CAMPALA, Uganda (Reuters) – O secretário norte-americano do Tesouro, Paul O’Neill, e o roqueiro irlandês Bono revelaram, na segunda-feira, ter divergências grandes em suas opiniões sobre como os países ricos devem ajudar a África miserável.

Os dois, que estão em Uganda, cumprindo a terceira parte de uma viagem de estudo da dívida que já os levou a Gana e à África do Sul (e que vai terminar na Etiópia), manifestaram idéias diferentes quanto ao perdão da dívida externa e a ajuda em dinheiro ao continente.

Quando eles visitaram uma escola primária em Campala, O’Neill expressou surpresa pelo fato de seis ou sete crianças usarem o mesmo livro, e sugeriu que a ajuda voluntária poderia diminuir carências como essa.

Acho que, se as pessoas entendessem que se doassem seis cópias de um livro determinado, cada criança poderia ficar com uma, isso seria mais fácil de compreender do que um pedido de mais dinheiro”, disse O’Neill.

Se você faz alguma coisa que ajuda as pessoas com coisas reais, palpáveis, isso ajuda mais do que mensagens ‘cósmicas’ sobre bilhões de dólares”, disse O’Neill.

Bono, que milita há anos em favor do perdão da dívida e da assistência à África, respondeu dizendo que é urgentíssimo os países ocidentais ricos darem mais dinheiro aos pobres.

Serão necessários bilhões de dólares … mas isso não é nada ‘cósmico”’, disse o roqueiro, acrescentando que mais dinheiro ajudaria as crianças a terem uma refeição por dia e acesso à educação, que pode prepará-las para um futuro melhor.

Antes da visita à escola, Bono e O’Neill, além do ator de Hollywood Chris Tucker, conheceram um projeto de construção de poço na zona rural, onde ambos concordaram ser um ótimo exemplo de boa utilização da assistência humanitária.

O poço, que custou cerca de 1.000 dólares para ser cavado, fornece água limpa para 500 pessoas e, segundo as autoridades locais, ajudou a reduzir a incidência de diarréia e outras doenças na área.

(Por Glen Sommerville)