Bono, Facebook e o desafio de seguir o Jesus dos pobres

Bono, Facebook e o desafio de seguir o Jesus dos pobres

Quando surgiram as notícias de que o grupo de investimento do Bono, a Elevation Partners, faria mais de 1 bilhão de dólares depois da venda das ações do Facebook na última sexta-feira, dezenas de sites começaram a falar: “Bono será mais rico que um Beatle”, “É um belo dia (fazendo referência à música ‘Beautiful Day’) para Bono”, etc. Até a celebridade blogueira Perez Hilton brincou: “Desde que ele ganhou a maior parte do seu dinheiro com o mercado de ações, isso torna Bono oficialmente melhor para investir do que fazer música. LOL!”

Enquanto isso, Bono apareceu na MSNBC para falar com Andrea Mitchell sobre a pobreza depois de fazer um discurso no Conselho de Chicago no Simpósio de Agricultura Global e Segurança Alimentar, em Washington. Tanto o frenesi do Facebook, quanto o Simpósio aconteceram poucas horas antes da abertura do encontro do G8, em Camp David, onde a pobreza e a economia global eram temas fortes da conversa.

Bono disse à Mitchell: “A fome é uma coisa ridícula”, e depois quando a discussão mudou para o Facebook, “Eu me senti rico quando tinha 20 anos e minha esposa estava pagando minhas contas. Eu sempre me senti assim, eu quero dizer – sendo tão abençoado”.

Abençoado, de fato. No entanto, tudo isso é um dia de trabalho para o músico que passou quase 30 anos simultaneamente agitando o mundo com a sua voz (e as organizações inovadoras DATA, ONE, RED que ele co-fundou) para lutar contra a AIDS e a pobreza? Ou, agora que ele está um pouco mais rico, nós devemos nos sentir em conflito sobre este super-humano pecador-santo?

Quando você conversa com o Bono, ele segura sua mão e olha nos seus olhos. Quando ele está no palco com o U2, cantando “Amazing Grace” antes da guitarra do Edge tocar como sinos de igreja em “Where The Streets Have No Name”, é como se Elvis deixasse o prédio, mas Deus ficasse na sala (e por “Deus” eu não quero dizer Bono). E sobre seu papel pessoal (junto de suas incontáveis ONGs e muitos filantropos ricos, incluindo notavelmente Bill e Melinda Gates) na redução de mortes pela AIDS/HIV, tuberculose e malária?

Independentemente de quanto dinheiro a equipe de Bono conseguiu com a oferta do Facebook, não devemos culpá-lo por investir de forma inteligente.

Uma das ironias do Facebook e que Bono encarou desde então é que as redes sociais têm desempenhado um grande papel na criação da cultura atual de ativismo que suas várias campanhas ajudaram a espalhar.

A Professora Nancy F. Koehn, da Harvard Business School, compara Bono a um CEO de “capitalismo criativo”, que junto de seus companheiros de banda desenvolveu um tino comercial muito antes de ter um hit. Quanto a sua propensão em fazer o bem, o autor Kim Girard diz que as campanhas de Bono são sociais e de natureza viral – e alinhadas ao século 21 “crescente fome espiritual entre os jovens, reação contra a ganância de Wall Street e as revoluções no Oriente Médio”.

Justificar a riqueza pessoal é algo que os cristãos têm sempre lutado. Como nós podemos sacrificar e seguir Jesus se nossos portfolios são valiosos demais para deixarmos pra trás? E o Evangelho realmente chama os cristãos para este tipo de sacrifício artificial de influência ou há algo mais radical em apostar ser cristão, com a riqueza?

Nem estudiosos e nem pastores através de qualquer tradição irão te dar uma resposta direta sobre o que Jesus faria com esse tipo de riqueza que Bono vem acumulando. E vamos ser claros, nem o poder e nem a política da época de Jesus teria tido recursos e mesmo a ideia de que haveria uma riqueza herdada ou compartilhada 2000 anos mais tarde entre os descendentes de uma pequena seita de judeus que seguiram o radical de Nazaré.

Entretanto, o que os estudiosos irão dizer é que a origem do comprometimento de Bono em lutar por aqueles à margem da sociedade é algo que a Bíblia cristã tem como princípio em sua mensagem.

Dr. Martin Luther King uma vez escreveu:“A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar. Nós estamos presos numa rede inescapável de mutualidade, amarrados em um único tecido do destino”.

Ou no palco com seus tradicionais óculos ou fazendo sérios discursos com líderes mundiais, em seu sucesso, Bono personifica o desafio que todos os cristãos encaram no seguimento de Jesus como pessoas que são abençoadas. A maior ameaça à fé e à justiça são aqueles que são abençoados perderem de vista a sua reciprocidade com os outros.

Para os ricos e para os pobres, Bono não se esqueceu.

Tradução do The Huffington Post

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5 Replies to “Bono, Facebook e o desafio de seguir o Jesus dos pobres”

  1. Olá!
    Fazer campanhas e viajar direto, pedindo ajuda, vamos combinar, não é fácil!
    Mas o Bono é incansável quando o assunto é ajuda ao próximo.
    Ele já é um homem milionário, faz isso porque é um ser iluminado e acredita na mudança de vida de uma parte da população.
    Parabéns a ele!!
    Parabéns ao pessoal da UV que nos oferece esses atigos!
    Beijo

  2. Obrigada!
    Só pra deixar claro, foi o Ricardo Fly que me indicou o texto.
    Quando li, adorei! Não podia deixar de postar.
    Bjs

  3. Artigo maravilhoso! Não é à toa que admiro demais esse homem! O que mais me encanta nele é justamente o fato de ele sempre se preocupar com os que precisam. Ele é diferente de outros rockstars. Ele não se preocupa apenas com seu sucesso ou em agradar à crítica ou com o que as pessoas vão pensar dele. Ele acedita num mundo melhor e luta por isso. Eu com certeza não tenho essa fé e essa disposição dele, e talvez não teria se tivesse o dinheiro que ele tem. E é justamente por isso que acho ele uma das pessoas mais maravilhosas que conheço. Não conheço pessoalmente, mas pelo que conheço de seu trabalho, é mais do que suficiente pra acreditar que ele é um grande homem.

  4. Parabéns UV pelo artigo. o texto é lindo!!!!!!! o Bono é mesmo um ser iluminado. ele é incrivel por se empenhar em mudar a vid de pessoas q~ue não tem nada. amo muito ele não só como o Rockstar que ele é mas também e principalmente pela pessoa que ele é.

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