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Documentário ‘From The Sky Down’ retrata U2 na beira da ruptura

Documentário ‘From The Sky Down’ retrata U2 na beira da ruptura

Davis Guggenheim descobriu um grande problema ao dirigir um documentário sobre a maior banda do mundo. Quando se trata de U2, todo mundo é um expert.

“O lado negativo de um filme como este é que o público pensa que sabe tudo sobre o assunto – as pessoas sentem que têm uma relação com a banda,” disse Guggenheim, 47 anos, em entrevista esta semana de seu escritório em Los Angeles.

“A única maneira de dar um furo é tendo muito acesso… Eu só ficava empurrando pra ir fundo e mais fundo, e eles foram junto, o que é realmente maravilhoso.”

O resultado é “From the Sky Down”, que irá abrir o Festival Internacional de Filme de Toronto nesta quinta (08 de setembro).

O filme capta os roqueiros irlandeses durante o que deveria ser o período de triunfo seguido do lançamento mundial de The Joshua Tree, em 1987.

Mas como o filme de Guggenheim lança suas lentes para essa época – usando uma mistura de imagens, novas entrevistas e uma riqueza de clipes – nós ficamos sabendo que a banda se esforçou pra se adaptar. Bono não conseguia se ajustar pra se apresentar em estádios, a banda sentia-se ‘seca’ criativamente e o sucesso do grupo levou a uma forte reação, particularmente depois do lançamento do documentário e do disco ao vivo Rattle and Hum, em 1988.

Como Bono mesmo diz no filme, a banda estava à beira da implosão. E ao longo do processo de entrevista, Guggenheim diz que ficou claro que o U2 realmente estava a um passo da separação antes do Achtung Baby, de 1991.

“Sim, absolutamente,” disse o diretor vencedor do Oscar de “An Inconvenient Truth” e “Waiting for Supeman”.

“Falando com cada um deles, você simplesmente sente isso.” E, claro, Guggenheim conversou com cada membro – de novo, de novo e de novo com conversas íntimas e individuais em locais distintos como Buenos Aires, Dublin, Berlim, Santiago, Winnipeg, com conversas que duravam horas.

Ele também persuadiu a banda a abrir seus ‘arquivos’ em Dublin, e deixá-lo fuçar em imagens, fotos da era Achtung, como também nos diários não usados de Rattle and Hum.

Ao todo, quantas horas de material Guggenheim conseguiu? “Eu diria exatamente que foram zilhões,” ele brinca.

From the Sky Down retrata as, às vezes, impenetráveis personalidades do U2 até nos momentos mais vulneráveis.

Bono está especificamente aberto.Conscientemente se auto-depreciando e engraçado, parece que ele quer perfurar a reputação da banda. Ele fala tirando sarro da re-invenção do estilo em 91, dos óculos e calças de couro. Mais sério, ele fala sobre sua presença controladora durante os anos 80, maravilhado sem ter certeza de como a banda o tolerou, sendo muitas vezes sufocante.

Na verdade, este parece o foco do filme de Guggenheim – não os fatores que ameaçaram separar com a banda, mas sim as forças que, de alguma forma, fizeram com que o U2 ficasse junto por 35 anos.

Um dos temas de destaque do filme é a seriedade de como o quarteto trata seu vínculo como banda. Colaboradores explicam que os membros do grupo são muito sensíveis aos sentimentos dos outros. Em um dos momentos mais reveladores do filme, Bono discute sobre o divórcio de Edge, como sendo um forte evento para toda a banda e suas famílias.

“Eles suportaram não apenas como uma memória, mas como uma força cheia de energia criativa.” Quando chegou a hora de produzir o Achtung Baby, a banda realmente não tinha ideia de como encontrar o que eles estavam procurando – mas eles sabiam que queriam algo novo. Ao chegar na capital alemã – se recuperando ainda da queda do Muro de Berlim – a banda estava sem rumo.

Isso mudou quando eles se depararam com o hit One, um processo de descoberta criativa, contado no filme de Guggenheim. Uma gravação de ensaio mostra a banda metodicamente acertando o tom. Guggenheim se declarou fã do U2, como tantos outros (embora ele ache que é uma desvantagem porque “é melhor fazer um filme sem ser fã da banda – isso te dá mais perspectivas”), e assim foi uma alegria pra ele assistir a tudo isso.

Enquanto a abertura de um festival pode ser algo estressando, pelo menos ele está mais tranqüilo, pois a banda já viu o filme. Guggenheim exibiu o filme ao U2 em julho e eles pareceram ter a mesma reação. “Eu acho que eles ficaram impressionados,” disse Guggenheim.

“Eu acho que ele é bem pessoal e profundo. Mas eu acho que eles viram que nele havia veracidade. E para mim, eles dizem isso no filme.

Fonte: Winnipeg Free Press

Como Davis Guggenheim “se achou” no momento decisivo do U2

Como Davis Guggenheim “se achou” no momento decisivo do U2

Se o álbum Achtung Baby, de 1991, era como Bono descreveu “quatro caras ‘rachando’ com The Joshua Tree”, nós podemos considerar o novo filme de Davis Guggenheim – o filme de abertura do Festival Internacional de Toronto – como a visão de um cineasta atualizando o documentário Rattle and Hum, de 1988. O diretor americano Guggenheim, cujo documentário “From the Sky Down” olha para o momento de re-invenção do U2, no making of de Achtung Baby, conversou com o The Globe and Mail sobre criatividade, distância e os caminhos misteriosos (mysterious ways) dessa mudança desafiadora do U2.

Seu filme olha para um lugar onde o U2 estava há 20 anos, voltando para ao documentário Rattle and Hum, um filme que não foi uma experiência feliz para a banda. Dado isso, nós não deveríamos ficar surpresos deles quererem re-visitar essa época com outro documentário?

Eu acho que eles foram “picados” por esta experiência com o Rattle and Hum. Eles realmente receberam comentários distorcidos e eles mesmos nem sabem como surgiram.

Até o diretor, Phil Joanou, admitiu que o filme era pretensioso demais.

Ficou pessoal. Porém, outra coisa é que a banda sentiu que ficou muito envolvida no making of do filme. Eu acho que sou beneficiário por ter essa distância de 20 anos porque eles realmente me deixaram sozinho em “From the Sky Down”. Eu perguntei um monte de intimidades e eles me disseram. Eles me deixaram completamente sozinho para fazer o filme.

Talvez não tenha sido próximo a eles. Parece que o filme foi gravado por ideia da gravadora, para coincidir com o re-lançamento de 20 anos do álbum.

Há esse movimento para fazer esses filmes de aniversários, inspirados pelos filmes de Bruce Springsteen, “The Promise”, e “Exile on Main St.”. Mas se o álbum é bom, se a história é boa, é uma boa razão para se fazer um filme. E para eles, esta é a curva mais tumultuosa da trajetória deles. Eles foram às alturas com The Joshua Tree e então à amarga luta que ocorreu nas gravações do Achtung Baby, em Berlim, com a banda quase se separando.

Esse drama atrairia um cineasta, obviamente.

Ah, sim. Eu sou um procurador de dramas. Quem quer ver um filme sobre tudo funcionando perfeitamente?

Qual foi o momento chave no filme, que você vê, onde as coisas se juntaram para a banda e o Achtung Baby?

Quando nós encontramos a (digital áudio) fita da sessão no Hansa Tonstudios, em Berlim, onde eles meio que ‘se acharam’ com a música One, que se tornou um divisor de águas, um momento decisivo para eles. Eles vieram de um período de quase ruptura para se encontrar com uma nova maneira de escrever músicas e novas maneiras de se enxergarem como músicos. Para mim, foi como ser um arqueólogo. Eu fui indo através de poeira, escombros e achei esse artefato de valor inestimável.

É olhar para trás na natureza do U2?

Eu acho que não. É o instinto deles olhar para frente e se re-inventar. Essa foi uma coisa nova para eles.

Como você mostra no filme, com um olhar de fora do Rattle and Hum, a banda parecia não saber como se comportar quando se tornou tema de um documentário. O que mudou nestas duas décadas?

Esta é uma banda que é muito consciente dos meios de comunicação e como eles são vistos. Eles tiveram tudo. Eles tiveram um sucesso enorme e houve outras vezes em que eles foram criticados de forma pesada. Eu acho que este é o desafio deste filme, que eles trazem muita bagagem.

O que você procura, como cineasta?

Eu estou sempre procurando respostas, para mim mesmo. De onde minhas idéias vêm? De onde vem a criatividade? Como um ‘não-músico’, eu tenho talvez essa ideia simplista de como as canções são escritas. Um cara pega um bloco de papel e escreve algumas letras. E outro cara pega uma guitarra e toca alguns acordes. Mas o U2 escreve de uma maneira bem diferente. Eles improvisam juntos. Eles esperam por momentos mágicos e eles escrevem as músicas juntos. É inspirador.

Há uma parte no filme onde a banda fala sobre ser um clã, que eles começaram a lutar contra outra música e idéias ao redor deles, e com Achtung Baby eles estavam prontos pra lutar contra eles mesmos – desafiando eles mesmos para re-inventar o U2. Contra o que eles estão lutando agora, em 2011?

Eu não posso falar agora. Esse é outro filme. Mas o que parece ser uma lei da física é que toda banda tem que implodir ou explodir, ou calcificar em uma banda que permanece junta, mas de uma forma sem vida, como um casamento ruim. Eu acho que o U2 está lutando contra esta lei da física.

Fonte: The Globe and Mail

Depeche Mode e Glasvegas em tributo ao “Achtung Baby”!

Depeche Mode e Glasvegas em tributo ao “Achtung Baby”!

Recentemente, em um artigo do semanário inglês NME, os escoceses do Glasvegas, em especial o guitarrista da banda, Rab Allan, havia dito que a banda gravou uma cover do U2 para ser lançado no final do ano. Veja aqui.

Até ai tudo bem, já que a banda chegou a abrir vários shows da 360 na Europa verão passado. Poderia ser só um b-side ou faixa extra. Porém, em recente entrevista coletiva para divulgar seu trabalho como escritor, o tecladista Andy Fletcher, do Depeche Mode, também disse que a banda gravou uma cover do U2 para ser lançada em novembro. Veja;

Opa!!! Tem coisa ai!

Muita gente ficou intrigada com o sexto cd bônus do box especial de 20 anos do lançamento do aclamado “Achtung Baby”, no início de novembro. Nos track lists, constava um disco simplesmente indicado como ‘Baby’ e as faixas normais do tracklist do álbum.

CD6: “Baby” Achtung Baby1. “’Baby’ Zoo Station”
2. “’Baby’ Even Better Than The Real Thing”
3. “’Baby’ One”
4. “’Baby’ Until The End Of The World”
5. “’Baby’ Who’s Gonna Ride Your Wild Horses”
6. “’Baby’ So Cruel”
7. “’Baby’ The Fly”
8. “’Baby’ Mysterious Ways”
9. “’Baby’ Tryin’ To Throw Your Arms Around The World”
10. “’Baby’ Ultra Violet (Light My Way)”
11. “’Baby’ Acrobat”
12. “’Baby’ Love Is Blindness”

Provavelmente, a banda convidou vários artistas que confessamente foram influênciados pelo U2 para regravar as canções do álbum.

Só uma palavra; SENSACIONAL!!! Uma das melhores iniciativas da banda com relação ao seus relançamentos até agora! Ainda mais se o nível dos artistas que participarão do tributo for mantida.

E vocês, o que acharam? Quem vocês gostariam de ver tocando as faixas do álbum  e qual faixa? Lembrando que tem que ser alguém confessamente fã da banda. Aqui vai as minhas opiniões;

1. “Zoo Station”, por Keane
2. “Even Better Than The Real Thing”, por Kaiser Chiefs
3. “One”, por R.E.M.
4. “Until The End Of The World”, por Metallica
5. “Who’s Gonna Ride Your Wild Horses?”, por Glasvegas
6. “So Cruel”, por Elbow
7. “The Fly”, por Muse
8. “Mysteriosu Ways”, por Black Eyed Peas
9. “Tryin’ To Throw Your Arms Around The World”, por The Killers
10. “Ultra Violet (Light My Way)”, por Alicia Keys
11. “Acrobat”, por Interpol
12. “Love Is Blindness”, por Depeche Mode

Especial U2 Show – Parte 11

Especial U2 Show – Parte 11

STEPHEN RAINFORD

Continuando então, com trechos do artigo de Stephen Rainford, que trabalhou como técnico de guitarras para o U2 e o Edge em particular, de 1983 a 1986. Ele havia trabalhado antes para o roqueiro irlandês Rory Gallagher, junto com Joe O´Herlihy. Quando soube, na época da War Tour, que o U2 precisava de um guitar tech ele se ofereceu pra trabalhar com eles.

O trecho onde ele fala das gravações do Live at Red Rocks é muito legal, vejam só:

Um dos meus shows preferidos foi em Red Rocks, no Colorado. Nós tínhamos desafios diferentes: só pra carregar o equipamento já foi difícil, porque tínhamos que subir uma colina por uma estrada com muito vento; eles tinham alguns pequenos caminhões-prancha pra levar as coisas da área de estacionamento para cima. Mas assim que chegamos lá nos pareceu um lugar muito bonito, e nós estávamos apreciando estar lá. Então as condições do tempo mudaram e as nuvens se derramaram. Não estava quente e úmido, estava frio e com neblina. Durante o show, tínhamos helicópteros voando baixo com câmeras e luzes de spot neles – você sabe, era como “O quão perigoso você quer que isso seja? Você gostaria de acender uma fogueira no alto da colina? Okay!” Havia muita tensão. Aquele era um grupo muito pequeno – talvez oito ou dez de nós na equipe. Não era exatamente seguro: com tudo tão molhado, a rede elétrica do palco estava, literalmente, eletricamente viva naquela noite. Aquela foi uma noite mágica, mágica noite. Todos sabíamos que havia muita coisa em jogo, e nos dedicamos pra conseguir. Naqueles dias eu ficava com eles no palco. Bem lá.”

Um pequeno trecho sobre as gravações do Joshua Tree, onde ele trabalhou em Danesmoate, na casa que eles alugaram pra iniciar a produção do disco:

Eu trabalhei em todas as gravações demo para o álbum The Joshua Tree, até que eles foram para Windmill Lane. Eu trabalhava 24 horas por dia, às vezes. Bono podia ficar por lá até à 1:30 h da madrugada, improvisando em algo, e então ele aparecia de novo às 8:30 h da manhã e queria tocar blues por algumas horas, antes que os demais aparecessem. Bono me deixava pirado algumas vezes, ao aparecer tão cedo. Ele não fazia isso todo dia, mas alguns dias por semana ele vinha bem cedo e eu procurava facilitar as coisas pra ele. Um dia ele chegou e começou a tocar música clássica no piano. Eu disse “Meus Deus – de onde você tirou isso?” Ele disse que alguém havia mostrado algumas coisas pra ele, e ele estava literalmente inventando, mas ele estava compondo em um gênero que alguém tinha apenas lhe mostrado, lhe dado uma idéia a respeito. Ele fazia o mesmo com o blues naquela época. Eu acho que todo o relacionamento com o B.B.King nasceu da perspectiva dele sobre o blues e a cultura norte-americana.”

E finalmente, o que ele diz sobre o Edge no último parágrafo:

O que o Edge tem de diferente como guitarrista? Bem, ele nunca tentou imitar o som de outros guitarristas. Eu acho que tem a ver com o seu senso de ritmo, ele é ótimo nesse aspecto, com certeza. Ele abraça toda e qualquer inovação e isso o faz completamente único como guitarrista. E ele canta muito bem também.”

DALLAS SCHOO

Uma pequena parte do artigo do Dallas Schoo, que assumiu como guitar tech do Edge desde 1987 e nunca mais saiu. Figura conhecida entre os fãs do U2 pela simpatia com o público, ele mostra sua enorme admiração pelo “boss” em seu artigo no livro. Alguns trechos:

Edge espera que eu cuide de suas guitarras com tanta responsabilidade como se ele mesmo estivesse encarregado disso. Nem mais, nem menos. Edge quer coerência, mas ele também quer que você saiba o catálogo de músicas do U2 bem o suficiente para, se eles decidirem tocar uma música que não estava no setlist daquela noite, você seja capaz de saber qual guitarra em qual afinação, e que efeito de guitarra será necessário para a música. É confiança e entendimento, e é algo que tem sido desenvolvido ao longo de muitos anos em que temos trabalhado juntos. É claro que eu aprendi, depois de tantos shows, quando ele precisa de ajuda no palco, quer seja algo com a guitarra ou com seu monitor. Às vezes eu erro, mas não mais com tanta frequência.”

Ele nunca vai dizer que tudo está certo, tudo está bom. Quero dizer, se está bom você nunca vai ouvir isso dele. Se não está bom, aí ele vai pedir por ajuda. Edge usa tantos efeitos de guitarra e tanta coisa, o que é fantástico, e o som dele é fantástico, mas isso tudo tem um preço. O potencial para falhas eletrônicas ou mesmo um colapso é inacreditável, e é inacreditável também que não tenhamos muitos problemas. Meu trabalho é muito intenso, porque o U2 pode ser muito intenso.”

Ele é o Edge, e ele tem o jeito dele, e eu tenho o meu. Sabe, eu sou um atleta e eu gasto os meus dias nadando em piscinas por esse mundo afora tentando permanecer em forma e combater essa tardia jornada de trabalho no rock´n´roll. Isso é o que faço. Já o Edge, bem, ele vai falar com você quando estiver pronto. Sem papo furado e conversa fiada. O que eu acho é o seguinte: o homem gasta 2 1/2 horas por noite tocando em shows, e mais 2 horas com passagem de som, ensaios, e fazendo o reconhecimento sonoro do estádio ou arena onde vão tocar. Ele é o guitarrista principal; pra mim, ele é o diretor musical dessa banda. Ele não tem tempo pra “tudo está indo muito bem” ou talvez “meu chapéu não tá legal pro show dessa noite.”. Mas Edge é meu amigo e meu chefe.”

29 anos de casados!

29 anos de casados!

Fora de gravações, dos encontros políticos de Bono ou das turnês, não tem jeito, lá estão eles: Bono e Ali juntos. Na Disney, na França, na Africa, em Dublin…para o mundo artístico, mais precisamente na música (Rock n’ Roll!) são raros os casos de casamentos bem-sucedidos e duradouros.

29 anos de muita história…juntos, fundaram a EDUN em 2005, grife de roupas e acessórios para estimular o comércio legal na África. No ano passado, a Louis Vuitton adquiriu 49% da marca, mantendo Bono e Ali ainda sócios majoritários.

Bono e Ali (sua namorada dos tempos de DublinMount Temple Comprehensive School) casaram-se há 29 anos, numa cerimônia em Raheny, Dublin -21 de agosto de 1982.

PS: a foto menor (que estampa o índice de matérias) é dos tempos de colégio, em 1975!

Parabéns ao casal U2!!!

Especial U2 Books – Parte 2

Especial U2 Books – Parte 2

Continuando então, segue a segunda parte, com os próximos 5 livros, sempre em ordem cronológica de publicação (obs.: refere-se às edições que possuo, podem haver outras mais antigas ou mais recentes).

U2 Burning Desire, The Complete U2 Story, by Sam Goodman
Castle Communications, 1993

Esse livro cobre desde o começo da carreira do U2 até o lançamento do Achtung Baby e o início da Zoo TV Tour. O texto do livro é montado a partir de trechos de entrevistas e artigos das mais diversas fontes, funcionando quase como uma compilação desse material, em princípio bem confiável. A apresentação desse livro é muito interessante, formato grande, todo em negativo, ou seja, papel preto e texto em branco, e produzido com material de alta qualidade. O melhor, porém, são as fotos, tanto coloridas quanto em preto & branco, muitas ocupando páginas inteiras, lindas demais. Minha principal crítica, no entanto, é a falta de crédito para as fotos, tanto autor quanto local e data. Tinha muita curiosidade em saber de que data são as fotos, em preto & branco, de um show dos early years que aparecem muito nesse livro, e que só vi nele. Acabei descobrindo a data no U2 Live, do Pim Jal de La Parra, onde uma delas aparece creditada como sendo de um show no Country Club, em Cork, fevereiro de 1980. Enfim, é um belo livro, sem dúvida.

U2 Faraway So Close, by BP Fallon
Little, Brown and Company, 1994

Esse livro acompanha o roteiro da Zoo TV Tour desde 24 de fevereiro de 1992 a 1o de outubro de 1993, contando bastidores da tour e muitas outras estórias, num estilo nem sempre fácil de ler, com muitas inside jokes e expressões ou gírias difíceis de decifrar. O autor, BP Fallon, foi deejay e guru oficial durante esse período da Zoo TV, uma figura muito louca, por sinal. O estilo do texto lembra muito o diário do Willie Williams disponível no U2.com, porém contendo muitas declarações dos próprios U2ers. Um ponto forte desse livro são as fotos. Muitas das fotos são de sua autoria, mostrando Bono, Edge, Larry e Adam nas situações mais inusitadas e cômicas, além de muitas fotos de gente da equipe do U2 na época, muitos até hoje na estrada com eles, além de fotos do próprio BP. O livro também tem formato grande, papel brilhante, e é muito lindo. Não sei se há outras edições mais novas, mas certamente está esgotado. 

Race Of Angels, The Genesis Of U2, by John Waters
Fourth State, 1994

Esse é um dos meus livros preferidos, escrito por um antigo desafeto do U2, o editor da revista In Dublin, John Waters, que com esse livro se redimiu totalmente, na minha opinião. Isso porque ele foi o principal responsável pelas críticas infundadas à participação do U2 no Self Aid, show beneficente que aconteceu em 17 de maio de 1986, com a renda destinada a auxiliar os desempregados da Irlanda. Sendo contrário a essa iniciativa, na época, ele disparou sua metralhadora giratória verbal contra o U2, principal nome do lineup do show. Isso motivou uma das performances mais viscerais do Bono até hoje, atormentado pela raiva e indignação. Imperdível de ver e ouvir. Mas enfim, de volta ao livro, a proposta de John Waters foi ir fundo nas origens irlandesas do U2, analisando o contexto não só da época, como da história do povo irlandês e de sua personalidade muito peculiar, além de suas mazelas políticas e da intransigência religiosa que tantas vezes os levou para o caminho da violência e da luta armada. Como o livro foi publicado logo após o fim da Zoo Tv Tour, contém muitas citações dos U2ers dessa época, resultado de suas entrevistas com eles, exclusivas para o livro. Não é um livro de leitura fácil, em termos de tema e mesmo vocabulário, mas o estilo do autor é apaixonante. Com ele se aprende muito sobre a Irlanda e os irlandeses, pra quem se interessa também por esses assuntos. O livro não contém fotos. Eu o considero a must have, mas também está esgotado, só é possível encontrar exemplares usados.   

U2 At The End Of The World, by Bill Flanagan
Delta, 1995

Esse é considerado por muitos fãs como o melhor livro sobre o U2 já publicado. Com certeza é o que melhor espelha a era de ouro da Zoo TV Tour. Assim como BP Fallon, Bill Flanagan acompanhou toda essa tour fantástica, época em que a criatividade deles chegava à estratosfera, e eles viviam a pleno, como verdadeiros rock stars (bom, pelo menos a versão deles sobre, well, vida de rock star). Assim como John Waters, ele divulga no livro entrevistas exclusivas com os U2ers, com fatos e estórias reveladoras, muitas delas engraçadas, outras mais intimistas, todas muito interessantes, excitantes, pra dizer o mínimo. Há algumas poucas fotos em preto & branco. Esse livro, na verdade, dispensa apresentações. Compre já, se achar algum exemplar.

U2´s The Joshua Tree, The Making Of, by Dave Thompson
CG Publishing, 1996

Esse livrinho vinha numa caixinha de CD, como parte de uma série chamada Compact Book. É simples e despretensioso, mas bem interessante e correto ao contar a história da criação dessa primeira obra-prima do U2, The Joshua Tree. O autor contextualiza o álbum no tempo, na época em que foi composto, e também cada música, em especial. Comenta também sobre os b-sides e sobre as duas primeiras legs da Joshua Tree Tour.

Feliz dia dos Pais!

Feliz dia dos Pais!

Hoje, segundo domingo de agosto, comemoramos o dia dos Pais.

Pai, que representa força, coragem, sabedoria e conforto. Pai, que ajuda sem esperar nada. Que ensina, sem cobrar. Que se orgulha de nós e nos ama incondicionalmente.

Pai é aquela figura de pedra, que as vezes, quer ser difícil. Que não gosta de chorar na frente das pessoas que se apoiam nele.

Quando nascemos, despedaçamos seu coração, e lutamos a vida inteira para que ele sinta felicidade e honra por nos ter trazido ao mundo.

Do meu Pai, aprendi a respeitar, ter bom humor e cultivar nossos amigos, coisa tão importante quanto a família que temos, e aqui, na UV, sei que isso existe, e muito. E há também a figura do Pai, aquela pessoa que representa tudo isso, mesmo que sem nenhum laço de sangue.

Todos no U2 são pais e todos os pais do U2 tiveram muita importância na banda. Sem eles, como vemos em “Out Of Control” em Slane, são responsáveis por esse quatro caras estarem aqui hoje, nos encantando cada vez mais.

E Bob, pai do Paul, é sim uma figura paterna para Bono. É a pedra inquebrável. O coração firme. A doca onde o barco estaciona e a quem Bono sempre quis impressionar. “São um, mas não os mesmos”…

E quando a jornada chega ao fim, ele continua conosco. Somos ele quando nos olhamos no espelho. É a ele quem queremos agradar. É pra ele que nos esforçamos tanto para orgulhar. E foi pra ele, que Bono fez uma obra de arte;

Hoje, dia dos Pais, faz exatamente um mês que perdi o meu, e durante esse tempo, recebi muitas mensagens de conforto de todos da lista e muito apoio dos amigos mais chegados. Sei que o post é para falar e homenagear todos, mas não pude deixar de também agradecer a todos pelo apoio que recebi.

Feliz dia dos pais á todos!

Os amem … “Talk to each other”…

Bandas que o U2 gosta; Roxy Music

Bandas que o U2 gosta; Roxy Music

Bandas que o U2 gosta; Roxy Music

Olá!

Depois de um longo e tenebroso inverno, vamos para mais uma matéria sobre as bandas que influenciaram ou que simplesmente os nosso quatro senhores de Dublin absorveram na sonoridade da banda durante essa jornada de trinta e cinco anos.

quem acompanhou a matéria anterior, com o Elbow, eu havia prometido uma matéria com David Bowie, mas hoje, assistindo sensacional documentário “More Than This – The Story of Roxy Music”, indicado por um dos meus ídolos da escrita musical, André Barscinsky em seu blog na Folha de São Paulo, resolvi falar um pouco sobre o Roxy Music, uma das bandas mais sensacionalmente cafonas e criativas da história da música e que, como veremos á seguir, influenciou diretamente o U2, principalmente, durante os anos noventa.

Tudo começou com o estudante de arte Bryan Ferry, em 1970. Recém demitido de uma escola onde ensinava cerâmica (?!?!), ele resolveu juntar alguns músicos para montar um tipo diferente de banda. Uma que colocava o visual e a interpretação cênica em primeiro lugar. “Fazer música como se pintava quadros”, como diz no documentário o tecladista Brian Eno. Sim, ele mesmo, o produtor e praticamente ‘quinto membro’ do U2 desde “The Unforgettable Fire”, em 1984. Junto dos dois “Brians” estavam o guitarrista Phil Manzanera, o baixista Graham Simpson, o baterista Paul Thompson e o saxofonista Andy Mckay, formação já fora dos padrões do rock feito na época, onde Hippies psicodélicos criavam o rock progressivo e o Hard Rock começava a estourar, com Led Zeppelin e afins.

Em seus dois primeiros discos, “Roxy Music”, de 1972, e “For Your Pleasure” de 1973, a banda desenvolveu um som único, impossível de ser classificado se observarmos do ponto de vista da época; Pré-Disco, pré-Glam Rock e pré-Punk Rock. Sim, o Roxy Music influênciou esses três gêneros. E muito!

Um dos atrativos do documentário citado acima para nós, fãs do U2, é, já de cara, vermos Bono resumindo como foi assistir a apresentação da banda no programa “Top Of The Pops”, em 1972, tocando a clássica “Virginia Plain”; “Imagine que você é um adolescente do norte de Dublin e alguns alienígenas chegassem na TV”. Era um pedaço da Pop-Art de Andy Warhol viva, alí, no meio da careta sociedade britânica da época.

No documentário, produzido pela BBC, vemos, além de Bono, gente como Steve Jones (ex-guitarrista dos Sex Pistols), Siouxie Sioux (ex-vocalista do Siouxie & The Banshees), Andy Taylor (baixista do Duran Duran), gente do Human League, Goldfrapp e Chic simplesmente ovacionando os caras. Reparem que eu mencionei gente de estilos musicais completamente diferentes. Isso é o que, em dois discos, o Roxy Music conseguiu fazer. Não existia nada fora do lugar; Música, arte, letra, conceito, moda… Tudo estaria perfeitamente encaixado hoje em dia se fosse necessário. “Há personagens e cenas. É como “Casablanca”!” diz Bono no documentário.

Até as capas da banda eram diferentes. A idéia, segundo Ferry, era trazer um universo sexy que não era visto no mundo Pop.

Dessa fase, músicas como “Bitters End”, “Ladytron”, “2HB”, “Do The Strand”, “In Every Dream Home a Heartache” e, claro, a melhor de todas, “Virginia Plain”, simplesmente soam atemporais;

Ainda em 73, Brian Eno deixou a banda, o que os libertou para um caminho mais Pop. Eno, com seu jeito cerebral de fazer música, impedia que a banda chegasse a plenitude de sua capacidade popular. Se por um lado era o gênio que compartilhou com Bryan Ferry todo o conceito artístico inicial, os dois dividiam também o controle criativo e, naquele momento, os caminhos se separaram. Seria como se Bono e Edge, logo após “The Unforgettable Fire”, resolvessem que cada um tinha direcionamentos diferentes a seguir.

(A polêmica capa de “Country Life”, de 1974; Imaginem a molecada na loja de discos…)

Nos três álbums seguintes, “Stranded”, também de 1973, “Country Life”, de 1974 e “Siren”, de 1975, a banda gerou uma mini-beatlemania na Inglaterra. A banda passou de estranha e conceitual a uma das fábricas de hits da década; “Street Life”, “A Song For Europe”, “All I Want Is You”, “The Thrill Of It All”, “Bitter-Sweet”, “Both Ends Running” e a maior de todas, “Love Is The Drug”;

A banda se separou no final da turnê em 1975 e se dedicou a uma série de projetos solo, mas quando voltou a se reunir para mais três discos (“Manifesto”, de 1979; “Flesh and Blood”, de 1980; e “Avalon”, de 1982), o som da banda passou a ser influenciado pelo o que eles haviam inspirado em primeiro lugar. A música passou a ser mais dançante e menos preocupada com experimentação. As faixas dessa época, como “Trash”, “Angels Eyes”, “Dance Away”, “Over You”, “Avalon” e, especialmente, “More Than This”, fizeram a banda emplacar nos Estados Unidos, pavimentando uma bem sucedida carreira solo de Bryan Ferry durante todos os anos oitenta, com as clássicas “Slave To Love” e “Don’t Stop The Dance”, que podem ser ouvidas na rádio cafona mais perto de você (rss).

(Capas de “Avalon”, de 82, último disco de estúdio da banda e de “Boys & Girls”, primeiro disco solo de Bryan Ferry após a separação; Discos que estouraram nos EUA)

Após quase vinte anos totalmente separados, a banda se reuniu em 2001, sem Eno, para uma série de shows. Em 2005, a banda resolveu se reunir para um novo álbum, dessa vez, com produção de Eno, que voltaria a colaborar com a banda depois de mais de trinta anos. Depois de algum tempo e várias tentativas frustradas, a banda resolveu desistir de um novo álbum e continuou a somente excursionar em paralelo com show solo de Bryan Ferry.

Além da óbvia influencia trazida por Brian Eno em todos os discos que ele produziu para o U2, a banda se influenciou muito pela sonoridade experimental e glamourosa desenvolvida durante a fase anos 90, em “Achtung Baby”, “Zooropa” e “Pop”. Canções como “So Cruel”, “Babyface” e “Do You Feel Loved?” carregam esse lado sexy muito usado pelo Roxy. Fora o guarda roupa da banda, que ganhou cores e personalidade. Além dos personagens, principalmente, durante a “PopMart”.

Além das óbvias influências sobre os Góticos, New Romantic e Eletro-Pops dos anos oitenta, muitas bandas do chamado “Brit-Pop” dos anos noventa e da Eletrônica do novo milênio, como Suede, Supergrass, Pulp, Portishead, Radiohead e Blur são fãs declarados da banda. O Radiohead chegou até a regravar três canções em parceria com alguns dos membros originais do Roxy para a trilha do filme “Velvet Goldmine”, de 1998, sob o pseudonimo de “The Venus In Furs”;

Pela definição de Bono, “Eles são realmente uma grande banda por que definitivamente inventaram algo novo”.

É isso! Espero que tenham gostado do especial! Deixem comentários e sugestões!

Até mais!

Edge faz 50

Edge faz 50

Hoje o nosso guitar hero faz 50 anos. Uma hora dessas deve estar dormindo e em breve deve acordar para praticar yoga antes de apagar velinhas com a família. Por aqui lembramos através de fotos, brevemente, sua história nas últimas décadas.

The Edge 1978

The Edge 1988

The Edge 1993

The Edge 2005

The Edge hoje em dia

Faz algum tempo The Edge se reuniu com outros dois renomados guitarristas, Jimmy Page e Jack White, para a filmagem do documentário A Todo Volume (It Might Get Loud, 2008) de Davis Guggenheim. Uma bela homenagem ao mago, David Howell Evans, que pode ser visto abaixo realizando passagem de som com toda a sua simplicidade, durante um trecho do documentário.

Breithlá shona duit, ou feliz aniversário, Edge.

Especial U2 Show – Parte 10

Especial U2 Show – Parte 10

FINTAN FITZGERALD E SHARON BLANKSON

Continuando a divulgação de mais algumas partes interessantes do livro, dos artigos de Fintan Fitzgerald e Sharon Blankson. Ambos atuam ou atuaram como head of wardrobe (algo como chefe de guarda-roupa) e algumas vezes como estilistas, ou seja, eles são encarregados da imagem do U2, do que eles vestem nos shows e em outras aparições públicas, como entrevistas e tal.

Aqui Fintan Fitzgerald conta como nasceu o personagem The Fly, visualmente falando:

Eu saí a campo e comecei a pesquisar e selecionar quem seria o melhor designer para esse trabalho. Tinha que ser urbano, moderno, europeu, totalmente diferente do que já havia sido feito antes. Havia essa sensação de uma investida violenta da mídia e da publicidade, era muito visual na vida das pessoas. Como iríamos retratar isso, qual o visual da banda nesse contexto, como iríamos mesclar tudo visualmente? Encontrar uma ou duas peças chave é sempre a grande pedida. Assim tudo o mais se constrói a partir daí. Eu havia encontrado esses enormes óculos de inseto do início da década de 70 em um velho brechó no Soho. Eu os trouxe para o Bono e ele começou a usá-los o tempo todo, mesmo no estúdio, e ele começou a desenvolver esse personagem, com os óculos. Foi assim que nasceu o personagem The Fly. Parecia funcionar legal com o contexto todo da ZOO. A seguir, eu encontrei uma jaqueta de napa, velha e usada. Nós usamos para o primeiro vídeo, que foi The Fly. Caía bem com os óculos e com o personagem. Então tínhamos esse personagem, The Fly, e isso foi o começo de tudo. Acho que tudo veio daí, em termos de figurinos. Aquela jaqueta na verdade se auto-destruiu. Durante as filmagens do video, ela começou a se desmanchar. Ao final, a coisa tinha se rasgado em pedaços. Foi como uma metamorfose, ou algo assim.”

Mais adiante ele fala sobre um episódio que aconteceu em um show da ZOO TV, que inclusive comentamos, eu e o Braun, no podcast nr. 03 (ZOO TV parte 2):

Durante o show, você tem que ficar de olho o tempo inteiro, porque nunca se sabe quando as calças de alguém vão rasgar! Aconteceu diversas vezes. Essas roupas passam por muita coisa, são muito exigidas durante uma perfomance. Isso é algo que nós enfatizamos aos designers. Essas roupas passam por calor intenso e suor, e são esticadas e puxadas. Bono, especialmente, tem uma performance muito corporal, física. Ele escala coisas, pula por todo lado, e com frequência ele vai pro meio do público nas primeiras filas e as pessoas começam a puxar e rasgar sua camisa, tentam tirá-la. Coisas cedem, então você tem que assegurar que tudo é super ultra bem costurado, duplamente, e também que você tem roupas de reserva por perto. Houve um show na ZOO TV em que as calças de couro do Bono se rasgaram, da virilha até abaixo do joelho, na metade de uma música. Ele continuou cantando, porque não tinha como parar, e nós tivemos que enrolar a perna dele em fita adesiva, fita adesiva preta em couro preto, enquanto ele ainda estava cantando.”

Do artigo da Sharon Blankson, achei legal a descrição de como foi feito o terno de bolhas que o Bono usava na Popmart, e também sobre as jaquetas dele na Elevation. Para a Popmart, foi contratado um estilista belga, Walter Van Bierendonck, e para a Elevation uma estilista em couro, Todd Lynn.

Walter queria algo muito especial para o primeiro encore (bis), e surgiu com a idéia do Discman – um encontro futurístico entre Missão Impossível e James Bond, um personagem de desenho animado. Essa roupa iria nos testar a todos, especialmente Fintan e Karen (assistente deles). Coberta de lantejoulas gigantes feitas de discos plásticos, cada peça era costurada a mão no terno, para criar aquele efeito. Só que nós não havíamos lembrado da forma extremamente corporal, física, com que o Bono se apresenta e, enquanto ele se movimentava e pulava e se esticava todo, partes do casaco do terno simplesmente saltavam fora. Depois de cada show nós tínhamos que vasculhar o palco à procura das lantejoulas plásticas perdidas, que seriam então recosturadas no lugar. Todas as vezes.”

As jaquetas de couro foram uma peça chave na Elevation Tour. Elas são ícones. Pense em Elvis, James Dean, Marlon Brando. Todd Lynn e eu decidimos ir por esse caminho, e pesquisamos uniformes norte-americanos, no tocante ao estilo, estrutura e referências gerais. Muitas das figuras nas mangas e nas costas das jaquetas vieram de nossa pesquisa sobre a Guerra Civil Americana. Queríamos que as jaquetas dissessem tudo, sem na verdade dizerem nada.

As listras nas mangas, a estrela vermelha na frente – esses símbolos representavam coisas diferentes para pessoas diferentes. Para nós, em particular, a Pantera Negra representava Malcolm X, e a Pomba Branca repreentava Martin Luther King – ambos unidos numa mesma jaqueta como eles eram sobre um tema, com suas duas abordagens diferentes simbolizadas na Pantera Negra e na Pomba Branca. Era tudo muito sutil. Não precisávamos gritar essas coisas para o público. Coloque a jaqueta com o palco em forma de coração, o estilo simples de roupas casuais dos outros membros da banda, a iluminação do show que refletia mensagens de amor, guerra e paz, e tudo funcionava perfeitamente, fundindo-se com a música e o público.”