YANGON, Myanmar – Libertada após 19 meses de prisão domiciliar em Myanmar (antiga Birmânia), a mais famosa dissidente política do mundo, Aung San Suu Kyi, disse a centenas de manifestantes na manhã desta segunda-feira que continuaria a lutar pela democracia no país – governado por militares há 40 anos. Calma e com a voz pausada, com flores presas no cabelo, Aung San foi levada de sua casa para o quartel-general de seu partido, a Liga Nacional para a Democracia (NLD), na capital do país, Yangon, onde foi recebida por centenas de correligionários exultantes – na manifestação política mais aberta do país em anos.
Aung San disse estar satisfeita com o que chamou de proclamação de “uma nova aurora” pela junta militar, mas afirmou que deseja ver uma mudança política real.
– Esperamos apenas que a aurora se transforme muito rapidamente em uma manhã de luz – disse ela.
EUA comemoram – Governos ocidentais e asiáticos deram as boas-vindas à libertação de Aung San, mas advertiram o governo de Myanmar que este era apenas o primeiro passo de uma longa reforma política. O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse estar satisfeito com a libertação de Aung San.
– Estou muito feliz que ela tenha sido libertada e que possa participar novamente da vida política do país – afirmou.
Os EUA disseram em fevereiro que considerariam levantar sanções impostas a Myanmar, incluindo um embargo sobre a venda de armas e restrições de concessão de passaporte, em troca de conversações para a libertação de Aung San. Não ficou claro até onde a junta militar de Myamar pretende avançar para pôr fim às sanções.
Aung San liderou a luta pela implantação de um regime democrático no país, dominado pelos militares há 40 anos, e correu risco de vida pela pregação de suas idéias. Ela ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 1991 e organizações de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional, e até bandas de rock, como o U2, promoviam campanhas pela sua libertação. A canção “Walk On”, do último álbum do grupo, “All that you can’t leave behind”, é dedicada a ela.
A atual junta assumiu o poder em 1988 esmagando uma tentativa de implantação da democracia liderada por ela. O governo a pôs em prisão domiciliar em 1989 e convocou eleições gerais, que foram vencidas em 1990 pelo partido de Aung San, mas os militares se recusaram a lhe passar o poder.
GloboNews.com, com agências internacionais