Especial U2:Show!

Especial U2:Show!

Olá UVs,

Apesar de ter comprado o livro U2 Show, de Diana Scrimgeour, há algum tempo atrás, só agora comecei a ler os artigos e entrevistas nele contidos. O tema do livro são as apresentações ao vivo do U2, mas numa proposta diferente do U2 Live, do Pimm Jal de La Parra, que é basicamente um catálogo de todas as performances e shows que o U2 já fez. No U2 Show, não há datas e setlists. O foco é mais na concepção de cada turnê, como os shows foram construídos.

O livro é composto basicamente de uma história fotográfica dos shows e turnês do U2, e ao final constam artigos e entrevistas com praticamente todas as pessoas que trabalham ou trabalharam com eles pra colocar esse bloco na rua, incluindo empresário e assistentes do PM, agentes e promoters, pessoal envolvido na produção, som e imagem, design, iluminação, figurinos, roadies, técnicos dos instrumentos, produtores dos discos, etc. O livro é endossado pelo U2 e Paul McGuinness.

Esses textos têm sido uma grata surpresa pra mim. Minha idéia é iniciar um novo projeto, divulgando aqui no site, em traduções livres, as partes mais interessantes ou reveladoras desses artigos pra mim, à medida que vou lendo o livro, começando com Ellen Darst, uma das tantas mulheres que foram importantes na carreira do U2, principalmente, por ter empresariado a banda nos Estados Unidos, sendo uma das responsáveis pela ‘invasão’ do U2 no meio dos anos oitenta.

ELLEN DARST

Ellen Darst foi responsável pelo escritório do Principle Management nos Estados Unidos, de 1983 a 1993. Vou copiar alguns trechos do artigo dela.

Aqui ela fala de suas primeiras impressões sobre o U2, de como tudo começou:

Havia muitas coisas que diferenciavam o U2 de outras bandas, mas talvez a mais importante delas fosse a pura ambição que eles tinham. Eles queriam tanto vencer, que encaravam todo o trabalho que fosse necessário. Eles eram também muito claros sobre os parâmetros a serem respeitados na promoção da banda. Havia muitas coisas que eles não fariam, como comerciais para rádios.”Oi, aqui é o Bono, e vocês estão ouvindo a rádio WXYZ, de Passaic”. Todas as bandas faziam isso, mas eles não. Desde o começo eles queriam estar no controle de como as pessoas os veriam, como seria a divulgação, era algo realmente pessoal pra eles. Eu ajudei a achar caminhos nos quais eles pudessem se auto-promover, sendo fiéis a si mesmos, mas realmente isso veio deles. O U2 tinha o instinto e eu tinha o conhecimento do mercado, estava apta a auxiliá-los a chegarem lá, sem se venderem muito barato nesse processo. Eles estavam sempre a fim e prontos pra encontrar quem quer que fosse. Nada era demais pra eles. Eu gostei muito disso, porque estava disposta a trabalhar duro, e queria trabalhar com quem estivesse a fim de dar tanto duro quanto eu. Eu vi o quanto eles queriam. Musicalmente, o nível de comprometimento e vontade de correr riscos era realmente de entusiasmar. Pra mim, a energia deles e sua ambição quase nua eram irresistíveis. Eu realmente apreciava o trabalho ético e a força de vontade pra se jogar nisso. Comecei a trabalhar diretamente com eles em 1983.”

Outro trecho legal é quando ela fala na transformação do Bono em The Fly:

Eu acho que o Achtung Baby é um dos melhores trabalhos do U2 até hoje. Marcou uma mudança na forma como eles se relacionavam com o público. Eles se afastaram daquela coisa séria e auto-reveladora, para as sombras, aquela coisa toda do The Fly, Bono com os óculos. As pessoas ficaram realmente incomodadas pelos óculos. Aquela persona franca, direta, se foi, e no lugar dela havia ironia, a última coisa que o público esperava do U2. O público notou uma mudança na acessibilidade da banda, e alguns se ressentiram disso. Também acho que marcou uma mudança no Bono. Provavelmente era apenas auto-preservação, uma decisão de não entregar tanto de si mesmo. É claro que em parte era uma paródia daquela coisa toda de celebridade, mas eu acho que era também o jeito dele reconhecer que precisava de alguma proteção. The Joshua Tree era só peito aberto, de cara limpa, entrega total, todo o tempo. Esse era diferente. Nós íamos para as entrevistas, e as pessoas queriam que ele tirasse os óculos, e ele se recusava. Era um truque. Mas eu acho também que ele começava a sentir necessidade da distância que eles criaram. Era demais pra ele ser tão aberto assim, todo o tempo. Eu acho que o público amava essa abertura toda, mas você pode acabar sem que nada reste pra você mesmo. Bono é uma dessas pessoas que está sempre no modo “vamos lá”, o tempo todo. Ele tem mais energia do que 5.000 pessoas juntas. Ele nunca foi muito bom em manter o próprio ritmo ou se segurar, e de certa forma eu pensei que aquele era o seu jeito de dizer “eu preciso um pouco mais de mim mesmo”. Bono é uma força pura, intelectualmente e espiritualmente, e em qualquer outro nível. Ele é também provavelmente uma das pessoas mais engraçadas que já conheci, e uma das pessoas mais decididas que já encontrei. Conheço muitos músicos e artistas, mas realmente não consigo lembrar de encontrar alguém com tanta força de vida quanto esse cara tem. Há um lado negro nisso também, mas em geral ele o tem usado para o bem.”

Por Maria Teresa (followeru2)

5 Replies to “Especial U2:Show!”

  1. Legal gente, obrigada. Pra quem é mais antigo na lista ou no fórum da UV, esse material não é inédito, mas resolvi reeditar a divulgação que fiz há alguns anos, aceitando o convite do nosso redator-chefe Guariba, em razão da recente passagem do U2 pelo Brasil. Os artigos e entrevistas desse livro estão diretamente relacionados com os shows da banda e a vida deles na estrada, e como eles se relacionam com todos esses profissionais. Alguns deles trabalham com o U2 há décadas, e isso é algo que sempre me fascinou. É mais um aspecto incomum, numa banda pra lá de especial, não acham?

    abs, MT

  2. Sempre ouvi e tive muita participação do U2 na minha vida inteira, mas só agora estou entendendo o U2 como vocês fazem. Em pouco tempo, já li e me encantei com muita coisa aqui do UV. Parabéns pelo texto MT.

    Abraço a todos do UV.

    PH

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