The Joshua Tree Tour

The Joshua Tree Tour

Como já noticiei no site da Ultraviolet, em 9 de março de 1987 o U2 lançou o álbum The Joshua Tree. (Leia aqui: http://www.ultraviolet-u2.com/noticias/2012/03/09/joshua-tree-25-anos/). Considerado um dos mais importantes da carreira da banda, senão o melhor segundo alguns – não vou entrar nesta discussão, pois cada um tem o seu disco preferido -, o U2 iniciou a The Joshua Tree Tour em 2 de abril do mesmo ano.

Vale a pena destacar este momento na trajetória do U2, já que esta não foi uma simples turnê, não foi só mais uma. O U2 chegou ao topo do mundo através do The Joshua Tree e de uma forma tão rápida que eles não estavam preparados. Tudo mudou: a relação da banda entre si e com suas famílias (principalmente a do Edge), a relação com os fãs que aumentaram do dia pra noite, a estrutura e gerenciamento dos shows que ficaram maiores, etc.

Bono: “The Joshua Tree Tour começou nos Estados Unidos fazendo noites múltiplas em arenas e eventualmente em estádios, com alguns shows enormes ao ar livre na Europa, no meio disso. Nós estivemos em turnê durante 1987, nós éramos a capa da revista Time, ganhamos o Grammy de Álbum do Ano, tínhamos o álbum e dois singles em primeiro lugar nos Estados Unidos. Foi um período atordoante.
No começo da turnê, durante os ensaios em Tempe, Arizona, eu cortei meu rosto quando caí segurando um holofote. Eu ainda tenho a cicatriz no meu queixo. Eu estava perdido no meio da música e no começo de qualquer turnê você está apenas conhecendo o espaço físico do palco, a geometria dele, e você está superestimando o seu próprio físico. Você acha que é feito de metal, mas você não é. Cortes e contusões, é disso que eu me lembro do The Joshua Tree. Nós estávamos tocando shows cada vez maiores e nem sempre funcionava”.

Larry: “Nós estávamos sempre inconsistentes ao vivo e Bono ficaria frustrado com a banda. Havia um certo desconforto ao sermos elevados a este nível e sem poder dar conta porque eu nunca senti que era tão bom de qualquer jeito. Quando tudo o que você tem é a banda, a ideia de que você não é capaz de enfrentar uma análise é assustador. Foi difícil de apreciar o momento com isso na sua cabeça”.

Edge: “Eu acho que o que estava acontecendo durante todo aquele período foi de repentinamente termos que descobrir o que e quem nós éramos. De repente estar bem no meio da loucura do mainstream da mídia nos deixou incomodados de uma maneira estranha. Havia o peso da expectativa e uma certa responsabilidade de não foder tudo. Nós éramos sempre muito auto-críticos. Não é fácil para o U2 fazer um álbum ou um show. As vezes a diferença entre conseguir e estragar tudo é uma linha tênue. Quando você está muito nos holofotes, isso pode se transformar em quase num medo paralisante de cair”.

Bono: “Havia um peso tentando manter nossas cabeças. Quando você está passando por isso pela primeira vez, você não sabe o que é a fama. É como se todas as moléculas começassem a vibrar numa velocidade diferente, havia uma energia diferente no ar. Mas não era tudo medo e repugnância. Havia muita bebida nesta turnê. Margueritas, tequila e muitas risadas as vezes. Foi um período de descongelamento para mais o lado perturbador da banda. A Glasnost pessoal do U2”.

Adam: “Foi muito desafiador, mas eu curti estar naqueles palcos grandes. É um pouco mais difícil superar o lado físico e a distância, mas nós éramos um ‘bilhete quente’ e estava tudo partindo. O avião e as limusines realmente fizeram a turnê ser mais fácil. Com certeza, era caótico, mas sempre foi caótico. Eu não sei se havia muita diferença certamente, não na minha perspectiva”.

Larry: “Quando nós voltamos para a Europa, nós tínhamos vendido sete milhões de discos e tínhamos tomado a decisão de tocar em estádios. Essa foi uma experiência e tanto. Tanto quando os shows indoors eram repletos de dificuldades justamente do ponto de vista da competência musical, os shows outdoors trouxeram uma lista nova de problemas. Nós estávamos nestes espaços enormes ao ar livre sem o reforço de vídeos, então a banda parecia pontos e era muito difícil ter um contato visual com o público. O som era sempre uma questão importante, havia muitos elementos pra se considerar – o tempo, a atmosfera e por aí vai”.

Bono: “No estádio Flaminio, em Roma, Brian Eno estava no palco. Ele tem sua temperatura emocional virada pra baixo como regra geral, mas ele tinha lágrimas escorrendo pelo rosto quando ouviu 35 mil pessoas em Roma cantando o ‘Há La La La La de day’, refrão de ‘Running To Stand Still’. Ele não conseguia acreditar naquilo, pessoas que falam uma outra língua cantando uma de nossas canções que fizemos juntos. E nós tivemos também uma noite maravilhosa no estádio Bernabeu, em Madri. Era pra ter 100 mil pessoas , mas 120 mil apareceram. As pessoas escalaram as portas, foi impossível mantê-las fora. Nós nunca tínhamos visto uma multidão tão grande como aquela e não era um festival, era um show do U2”.

Edge: “Nós fizemos dois show no estádio Wembley para 144 mil pessoas e tocamos no Croke Park de novo. Nós tivemos uma folga no verão e foi um alívio voltar pra Dublin depois da experiência nos Estados Unidos e na Europa. Foi ótimo ver as crianças. Eu tive um pouco de dificuldade em voltar minha cabeça pra vida de casa. Você volta da turnê exausto e um pouco perturbado, e a casa está indo bem sem você.
Realmente, o primeiro sinal de grande loucura foi a ideia de fazermos um filme de Hollywood. Eu acho que foi ideia do Paul McGuinness. Ele esteve no ramo do cinema antes de se envolver com a gente e provavelmente isso sempre fez parte do plano dele de voltar a isso. Um filme apresentando a banda era o veículo perfeito”.

Larry: “A ideia original era que nós financiássemos nosso próprio filme na estrada e incluíssemos vídeos ao vivo com o dinheiro que nós faríamos com a turnê The Joshua Tree. Estava tudo indo bem e então essa outra parte começou a ser incluída ao cronograma porque poderia parecer bom no filme. Isso virou um monstro. Eu culpo a loucura da turnê The Joshua Tree. Nós perdemos o contato com a realidade”.

O resultado disso é o filme ‘Rattle and Hum’, mas que merece um especial só sobre ele. Por isso, vamos encerrar essa matéria da turnê The Joshua Tree por aqui.

Citações do livro U2 BY U2

Agradecimentos aos colaboradores: Ricardo e Nanazoca pelas fotos e Paulo pelo vídeo.

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