30 anos do disco The Joshua Tree, em janeiro do ano passado, imediatamente decidi que eu tinha que ver esse show. Inicialmente, só haviam datas na Europa e América do Norte. Escolhi o Velho Continente sem pestanejar por conta do ato de abertura. Depois do U2 e dos Beatles, o Oasis é a banda que mais acompanhei e sou fã da carreira solo do Noel Gallagher. Poderiam ser as melhores noites da minha vida. E foram.

Com ingressos para assistir os dois shows em Paris (embora, na verdade, o estádio fique em St. Dennis), cheguei com uma semana de antecedência para “turistar” e estar bem descansado para as apresentações da banda. Embora estivesse na cidade mais linda do mundo, a ansiedade pela semana seguinte não passava de jeito nenhum. Além do tradicional roteiro para conhecer os principais cartões postais da capital francesa, aproveitei e visitei lojas de discos diversas e garimpei materiais do U2 para minha coleção. Valeu a pena!

Conforme as datas se aproximavam, parecia que a banda estava em todos os lugares. As esquinas ganhavam cartazes informando que os ingressos já estavam esgotados e não era incomum topar com pessoas vestindo camisetas do U2 pelas estações do metrô. Definitivamente, eu estava no lugar certo.

Na manhã do primeiro show, cheguei bem cedo para garantir um bom lugar. A entrada no magnífico Stade de France foi super organizada, e fiquei tão feliz por estar lá dentro que até esqueci que se tratava do palco da fatídica final da Copa do Mundo de 98, quando a Seleção Brasileira foi humilhada pelos “bleus”.  Escolhi, obviamente, ficar perto de Adam Clayton, meu favorito. Mas antes do U2 ainda tinha o Noel Gallagher…

Ele enfrentou um sol a pino e confessou estar “suando champagne” (mais tarde, em uma entrevista, fiquei sabendo que ele de fato estava com uma puta ressaca, induzida por… Bono, claro, seu melhor parceiro de bebedeira). Ainda assim, o Gallagher mais talentoso fez um show impecável, botando o estádio inteiro para cantar o refrão de “Don’t Look Back In Anger”. Emocionante demais.

Então chegou a hora do U2. “The Whole Of The Moon” (da banda The Waterboys) ecoou pelo estádio e os franceses cantavam cada linha da música como se fosse uma canção dos irlandeses. Larry caminhou até seu kit de bateria e o espetáculo começou. Pouco depois, tive a enorme emoção de ouvir minha música favorita ao vivo pela primeira vez… “Bad” não foi tocada nos shows que assisti anteriormente, nas passagens da Vertigo e da 360° Tour pelo Brasil. Dedicada a David Bowie e com um trechinho de “Heroes” cantado por Bono, a música por si só já valeria o ingresso e toda a viagem. Mas é claro que tinha muito mais por vir.

Falar da execução na íntegra de The Joshua Tree é “chover no molhado”, as memórias ainda estão bem vivas na mente de quem pôde assistir aos shows de 2017. Porém, nessa primeira noite rolou algo ainda mais especial. Ao fim de “Exit”, reparei em uma senhorinha caminhando lentamente até o microfone. Era a Patti Smith! Fiquei sem palavras. Ao lado de Bono, ela bradou seus poderosos versos de “People Have The Power” enquanto a banda executava “Mothers Of The Dissapeared”. Não consegui nem cantar, tamanha surpresa. O set seguiu seu curso normal, com destaque para a então inédita “The Little Things That Give You Away”, que fechou a noite. O que poderia ser melhor que isso? A noite seguinte…

Quem acompanha as turnês do U2 já ouviu a máxima de que “a segunda noite é sempre melhor”. Dito e feito. Ao contrário do dia anterior, o céu fechou para o segundo round no Stade de France e a chuva caiu por toda a apresentação do Noel Gallagher, novamente irrepreensível. Desta vez, de frente a The Edge no palco principal, vi mais de perto o bloco inicial realizado na árvore. A raríssima “A Sort Of Homecoming” deu o ar da graça, em sua penúltima execução na turnê. Quem não viu, não vê mais, acredito.

A banda estava ainda mais energizada que na noite anterior e a chuva foi embora ao som dos primeiros acordes de “Where The Streets Have No Name”. O setlist seguiu-se da mesma forma até o bis, quando “Mysterious Ways” reapareceu e, de quebra, contou com nossa amiga Ju Sarda tirando o Bono para dançar (e não o contrário), cena que se repetiria na terceira noite de São Paulo, três meses depois. O sonho já estava completo, mas o U2 ainda nos presenteou com “I Will Follow”, de improviso, e o estádio tremeu freneticamente. A banda foi embora, mas o público parecia não querer deixar o local. Sorrisos e lágrimas nos rostos de todos que estavam por ali. Me despedi dos amigos de países diversos que fiz naqueles dias e fiz meu caminho de volta sabendo que, naquele momento, não tinha pessoa mais feliz no planeta que eu.

Com os amigos Giorgia, da Itália, e Kirill, da Rússia, a quem dedico este post.

O que significa essa tatuagem no seu braço?

O que significa essa tatuagem no seu braço?

Angela Kuczach é bióloga, ambientalis e Diretora Executiva da Rede Pro UC, organização não governamental advocacy que trabalha pelos Parques Nacionais do Brasil. Em 2014, foi eleita uma das 100 pessoas mais influentes do Brasil. Chorou 24 horas seguidas depois desse encontro com o Bono.

Essa pergunta, eu tenho ouvido com frequência nesse último mês… A resposta? Tem a ver com um antigo poema de Willian Blake.

Esses têm sido tempos difíceis para a humanidade… E num mundo cada vez mais pasteurizado e superficial, é uma sorte ter como companhia e influência alguém que impulsione para frente e inspire a caminhar no anti-fluxo do caos. No meu caso, tem a ver com uma das últimas grandes bandas de rock do nosso tempo. Mais do que música, os mais de 20 anos de amor incondicional ao U2 me levou aos lugares mais inusitados, sejam geográficos – como às vezes em que estive na Irlanda exclusivamente para vê-los – ou as profundezas da alma, sendo estas, as viagens mais frequentes e que me fizeram ser quem eu sou.

A influência desses 4 irlandeses na minha vida é “indimencionável”… Vai das músicas ao ativismo, da fé na vida à vontade de mudar o mundo. Eu brinco que o Bono é o meu relacionamento mais antigo, está comigo há mais de 20 anos. Lembro que ainda no início da adolescência, eu sonhava em viajar pelo mundo e, nas noites de inverno curitibano, olhava para o céu e pedia… Pedia força e coragem para nunca deixar de olhar para um céu estrelado. O que eu estava pedindo, na verdade, era para não deixar de sonhar e de ouvir minha alma. Eu fazia isso ao som de U2.

Vida vai, sonhos vêm, alguns se realizam, outros não. E lá pelas tantas, você oscila. Com a devida licença poética: “Tempo de sonhar, tempo de acreditar; tempo de viver, tempo de sobreviver”. E não é difícil que a certa altura da vida, a esperança que acompanha os sonhos seja soterrada pela dureza da rotina. Nessas horas, ecoa na cabeça aquela cena de Rocky Balboa: “O mundo vai tentar te colocar de joelhos e não importa o quanto você consiga bater, o que importa é o quanto você consegue apanhar e se manter de pé”. No meio do caos que é a vida de adulto, graças a Deus, ainda existem os shows do U2.

Outubro desse ano, São Paulo. Seriam quatro shows e muitas expectativas. Como a maioria dos fanáticos que fazem parte dessa seita, apenas estar lá não bastava! Tinha que ser da primeira fila! Não! Tinha que ser na primeira fila e na frente da banda! Dias antes do show, internet bombando: “Como será a entrada? Com segurança, como é no resto do mundo, ou o velho esquema do salve-se quem puder?” Caos, confusão… Meu Brasil brasileiro é para os fortes… Nervos e coração a mil!

Chego em São Paulo 2 dias antes do show… 16h00… Um boato: “O U2 pode estar se dirigindo para o prédio da TV Globo, para gravar alguma coisa no heliporto”.

Bom, todos sabem que nossos irishs curtem um terraço de prédio e já no carro – a caminho de outro local – eu e um amigo resolvemos ir até lá para ver o que aconteceria. Portão da Globo, pouca gente, Outnenhum boato confirmado.

Eu já fui à Meca (Dublin) duas vezes e em ambas, fiz a romaria pelos “U2 points”, mas pra falar a verdade, nunca esperei nada. Era mais uma vontade de reviver alguns passos deles, saber por onde andaram. Coisa de fã que tem curiosidade sobre o ídolo. Então esse tipo de tietagem era novidade pra mim e sinceramente não sabia o que esperar. Talvez ouvi-los tocar lá de cima, sei lá. Só que as melhores partes da nossa vida não são desenhadas pela nossa imaginação.

Lá estava eu, naquela rua de SP, num final de tarde de uma terça-feira, quando aqueles 3 carros pretos viraram a esquina. O carro para, o segurança desce e avisa: “Eles vão fazer algo muito rápido lá dentro e voltam aqui pra dizer um oi pra vocês”. Numa hora dessas, o cérebro, talvez por auto preservação, te prega peças. Você simplesmente não realiza o que está para acontecer…

Ficamos por ali, mais alguns fãs chegam e eu vou fazer umas fotos a partir do edifício da frente. É quando a realidade bate: a pouco mais de 100 metros da lente da minha câmera estão aqueles caras que me acompanham há tanto tempo, que quase são parte da minha família. A pouco mais de 100 metros da minha lente, meu melhor amigo irlandês ri, conversa, ensaia e se prepara para uma apresentação. A 100 metros da minha lente, ele se torna real!

Voltamos à entrada da Globo, onde os seguranças já organizam a fila e orientam como será o encontro com a banda. Bono irá apenas autografar, por conta da agenda apertada não haverá tempo para fotos individuais. Nervosismo, expectativa… Eu, rindo, apenas peço aos amigos que estão comigo que, caso “desmaie, gagueje ou esqueça como falar em gaélico, inglês ou português, alguém – por favor – estique meu braço e peça para que ele desenhe algo para eu tatuar”.

Ele vem. E como a vida é caprichosa, eu estou no meio da fila, há tempo para o cérebro realizar o que está acontecendo e acalmar o corpo.

Ele vem. Para em minha frente:

– My dear friend.

– Yes.

– I think that… I need a new tattoo.

Um olhar divertido, ele pega o meu pulso, com toda calma do mundo, desenha. Assina.

– Thank you so much

Ele me olha, aperta minha mão:

– Be carefull…

Ele sai

– Thank you for all.

Ele volta.

Me olha nos olhos…

E o mundo pára.

“Ver o mundo em um grão de areia e o céu numa flor selvagem.

O infinito na palma da mão, a eternidade em um instante”.

O poema de William Blake, que sempre me intrigou, nesse instante ganha sentido. Um segundo pode ser eterno e o universo pode ser visto por inteiro no fundo de um par de olhos azuis.

Algumas pessoas já me disseram que quando o Bono olha nos olhos parece que enxerga a alma, e que isso seria parte do seu arsenal carismático, que fez com que dobrasse gente como George Bush e o fizesse investir em ajuda humanitária na África. Eu posso atestar que é verdade. Só que não foi o que ele viu em mim ou como ele me olhou que fez o eixo do meu mundo mudar de lugar. Foi o que eu vi nele…

Esses têm sido tempos difíceis para os sonhadores, para os que acreditam em um mundo melhor, para os não superficiais e para aqueles que ainda ousam seguir o coração. Num mundo com tanto barulho, às vezes, torna-se difícil ouvir a si mesmo.

Como uma bióloga conservacionista, uma ativista ambiental, vivendo no Brasil onde a gente anda um passo para frente e dois para trás, é difícil depois de 18 anos de briga não cansar. Administrar os desafios da vida, o caos do mundo e uma luta interminável, por vezes, nos coloca de joelhos.

E eu estava de joelhos.

Eu me sentia descrente e cansada, atravessando o período mais dark da alma.  Não sei dizer exatamente quando começou, mas durante meses esse ano, eu olhei no espelho e não reconhecia quem me olhava de volta. Várias vezes, me peguei perguntando a mim mesma quais eram os meus sonhos, o que me movia naquele instante, e ouvia o silêncio como resposta. A força que eu sempre me orgulhei de ter e de ser minha principal característica, de repente, parecia ter me abandonado… Durante os dias mais negros, eu olhava para o céu e não fazia a menor ideia de onde estavam as estrelas.

E foi no fundo daquele par de olhos azuis que o desencanto se quebrou.

Eu não sei explicar o que aconteceu ali, e acho mesmo que magia não se explica… No todo, meu encontro com Bono durou uns 30 segundos, e pra quem olha de fora o momento olho no olho não deve ter sido mais que um segundo. Não é verdade. Einstein estava certo… O tempo é absolutamente relativo. Se tiver que definir aquele momento, tem a ver com encontro, resgate e redenção… Em enxergar a plenitude do um amor gigante pelo mundo… O reflexo da alma… Tudo isso esteve presente naquele momento em que o tempo parou.

O Bono tinha tudo para dar errado. Ele poderia ter se agarrado nas milhares de desculpas que estavam ali, a mão: podia culpar o país – não esqueçamos que a Irlanda sempre foi o patinho feio da Europa ocidental e, além de tudo, nas décadas de 1970 e 80 era assolada pelo terrorismo do IRA –; podia culpar a falta de dinheiro de alguém que vivia na periferia de uma cidade provinciana como Dublin; a falta de educação, já que o pai mesmo nunca o incentivou a estudar; e, acima de tudo, ao fato de ter ficado órfão de mãe aos 14 anos de idade, durante o enterro do avô e a relação complicada com o pai que veio a seguir. Ser mais um na multidão era o esperado.

Só que no fundo daquele par de olhos azuis não mora qualquer alma…

O ativismo do Bono nunca foi leviano, ao contrário, o cara é um estrategista nato que carrega um amor gigante pelo mundo e muita raiva das injustiças naquele coração de poeta irlandês. Olhar para ele e para essa banda, ver de onde esses caras saíram, aonde chegaram e o que arrastaram no caminho é mais que uma inspiração. É praticamente um tapa na cara, desses que te fazem acordar para a vida de um jeito irreversível.

Saí do encontro com ele e entrei num estúdio de tatuagens. A garota que quando criança procurava trevos de 4 folhas no caminho da escola agora traz um shamrock, o símbolo da sorte irlandesa, gravado na pele.

Voltei pra casa com a certeza que os dias vividos em SP estarão entre os melhores momentos da minha biografia: os shows foram uma egrégora a parte, os amigos foram um plus de encher a alma de luz… Mas, acima de tudo, voltei pra casa com uma vontade louca de viver! Os sonhos restaurados, a capacidade de enxergar minha estrela-guia de volta no céu, sempre apontando pra onde eu devo ir:  ajudar a cuidar melhor dos jardins naturais desse mundo lindo que a gente vive e a despertar o máximo de pessoas possíveis para a beleza desses jardins, até que a gente entenda que o jardim também somos nós.

O que essa tatuagem significa?

A devolução daquilo que sempre me pertenceu: uma fé inabalável na vida!

Eu fui a um concerto do U2 na Tour Joshua Tree!

Eu fui a um concerto do U2 na Tour Joshua Tree!

Cristina Cruz é portuguesa e participa do fã clube Ultraviolet desde o começo dos anos 2000, principalmente no antigo Fórum do UV.

 

Quando me pediram para escrever sobre o concerto do U2, em Paris, no dia 4 de Julho de 1987, a primeira coisa em que pensei foi a overdose de emoções sentidas naquele dia. Mesmo tendo já passado quase 30 anos (30 anos!), ainda é com emoção que recordo aqueles momentos.

Eu tinha 16 anos, estava em Paris e a minha banda preferida era o U2. Tinha uma semana antes comprado o álbum – em vinil, claro – Joshua Tree. Recordo-me que no dia em que cheguei a Paris fiquei pasmada no mêtro ao ver numa tela enorme o vídeo de “Where the streets have no name”. Lembro-me dos meus colegas de viagem me dizerem que também gostavam, o que eu achei fantástico, pois os meus amigos gostavam mais do Bryan Adams e do Wham.

Em Paris, tudo era novidade. No terceiro dia, numa das nossas preambulações pelas ruas, perto dos Campos Elísios, vimos uma limousine parar e de lá saírem algumas pessoas. Paramos para ver quem seriam. Quando me apercebi que uma das pessoas era o Bono senti um misto de perplexidade e excitação. Seria possível? O Bono do U2? O Bono que usava cabelos compridos e cantava no cimo dos prédios? Sim, era mesmo ele. Cabelo preso, calças pretas e penetrantes olhos azuis. Ele sorriu para nós e um colega meu começou a gritar “U2, I love you”. Ele aproximou-se ainda mais de nós e disse “Thank you” e acrescentou “Are you comming to the concert tomorrow?”. E seguiu, conversando com os outros três que iam com ele. Reparei que eram os outros membros da banda, mas eu naquela altura não sabia sequer como se chamavam, só sabia que instrumentos tocavam.

Já longe deles quebramos o silêncio e questionamos “Que concerto? Vai haver um concerto? Onde?”. Relembro aqui que, na época, não havia internet, cartões de crédito, celulares, apenas (poucas) revistas de música e os jornais quase não escreviam sobre concertos. Nessa noite, no hotel, perguntamos ao rececionista se ia haver um concerto do U2, onde era e se havia ingressos. Ele foi procurar e disse “é amanhã no Hipodrome e ainda vendem ingressos lá”. Decidimos ir, prontos a gastar todo o dinheiro que tínhamos, nem que isso significasse passar fome o resto da viagem.

Lembro-me que chegamos lá no meio da tarde, compramos os últimos ingressos à venda e entramos. Havia muita gente do lado de fora, mas confesso que fiquei chocada com as milhares de pessoas que estavam lá dentro. Alguém disse que era um recorde em Paris, cerca de 70 mil pessoas. Eu só me perguntava: essas pessoas gostam todas tanto do U2 como eu? Deviam gostar! Afinal de contas eu nunca tinha ido a um concerto, nem tinha estado num lugar com tanta gente.

O palco era enorme e lindo, com a árvore projetada no fundo e dos lados, em tons de amarelo torrado e preto. Passado pouco tempo começou a cantar o Pogues e depois o UB40. Eu não sabia quem era o Pogues e apesar de conhecer o UB40 não conseguia estar atenta ao que cantavam ou como se movimentavam no palco. Queria ver o U2, ouvir a voz do Bono cantando sem ser no toca discos ou no rádio. Não ficamos muito perto do palco com receio de alguma confusão e pelo aglomerado de câmaras de televisão. Fiquei naquele momento com a sensação que aquilo tudo não seria o usual, mas não pensei que o concerto iria ser gravado.

 

Quando finalmente o U2 apareceu no palco, fiquei de boca aberta e com o coração batendo descontroladamente. Fui percorrida por uma espécie de arrepio até à alma. Eram eles, eram mesmo eles! O Bono tinha uma energia louca, pulava, gritava, não parava um minuto. A voz era límpida, provocante e cheia de garra. As músicas seguiam-se umas atrás da outra a um ritmo alucinante e sem interrupções. Recordo-me especialmente de Sunday Bloody Sunday, na época a música emblemática da banda. O público parecia enlouquecido e berrava cada palavra da música. Bono cantava avidamente como se o mundo fosse acabar ali, naquele momento. Quase no fim lembro-me de me sentir absolutamente feliz quando ouvi Running to Stand Still, uma das minhas músicas preferidas. A seguir, esperava Where the Streets Have no Name, mas ela não veio. Pouco depois começou With or Without You e tudo se transformou. Na frente as pessoas iam sendo empurradas pelas que estavam mais atrás. De repente, no meio da noite, surgiu uma nuvem de fumaça branca. Nós voltamos para trás e combinamos ir embora. Entretanto, o Bono parou de cantar e disse qualquer coisa como “nos concertos do U2 ninguém sai ferido”. Essas palavras acalmaram as pessoas e o concerto recomeçou com Party Girl (a Ali apareceu no palco, mas na altura a gente não sabia que ela era a mulher dele, pensamos que era uma fã) e por fim 40. Acabou? Sim, acabou o concerto e eu nem acreditava que ele algum dia tinha acontecido.

No caminho para o hotel viemos em silêncio. Tinha sido tudo tão extraordinário e surreal que qualquer palavra poderia acabar com a magia do que tínhamos vivido. Eu pensava que quando chegasse a casa e contasse o que tinha visto ninguém ia acreditar. Ainda por cima tinha deixado a minha máquina fotográfica no hotel com medo que me roubassem! Ainda hoje não me perdoo por isso.

Nos 30 anos seguintes, voltei a ver U2 ao vivo, em várias tours, em vários países, na grade e na arquibancada. Tive a oportunidade de voltar a ver o Bono (e o Edge) na rua durante a 360 tour, tirar-lhe fotos e, no fim, ele me dar, sem eu pedir, um autógrafo no single de vinil de Pride.

Lembro do concerto de Paris muitas vezes. Em 2007, quando eles escolheram para a comemoração dos 20 anos esse concerto para incluir na box da edição especial, eu estava novamente longe de casa e fui numa loja no dia em que a colocaram à venda. Nada anunciava o lançamento e quando a colocaram na prateleira ninguém estava por perto na expectativa de lhe tocar. O simples gesto de pegar nela foi emocionante para mim. Trouxe o box para casa, mas nunca fui capaz de ver o concerto, talvez por achar que o que está guardado na minha memória tenha pouco a ver com a realidade.

Entretanto, o ano passado o U2 anunciou que vai comemorar os 30 anos do Joshua Tree com uma nova Joshua Tree Tour. Fiquei surpreendida! O que esperar? Não sei. Acho que nenhum fã sabe. Mas talvez eu vá finalmente ver o DVD do concerto de Paris no momento certo, ou seja, na véspera do começo desta tour. Apesar de, aparentemente, ser um regresso ao passado, acredito que essa tour seja bem mais do que isso. Apenas uma coisa é imutável, essa é a banda – e os concertos, a forma onde todas as emoções transbordam – que acompanha a minha vida há mais de 30 anos.

Cris Cruz, Maio de 2017

 

It’s not a secret: minha banda preferida é sempre uma ótima companhia

It’s not a secret: minha banda preferida é sempre uma ótima companhia

Sou Natália, tenho 24 anos, nasci em São Paulo, mas moro em Recife há 16 anos.

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Tenho uma deficiência física desde que nasci, sou estudante de jornalismo, amo livros, música e estar com meus amigos. Muitos deles são uma extensão da minha família, principalmente aqueles que conseguem entender meu amor pelo U2 sem me julgar ou taxar de doida. Acho que se eu fosse escolher um deles pra ser o “preferido” seria o Adam, por motivos que eu falarei mais adiante.

Minha história com esses quatro caras começou há 10 anos, em 20 de Fevereiro de 2006, no show da Vertigo, Tour transmitido pela Globo. Eu tinha 14 anos e na época não gostava tanto de rock a ponto de conhecer bandas de outros países. Lembro que meu irmão mais velho falava que queria ver o show pela TV, pois ele gostava da banda (depois que me tornei fã, ele passou a detestá-los, implicância de irmão). Ele acabou não vendo o show, mas eu acompanhei do início ao fim.

Já nos primeiros acordes de “City of blinding lights” percebi que o amor por eles estava nascendo. Eu tinha encontrado o que eu procurava…  “City of blinding lights”, “Stuck in a moment”, “Love and peace or else”, “Streets”, “I’m still haven’t found”, músicas daquele show que me acompanham até hoje.

O tempo foi passando, muita coisa aconteceu nesses 10 anos, boas e ruins. No dia 31 de Julho de 2011, o U2 encerrava mais uma turnê, a 360°, em Moncton, no Canadá. Eu estava em Recife e aquele se tornaria um dos piores dias da minha vida, por muito pouco não foi o último. Uma barreira caiu na minha casa, sim, eu quase morri naquele dia.

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Passei uma semana na casa de um vizinho e quase dois meses na casa do meu tio. Tio que era o único da minha família que entendia meu amor pela banda, ele os chamava de “udois”, o que parece ser regra pra quem não conhece muito a banda. No período em que fiquei na casa dele, meu tio me deixava colocar meus DVDs do U2 e até assistia comigo, mesmo não entendo nada do que aqueles velhos, (como ele os chamava carinhosamente) estavam cantando. Enfim, ele foi e também deixou o U2 ser minha melhor companhia naqueles dias tenebrosos e incertos. E foi durante esse tempo que adotei “Walk on” como a música da minha vida, pois naquele momento era a música que eu mais escutava, ela me dizia muito e ainda diria muito mais com os momentos alegres e tristes que viriam.

Era 2013, eu me preparava para a maratona de provas para entrar na faculdade de jornalismo no ano seguinte. Em outubro, no primeiro dia daquele mês, acordei com uma notícia terrível e inesperada: meu tio havia falecido. O mesmo que me abrigou em sua casa, o mesmo que era como um segundo pai, o que não tirava sarro por eu ser fã do U2, o que sempre me disse pra cursar jornalismo; tinha ido embora pra sempre, sem se despedir. E lá estavam eles, o U2 era a única coisa que conseguia me ajudar a extravasar um pouco do que eu sentia naquele momento. “Kite” era tudo o que eu precisava escutar, era a tradução de todo aquele sentimento.

A partir dali, o U2 foi minha força e trilha sonora pra enfrentar um vestibular pouco tempo depois da grande perda. Consegui entrar pra faculdade, enfim começava um bom momento, e eles estavam com “I Will Follow”, no dia que eu recebi a notícia mais feliz dos últimos anos; com “Walk on”, quando eu cheguei a pensar que mesmo tendo boa nota nas provas, alguma burocracia me impediria de realizar meu sonho de cursar jornalismo. Se eu tinha alguma dúvida de que essa é realmente a música da minha vida, já não poderia ter. “Siga em frente, seja forte e siga em frente”, é o que a música diz, e virou meu lema.

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No início do curso, mais uma perda, dessa vez foi meu pai, o responsável por eu ter outra paixão, o futebol. A segunda perda em sete meses. “Sometimes You Can’t Make it On Your Own” foi a música antes, durante e depois do momento em que ele esteve doente. Pouco menos de quatro meses entre a descoberta da doença e seu último dia com vida. “Sometimes” define uma relação um pouco complicada entre eu e meu pai. Claro, sinto falta dele também e gostaria que ele tivesse a força que o Adam teve na década de 90. Quem sabe do passado do Adam pode imaginar, então, o motivo dessa relação entre pai e filha nem sempre amistosa. E essa força do Adam é o motivo dele provavelmente ser o meu “preferido”.

Dois anos depois da última perda, parece que as coisas se ajeitaram, e cheguei até aqui, há um ano e meio da conclusão do curso, ao lado deles. Hoje tenho uma vida bem diferente do que eu podia vislumbrar dez anos atrás. Como disse na introdução deste texto, gosto muito de estar com meus amigos. Ahh, e quantos eu ganhei direta ou indiretamente por causa do U2…

Se tem uma coisa que o U2 me deu e que eu agradeço muito, são os amigos que tenho hoje. Alguns estiveram nesses momentos relatados, me dando todo o apoio possível. O melhor deles, se tornou meu amigo porque, entre algumas coisas em comum, temos o U2 como ídolos. Além de ser uma pessoa que eu chamaria de “um verdadeiro seguidor do U2” por ser quem ele é. Como toda fã, admiro muito o lado humano e humanitário sempre demonstrado por eles e mais evidenciado pelo Bono. E, talvez, só o Bono poderia imaginar a alegria de ter pessoas tão generosas quanto eles por perto de mim.

Hoje eu só tenho uma coisa pra desejar que eu AINDA não realizei : ir a um show! Como também já mencionei, moro em Recife, e acho meio difícil eles virem fazer um show por aqui, mas, se tudo der certo e isso não entrar em conflito com o término do curso na faculdade, estarei no Morumbi ou onde for, para curtir um show deles e espero que com muitos desses amigos.

O Nascimento De Uma Nova Mulher!

O Nascimento De Uma Nova Mulher!

Adra Garcia é paulistana, trabalha com TI, e é uma das presidentes do Fã Clube Ultraviolet

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Em frente ao portão da casa de Bono, na Irlanda

Era 31 de janeiro de 1998. Meu filho havia completado 3 anos no dia 30, mas a festinha seria naquele dia. Passei o dia correndo de um lado para outro, a fim de organizar tudo. A noite chegou e com ela os convidados. Balões, docinhos, salgadinhos, bolo…

O “Parabéns Pra Você” aconteceu entre familiares e alguns poucos amigos. A certa altura,  uma amiga da família comenta: “você não é louca por U2? O show deles está passando na TV”. Saí disfarçadamente da festa e liguei a TV. Havia desfeito  meu casamento há 2 anos, após 11 anos de união. Era a primeira pessoa da família a se separar.

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Até aquele momento, eu acreditava que após o casamento desfeito, a minha obrigação seria trabalhar, sustentar meu filho, cuidar da casa, da família… Eu tinha plena convicção de que o “meu momento” havia passado. Não tinha mais direito e nem liberdade para essas “coisas de adolescentes”… Então, em pé na sala, comecei a assistir ao show.

As emoções afloraram, percebi que havia passado a maior parte da minha vida esperando por esses caras e agora eles estavam no Brasil… E eu não estava lá. Chorei. Compulsivamente. Quando, em wowy, o Bono puxa a Alessandra Germano para o palco, a cumplicidade entre os dois, o carinho, o jeito meigo e sincero da Ale… Surtei. O show acabou, mas não consegui parar de chorar.

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Tatoo Bono

E agora? Acabou, eles vão embora, perdi a chance de assistir a um show, de estar perto deles… Fiquei tão deprimida que um dos convidados da festa sugeriu que eu fosse para Buenos Aires, assistir aos shows que aconteceriam na semana seguinte. Talvez o convidado estivesse tentando apenas me consolar, mas foi o gatilho necessário…

Naquele momento, eu percebi que não poderia deixar que convenções impostas pela sociedade me impedissem de seguir os meus sonhos de fazer o que eu quisesse com a minha própria vida…  de ser feliz! Com a ajuda da minha irmã que fala espanhol, ligamos para a Argentina (internet ainda engatinhava na América do Sul) e conseguimos um ingresso para o show extra que foi anunciado para o dia 7/02.

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Tour 360º

Comprei as passagens em uma agência. Por uma visão distorcida da realidade, eu achava que poderia perder o direito ao meu filho por ” abandoná-lo” com meus pais para ir a um show de rock, então mantive segredo, só meus pais, irmã e cunhado sabiam.

Na manhã do dia 7/2/98, minha irmã e cunhado me levaram ao aeroporto. Estava em pânico. Viajar sozinha. Para um país estranho, cujo idioma eu não falava… E para um show dentro de um estádio (eu nunca havia pisado dentro de um)! Embarquei.

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Show da Ultrviolet Tribute Band

Cheguei em Buenos Aires e fui me informar como chegar no estádio do River Plate. Peguei um ônibus e cheguei ao local. O coração a mil, a respiração curta. Medo. Descobri onde retirar meu ingresso, o peguei e entrei no estádio. Horas de espera, uma banda de abertura e então: MOFO!!!

Eu estava no camarote. Levantei e comecei a pular e cantar… Quando olhei ao meu redor as pessoas estavam sentadas… Me senti constrangida e sentei… E então… I will follow… Eu não tinha chegado até ali pra ficar sentada… Levantei novamente e não sentei mais até o final do show.

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i+e Tour, em Berlim

Cantei, pulei e chorei… Muito! Foi a catarse que eu precisava pra virar a mesa da vida e me tornar eu mesma! Ao final do show, exausta, fui direto para o aeroporto aguardar o meu vôo de volta. Quando cheguei em casa, meu filho ainda estava dormindo e não percebeu a minha ausência. Ninguém sofreu, ninguém perdeu…

A partir desse dia, eu me tornaria outra mulher…

 

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Em 2000, quando o U2 veio gravar o clipe de Walk On

 

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Adam e Adra

U2 & Eu: Sandra Sorlino

U2 & Eu: Sandra Sorlino

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Meu nome é Sandra Sorlino. Nasci na Argentina, cresci na Califórnia e vivi a maior parte da minha vida em São Paulo, Brasil.

Não lembro exatamente quando foi a primeira vez que ouvi falar de U2. Eu lembro que foi nos meus primeiros anos de adolescência, através de um estudante de intercâmbio irlandês, que trouxe com ele uma fita cassete com uma ” banda nova ” do norte de Dublin. Gostei tanto do que ouvia, que ele acabou me presenteando com a fita.

Na época, ninguém realmente dava muita atenção quando eu mencionava “esta nova banda da Irlanda”.

No dia 13 de julho de 1985, uma estação local de TV transmitiu um concerto de rock que mudou, não só a maneira que eu via o Rock – fazendo com que me apaixonasse ainda mais pelo gênero – como causou uma mudança numa geração inteira. E lá estavam eles, na frente de uma multidão no estádio de Wembley. Tão surpresos e encantados quanto eu. Naquele dia, junto com os Rolling Stones, eles se tornaram meus ídolos.

U2ExperienceApril20102Finalmente em 1998, pude ter a sensação do que era estar num concerto do U2 ao vivo. Em 2006, novamente. Surpreendentemente, por ser uma voluntária da ONE.ORG, fui escolhida para trabalhar durante o concerto de São Paulo, no dia 09 de abril de 2011. Tive a experiência incrível de estar no palco com meus ídolos. Uma sensação que palavras não explicam.

Nessa mesma época, minha amiga querida Sabrina Gargiulo e eu começamos a sonhar no que seria assistir a um concerto do U2 em Dublin. Começamos a sonhar mais alto e resolvemos tornar o sonho realidade.

U2Membership

Nos dias 23 e 24 de novembro de 2015, fomos capazes de alcançar nosso sonho de uma vida inteira: viajar para participar de um dos mais incríveis concertos do U2. No The Point. Em Dublin, na Irlanda.

Nós não estávamos sozinhas. Como membros do Ultraviolet – um fã clube brasileiro único – estávamos compartilhando este momento tão especial com alguns amigos igualmente especiais. Os concertos e a alegria não teriam sido a mesma coisa sem eles.

U2UVBand

As amizades também aumentaram e, a cada dia, cada encontro e show do U2 Tribute Band – Ultraviolet, eu conheço mais e mais pessoas singulares que dividem comigo a paixão e a loucura insólita e incompreensível de ser fanática por alguma coisa. Bem… Só nós nos entendemos o que é ser fã.

Fã do U2…

U2UVFestaAdra