Quase famoso! O engenheiro que deixou o U2

Quase famoso! O engenheiro que deixou o U2

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Em 25 de setembro de 1976, um grupo irlandês heterogêneo de colegiais se reuniu na cozinha de Larry Mullen Jr. na Avenida Rosemont 60, no lado norte de Dublin.  Larry Mullen com quatorze anos de idade, com um sonho e um kit de bateria amador, tinha publicado uma nota no quadro de avisos da Mount Temple Comprehensive School, procurando formar uma banda de rock. Respondendo ao convite naquele dia na cozinha de Larry estavam três adolescentes que se tornariam nomes conhecidos na indústria da música: Paul Hewson (o “Bono”, que tocava guitarra e cantava), o guitarrista Dave Evans (“The Edge”) e o baixista Adam Clayton.

Também na cozinha e juntando-se ao quarteto que se tornou uma das maiores e mais duradouras bandas do planeta, estava um quinto integrante— Richard “Dik” Evans, irmão mais velho de Dave, que tocou guitarra durante os primeiros 18 meses do grupo e saiu assim que a banda estava se reinventando como U2, começando sua rápida ascensão ao estrelato do rock’n’roll. Antes que ele se tornasse um dos mais famosos guitarristas do mundo, David Howell Evans teve de afastar seu irmão Richard, dois anos mais velho, da guitarra de brinquedo que lhe tinha sido dada para seu aniversário de 9 anos de idade. Como John Jobling narra em ‘U2: The Definitive Biography’, os irmãos Evans nasceram em uma família galesa-inglesa protestante e altamente musical: seu pai, Garvin, tocava piano e fundou a Dublin Welsh Male Voice Choir (Coral de Vozes Masculinas Galesas de Dublin), e sua mãe, Gwenda, cantava no coro. Dave mais tarde adquiriu uma guitarra acústica em um bazar por 1 libra, diz Jobling, enquanto Richard, “um entusiasta de eletrônica propenso a realizar experiências selvagens no galpão do jardim da família”, tentou montar uma guitarra elétrica do zero.

O resultado, Jobling conta, foi “uma prancha bruta de madeira em V, amarela, com cordas”, um instrumento que Dave e Dik se revezaram em tocar, junto com a guitarra de 1 libra, naquela fatídica noite na cozinha de Larry, enquanto a banda recém-formada “tentou rabiscar seu caminho através de “Brown Sugar” e “Satisfaction” do Rolling Stones.” Na verdade, os primeiros ensaios do novato grupo eram tão grosseiros, que inicialmente chamavam-se ‘Feedback’, por causa do som estridente que saia do surrado amplificador em que eles todos estavam plugados. “Foi como o primeiro dia no exército”, disse The Edge para uma revista em 1982. “Todo mundo tentando tocar algo e todos os outros dizendo o que fazer.”

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Dik Evans

E havia mais obstáculos no caminho da banda, que mudou de nome, agora para ‘The Hype’. Bono estava indo para a University College em Dublin para estudar artes, Adam foi expulso da Mount Temple por andar sem roupa nos corredores, e Dik — que pouco se parecia como uma estrela do rock e sim mais como o grande mago de computadores que tornou-se — tinha sido atribuído um subsídio do governo para estudar no Trinity College. Felizmente para a história da música, Bono foi forçado a deixar a Universidade depois de algumas semanas, quando a escola percebeu que ele tinha falhado no exame da linguagem irlandesa, portanto, não atendia aos requisitos para ingressar. Isso deu ao vocalista do The Hype uma chance de redobrar os seus esforços musicais, e em 1978, a banda estava melhorando lentamente e foi substituindo as versões cover por seu material original, em grande parte escrito por Bono, que havia deixado a guitarra para os irmãos Evans.

Depois de uma aparição na televisão irlandesa, tiveram algumas novas oportunidades em 1978 e a banda foi rebatizada novamente e definitivamente de U2 — um nome que os membros consideraram mais misterioso e aberto a múltiplas interpretações —, eles participaram de um concurso de música em Limerick no St. Patrick’s Day, e, para o espanto de muitos, incluindo eles mesmos, a banda venceu, tendo direito à uma sessão de gravação com a CBS da Irlanda. Um membro da banda, no entanto, não estava no evento em Limerick. Dik Evans foi perdendo o interesse e faltando aos ensaios, então não foi nenhuma surpresa quando ele se demitiu do grupo dois dias depois que eles venceram o concurso. “Eles se tornaram muito intensos sobre isso e eu não estava na mesma sintonia. Era quase um tipo de conflito de gerações e havia um abismo entre nós”, Dik disse para Jobling. “Eu só não me adaptei.”

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Virgin Prunes

Mas a saída de Dik não significava que ele estava desistindo da música. Em vez disso, ele rapidamente formou uma nova banda gótica chamada The Virgin Prunes, com dois amigos de Dublin. Nem havia qualquer sentimentos de mágoa. Os antigos companheiros de banda de Dik ainda fizeram um show de despedida com ele na Igreja Presbiteriana em Howth, onde o Virgin Prunes, que eventualmente iria se dissolver em 1986, fez sua estréia oficial ao lado de U2. No período em que o U2 realmente decolou, Dik estava profundamente comprometido em seu grau de Ciência de Computação e ele seguiu com um Doutorado em engenharia no Imperial College, em Londres. Garvin Evans, pai dos guitarristas, deu uma entrevista em 2013 em que disse: “Eu nunca falei com Richard sobre seus sentimentos sobre ter deixado o U2… parece pouco provável que ele entre neste ponto de ‘o que poderia ter sido.'”

Especialmente quando ‘o que poderia ter sido’ nunca poderia ter sido. Como explicou Dik: “Nunca, em qualquer momento, pensei ‘sim, eu quero estar numa banda e isso é tudo.'” Sem dúvida, um sentimento compartilhado pela banda de artistas quase famosos que por pouco não perderam sua grande chance com a sorte. Mas, como diz a canção, “está tudo bem, está tudo bem, está tudo bem. Ele se move por caminhos misteriosos……”

Do original no ZY

Agradecimentos pela tradução: André Joe – Blog Sombras e Árvores Altas

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