Por Dean Goodman
LOS ANGELES (Reuters) – Será que o U2 vai encontrar o que procura na quarta-feira, quando concorrerá a oito prêmios Grammy, na maior festa do ano da indústria da música? Ou será que o quarteto de rock irlandês vai acabar superado por músicos folk, divas do rhythm’n’blues e o incansável trovador Bob Dylan?
Nada é certo, nunca, quando se trata do Grammy, cujos eleitores frequentemente espantam os fãs com escolhas esdrúxulas, como aconteceu em 2001, quando o prêmio de melhor álbum do ano ficou com os eremitas semi-aposentados do grupo de jazz-rock Steely Dan.
Nos últimos anos, a Academia Nacional de Artes e Ciências da Gravação, que organiza o evento, vem tentando melhorar a imagem da premiação, e, para isso, formou um comitê super-secreto para eliminar as escolhas constrangedoras antes de serem anunciadas.
Muita coisa pode dar errado na grande noite, mas o U2, líder em número de indicações, parece estar quase certo de acrescentar alguns troféus à coleção de 10 Grammy, dizem analistas.
Em 2001, a banda ganhou três Grammy por “Beautiful Day”, o primeiro single do álbum “All That You Can’t Leave Behind”.
Nas categorias principais, ela enfrenta concorrência das cantoras novatas de rhythm’n’blues India Arie, 26, e Alicia Keys, 21, respectivamente com sete e seis indicações.
O compositor e regente clássico francês Pierre Boulez, quarto lugar na lista de ganhadores históricos de prêmios Grammy, com 23 a seu crédito, também recebeu seis indicações.
LUGAR PARA SURPRESAS
Sia Michel, editora executiva da revista Spin, prevê que U2 e Alicia Keys vão dividir os prêmios maiores: o U2 porque, depois dos atentados de 11 de setembro, o público se voltou ainda mais à música politizada da banda, e Keys porque as pessoas gostam de saber que ela é uma pianista de formação erudita que compõe e produz suas próprias músicas.
Mas o produtor Phil Ramone, oito vezes premiado com o Grammy, avisa que não existem certezas com o prêmio. “Entre os nomes principais em cada categoria, o nível é tão alto que pode ser que ninguém leve tantos Grammy quanto as pessoas imaginam”, disse ele.
“Para mim, o álbum do ano é sempre uma surpresa: artistas que você não imagina acabam ganhando, ou gente que não parecia ter uma chance, de repente se projeta.”
A corrida para melhor álbum, este ano, opõe “All That You Can’t Leave Behind”, do U2, a “Acoustic Soul”, de India Arie, “Love and Theft”, de Bob Dylan, “Stankonia”, da Outkast, e a trilha sonora de “E aí, meu irmão, cadê você¿”.
KEYS VS. ARIE
Os eleitores do Grammy adoram sentimento, e nada é mais enternecedor do que ver artistas veteranos serem reconhecidos tardiamente, mesmo que isso lembre a todos que a academia se esqueceu das pessoas no passado.
Em 1998, Bob Dylan finalmente ganhou o prêmio de melhor álbum do ano por “Time Out of Mind”, e ele pode ser uma fácil escolha este ano para os eleitores mais velhos que não curtam R&B ou country.
Alicia Keys e India Arie vão enfrentar-se em seis categorias, incluindo as de disco e canção do ano, além de artista revelação. Sia Michel prevê que Arie vai perder a disputa, porque ela não gera a mesma reação na mídia que Keys.
Para Phil Ramone, ambas possuem “simplicidade mágica” e podem acabar dividindo o voto, dando espaço para um terceiro artista disparar à frente.
A 44a festa anual de entrega dos Grammy acontecerá no Staples Center, no centro de Los Angeles. A maior parte dos 101 prêmios será entregue durante uma cerimônia rápida que terá lugar à tarde.
A cerimônia principal, transmitida pela televisão a partir das 22h da quarta-feira (horário de Brasília), será apresentada pelo comediante Jon Stewart e terá participações de U2, Bob Dylan, Keys, Arie, ‘NSync e alguns dos artistas de “E aí meu irmão, cadê você¿”.