U2 acredita que evoluiu desde os ásperos anos 90

U2 acredita que evoluiu desde os ásperos anos 90

Edna Gundersen

USA Today

Edge certa vez descreveu fase do U2 nos anos 90 como “quatro homens derrubando ‘A Árvore de Joshua’”.

Atualmente, o guitarrista explica melhor: “o que nos impulsionou naquela década foi a busca por inspiração em locais incomuns, primeiro em algum tipo de música avant-garde no início dos 90, e depois em termos visuais, por meio de colaborações com artistas de vídeo e animadores da Zoo TV e da Popmart. Estávamos absortos em muitas músicas dançantes quando começamos a fazer “Pop”, e, ao final do disco, nos vimos retrocedendo para arranjos na banda, o trampolim para “All That You Can’t Leave Behind”, que fechou o círculo”.

Quando o Y2K feneceu, Edge, o vocalista Bono, o baterista Larry Mullen Jr., e o baixista Adam Clayton rumaram para as excursões techno a fim de redescobrir possibilidades.

Após passar a maior parte da década pensando sobre o sentido de uma banda de rock, me senti realmente radical, pelo fato de sermos quatro caras tocando juntos em uma sala”.

O quarteto irlandês mapeia aquela década crucial para a sua evolução no recém-lançado disco “U2: Best of 1990-2000”, que contém 16 faixas retiradas de “Achtung Baby”, de 1991; “Zooropa”, de 1993; “Passengers: Original Soundtracks 1”, de 1995; “Pop”, de 1997; e “All That You Can’t Leave Behind”, de 2000.

O conjunto, uma seqüência do sucesso de vendas de 1998, “The Best of 1980-1990”, registra uma era tumultuada de alquimia sonora e riscos criativos que culminaram no sucesso do Grammy “All That”.

Em três de dezembro, o DVD “Best of 1990-2000” chegará às prateleiras, trazendo vídeo-clips alternativos, comentários dos diretores, faixas como “MoFo” e “Lemon”, além de “The Road to Sarajevo”, um documentário que mostra a banda em seu concerto histórico na Bósnia, em 1997.

O concerto final da “Elevation Tour” da banda estará no programa “U2’s Beautiful Day”, que irá ao ar às 22 horas (horário de Nova York), em 29 de novembro, na rede de televisão CBS. O especial com a duração de uma hora, filmando no Castelo Slane, na Irlanda, marca o primeiro retorno da banda ao circuito dançante desde a gravação de “Unforgettable Fire”, 18 anos atrás.

O U2, não só intacto, mas em pleno vigor, chegou ao século 21 através de um circuito tumultuado, cheio de brilhos e tropeços, tanto motivados por fatores externos quanto por culpa da própria banda.

Após “Joshua Tree” e “Rattle and Hum”, o U2 sofreu críticas pesadas por ter adotado os Estados Unidos como base e tentado se passar por salvador do mundo”, relembra Mullen. “Tivemos que pensar sobre a abordagem dos anos 90 de forma diferente. A música dançante estava em alta, e as nossas opções eram ignora-la ou aprender com ela. ‘Achtung Baby’ foi um risco calculado”.

Ao invés de desapontar os fãs, o território alienígena trilhado em “Achtung Baby” e “Zooropa” reforçou a relevância do U2 e aumentou a sua fama de exploradores intrépidos. A banda perdeu o ímpeto com “Pop”, que foi feito às pressas, para atender aos contratos do grupo.

O U2 valoriza as suas raízes, mas busca inspiração em tendências existentes e em nichos desapercebidos de música pop.

¨Olhamos para tudo aquilo que é estimulante e novo”, diz Edge. “Durante grande parte dos anos 90, todas as inovações pareciam estar vindo do hip-hop e da música de discoteca. Havia muito rock entediante e sem ambição. Agora, há uma ressurgência daquela fórmula simples composta de guitarra/baixo/bateria”.

Edge diz que o U2 precisa de mais ímpeto e talento para garantir uma terceira década de sucesso. A “química” é a chave.

Um grupo de rock é como uma gangue de rua”, diz ele. “Ela faz sentido quando se tem 20 anos de idade, e as coisas vão se tornando mais difíceis à medida que se fica velho. É muito importante o fato de ainda sermos tão bons amigos. Contamos com bastante apoio e espaço de manobra. Estamos em um ambiente onde impera a crítica honesta, o que nos estimula a seguir em frente”.A banda planeja se aposentar quando surgir o primeiro sinal de declínio.

Nenhum de nós quer se queimar”, diz Mullen. “Não queremos ser crucificados por nos tornarmos velhos e chatos. Preferimos nos aposentar por cima, sabendo que deixamos um legado especial”.

Tradução: Danilo Fonseca

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