“Detonando o U2”

“Detonando o U2”

“Estes dois caras com capuz e barba, entraram pela porta e eram Bono e Adam disfarçados. Eles disseram: ‘Nós queremos detonar o velho U2 e ir à Berlim para fazer um novo álbum. Você está interessado?’”.

Flood – também conhecido como Mark Ellis – trabalhou com o U2 por muitos anos, primeiro como engenheiro de som e depois como produtor. (Ele dividiu um Grammy de “Álbum do Ano”, em 2006, pelo seu trabalho em “How To Dismantle An Atomic Bomb”). Com a edição de aniversário de 20 anos do Achtung Baby, Brian Draper o localizou para o U2.COM e o entrevistou para recordar aqueles primeiros dias, particularmente seu papel nas sessões do Achtung Baby, em Hansa e em Dublin.

U2.COM: Primeiro, você foi chamado pra trabalhar no Johsua Tree, certo?

Sim, era quase 1° de abril e eu vinha recebendo mensagens que alguém na Irlanda queria entrar em contato comigo. O telefone estava no estúdio e me disseram: “É o Bono, pra você.”Então, eu atendi e disse: “Ok, quem está me enrolando?” Mas era ele mesmo. Ops.

U2.COM: O que ele disse?

Os caras estão fazendo um novo álbum e eu gostaria de ir e testar, para ver se nos damos bem? Ele gostava de um monte de coisas que eu tinha feito. E o que eu gostei, quando eu cheguei lá, é que ele xingava muito. Eu pensava que Bono não xingasse. Então, eu fiz um teste de duas semanas. Eles estavam trabalhando no começo do álbum, nas demos.

U2.COM: Não era um mal momento para se juntar, então?

Inacreditável. Ir para a Irlanda e trabalhar com a maior banda do mundo – ou bem perto disso – era como: “Oh, meu Deus! Eu tenho apenas 26 anos…”

U2.COM: Como foi trabalhar ao lado de Brian Eno e Daniel Lanois?

Eu tinha sido convencionalmente treinado como engenheiro de gravação, mas eu percebi como era não-convencional suas abordagens pra tudo. Tudo. Eu tive que rasgar o livro de regras, que eu usava há 6 anos e começar de novo. Foi como acordar em um outro lugar, um lugar bom, um lugar feliz.

U2.COM: E o U2 te quis de volta. Você foi chamado para o Achtung Baby!

Sim, embora eu não tenha sido realmente “chamado”. Depeche Mode estava tocando no Giants Stadium (depois que gravamos Violator juntos) e eu estava sentado na área de impressa, pensando: “Como se consegue algo bom?”, quando Anton Corbjin disse: “Flood, têm umas pessoas que querem te ver.”
Esses dois caras com capuz e barba, entraram pela porta e eram Bono e Adam disfarçados. Então, nós todos estávamos lá e eles disseram “Nós queremos detonar o velho U2 e ir à Berlim para fazer um novo álbum. Você está interessado?”

U2.COM: O quanto você pode planejar para algo tão profundo como “explodir o U2”? Ou simplesmente você apareceu com alguma dinamite?

Bem, é um grande negócio, mas é estranho: há um nível de respeito entre os músicos e os produtores, que todo mundo fica na mesma sintonia. A banda não podia voltar para onde eles estavam – era uma filosofia dominante. Eles diziam pra mim: “Fique livre o quanto você quiser. Tente tudo!” Eu estive trabalhando com Depeche Mode e Nine Inch Nails, então eles estavam procurando por algo “industrial”.
Mas todo dia eles diziam: “É muito parecido com as coisas antigas.” Eu lembro de ter escutado Trying To Throw Your Arms Around The World – parecia uma canção de acampamento, pra começar. Eu dizia: “Está boa,” e eles diziam, “Não, Não pode ser assim!” Todo mundo sabia o que eles não queriam.

U2.COM: Então, como você encontrou o que eles queriam?

Bono colocou isso perfeitamente: “Você tem o material, então o circule.” Um grande exemplo é One. Essa era praticamente a única música feita em Berlim. Demorou cerca de uma tarde, uma vez que as coisas se encaixaram; eles tinham a melodia, os acordes, tudo em três tomadas. Todo mundo dizia: “É maravilhosa, é uma música clássica, é brilhante, é o U2!” e veio uma grande sensação de alívio para a banda.
Mas Eno e eu dizíamos: “É uma canção maravilhosa, mas é sem graça, um arranjo chato?” Então passamos seis meses tentando de tudo. Não parece muito diferente, mas muitas coisas pequenas se mudaram do som tradicional.

U2.COM: Como o que?

A bateria, para começar. Por muito tempo, nós experimentamos com uma bateria pesada. Mas Dany teve uma ideia para o Larry tocar com um efeito de atraso. Dá uma sensação de caindo – não é óbvio na versão final, mas está lá – e deu à Larry uma forma diferente de tocar a canção, também.
Eu também comecei a perceber que a bateria no mono poderia ser mais poderosa, sem ser mais alta. Essa é uma das maiores sutilezas do Achtung Baby: a maioria da bateria em mono, o que é bem incomum.”

Fonte: U2.COM

4 Replies to ““Detonando o U2””

  1. Pois é, tem coisas que a gnt nem percebe nesse disco.
    Querem uam dica para ouvir os instrumentos de Acthung Baby mais limpos, coloquem o som para sair numa caixa de som por vez, na direita sai um som, e na esquerda sai outro.

    Acho que o tal do Mono tem à ver com isso.

    Ps:Louisevans, bateria e batida de coração, só me remete a Beuatiful Day 😉

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