Por Toby Reynolds

JOHANESBURGO (Reuters) – O sol pode ter brilhado na Cúpula da Terra, mas as estrelas definitivamente não apareceram em Johanesburgo.

Aonde foram os grandes nomes?”, é a pergunta que se houve na África do Sul, quando se faz a comparação com a constelação de celebridades que há dez anos tomou o Rio de Janeiro na primeira conferência ambiental da ONU.

Estão fora da tela do radar”, é o veredicto decepcionado de um jornalista da revista britânica Hello, especializada em celebridades. “Não se falou nada a respeito.”

A ausência das grandes estrelas, a começar pelo presidente norte-americano, George W. Bush, é uma péssima notícia para os colunistas de fofocas e também para os organizadores da cúpula, que perdem divulgação para a causa da redução de pobreza e preservação do meio ambiente, o tema da reunião.

Foi muito diferente no Rio, quando Sting, John Denver e os Beach Boys se refestelaram em Copacabana. Desta vez, nem Bono nem Bob Geldof, os dois roqueiros mais engajados da Irlanda, deram as caras na África, um continente pelo qual eles já fizeram inúmeras campanhas.

Na falta deles, o concerto comemorativo do fim de semana contou com atrações do continente, como Johnny Clegg, Salif Keita e Femi Kuti.

Há dez anos, a atração exercida pela Rio-92 era tamanha que era possível juntar as atrizes Jane Fonda e Shirley MacLaine, o ex-jogador Pelé e o líder espiritual Dalai Lama em torno das questões ambientais.

Agora, uma das grandes atrações deveria ser Leonardo DiCaprio, convocado para uma campanha em defesa dos macacos. Por causa de obrigações contratuais, ele desistiu de última hora.

O último desfalque revelado foi a da glamurosa rainha Noor, da Jordânia, que anunciou que não estará na semana que vem ao lado do ex-presidente Nelson Mandela em uma cerimônia pela conservação de parques. A embaixada do seu país não soube explicar o motivo da ausência.

O próprio Mandela, o mais famoso de todos os sul-africanos, decepcionou milhares de pessoas por não comparecer à cerimônia de abertura do evento, o mais importante na África do Sul desde a eleição dele, que marcou o fim do regime racista do apartheid.

Uma assessora disse que Mandela, 84, estava ocupado escrevendo um livro, mas que deve fazer uma rápida aparição na quarta-feira.

Na semana que vem, chegam os chefes de Estado. Serão pelo menos cem, mas também haverá ausências notáveis, como a de Bush ou do russo Vladimir Putin.

Os motivos mais mencionados para tantos desfalques são os fatos de a cúpula coincidir com as férias de verão no Hemisfério Norte e de Johanesburgo ter fama de ser um dos lugares mais violentos do mundo.

Mas para muitos ativistas, a razão é outra. “Há dez anos, as pessoas achavam que os governos queriam realmente mudar o mundo”, disse Mike Childs, da Friends of the Earth. “Houve um grande crescimento do cinismo desde então. Agora o público não espera muita coisa da cúpula, e as pessoas não querem ser claramente associadas a isso.”