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Eu fui a um concerto do U2 na Tour Joshua Tree!

Eu fui a um concerto do U2 na Tour Joshua Tree!

Cristina Cruz é portuguesa e participa do fã clube Ultraviolet desde o começo dos anos 2000, principalmente no antigo Fórum do UV.

 

Quando me pediram para escrever sobre o concerto do U2, em Paris, no dia 4 de Julho de 1987, a primeira coisa em que pensei foi a overdose de emoções sentidas naquele dia. Mesmo tendo já passado quase 30 anos (30 anos!), ainda é com emoção que recordo aqueles momentos.

Eu tinha 16 anos, estava em Paris e a minha banda preferida era o U2. Tinha uma semana antes comprado o álbum – em vinil, claro – Joshua Tree. Recordo-me que no dia em que cheguei a Paris fiquei pasmada no mêtro ao ver numa tela enorme o vídeo de “Where the streets have no name”. Lembro-me dos meus colegas de viagem me dizerem que também gostavam, o que eu achei fantástico, pois os meus amigos gostavam mais do Bryan Adams e do Wham.

Em Paris, tudo era novidade. No terceiro dia, numa das nossas preambulações pelas ruas, perto dos Campos Elísios, vimos uma limousine parar e de lá saírem algumas pessoas. Paramos para ver quem seriam. Quando me apercebi que uma das pessoas era o Bono senti um misto de perplexidade e excitação. Seria possível? O Bono do U2? O Bono que usava cabelos compridos e cantava no cimo dos prédios? Sim, era mesmo ele. Cabelo preso, calças pretas e penetrantes olhos azuis. Ele sorriu para nós e um colega meu começou a gritar “U2, I love you”. Ele aproximou-se ainda mais de nós e disse “Thank you” e acrescentou “Are you comming to the concert tomorrow?”. E seguiu, conversando com os outros três que iam com ele. Reparei que eram os outros membros da banda, mas eu naquela altura não sabia sequer como se chamavam, só sabia que instrumentos tocavam.

Já longe deles quebramos o silêncio e questionamos “Que concerto? Vai haver um concerto? Onde?”. Relembro aqui que, na época, não havia internet, cartões de crédito, celulares, apenas (poucas) revistas de música e os jornais quase não escreviam sobre concertos. Nessa noite, no hotel, perguntamos ao rececionista se ia haver um concerto do U2, onde era e se havia ingressos. Ele foi procurar e disse “é amanhã no Hipodrome e ainda vendem ingressos lá”. Decidimos ir, prontos a gastar todo o dinheiro que tínhamos, nem que isso significasse passar fome o resto da viagem.

Lembro-me que chegamos lá no meio da tarde, compramos os últimos ingressos à venda e entramos. Havia muita gente do lado de fora, mas confesso que fiquei chocada com as milhares de pessoas que estavam lá dentro. Alguém disse que era um recorde em Paris, cerca de 70 mil pessoas. Eu só me perguntava: essas pessoas gostam todas tanto do U2 como eu? Deviam gostar! Afinal de contas eu nunca tinha ido a um concerto, nem tinha estado num lugar com tanta gente.

O palco era enorme e lindo, com a árvore projetada no fundo e dos lados, em tons de amarelo torrado e preto. Passado pouco tempo começou a cantar o Pogues e depois o UB40. Eu não sabia quem era o Pogues e apesar de conhecer o UB40 não conseguia estar atenta ao que cantavam ou como se movimentavam no palco. Queria ver o U2, ouvir a voz do Bono cantando sem ser no toca discos ou no rádio. Não ficamos muito perto do palco com receio de alguma confusão e pelo aglomerado de câmaras de televisão. Fiquei naquele momento com a sensação que aquilo tudo não seria o usual, mas não pensei que o concerto iria ser gravado.

 

Quando finalmente o U2 apareceu no palco, fiquei de boca aberta e com o coração batendo descontroladamente. Fui percorrida por uma espécie de arrepio até à alma. Eram eles, eram mesmo eles! O Bono tinha uma energia louca, pulava, gritava, não parava um minuto. A voz era límpida, provocante e cheia de garra. As músicas seguiam-se umas atrás da outra a um ritmo alucinante e sem interrupções. Recordo-me especialmente de Sunday Bloody Sunday, na época a música emblemática da banda. O público parecia enlouquecido e berrava cada palavra da música. Bono cantava avidamente como se o mundo fosse acabar ali, naquele momento. Quase no fim lembro-me de me sentir absolutamente feliz quando ouvi Running to Stand Still, uma das minhas músicas preferidas. A seguir, esperava Where the Streets Have no Name, mas ela não veio. Pouco depois começou With or Without You e tudo se transformou. Na frente as pessoas iam sendo empurradas pelas que estavam mais atrás. De repente, no meio da noite, surgiu uma nuvem de fumaça branca. Nós voltamos para trás e combinamos ir embora. Entretanto, o Bono parou de cantar e disse qualquer coisa como “nos concertos do U2 ninguém sai ferido”. Essas palavras acalmaram as pessoas e o concerto recomeçou com Party Girl (a Ali apareceu no palco, mas na altura a gente não sabia que ela era a mulher dele, pensamos que era uma fã) e por fim 40. Acabou? Sim, acabou o concerto e eu nem acreditava que ele algum dia tinha acontecido.

No caminho para o hotel viemos em silêncio. Tinha sido tudo tão extraordinário e surreal que qualquer palavra poderia acabar com a magia do que tínhamos vivido. Eu pensava que quando chegasse a casa e contasse o que tinha visto ninguém ia acreditar. Ainda por cima tinha deixado a minha máquina fotográfica no hotel com medo que me roubassem! Ainda hoje não me perdoo por isso.

Nos 30 anos seguintes, voltei a ver U2 ao vivo, em várias tours, em vários países, na grade e na arquibancada. Tive a oportunidade de voltar a ver o Bono (e o Edge) na rua durante a 360 tour, tirar-lhe fotos e, no fim, ele me dar, sem eu pedir, um autógrafo no single de vinil de Pride.

Lembro do concerto de Paris muitas vezes. Em 2007, quando eles escolheram para a comemoração dos 20 anos esse concerto para incluir na box da edição especial, eu estava novamente longe de casa e fui numa loja no dia em que a colocaram à venda. Nada anunciava o lançamento e quando a colocaram na prateleira ninguém estava por perto na expectativa de lhe tocar. O simples gesto de pegar nela foi emocionante para mim. Trouxe o box para casa, mas nunca fui capaz de ver o concerto, talvez por achar que o que está guardado na minha memória tenha pouco a ver com a realidade.

Entretanto, o ano passado o U2 anunciou que vai comemorar os 30 anos do Joshua Tree com uma nova Joshua Tree Tour. Fiquei surpreendida! O que esperar? Não sei. Acho que nenhum fã sabe. Mas talvez eu vá finalmente ver o DVD do concerto de Paris no momento certo, ou seja, na véspera do começo desta tour. Apesar de, aparentemente, ser um regresso ao passado, acredito que essa tour seja bem mais do que isso. Apenas uma coisa é imutável, essa é a banda – e os concertos, a forma onde todas as emoções transbordam – que acompanha a minha vida há mais de 30 anos.

Cris Cruz, Maio de 2017

 

U2 conversa com fãs antes de especial da HBO

U2 conversa com fãs antes de especial da HBO

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Antes da exibição do especial gravado em Paris, pelo canal norte americano HBO, a banda respondeu inúmeras questões de seus fãs, via twitter, na noite desta segunda feira, 07/12.  Com muito bom humor, diversos assuntos foram discutidos e alguns famosos também resolveram entrar na brincadeira.

Separamos alguns do tweets, inclusive o da brasileira Fernanda Bottini, respondido por Adam:

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Fernanda: O que você faz antes do show? Algum ritual ou oração? Com amor, do Brasil.

Adam: Eu me certifico de que esteja usando meias e cuecas limpas….

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Chase: Nenhuma banda é tão próxima de seus fãs. O que os motiva a trazê-los para cima do palco?

Bono: Não somos nada sem nossos fãs, é muito simples…

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Mary: Como vocês conseguiram permanecer tantos anos juntos como uma banda?

Adam: A única ideia que consigo te oferecer é que eu percebi que preciso de outras pessoas para ser alguém melhor.

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Laura: Qual o segredo de manter um forte relacionamento entre os membros da banda por aproximadamente 40 anos?

Larry: Nós não vivemos juntos. Eu estou sempre certo e todo mundo me ignora.

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Bethyandbono: O que o U2 inocente, sentado à mesa da cozinha do Larry, pensaria sobre o U2 experiente?

Adam: Eles pensariam: Nós queremos ser maiores do que esses caras….

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Cheryl: Além de sua música incrível, que experiências você espera que o público de Paris levará consigo após assistir aos shows?

Bono: Eu espero que eles sintam o que nós sentimos. Desafio, alegria e amor.

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Camisa do Larry do U2: Eu ainda tenho uma pergunta: Larry sabe que suas camisas desabotoadas possuem seu próprio perfil público no Twitter?

Larry: Claro que eu sei, quem você acha que está cuidando dele?

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U2 Tatto Project: O que a banda pensa sobre fãs colocando U2 logos, retratos e letras de canções tatuadas em seus corpos?

Larry: O tanto quanto pode ser algo bom para mim mesmo, eu acho muito bom.

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Diamondave: Quando todos vocês estavam crescendo, quem vocês ouviam e continuam a influenciar sua musica até hoje?

Banda: Patti Smith, The Sweet,T-Rex, Ramones, the Clash, Can

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U2Gigs: Sem contar a atual turnê, que canção vocês acreditam que foi a melhor música de abertura de show?

Edge: O número de abertura sempre faz nosso sangue correr mais rápido. Streets foi ótima, na época. Zoo Station é quase orgãnica. Mas Joey faz isso também.

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O comediante Jimmy Fallon, que recentemente recebeu a banda em seu programa, fez a seguinte pergunta engraçadinha:

Jimmy: Na estrada, que tipo de leite vocês colocam no cereal pela manhã? Completo ou só 2%¨?

Banda: 100% Guiness, é claro.

 

E, finalmente, todos eles responderam a mesma pergunta.

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Beth: Onde no mundo vocês acham que são capazes de se sentirem mais invisíveis e podem seguir sendo pessoas normais o quanto for possível?

Adam: Dentro do telão, durante o show, antes de Invisible começar.

Larry: Em casa, é onde minha vida é completamente normal.

Bono: Eu sou eu mesmo em casa. Mas normal? Eu não penso que minha mulher iria tão longe (diria o mesmo).

Edge: O normal deixou a estação há muito tempo…

Photo by Matthias Muehlbradt / U2gigs.com