Próxima parada; México!

Próxima parada; México!

Ontem, dia 25 de abril, foi o aniversário de quatorze anos da abertura da ‘Popmart’ em Las Vegas. Considerado por muitos uma das piores apresentações da história da banda, o show, que foi transmitido ao vivo para todo os EUA mostrou uma banda pouco á vontade com o repertório (“Staring At The Sun” teve de ser recomeçada por que a banda não conseguia acertar o tempo da canção) e um Bono com a voz esganiçada pelo clima seco da desértica cidade.

Mas não é essa a intenção deste post… 

Como a bem-sucedida ‘360’ está chegando no México, local que recebeu o show gravado e lançado posteriormente em vídeo “Popmart Live From Mexico City” e em áudio, no EP para assinantes do site oficial “Hasta La Vista, Baby!”, o U2.com relembrou a passagem da banda com “Even Better Than The Real Thing” daquele show, conectando com o fato de que a música, em nova versão, foi rebuscada para os recentes shows na América do Sul. Veja;

Além da segunda passagem pelo México (a primeira foi durante a ‘Zoo TV’, em 1992), a ‘Popmart’ foi a gira que finalmente trouxe a banda para cá, no começo de 1998, para três shows.

Muitos de nós, fãs, relembram com muito carinho aquela turnê, que para a maioria, foi a primeira experiência com a banda ao vivo.

Criada para ser somente executada em grandes estádios, a turnê começou meio torta e pelos Estados Unidos, um erro gigantesco, posteriormente reconhecido por Paul McGuinness e por Edge, como disse na biografia (e bíblia, para nós), “U2 by U2”;

Nós realmente não estávamos no mesmo compasso que a América e isso se tornou mais evidente quando começamos a vender a turnê. Esse era o peso do grunge, a cena do rock pesado de Seattle, a qual (não levando em consideração os verdadeiros inovadores, como o Nirvana), eu devo confessar, era insuportavelmente chata. Nós estávamos explorando novas idéias musicais, mas o que nós não gostávamos era o quanto isso ia ser difícil para qualquer um na América que fosse apaixonado pela música rock ir aonde nós estávamos indo. A cultura dance existia num nível muito underground nos Estados Unidos. Os gêneros musicais geralmente não se misturam, porque a rádio é extremamente polarizada. Você tem estação de R&B;, estações de rock, estações alternativas, estações de dance, enquanto que em rádios do Reino Unido ou da Irlanda, você escuta várias combinações desses diferentes gêneros. Então, em termos de imagem e estética, nós estávamos completamente fora dos padrões dos nossos fãs americanos. O Pop é, de fato, certamente um álbum de rock ´n` roll, mas certamente não é um álbum grunge. Quando lançamos o álbum em março de 1997 e colocamos os ingressos à venda, as rachaduras começaram a aparecer. Nós não estávamos tendo o apoio que estávamos acostumados a ter das rádios. Os críticos estavam divididos. O que se falou foi que essa não era a nossa melhor hora. Para fazer as coisas ficarem ainda pior, na tentativa de alcançar níveis ainda maiores de ironia, nós fizemos uma coletiva de imprensa para lançar a turnê da PopMart em um K-Mart em Nova York, uma cadeia de supermercados bem barata. Levamos até quase a metade da turnê para descobrir como iríamos montar o show. Mas quando conseguimos foi realmente incrível. Nós reorganizamos muitas músicas. Excluímos ‘Do You Feel Loved’ bastante cedo. ‘Discotheque’ foi intensamente reestruturada. ‘Staring At The Sun’ foi despida e se tornou apenas um dueto acústico. ‘Gone’ tinha um novo trecho de guitarra. ‘Velvet Dress’ estava mais pesada e mais direta. ‘Mofo’ quase se tornou um rock pesado. ‘Miami’ ficou mais densa. As únicas que sobreviveram no que você pode chamar de arranjo do álbum foram ‘Please’ (embora ela tenha ganhado um novo final) e ‘Last Night On Earth’.”

Apesar de todos os problemas, quando a turnê chegou á Europa ela estava melhor arranjada e ensaiada. Depois de vários shows em estádios imensos e com a metade da capacidade, no velho continente a banda fez shows memoráveis, como em Saravejo, recém saída do estado de sítio e em Reggio, na Itália, onde tocou para mais de 150 mil pessoas, o maior público da história da banda.

A banda ainda voltaria para mais shows na América do Norte, mas o estrago já havia sido feito; Eles tiveram de rebuscar antigos hits, como “New Year’s Day”, “Pride”, “40” e “Sunday Bloody Sunday” para sustentar o ‘monstro’, que consumia milhares de dólares dia.

Sem medo de errar, podemos afirmar que quando chegou na América Latina, a ‘Popmart’ teve os seus melhores shows. Outra vez na biografia, Edge disse;

Nós levamos a Popmart até o Brasil, a Argentina e o Chile. Se Tóquio foi a capital da Zoo Tv, então o Rio provavelmente foi a capital do Pop. O público na América do Sul é tão apaixonado, os shows foram inacreditáveis.”

Depois, a banda resolveu ‘sonhar tudo de novo’ novamente. Assim como no final a década de oitenta, eles precisavam mudar e se reiventar para não ficarem obsoletos. Mataram o monstro que criaram nos anos 90 e voltaram pianinhos para o rock de arena que ajudaram a criar na década anterior. Se para o bem ou para o mal, é assunto para outro post…

Que bela desculpa eu arrumei para falar da ‘Popmart’, não? rss.

13 Replies to “Próxima parada; México!”

  1. Guariba, os seus textos são MARAVILHOSOS. Posso rodar a internet inteira atras de informações nesse nível que tenho certeza, não vou encontrar.
    Obrigada por nos brindar com essas pérolas.
    PARABÉNS

  2. Excelente o texto, a POPMART foi um dos melhores monstros criados por eles, mostrou grandeza e fragilidade quase no mesmo nivel. Muita saudade desta turnê, vou assisti-la hoje aproveitando o seu texto. Um abraço.

    1. Excelente o texto, a POPMART foi um dos melhores monstros criados por eles, mostrou grandeza e fragilidade quase no mesmo nivel. Muita saudade desta turnê, vou assisti-la hoje aproveitando o seu texto. Um abraço.

      É verdade… Ela tem momentos sensacionais e outros quase constrangedores… Acho que a 360 é uma versão melhorada da Popmart… Se os erros tivessem sido consertados, mas a coragem é bem menor tbm…

  3. “Apesar de todos os problemas, quando a turnê chegou á Europa ela estava melhor arranjada e ensaiada.”

    Esta frase mostra o que foi feito com o lançamento do disco e da turnê. Infelizmente a primeira leg da Popmart sentiu o prazo curto.

  4. Análise precisa e muito interessante sobre a Popmart, ficou muito bom, parabéns.
    Eu devo ser a criatura mais suspeita desse mundo no tocante ao Pop e à Popmart. Simplesmente amo ambos, álbum e turnê. Não tenho dúvidas de que, pelo menos em relação à turnê, eles deram a volta por cima, depois do quase fracasso inicial.
    Quando o DVD Popmart live from Mexico foi lançado, há uns anos atrás, escrevi um longo review sobre ele. Ainda hoje, relendo o que escrevi, sinto a mesma emoção.
    MT

  5. Guariba,

    Ficou show a matéria… até arrepiei com a primeira foto!!!

    MT, acho que seria legal postar seu texto também, como um review da época, o que acham???

    Abraços
    Neto

  6. Muito bom o texto! Para mim a Pop Mart foi o meu início. Foi quando comecei a entender o que acontecia a minha volta e me arrependo por não ter ido (tinha somente 10 anos).

    PH

  7. Okay, vamos fazer o seguinte: vou dar uma revisada no texto nesse fim de semana e depois envio pro Guariba. Ele decide se vale à pena divulgar, de repente em razão do reinício da tour ser no México.

    MT

  8. O Sr. Guariba faz uma mistura de fontes e opinião pessoal deveras interessante.
    Certa vez, de tanto falarem (mal) no show de estreia da PopMart, fui pesquisar. Não acreditei ao ver “Staring at The Sun” sendo executada até o refrão e depois reiniciada. Por outro lado, houve um grande acerto com o passar da tour ao repaginar “…Velvet Dress” (no andamento do disco, jamais funcionaria ao vivo) e “Discothèque”, por exemplo.

    1. O Sr. Guariba faz uma mistura de fontes e opinião pessoal deveras interessante.
      Certa vez, de tanto falarem (mal) no show de estreia da PopMart, fui pesquisar. Não acreditei ao ver “Staring at The Sun” sendo executada até o refrão e depois reiniciada. Por outro lado, houve um grande acerto com o passar da tour ao repaginar “…Velvet Dress” (no andamento do disco, jamais funcionaria ao vivo) e “Discothèque”, por exemplo.

      Obrigado Ronan!

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