LOS ANGELES (Reuters) – As piadas e as músicas estiveram lá, como todos os anos, mas o clima da 44a. festa do Grammy, na quarta-feira, certamente era mais pesado do que o habitual, por causa do impacto dos ataques de 11 de setembro.
Começou com o apresentador, Jon Stewart, sendo barrado num falso detector de metais, referência à onipresença desses equipamentos após os ataques. Billy Joel, Tony Bennett e Alan Jackson apresentaram canções inspiradas nos ataques e em outros problemas políticos do mundo.
Stewart lembrou como os afegãos comemoraram o fim da proibição de escutar música, depois que, com ajuda norte-americana, o regime Taliban foi derrubado, em novembro. “Três dias depois, eles não aguentavam mais ouvir o (grupo de rock) Creed”, brincou Stewart.
A cantora de rythm and blues Alicia Keys foi a grande vencedora da noite (levou os troféus de melhor artista-revelação e música do ano). A trilha musical do filme “E aí, Meu Irmão, Cadê Você¿” surpreendeu como melhor disco. O U2, que dedicou sua apresentação à dissidente birmanesa Aung San Suu Kyi, levou o prêmio de melhor disco de rock.
O líder da banda, Bono, disse que em 2001 “redescobriu o amor pela América”. Ele foi elogiado por seus concertos beneficentes e por sua apresentação na final do campeonato de futebol americano, num cenário decorado com os nomes das vítimas do 11 de setembro.
Outras artistas chamaram a atenção por suas roupas (ou melhor: pela escassez delas). Foi o caso de Christina Aguilera. Foi uma das poucas passagens que lembraram o clima mundano do ano passado, quando o rapper Eminem, conhecido por suas declarações contra homossexuais, fez um dueto com Elton John, que é gay assumido. No ano anterior, a grande atração foi o vestido de Jennifer Lopez.
Tanta seriedade não se deve só ao clima pós-11 de setembro, mas também ao fato de que 2001 foi um dos piores anos da indústria fonográfica. Pela primeira vez em dez anos, as vendas caíram, por causa da falta de novas estrelas e do aumento da pirataria.
O presidente da academia norte-americana da indústria fonográfica, Michael Greene, disse que a pirataria e os sistemas de compartilhamento de arquivos musicais “colocam em risco toda a cadeia alimentar da música”. Ele também afirmou que “nunca em nossa história nos voltamos tanto para a música em busca de conforto, ânimo e uma doce celebração”.