Mundo pop volta a ficar engajado em 2002

Mundo pop volta a ficar engajado em 2002

Nova York – Em um claro reflexo da correção política pós-11 de setembro, o mundo pop volta a investir em eventos e projetos engajados. Com Bono liderando a movimentação para combater a epidemia da aids na África e Damon Albarn, do Blur, protestando contra a política internacional americana, as estrelas da música voltam a investir no papel social. Em 2003, novas ações estão previstas, incluindo uma homenagem a Nelson Mandela na África do Sul, em fevereiro.

Em 2002, o público cansou-se dos assuntos relacionados aos atentados terroristas: a cobertura dos eventos de celebração do aniversário da tragédia rendeu uma audiência menor do que a esperada. A indústria de Hollywood fez sua auto-homenagem com o Emmy conferido às televisões pela cobertura de 11 de setembro de 2001, mas o público e as celebridades querem mudar de assunto.

Assim, outros temas de caráter social e político ganharam espaço. Dave Stewart, do Eurythmics, juntou-se a Jimmy Cliff para produzir o single Peace One Day, lançado no Dia Internacional da Paz (21 de setembro). “É uma idéia para animar as pessoas”, disse Stewart em um comunicado oficial do evento. Segundo ele, o objetivo da iniciativa não era colocar o single nas paradas mundiais, apenas que ele fosse tocado por rádios e comentado por DJs.

Stewart, que em 1999 voltou a se apresentar com Annie Lennox para ajudar a Anistia Internacional e o Greenpeace, também está por trás do evento que vai homenagear Nelson Mandela no dia 2 de fevereiro. Com participações de nomes como Richard Branson, Naomi Campbell e Desmond Tutu, o show vai reunir uma série de nomes de peso do pop e apresentar uma canção inédita de Bono escrita em homenagem ao político.

O líder do U2 é um dos que mais vem trabalhando duro para fazer alguma diferença. Desde 1999, ele passou a se dedicar com força à dura missão de tentar reduzir a dívida de países do Terceiro Mundo. Em bem-divulgadas viagens à África, encontros com políticos importantes e ações na internet, o cantor tem conseguido levantar dinheiro e atrair atenção para as questões.

A crise entre os Estados Unidos e o Iraque também virou motivo de preocupação das celebridades em 2002. Na Inglaterra, um grupo liderado por Damon Albarn, do Blur, e Robert Del Naja, do Massive Attack, organizou uma demonstração que chegou a reunir 200 mil pessoas em setembro. Outros eventos estão sendo organizados no país, onde publicações musicais como o semanário New Musical Express vêm sendo utilizadas para divulgar a causa.

Nos Estados Unidos, estrelas da música e do cinema assinaram uma carta para o presidente George W.Bush condenando uma possível invasão ao Iraque. Mais de cem nomes expressaram suas opiniões, em uma ação que deve servir de ponto de partida para outras movimentações políticas em Hollywood.

Por outro lado, a classe musical passou vergonha ao ter de fazer campanha para a Recording Industry Association of America, pedindo para o público parar de piratear músicas. Britney Spears, Madonna e Missy Elliott, entre outros, gravaram propagandas dizendo que baixar faixas da internet é um crime. “Quando as pessoas vão ao computador e baixam sua música, é a mesma coisa que entrar em uma loja e roubar um CD”, disse Spears. Os fãs, claro, não acharam graça em ter de gastar a mesada para “ajudar” artistas milionários.

Guto Barra, do Planet Pop

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