O grupo irlandês de rock U2 anunciou ontem que não vai voltar à Europa para mais uma série de concertos incluída na “Elevation Tour”, iniciada em Março de 2001 no estado norte-americano da Florida. Contrariando a quase certeza que fora dada aos promotores europeus de espectáculos, a maior banda de rock da actualidade decidiu não voltar ao Velho Continente onde já esteve no Verão passado. Os espectáculos iriam decorrer em locais onde o grupo não esteve em 2001, nomeadamente Lisboa. Lamentando “profundamente” o sucedido, Nuno Braamcamp, da R&B, promotora do concerto agendado para Agosto no estádio de Alvalade, em Lisboa, declarou ao Correio da Manhã ter sido informado ontem de manhã (ver foto do e-mail) de que a digressão não iria concretizar-se. “Não foram invocadas razões para tal procedimento. A ‘tournée’ não tinha sido anunciada mas, tal como disse ao CM, estava praticamente assegurada e deveria iniciar-se a 19 de Julho, em Amesterdão, na Holanda”. “A dúvida para Portugal estava nas datas: faltava decidirem entre 24 ou 26 de Agosto”, explicou o promotor, confessando ter perdido “seis meses de trabalho”. Para além dos acordos já firmados com os apoiantes – CM, Rádio Comercial e SIC Radical -, Braamcamp chegara a entendimento com um banco para a venda de bilhetes em todo o País. Apesar de faltar a confirmação por parte da própria banda, o anúncio dos concertos foi levado a cabo em todos os países por onde a “Elevation Tour” iria passar. Só em Portugal as pré-reservas de ingressos já ultrapassavam as duas mil. Quanto ao e-mail recebido na R&B é assinado por John Giddings, da Solo, empresa que agencia os concertos europeus dos criadores de “All That You Can’t Leave Behind”. Lacónica a declaração resume-se a: “Se você é a única pessoa que ainda não sabe, a digressão não vai realizar-se. Muito obrigado por toda a sua ajuda e até à próxima. Walk on…”, termina, aludindo ao tema do mesmo nome com o qual os U2 homenageiam Aung San Suu Kyi, a birmanesa Prémio Nobel da Paz.

Condenado à morte

Apesar de pouco provável, a razão do cancelamento poderá estar relacionada com a ameaça de morte que pende sobre Bono, que está a pagar um preço muito alto pelas suas cruzadas pela paz. Uma organização fundamentalista islâmica alegadamente ligada a Osama bin Laden emitiu uma “fatwa” sobre Bono, ou seja, um decreto que o condena à morte e que, como manda a “lei”, é para ser cumprido. As ameaças são as mesmas que recaíram sobre o escritor Salman Rushdie, amigo de Bono e autor de letras de temas dos U2, nos anos 90. A segurança pessoal do cantor foi avisada das ameaças mas um amigo referiu que Bono “não será silenciado através de ameaças de morte” nem “vai desistir das suas cruzadas”.

Cranberries no Atlântico

Enquanto lançava a notícia que constitui uma desilusão para todos os fãs dos U2, Nuno Braamcamp anunciava o espectáculo único dos também irlandeses Cranberries, a 11 de Abril, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa. Os bilhetes custam entre 22 e 25 euros estão à venda amanhã. Neste regresso a Portugal, o grupo vem mostrar ao vivo temas do seu mais recente álbum, “Wake Up and Smell the Coffee”, que em Portugal é disco de prata por vendas superiores a dez mil exemplares.

Fátima Vilas-Bôas