Daniel Lanois, compositor e cantor canadense e extraordinário produtor, já esteve com o U2 no estúdio em muitos álbuns desde The Unforgettable Fire, de 1984.

Em 2008, quando ele estava trabalhando com a banda no No Line On The Horizon, nós pedimos a ele que olhasse de volta nesses álbuns para fazer a sua U2 Playlist.

1 – Pride (In The Name Of Love) – The Unforgettable Fire
Esta ocupa um lugar especial no meu coração porque nós devemos ter gravado ela no mínimo umas 20 vezes! Nós tentamos no Slane Castle e lá não pareceu funcionar. Se eu me lembro, Bono queria o rufar da bateria no coro, de uma certa forma – ele tinha uma memória em relação a isso nos ensaios – então nós nos encontramos na sala de mixagem em Windmill Lane e nós ainda não tínhamos a versão de Pride que satisfizesse nosso baterista. Em Windmill, eles não tinham um som de bateria que eu gostasse, então eu insisti que nós construíssemos um muro de cimento atrás da bateria do Larry para conseguirmos esse tipo de som de parede de pedra. Com certeza a equipe veio e construiu um muro de blocos de cimento atrás da bateria do Larry e aquele som me satisfez – um grande desempenho do Larry – então cortamos a versão que entrou para o disco. Deixando a bateria de lado, eu acho o que provavelmente entrega a música de uma certa forma é o Bono atingindo as notas altas.

2 – MLK – The Unforgettable Fire
Essa música tem uma doçura que me atrai. Eu usei um microfone lindo da Sony chamado C500, que tem um efeito aveludado em cima que soa muito bem para a voz do Bono e é um destes pequenos momentos que quer ficar voltando pra atrás.

3 – I Still Haven´t Found What I´m Looking For – The Joshua Tree
A história já foi contada antes, mas é válido dizer novamente: a bateria, uma outra grande performance do Larry, era de uma outra música que eu não a queria perder e a bateria do Larry inspirou o Edge para chegar com uma bela sequencia de acorde de guitarra acústica, que parecia gerar boas melodias de R&B; para Bono. Mas nós ainda não tínhamos um refrão: só veio em uma manhã quando o Edge chegou de casa com o verso “but I still haven´t found what I´m looking for”. Então, a música achou sua identidade, que estimulou um baixo muito bonito do Adam, que deve ter tocado uma dúzia de vezes para acomodar as mudanças de acorde intermináveis. O vocal do fundo é meu, do Edge e Eno cantando no máximo dos nossos pulmões com muita energia. A canção tem muito sentimento e me conforta até hoje.

4 – Exit – The Joshua Tree
Este foi um belo presente da sala da banda: U2 tem a capacidade de ter combustões espontâneas e esta música é um belo exemplo deste tipo de trabalho, onde você nunca sabe o que vai acontecer quando você se mistura com eles na sala da banda. Nós a chamamos de sala de metal e vidro quebrado! Exit, na verdade, foi uma extração de uma longa jam, a jóia brilhante desta jam, e eu me lembro de longas noites cortando a fita para tirar as melhores partes.

5 – Mothers of Disappeared – The Joshua Tree
Eu amo essa música como se fosse o casamento de humanos tocando instrumentos e tecnologia. Eno veio com um tipo de metralhadora e sons de bomba, quase uma trilha sonora de música e pintura com uma imagem forte. É um assunto que deve ser olhado todo o tempo – uma força grande entrando numa comunidade pequena e empurrando para servir suas próprias necessidades, mesmo que a despesa sejam as pessoas sumindo.

6 – One – Achtung Baby
Achtung Baby foi uma incrível jornada. Os caras tinham em mente que eles queriam fazer um álbum de rock and roll europeu, então eles foram para os estúdios Hansa, em Berlim, onde Iggy Pop e Bowie e Eno tinham trabalhado – Eno se encontrou sentado na mesma cadeira que ele sentou nos anos 70 e foi um ótimo lugar para inovação. Aquela sala antiga e maravilhosa de orquestra gerou a canção One, minha favorita. Aquela canção começou com uma sequencia de acorde e quando eu sugeri a mistura de duas foi possível Bono vir com a melodia. Foi uma canção construída através de muitos capítulos. Pelo o que eu me lembro, depois da pausa do Natal eu e Eno fomos para o Hansa antes da banda chegar e eu tinha aquela parte da Les Paul, que eu chamo de mantra, e Eno a dobrou e foi uma grande surpresa para os caras quando eles chegaram. Essa é uma coisa de se fazer para o Bono, dar mais vida a ele com mais sonoridade, e dessa forma ele vai geralmente vai para o microfone e vem com algo novo que foi o caso desta.

7 – Until The End Of The World – Achtung Baby
Flood veio com um grande mix aqui, eu era seu líder de torcida. Havia algo nos equalizadores nos consoles que nós usamos e que nos permitiu ter uma espécie de efeito arrebatador na guitarra, quase como um pedal wah wah sendo realizado no console. Eu amo a vitalidade e a velocidade da música.

8 – So Cruel – Achtung Baby
Um dos meu grooves favorites do Larry, sobre o máximo que nós conseguimos chegar de uma performance da Motown ou do Sun Studios e com uma simplicidade e clareza que é sempre divertido pra eu ouvir.

9 – Love Is Blindness – Achtung Baby
Eu amo a escuridão dela, nós batemos em algo lá sonoricamente.

10 – Beautiful Day – All That You Can´t Leave Behind
Esta é uma canção que bateu muito bem no estúdio e passou por muitas versões. A sequencia de acordes do Bono, eu acredito, e um tipo de tradição enraizada que eu chamo de Bo Diddley riff. Nunca cresceu para fora do território da sala. Nós não sabíamos o que fazer, então Eno marcou uma pequena batida de bateria e uma parte de piano como um loop e eu toquei uma telecaster em harmonia com aquilo que proporcionou muito incentivo para a sala e então uma grande jam aconteceu no meio da sessão, onde Bono gritou “it´s a beautiful day!” E então nós fomos almoçar. Quando nós voltamos, percebemos que tinha sido um momento especial e nós transferimos aquela ideia do dia lindo para o começo da música, criando um refrão, e foi a partir daí. Cantando de fundo estou eu e Edge, processados pelo Senhor Eno que nos fez soar como um coro.

11 – Grace – All That You Can´t Leave Behind
Eu amo esta música, mais uma daquelas que eu gosto de ouvir nos álbuns, você está ouvindo uma agradável mistura de uma música do U2 espontânea, cultivada pela equipe de produção do Eno e Lanois.

12 – Where The Streets Have No Name – The Joshua Tree
Outra faixa que nós lutamos, mas sempre houve algo no início da sinfonia que atraiu a todo mundo e isso veio de uma demo que o Edge tinha feito em casa. Tem uma marcação estranha de tempo, que atrapalhou a sessão rítmica, um coisa bem anti-rock and roll de se fazer. Eu me lembro como um professor de ciências apontando as pessoas através das mudanças de acordes. No fim, ela tem esse sentimento enriquecedor e talvez seja a coisa mais próxima que o U2 já chegou de uma música dance.

Você pode ver a U2 Playlist do Jacknife Lee aqui: http://www.ultraviolet-u2.com/noticias/2012/03/31/u2com-relembra-my-u2-playlist/#c1195

Fonte: tradução do U2.COM