Por Glenn Somerville e Ed Stoddard

PRETÓRIA (Reuters) – O secretário do Tesouro norte-americano, Paul O’Neill, e o cantor irlandês Bono, do U2, trouxeram na quinta-feira questões como dívida, ajuda e temas sociais ao país mais rico da África.

Os dois fazem juntos uma viagem pelo continente, para avaliar suas necessidades. Na entrevista coletiva após encontro com o presidente sul-africano, Thabo Mbeki, Bono fez piada com O’Neill, dizendo que “ele é o homem que cuida da carteira da América, e estou tentando abri-la. E não quero uns trocadinhos.”

Bono e O’Neill se encontraram há cerca de um ano e decidiram fazer a viagem, adiada para agora por causa dos atentados de 11 de setembro.

O cantor, um dos mais populares do mundo, faz campanha pelo perdão da dívida dos países mais pobres e é conhecido por seu interesse na África. O’Neill, ministro das Finanças da única hiperpotência do planeta, é um ardoroso defensor do liberalismo econômico.

O secretário afirmou que a primeira etapa da visita, Gana, deixou claro para ele que as soluções para a pobreza podem ser simples, como por exemplo cavar poços artesianos ao custo de 5 mil dólares. “Em vez de ficar procurando temas para debater, tentei reunir fatos e descobrir como a vida realmente é sobre o terreno,” disse.

Falando separadamente, Bono disse que aproveitou a visita a Mbeki para criticar os subsídios agrícolas dos Estados Unidos, que segundo ele prejudicam o livre comércio. Ele se disse “enfurecido” com o fato de Washington oferecer esses privilégios enquanto pede que a África e outras regiões pobres sejam menos protecionistas. “(O pacote de subsídios) é a mensagem errada,” disse.

Em um comunicado conjunto, O’Neill e seu colega africano, Trevor Manuel, se comprometeram a “combater todas as formas de crimes financeiros, especialmente a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo.” Manuel disse que abordou com O’Neill questões sobre o desenvolvimento africano e formas de atrair investimentos.

Em Gana, Bono disse que o apoio aos Estados Unidos pode se transformar em ódio se Washington não agir contra a pobreza. “Passamos pelas ruas e as pessoas acenam, saltam, estão felizes de ver os Estados Unidos,” afirmou. “Se este país não receber ajuda, não sentirá que houve um recomeço. Você volta em cinco anos e eles estarão atirando pedras no ônibus.”

Bono e O’Neill ainda vão visitar Uganda e Etiópia.