As donas do show

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Atrizes comandam a festa do Globo de Ouro e corrida ao Oscar já tem favoritos

Começam a ficar claras as peças do jogo do Oscar. A cerimônia de entrega do 60º Globo de Ouro, anteontem, no Beverly Hilton Hotel, em Beverly Hills, Califórnia, que para o Brasil significava a possibilidade de um prêmio de melhor filme estrangeiro para Cidade de Deus, do paulista Fernando Meirelles (Fale com ela, do espanhol Pedro Almodóvar, foi o vencedor), deixou uma mensagem ”feminista”: o Oscar é ”delas”. Os dois filmes mais premiados e vencedores nas principais categorias são marcados pela atuação de grandes atrizes: de um lado, o musical Chicago, de Rob Marshall, com as poderosas Renée Zellweger, ganhadora do prêmio de melhor atriz de comédia/musical, e Catherine Zeta-Jones, também indicada na mesma categoria. Do outro, está o drama As horas, de Stephen Daldry, baseado no livro de Michael Cunningham, com as geniais Nicole Kidman, que levou o prêmio de melhor atriz em drama por sua interpretação da escritora Virginia Woolf; Meryl Streep, também indicada pelo filme, mas que ganhou o prêmio de atriz coadjuvante em comédia por outro, Adaptation, de Spike Jonze. E ainda a sempre genial Julianne Moore, indicada a melhor atriz em drama por Far from Heaven.

As duas produções ficaram ainda com os prêmios de melhor filme em seus estilos (diferentemente do Oscar, o Globo de Ouro, dado pela Associação de Jornalistas Estrangeiros de Hollywood, separa os dramas das comédias, que ficam junto com os musicais). Chicago, baseado na peça de Maurine Dallas Watkins, que foi para a Broadway pelas mãos de Fred Ebb e do antológico Bob Fosse, ainda levou o prêmio de melhor ator em musical/comédia, recebido por um Richard Gere emocionado e que deu os mais longos agradecimentos da noite. Em prêmios, o musical ficou com uma pequena dianteira (três) em relação a As horas (dois), mas a disputa ainda está indefinida – deve desempatar no número de indicações ao Oscar que cada um receber. Mas o caminho está certo: no Oscar, cujos indicados serão conhecidos em 11 de fevereiro e os premiados em 23 de março, é a dramaturgia, particularmente a feminina, que vai comandar a festa.

O discurso de agradecimento de Nicole Kidman confirmou a tese. Séria, sem os faniquitos de Renée Zellweger e de Richard Gere, ela agradeceu por seu filme ter grandes papéis femininos e pediu a escritores que criassem mais papéis para mulheres e a produtores que se interessassem mais por filmes centrados nelas.

Os dois favoritos até agora, no entanto, não têm diretores consagrados (Stephen Daldry foi muito elogiado por seu Billy Elliot, de 2000, mas não o suficiente para torná-lo bola da vez para a consagração, e Rob Marshall não tem currículo muito conhecido). São filmes de produtor (e de grandes elencos). Isso levou o Globo de Ouro de melhor diretor para as mãos do veterano e sempre genial Martin Scorsese, com o épico Gangues de Nova York. Todo mundo na festa entendeu: Scorsese, um dos diretores mais queridos da classe cinematográfica americana, e desde já franco favorito ao Oscar na categoria, foi ovacionado de pé. Tanto que, bem-humorado, pediu ”menos euforia” para que pudesse começar os agradecimentos. Seu filme levou também o prêmio de melhor canção (para a banda irlandesa U2) e é o mais provável terceiro nome da lista de indicados ao Oscar de melhor filme.

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