NOVA YORK (Reuters) – O astro de rock e ativista Bono Vox, líder da banda irlandesa U2, emprestou um ar de legitimidade popular ao encontro desta semana das figuras econômicas mais ricas e poderosas do mundo. A presença de Bono no Fórum Econômico Mundial foi apreciada pelos líderes mundiais presentes no encontro.

Realmente acredito que se todos juntarmos forças… podemos conseguir progressos”, disse Bono durante uma entrevista coletiva no domingo.

Atuando como um incansável ativista pelo perdão de dívidas externas para os países mais pobres do mundo, Bono ganhou um acesso inédito e uma nova plataforma pública para sua causa ao conversar com políticos conservadores norte-americanos do partido Republicano e presidentes de multinacionais da indústria farmacêutica. Adornado por óculos escuros de lentes azuis e uma camisa xadrez de gola aberta, Bono se destacou do tradicional terno e gravata usado pela maioria dos 2700 participantes do encontro.

É mais difícil do que se possa imaginar o fato de conseguir atenção para essas questões”, disse Bono a repórteres em uma entrevista coletiva conjunta com um dos homens mais ricos do mundo, o co-fundador da Microsoft, Bill Gates, para pedir mais fundos para a saúde em diversos países.

Bono tem se esforçado para fazer valer suas idéias no encontro, tentando tornar o seu discurso mais diplomático.

Ele deu um toque de animação ao processo dominado por discussões da alta roda sobre as más condições da economia global e intermináveis encontros de diplomatas do Oriente Médio, que até agora não deram mostra de estar se aproximando de um processo de paz.

Do lado de fora do hotel onde se realiza a conferência, uma multidão heterogênea de pelo menos 3.000 pessoas, formada por jovens estudantes e manifestantes veteranos, seguravam faixas criticando o “Fórum de Exploração Mundial” e pedindo aos líderes o “Fim da Guerra”.

Muitos líderes não quiseram participar do encontro, preferindo garantir a presença no Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, no Brasil.

MEU BOM AMIGO BONO…”

Bono surpreendeu os participantes de conferências sobre o perdão da dívida de países pobres ao anunciar uma visita à África com o secretário do Tesouro norte-americano, Paul O’Neill, em março.

Em um clima de admiração mútua, O’Neill se referiu com naturalidade ao seu “bom amigo Bono”. No final da conferência, os participantes se aglomeraram para conseguir um autógrafo do roqueiro.

Bono, que recentemente viajou para a África, disse que o perdão da dívida já havia apresentado resultados em Uganda, onde o número de crianças inscritas na escola triplicou.

O astro de rock afirmou que os anos de campanha a favor do perdão da dívida haviam sido inúteis até o dia em que apareceu nas manchetes ao lado do Papa João Paulo II em um pedido conjunto de ação.

Ao lado do bilionário Gates, o exuberante Bono declarou: “Estou aqui com o papa do software… para incitar o debate entre pessoas de origens tão diferentes”.

Bono reuniu-se também com os presidentes das multinacionais farmacêuticas Merck e Bristol-Myers Squibb para discutir a comercialização mais barata e acessível de remédios de combate à AIDS para países pobres.

Não acho que as multinacionais farmacêuticas são o monstro que todos os meus amigos pensam. Acho que elas precisam obter lucros, e nós precisamos fazer pesquisas”, disse Bono.

Acho que o mundo de fora finalmente veio para dentro”, disse o principal porta-voz do Fórum Econômico Mundial, Charles McLean, durante uma entrevista a repórteres na sexta-feira, referindo-se à mudança da posição de Bono, que agora se tornou a personalidade do momento.

Com trânsito fácil entre os ricos e poderosos, Bono vai agora a Nova Orleans, onde seu grupo U2 será a principal atração das comemorações do Super Bowl, o campeonato de futebol americano dos Estados Unidos.