No dia 13 de julho de 1985, Bob Geldof organizou o Live Aid – show simultâneo na Inglaterra e nos Estados Unidos – com a presença dos maiores nomes da música da época. O objetivo era o fim da fome na Etiópia.
Com transmissão ao vivo pela BBC para diversos países, o show chamou a atenção de todos para o problema africano. E também marcou a carreira do U2, que fez uma apresentação histórica.
Larry: “Eu estava nervoso, era um show bem grande. As pessoas estavam entrando na fila pra fazê-lo por causa da exposição, eles estavam falando sobre a enorme cobertura da TV e tudo mais. Foi difícil convencer algumas pessoas que nós estávamos lá pelas razões certas”.
Adam: “Live Aid foi absolutamente apavorante, mas tremendamente emocionante também. Apavorante porque você só tinha quinze minutos e tudo tinha que funcionar, não tinha ensaio, nem passagem de som. O ambiente era um pouco fora de controle, tinha muitas câmeras e muitas pessoas nos backstage. Então, você estava sempre exposto, sempre vulnerável. Nós íamos tocar durante o dia, o que não era uma situação muito boa, mas nós estávamos prejudicados no palco e nós tínhamos que fazer aqueles quinze minutos valeram, dado que havia uma lista cheia de talentos enormes e nós não queríamos se perder nela.”
Bono: “Eu me lembro de estar ao lado de Pete Townshend, antes do The Who entrar, e perguntar ‘Você fica nervoso antes?’ Ele me deu um olhar matador e disse ‘Nervoso? Nervoso por tocar ao vivo, na frente das pessoas? Eu ficarei nervoso quando eu encontrar Deus. Mas nervoso na sua frente ou na frente de qualquer pessoa lá? Nunca’. Uau! É por isso que eu sempre sou um aprendiz. Eu nunca quero perder isso.
As pessoas eram muito boas comigo. Eu estava andando com a Ali e Freddie Mercury me puxou pro lado e disse ‘Oh, Bo-No… É Bo-No ou Bon-O?’ Eu disse a ele, ‘É Bon-O’. Ele falou ‘Venha aqui comigo. Nós estamos conversando, eu, Roger e Pete e David, e nós todos concordamos que não há mais cantores, todo mundo está gritando agora, mas você é um cantor’. Eu estava contra uma parede e ele colocou sua mão na parede e estava falando comigo como se ele tivesse cantando uma garota.
David Bowie veio até mim. E eu estava como ‘David Bowie veio falar comigo!’ E então nós começamos a conversar e eu me virei pra perguntar algo, e eu estava usando aquele chapéu ridículo com uma borda larga, e eu quase arranquei os olhos deles. Este é o Elvis do Reino Unido! Este é o homem que, mais do que qualquer outro, colocou fogo na minha vívida imaginação. Se John Lennon iluminou o fusível do meu ponto de vista político, como artista foi o David Bowie.(…) Paul McCartney veio e disse coisas maravilhosas para nós. Eu não conseguia acreditar. Então era muito importante ir em frente e fazer bem”.
Larry: “Jack Nicholson nos apresentou. Eu pude ver uma bandeira irlandesa voando. Eu orgulhosamente disse, ‘É maravilhoso, nós somos a única banda irlandesa tocando aqui hoje.’ Geldof estava parado atrás de mim e começou a fazer barulho. Claro, os Boomtown Rats tinham tocado antes”.
Adam: “Era pra gente tocar três músicas, ‘Sunday Bloody Sunday’, ‘Bad’ e ‘Pride’, que era nosso hit. Mas aí o Bono desapareceu.
Larry: “No meio de ‘Bad’ ele foi perambular tentando pegar algumas garotas pra dançar. Parece que ele tinha ido pra sempre. Nós estávamos bem nervosos e quando o Bono desapareceu, um certo pânico segui-se”.
Edge: “O mergulho do Bono na plateia deu um pouco errado porque ele tinha muita coisa para escalar até chegar a primeira fila. Era um estádio enorme com múltiplas barreiras e trilhos de câmeras e um nível diferente entre o palco e o chão que deveria ter uns vinte passos. Nós o perdemos de vista completamente.(…) Eu fiquei feliz que as câmeras não mostraram o resto da banda durante todo o drama, porque nós devíamos estar parecendo Os Três Patetas: Curly, Larry e Moe”.
Bono: “Nós não tocamos nosso hit porque eu sumi sem permissão para tentar achar um momento televisivo e esqueci da música. A banda ficou muito, muito chateada – eles quase me despediram.
Havia muitas emoções misturadas. Foi um dia maravilhoso mas eu acho que ferrei com tudo.
Dois dias depois, eu telefonei para o Paul e ele disse ‘Você não vai acreditar mas todo mundo delirando com o U2 no Live Aid. As estações de rádio e TV estão perguntando às pessoas quais foram os destaques e muitas delas estão escolhendo o U2.
Eu disse ‘Isso é demais.’
E ele disse ‘Eu acho que eles estão loucos’. Porque ele também achou que nós fomos uma porcaria”.
Edge: “Realmente nos pegou de surpresa quando as pessoas começaram a falar do U2 como uma das performances notáveis do dia. Eu achei que elas estavam brincando. Eu realmente achei que nós fomos uma porcaria. Mas olhando pra trás, como eu fiz uma semana depois, eu comecei a ver o que era. Era um senso de real, risco total, o que é sempre muito emocionante para um evento ao vivo e a determinação de Bono em fazer um contato físico com a plateia e eventualmente chegar lá depois de dois minutos de luta contra as barreiras. Eu acho que havia algo naquele esforço que ele teve que fazer para de alguma forma tornar aquilo muito mais poderoso”.
Adam: “A viagem de Bono realmente significou algo, carregou a emoção do dia para as pessoas. Então, sua performance impulsiva, por instinto, estava certa. De novo”.
Fernanda Bottini
*Citações retiradas do livro ‘U2 BY U2’
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Detalhe para uma bandeira do Brasil. Dá pra ver na última foto do Bono nesse post! Ou no 6:16 do vídeo!
HAHAHAHA’
Ri muito quando li essa parte. Ri e me imaginei no lugar do Bon-O, porque também sou fã do Queen e, consequentemente, Freddie! Caracaaaa, ouvir da boca do Freddie que ele era REALMENTE um CANTOR! Noooossa! Deve ter sido EMOCIONANTE mesmo.