Fonte: Reuters
KIGALI (Reuters) – O roqueiro irlandês Bono prometeu na quarta-feira continuar fazendo pressão sobre os Estados Unidos e outros países ricos para manter a ajuda enviada à África.
Em Ruanda, a segunda escala de sua viagem por seis países africanos, o ativista e vocalista do U2 disse que há sinais de que o G8 (grupo dos oito países mais industrializados do mundo) está retrocedendo em relação à promessa de, até 2010, dobrar o volume da assistência à África. O G8 tem nova reunião prevista para julho, na Rússia.
Bono disse que viajou a Washington recentemente e se reuniu com integrantes do Comitê de Verbas da Câmara dos Deputados norte-americana, que cortou 2,4 bilhões de dólares dos 3 bilhões pedidos pelo presidente George W. Bush para ajuda ao exterior, no próximo orçamento federal.
“Conversamos sobre isso com os gentis cavalheiros e damas. Eles nos receberam de braços abertos, nos deram tapinhas nas costas e mostraram os olhos úmidos de lágrimas. Quando deixamos a cidade, eles reduziram o orçamento em 2,5 bilhões de dólares”, contou.
A decisão tomada pelo comitê em maio é apenas um dos primeiros passos na formulação das contas fiscais dos EUA para 2007, e, antes de se chegar a um número final, o Senado também terá que dar seu parecer.
“Existem obstáculos, e precisamos ter uma atitude de otimismo”, disse Bono, depois de visitar um hospital na capital de Ruanda, Kigali, que é centro de realização de exames e tratamento para Aids, e onde cada leito é compartilhado por três doentes.
Há anos Bono faz campanhas em favor do perdão da dívida, da assistência e de condições comerciais melhores para a África, utilizando sua fama para exercer influência sobre a política africana dos países ricos.
Ruanda foi um dos 18 países que, no ano passado, se beneficiou da campanha pelo cancelamento da dívida de alguns dos países mais pobres do continente.
“Os EUA têm problemas próprios hoje, mas esses problemas não se comparam àquilo que estes homens e estas mulheres de coragem enfrentam diariamente”, disse ele, falando dos médicos e das enfermeiras do hospital de Kigali.
A África depende em grande medida de verbas externas para pagar a terapia antiretroviral para os aidéticos. Os medicamentos antiretrovirais retardam em muito a progressão da doença.
Richard Feachem, que dirige o Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária e que está fazendo a viagem na companhia de Bono, disse que, se as verbas do exterior para o combate à Aids deixarem de chegar, muitas pessoas vão morrer.
Mais tarde, Bono visitou o Memorial Nyamata ao Genocídio, na periferia de Kigali, onde milhares de pessoas foram massacradas no genocídio de Ruanda, em 1994.