Mês: novembro 2011

Bono ao vivo no Dia Mundial de Luta Contra Aids

Bono ao vivo no Dia Mundial de Luta Contra Aids

O Bono fará parte de um debate ao vivo, no youtube, para marcar o Dia Mundial de Luta Contra Aids.

O evento chamado de “The Beginning Of The End Of Aids” será transmitido na próxima quinta-feira, dia 1° de dezembro, a partir das 10h da manhã (horário local).

Além do Bono, também participarão os ex-presidentes George W. Bush e Bill Clinton, a cantora Alicia Keys, entre outros.

Desde já, qualquer pessoa pode mandar perguntas pelo canal da One Campaign no youtube – http://www.youtube.com/TheONECampaign

U2 nas listas da revista Rolling Stone

U2 nas listas da revista Rolling Stone

A revista americana Rolling Stone é pródiga em fazer listas de melhores disso ou daquilo. Nem sempre temos justiça, relevância ou imparcialidade territorial, mas o U2 sempre esteve presente nos ranking organizados por ela. Vamos a um resumo de tudo;

100 Melhores artistas de todos os tempos“:

100 Melhores guitarristas“:

100 Melhores vocalistas“:

500 Melhores discos de todos os tempos“:

100 Melhores discos deste século“:

  • All That You Can’t Leave Behind’ (2000), Nº 13
  • No Line on the Horizon’ (2009); Nº 36
  • How to Dismantle an Atomic Bomb’ (2004), Nº 68

100 Melhores discos dos anos 90“:

  • Achtung Baby’ (1991), Nº 4
  • Zooropa’ (1993); Nº 61

100 Melhores discos dos anos 80“:

500 Melhores canções de todos os tempos“:

E ai? Concordam?

A Rolling Stone é reconhecidamente mais mainstream e, por isso, tende a misturar bastante artistas Pop com com ícones do Rock e de suas origens. A revista MOJO, de origem mais crítica, coloca apenas Edge na posição 32 na sua lista de guitarristas, a perfomance no Live Aid, em 1985, em seu “Hall da Fama”do rock, “The Joshua Tree” como quarto melhor álbum de 1987 e Bono na posição 57 dos maiores cantores.

Pra fechar este post, aqui vai um playlist com as canções mencionadas e a apresentação no Live Aid. Divirtam-se!

(Idéia da matéria original; U2 News)

Interview Magazine

Interview Magazine

Desde que a banda surgiu em Dublin, nos meados dos anos 70, o U2 já lançou 12 álbuns de estúdio, a maioria maravilhosos. Perto do topo desta lista, está Achhtung Baby, de 1991, um disco obscuro que nasceu durante uma série de sessões no Estúdio Hansa, em Berlim, em 1990, sendo este um elemento importante para a sucessão de músicas sujas e experimentais que surgiram – “The Fly”, “One”, “Mysterious Ways” – como para a ruptura essencial com o passado.

Na época, os membros do U2 – Bono, Edge, Adam Clayton, Larry Mullen Jr – se refugiaram no Estúdio Hansa com os produtores Brian Eno e Daniel Lanois para trabalhar no que seria o álbum Achtung Baby, sendo que eles já eram a maior banda do mundo. Mas como o trabalho do álbum progrediu em Berlim, e depois em Dublin, o cenário romântico dos discos do início de carreira, como The Unforgettable Fire (1984) e The Joshua Tree (1987) deram lugar para a barulhenta fusão da dance de Manchester e as influências eletrônicas alemãs com uma mistura de ironia, êxtase e sagacidade bem moderna. Para a turnê, diversos telões da Zoo TV, com zapping de canais, vídeos confessionais, shows via satélite, ações teatrais. Havia ainda Bono vestido com as calças de Jim Morrisson, jaqueta de Elvis e, claro, óculos de sol de Lou Reed – o rock star remixado. Era como algo que ninguém nunca tinha visto antes – pelo menos, de propósito, em uma banda de rock – e ao mesmo tempo, tudo muito parecido com o que todo mundo estava vendo em todos os lugares, em um momento em que o mapa do mundo estava sendo redesenhado, uma revolução na mídia e a própria cultura estava em mudança.

A entrevista foi feita com Bono, Edge e Davis Guggenheim, por Stephem Mooallem, em setembro, horas antes da premiére do documentário “From The Sky Down”.

Mooallem: Sei que você está num momento reflexivo agora, mas não quero que nós fiquemos nostálgicos porque, eu acho que em muitos aspectos, o Achtung Baby é o oposto da nostalgia.

Bono: Esse é um ponto muito bom. Como podemos ser nostálgicos sobre algo que não quer ser?

Mooallem: E agora nós estamos olhando para trás…

Guggenheim: Bem, vamos começar por aí. O U2 é uma banda que está sempre olhando pra frente se re-inventando. A banda, eu acho, sempre foi alérgica a essa noção de olhar para trás. Então, por que você escolheu olhar para trás agora?

The Edge: Bem, eu não sei… Parecia uma boa ideia na época. Eu ainda não estou convencido de que era a decisão certa.

Bono: Eu acho que “alérgico” é uma boa palavra. Eu realmente não gosto quando escuto algumas músicas no rádio. Eu não acho que é uma experiência muito agradável. Há algumas exceções, mas quando estávamos montando o nossa coleção de greatest hist há alguns anos, eu tinha que me controlar fisicamente para ouvir o melhor dos anos 80… Claro, eu acho que essas músicas são muito melhores ao vivo e o Edge achou que era importante eu ouvir pelo menos uma vez, mas eu realmente não tinha escutado essas gravações desde que as fizemos… Eu acho que parece que eu canto como uma cantora. “Cantar” é um exagero – eu grito como uma garota nessas músicas. Eu amo as garotas, mas não quero gritar como elas. Então, eu tive uma dificuldade muito grande para olhar nosso trabalho passado. Eu não tenho tempo pra isso…

Mooallem: Então, por que agora?

Bono: A razão pra fazer isso agora é que foi explicado para nós que você tem que lutar pelo seu trabalho. Se você acredita no trabalho, então você tem que lutar pelo seu lugar – eu não falo só do making of. Você tem que esta consciente de onde pendurar suas fotos, de como elas ficam… Nós não vivemos numa época ingênua. Todo mundo sabe que no mundo da mídia há listas e você pode ficar no topo dessas listas ou no final delas, e nós sabíamos que havia algo especial sobre o Achtung Baby e aquele período do álbum, então pensamos: “Talvez aqui está a chance de relembrar o mundo, que pode ou não pode estar interessado neste momento, deste álbum que fizemos.” Então, surgiu o filme, e fazer um filme é realmente torturante pra mim – particularmente porque eu acho muito difícil deixar as coisas irem. Eu não diria que nós como uma banda somos ou eu sou muito controlador sobre muitas coisas, então ia ser impossível para nós deixarmos as coisas fluírem. – a menos que nós pudéssemos encontrar alguém que nós respeitamos para fazer esse filme… E nós não pudemos encontrar Wim Wenders, então, como você sabe, temos o Davis.

Guggenheim: Eu estou sempre acompanhando Wim Wenders (risos). Como um fã de música, no entanto, a nostalgia é um dos sentimentos mais maravilhosos. Você ouve uma música e se lembra da primeira vez em que ouviu, onde você estava, o que estava sentindo. Mas olhando para o seu próprio trabalho, por que a nostalgia é algo para se evitar?

The Edge: Para mim, olhar para trás é o mesmo que estar em uma corda bamba e olhar para baixo. Não te ajuda no momento presente para lidar com o que você tem que lidar pra seguir em frente.

Bono: Autoconsciência…

The Edge: Sim, configura como uma espécie de autoconsciência e a autoconsciência é um inimigo. Você pode se livrar pensando no trabalho que fez no passado.

Bono: Sabe, porém, a coisa é assim: Eu acho que Achtung Baby foi “cartão livre da prisão” para uma banda como nós, que estávamos presos no nosso próprio modo de fazer as coisas.

Guggenheim: Obrigado por não dizer isso enquanto estávamos fazendo o filme.
The Edge: Ele disse isso agora…

Bono: E a razão que provavelmente nos enganou para fazermos este projeto é que nós estamos na mesma prisão agora. No final da década de 80, nós estamos no número um das paradas. Nós estávamos em todos os lugares – estávamos em cima de vocês – e as coisas estavam começando a ficar desagradáveis para a banda e para o público. Nós estávamos numa prisão – você sabe, para onde vamos agora? E eu acho que estamos no mesmo lugar agora, entendendo meio como que a gente quebra o cadeado… É provavelmente o momento certo pra se pensar nisso.

Mooallem: Que tipo de prisão você acha que está agora?

Bono: Bom, por cerca de 20 anos, eu acho que o U2 esteve à beira da irrelevância. Fizemos um grande trabalho durante esse tempo e, ocasionalmente, trabalhos não tão bons, mas na maioria ótimos trabalhos, eu acho. Mas, para mim, sinto como… Alguém precisa de um novo álbum do U2? Todo mundo tem um – eu quero dizer, têm 150 milhões por aí. E se nós precisamos encontrar um novo público, então vamos para a China ou coisa parecida. Mas essa banda realmente deveria cair fora e morrer (risos). Esse seria o meu conselho para mim mesmo – a menos que consigamos encontrar um jeito de sermos relevantes e termos sucesso. Ser bem sucedido é até algo fácil para nós. Nós podemos tocar em lugares grandes, provavelmente, pelo resto de nossas vidas. Nós podemos fazer a música “grande”. Mas podemos fazer a música “pequena”? Nós ainda podemos fazer essa música e tocar nos rádios ou nos clubes? Essa é a grande questão. Não estou certo se podemos… Eu quero tentar. Eu acho que Edge, Larry, Adam e eu todos sentimos a mesma coisa. Mas não é dado que nós podemos fazer isso. Então, estamos na mesma situação agora.

Guggenheim: Você falou sobre como, no fim dos anos 80, a banda precisou “derrubar” o The Joshua Tree para seguir em frente e Achtung Baby representa esse novo som que vocês criaram. Os fãs queriam “With Or Withour You” ou “Where The Streets Have No Name” e vocês deram algo completamente diferente.
Bono: É o sexo. Porque o The Joshua Tree é bem ascético. Quero dizer, tinha “With Or Without You” e houve momentos de erotismo sobre ele, mas essencialmente havia aquelas fotos do Anton Corbjin de pessoas que pareciam peregrinos – e nós mesmos nos víamos como peregrinos. Nós tínhamos um interesse na religião. Nós éramos como estudantes da Bíblia – mas estávamos interessados em todas as religiões – se não na ideia de se render em todas as religiões. Mas, você sabe, eram os anos 80 e você podia sentir os golpes, quando as pessoas descobriam que você era materialista ou que você estava de flerte ou queria ir à um clube de dance… Então, com Achtung Baby, nós tivemos que contribuir com nós mesmos. Nós dizíamos: “Sim, você pode estar interessado no mundo real como também no sobrenatural da vida espiritual.”

Guggenheim: Não era só sexo. Era também sobre deixar a sinceridade fluir.

The Edge: Seriedade mais do que sinceridade. Seriedade é a coisa que nós começamos a ficar alérgicos, no fim da turnê Lovetown depois do Rattle and Hum (1988). Eu acho que a pressão de estar na posição de se tornar um sucesso pela primeira vez, esse sentimento que nos foi roubado de um componente importante do que nós éramos pessoalmente…

Bono: A importância de “não” ser sério.

The Edge: Sim. De repente, nos sentimos encurralados… Então, era importante pra gente cavar a liberdade. Tínhamos acabado de vir do período The Joshua Tree.O álbum foi um sucesso por todo o mundo. Nós estávamos tocando nos maiores lugares. Nós tínhamos todo o significado de sucesso. No entanto, no final da turnê, nós tínhamos a sensação de que ao invés de finalmente ter cruzado a linha de chegada, havia algo mais importante para nós do que aquilo que tínhamos alcançado. Nós começamos a perceber que o sucesso que tínhamos alcançado não era o sucesso para nós.

Guggenheim: Só quando você atinge um nível de sucesso que você percebe isso?

The Edge: Bem, até você chegar lá, você não sabe. Acho que o Bob Dylan disse uma vez: “Quando você chega ao topo, você descobre que está no fundo.”

Guggenheim: E Berlim era o fundo.

The Edge: O fim da turnê Lovetown era o fundo. Em Berlim, nós estávamos no processo de começar do zero novamente.

Mooallem: Além do que foi registrado, parece que havia uma conspiração de eventos e forças ao redor disso que amplificou a coisa toda que fez ser não somente novo, mas relevante. Você sentiu isso na época?

Bono: Bem, o contexto era importante. Enquanto estávamos fazendo a turnê ZOO TV, o cerco à Sarajevo estava acontecendo. A Europa tinha se tornado uma espécie de impotência com o genocídio que estava ocorrendo na periferia, e os Estados Unidos foram socorrer o povo dos Bálcãs. O disco que surgiu do Achtung Baby se chamou Zooropa justamente pelo o que estava acontecendo naquele período. É importante lembrar que no começo dos anos 90, havia muitas pessoas fazendo um novo punk-rock com novas calças curtas e camisas xadrez. O grunge estava apenas surgindo. Nirvana tinha acabado de lançar “Smells Like Teen Spirit”. Pearl Jam surgiu com o álbum Ten (1991). Primal Scream fez o mesmo com Screamadelica (1991). Depois veio Radiohead, Oasis, Massive Atack, Bjork. Era um período fértil. Mas eu acho que o Achtung Baby foi mais chocante para o tipo de público daquela época. Quando começamos a turnê, nós abriríamos o show tocando 8 músicas do novo álbum. Eu lembro de tocar em Miami, em março, quando nós tínhamos acabado de começar a turnê. Mesmo as pessoas tendo o álbum há algum tempo, vendo a turnê as pessoas ficaram brancas como folhas de papel. Você sabe, têm pessoas que odeiam nossa banda… eu digo, nós somos odiados.E quando eu pergunto por que nos detestam – o que eu tento não fazer – elas sempre dizem: “Bem, é porque você fez isso” ou “Porque você fez aquilo”. Mas, eu acho, que para nós, a curiosidade intelectual sempre fez parte da razão do por que as pessoas se tornam artistas. O que eu sempre amei nos anos 60, é que as bandas faziam todos os tipos de travessuras – andando em marchas com Martin Luther King ou em camas pela paz. Os Beatles abriram sua empresa – que é sua marca, Apple – e estavam interessados no comércio. Eles também foram para Índia estudar. The Grateful Dead estava entre os primeiros investidores da Internet. Então, é esse tipo de curiosidade nos artistas que eu sempre achei interessante.

The Edge: Foi também a época em que a TV começou a estar em todos os lugares, com todos os canais a cabo e a invenção da notícia como entretenimento. Nós ficamos impressionados, como todos os outros, como ao invés da concorrência de todos esses canais se tornou uma programação de alta qualidade. O canal History tinha que competir com o Discovery versus Sky e CNN, e tudo tinha que ser sensacional para atrair mais. Então, as pessoas estavam tentando superar umas às outras em termo de sensacionalismo e nós pegamos isso. Uma das reviravoltas estranhas foi quando nós tentamos transmitir ao vivo de Sarajevo, no meio dos shows da ZOO TV. De repente, nós estávamos oferecendo esses links através das telas de televisão, no local do evento com um amigo de Sarajevo fazendo meio que uma cobertura não autorizada do que estava acontecendo, na frente de 30 a 50 mil pessoas toda noite.

Bono: Sem a música, isto estaria passando na CNN.

The Edge: Sim, sem o entretenimento. Eu confesso que foi realmente difícil, porque era de uma forma bem crua. Era realmente como se fosse uma pessoa falando com a outra, mesmo havendo 50 mil pessoas lá.
Bono: Lembro de em uma das transmissões estarmos falando com uma garota mulçumana que disse: “Por que você não volta para o seu show de rock agora. Nós provavelmente vamos morrer – e vamos ter esperança que será logo.” Então, nós tínhamos que tocar uma música… Foi muito surreal. Mas o que era interessante sobre Sarajevo era o modo como as pessoas estavam usando o surrealismo como um ato de desafio. No meio do cerco, eles tinham um concurso de beleza na praça da cidade, onde as garotas saiam em trajes de banho com cartazes dizendo coisas como: “Você realmente quer nos matar?”. Nós escrevemos uma música sobre isso, que se chama Miss Sarajevo. Nós encontramos uma musicista, uma bela pianista, que se recusava a se esconder nos abrigos anti-bomba e ela tocava durante o bombardeio. Eu digo, surrealismo era uma parte importante daquela época. A primeira Guerra do Golfo estava na BBC, e eu esqueci quem era o âncora, mas ele estava em Bagdá e em um momento um míssil veio pra rua e virou a esquerda… Era uma coisa extraordinária. Mas eu acho que esse tipo de surrealismo achou seu caminho no Achtung Baby. Você sabe, que um pouco do humor negro que essas pessoas de Sarajevo tinham era impressionante! 

The Edge: Como, “Qual é a diferença entre Sarajevo e Belsen? Bom, pelo menos em Belsen você tem gás.”

Bono: Zoo Satation é a primeira música do Achtung Baby e, curiosamente, há uma linha do U2 que está na atual parada do metrô Zoo Station, em Berlim. A estação recebe esse nome porque realmente existe um zoológico lá e, durante a guerra, quando os Aliados estavam bombardeando, eles não podiam colocar os animais nos abrigos subterrâneos. Há todas essas histórias sobre como as vibrações dos bombardeios abriam as gaiolas, então quando as pessoas sairiam dos abrigos de manhã, em Berlim, haveria rinocerontes ou tigres andando por aí, ou pelicanos e flamingos andando nos escombros. Coisas bem loucas. Berlim sempre teve essa relação com Dada e Surrealismo e usando o humor como uma arma de auto-defesa. Então, decidimos usar essa força que vêm de você pra nos proteger – o que, para nós, significa tomar a mídia e todas as coisas que nós sentimos e transformamos em caricaturas, transformando em um outro tipo de força e se divertindo com isso. Fazer o álbum foi uma luta, mas depois que fizemos nós nos divertimos mais do que deveríamos. Eu lembro a primeira vez que nós fizemos a turnê do Achtung Baby em um espaço fechado, e depois fizemos ao ar-livre chamada “Outside Broadcast”, onde nós levávamos uma estação de TV gigante na estrada. Isso nos custava $250.000 por dia – e isso era antes da Live Nation estar por perto pra pagar a conta e correr o risco, então era o nosso dinheiro que estávamos gastando. Nossos contadores e empresários vinham até nós e diziam: “Olha, se 10% menos de pessoas irem ao show do que você imagina, nós estamos falidos. Tudo o que você tem será perdido. Em termos materiais, você estará quebrado.” E meio que nós quatro, sentados ali, ficamos muito preocupados com isso. E depois que essas pessoas saíram da sala, nós começamos a rir… E então, nós encomendamos uma nave espacial (risos). Eu não sei – qual é o oposto de uma fogueira de vaidades? Nós estávamos aquecendo nossas mãos nas vaidades, como “Eu quero mais”. Era delicioso se livrar de todas aquelas coisas que carregamos nos anos 80.”

Guggenheim: Nós já falamos sobre isso antes, mas há uma lei da física que num determinado momento uma banda de rock tem que ou se implodir ou explodir – ou pior, ficar junto mas morrer por dentro. Como vocês conseguiram desafiar essa lei da física de uma banda de rock?

Bono: Bandas de rock são como gangues de rua e há coisas que fazem sentido quando você tem 18, 19 anos. Mas a maioria das bandas de rock não sobrevive conforme as pessoas vão envelhecendo, elas começam a precisa de outro tipo de vida e fazer seu próprio caminho. Eu também acho que isso tem a ver com o ego masculino e como isso se calcifica e se torna mais frágil, quando fica velho. Você sabe, especialmente quando você tem sucesso e que se fez por esforço próprio, você poder um “grande tiro” num lugar, mas não numa “banda de rock”. Em muitos casos, o ego conduz as pessoas a se convencerem de que elas podem fazer melhor ou do jeito delas. Mas eu não acho que nenhum de nós teve essa ideia. Eu acho que todos nós intuitivamente queremos o U2 como nossa casa criativa. É onde nós todos prosperamos. E, felizmente, nós pudemos crescer individualmente de maneira que não nos impede de ir pra frente com essa coisa que nós começamos quando tínhamos 18 anos – nós temos essa banda de irmãos.

The Edge: Eu também acho que é sorte de estar cercado de pessoas que não deixam você acreditar no seu próprio papo furado. O problema da maioria das pessoas que ficam mais velhas é que elas começam a entrar nessa sua conversa mole na medida em que eles apenas têm que eliminar alguém do seu santuário interior, que vai realmente desafiá-lo. Mas eu acho que temos sorte de ter os quatro de nós respeitando e considerando uns aos outros.

Guggenheim: Eu me lembro de Edge e eu, uma vez, conversando sobre outro rock star, que deve permanecer anônimo, que entrou para o negócio de piscicultura e escolheu se concentrar nisso. Edge, você nunca quis aprender a mexer com piscultura?

The Edge: Eu acho que todos nós fomos para a criação de peixes em vários sentidos, e quando você é deixado nisso num momento crítico quando você faz isso, as coisas podem dar errado. Mas se você tem três caras dizendo: “Você é um idiota. Tire sua cabeça dessa porcaria de piscicultura…” Bem, essas pessoas são chamadas de amigos.

Bono: Eu sou alto, magro, com senso de humor, não sou Edge?

The Edge: Ocasionalmente…

Guggenheim: Tem um momento no documentário que você diz: “Nós nos tornamos o inimigo?”. Isso foi há 20 anos. A maioria das bandas de rock começa tendo um inimigo simples – bandas como Sex Pistols e The Clash. Mas como manter isso? Quem é seu inimigo hoje?

Bono: Você sabe, seu inimigo te define, então tenha certeza que é interessante. O inimigo mais interessante para mim é o obstáculo entre você e o seu potencial. Agora, há um inimigo: a pessoa dentro de você que não deixa você ser a pessoa que você nasceu para ser. Essa é uma luta épica e eu acho que nossa arte deixa isso exposto. Ela revela as hipocrisias e as contradições de quem você é e faz você lidar com isso. E isso é muito difícil – e, eu acho, que para nós está ficando mais difícil.

The Edge: A grande desculpa seria aceitar a popularidade ao invés de optar por tentar criar um trabalho convincente. É muito fácil fazer coisas populares, o já esperado, e é aí que você começa a enganar você mesmo – e os seus fãs, no fim – porque há uma desonestidade inerente auxiliando e servindo as expectativas de todo mundo.

Guggenheim: Então, um dos seus inimigos é o que compromete.

The Edge: É tão fácil cair nessa armadilha – especialmente se você tem sucesso. Todo mundo está dizendo: “Aquela coisa que todos amamos na última vez – faça de novo.” Mas se você chegou onde você está em primeiro lugar, assumindo riscos e estando no lugar onde você estava, então você não pode re-criar isso, senão tudo vira uma repetição vazia de algo que está perdido no contexto e no seu valor. Você tem que procurar pelas coisas que significam algo para você aqui e agora – e é difícil isso.

Guggenheim: Bem, essa é outra lei da física de banda de rock. Quando você tem 17 anos, parece que você não tem nada a perder. Mas a cada ano você vive neste planeta.

The Edge: Você muito mais a perder.

Bono: É interessante, porém, porque parece que estamos chegando ao final do será visto como a era da banda de rock – é um fenômeno surpreendente, voltando ao The Beatles, passando por The Clash, Pixies, Nirvana, Arcade Fire. Então, eu espero que esse documentário que você fez, Davis, seja útil se as pessoas um dia quiserem entender por que uma vez pessoas fizeram arte juntas, em um meio de colaboração, porque a maioria dos artistas não trabalha assim.Você, Davis, trabalha num meio colaborativo, mas é o seu ponto de vista. E você não escreve livros ou poesia como quatro pessoas. Mas quatro pessoas se juntam no contexto de uma banda de rock, e você tem uma das vias mais ricas da cultura – eu estou convencido que The Beatles são tão importantes quanto Bach, Beethoven ou Picasso. Eu estou muito preocupado com o filme porque eu o vejo como solipsista – há guerras acontecendo, sabe? Há revoltas árabes, há fome na África e aqui há quatro homens falando do seu processo criativo.

Guggenheim: Eu poderia ter filmado você na criação de peixes.

Bono: Sim. E aqui está a história do álbum onde eles supostamente se livraram dos seus valores e aqui eles estão agonizando sobre isso, e definitivamente não deslizando para baixo da superfície das coisas… Eu quero dizer, nós estávamos em um jeito sério. Então, eu luto um pouco com o filme. Mas a maneira que como eu me convenci nisto… Bem, olha, se você não está interessado no U2 ou no que nós estamos fazendo, o processo criativo é um tema que vale a pena explorar e uma banda de rock é uma coisa que vale a pena dar uma olhada. É por isso que você fez o filme? Eu estou curioso. Por que você fez isso? Seu bobo…

Guggenheim: Bem, você quatro são misteriosos para mim – e continuam a ser um mistério pra mim. Nós conversamos antes sobre como outros músicos fizeram isso do seu jeito e como deve ser horrível estar sozinho, e como é maravilhoso colaborar com outras pessoas e como ainda é difícil continuar mantendo isso vivo. É como o mistério de um belo casamento. Você vê um casamento e diz: “O que eles estão fazendo é fantástico. Eu não sei como eles fazem isso.”

Bono: Mmm… Então, você está nos desvendando.

Guggenheim: Não tudo. Mas talvez nós descrevemos um pouco do mistério com este filme.

Mooallem: Com Achtung Baby, vocês estavam encaixando com as coisas que estavam acontecendo naquela época. Agora, em 2011, com o que vocês querem se encaixar?

Bono: Bem, agora que eu estou fora da estrada, o que eu estou pessoalmente animado é a chance de estar em um lugar onde eu sou suficiente para sentir o que é real. Nós nos movemos tão rápido nesses últimos dois anos e meio, que foi muito difícil ter uma noção do que significa suficiente para eu escrever um pedaço de uma música ou uma letra. Então, eu agora estou curtindo a possibilidade de só escutar e absorver e pegando tudo isso para encontrar a resposta da questão. Vai demorar um tempo. Eu estou curtindo pop music no momento. Esse é o desafio: encontrar alegria na raiva, nos momentos melancólicos. Para o nosso último álbum (No Line On The Horizon), nós fomos para Fez, no Marrocos e isso foi extraordinário porque você está numa cidade sagrada, mas é uma cidade conhecida pela tolerância de cristãos e judeus. O festival de música de Fez vale muito a pena de ir. É um festival de música sacra. Mas eu acho que os locais são importantes para nós. Eu não sei para onde vamos agora… Mesmo encontrando o deserto para o Joshua Tree, o qual realmente aconteceu depois que nós terminamos o disco, quando nós encontramos a imagem… O local parece ser importante para a gente, geograficamente. Eu não sei onde vamos agora…

Mooallem: Todo mundo está tentando responder à essa pergunta agora: a pergunta para onde ir. Nós estamos em desses momentos confusos – não diferente dos anos 90.

Bono: É exatamente esse tipo de momento. Eu digo, nós estamos falando sobre um período de 20 anos atrás, quando a cortina de ferro estava sendo arrastada e destruída. É exatamente o que está acontecendo hoje no Norte da África. As pessoas estão nas ruas e estão procurando por elas mesmas. É tudo meio que uma libertação no final – seja sexual, espiritual, política. Se você não tem um emprego agora, então o materialismo não é piada. Mas esses tempos emocionantes, onde os fundamentos estão sendo abalados e novas coisas estão surgindo – arte nova, novos artistas, novas idéias, novas vozes. Eu realmente acredito em inovação e pensamento livre, eu ainda acredito que há vida na civilização ocidental. O mundo está mudando seu eixo para o oeste e, a propósito, essas coisas acontecem rápido – você sabe, um dólar não é o coração do comércio mundial, e o mundo está mudado pra sempre. Isso ainda não aconteceu – eu espero que não mesmo – mas é o momento em que estamos vivendo. E, sim, Deus, é melhor fazermos um álbum.

The Edge: Certamente há material suficiente.

Guggenheim: Há o famoso clichê sobre o sentimento de pressão para escrever o segundo álbum depois que o primeiro foi um sucesso. Mas como a pressão de fazer um segundo álbum se compara à pressão de se fazer um álbum agora?

Bono: Nada chega perto disso. Nada. Nós nunca ficamos contra as coisas como estamos agora.
The Edge: Talvez esse é o máximo.

Bono: Eu não sei… Eu simplesmente sinto isso. Você sabe, nós queremos ter um grande motivo para existir, e isso é tudo.

The Edge: Uma razão para existir.
Bono: Sim…

The Edge: Procurando uma razão para existir…

Bono: Eu gostaria de ir à Vegas… Eu acho que isso seria ótimo. Eu estou cansado de ir pra academia, de comer saudável. Eu gostaria de ir à Vegas – eu tenho o peito peludo.

Guggenheim: Você só quer ser capaz de usar aquelas roupas.

Bono: Tom Jones – eu não sei se você sabe Edge, mas ele é um dos meus heróis.

The Edge: Olha, sempre que eu começo a ficar nervoso sobre o que é essencial, eu escuto ‘Horses’ de Patti Smith ou ‘Marquee Moon’ do Television e esse tipo de coisa.

Bono: O que você acha (cantando) “It´s not unusual to be loved by anyone…?”

The Edge: Tem seu lugar. Você sabe, casamentos e celebrações de família…

Bono: Um dos meu livros favoritos é ‘Learning From Las Vegas’. É um manual de arquitetura. Eu acho que quando dizemos a palavra ‘Vegas’, o que queremos dizer é que as pessoas vão para Las Vegas para se iluminar, pra ficar de bobeira, mas realmente… é um lugar maravilhoso. Eu acho que devo ir para o deserto, você sabe, e ter pessoas ao redor e só cantar músicas… eu amo Vegas.

The Edge: Veja, isso é quando é importante para os amigos do Bono entrarem em cena.

Fonte: Interview Magazine

“Detonando o U2”

“Detonando o U2”

“Estes dois caras com capuz e barba, entraram pela porta e eram Bono e Adam disfarçados. Eles disseram: ‘Nós queremos detonar o velho U2 e ir à Berlim para fazer um novo álbum. Você está interessado?’”.

Flood – também conhecido como Mark Ellis – trabalhou com o U2 por muitos anos, primeiro como engenheiro de som e depois como produtor. (Ele dividiu um Grammy de “Álbum do Ano”, em 2006, pelo seu trabalho em “How To Dismantle An Atomic Bomb”). Com a edição de aniversário de 20 anos do Achtung Baby, Brian Draper o localizou para o U2.COM e o entrevistou para recordar aqueles primeiros dias, particularmente seu papel nas sessões do Achtung Baby, em Hansa e em Dublin.

U2.COM: Primeiro, você foi chamado pra trabalhar no Johsua Tree, certo?

Sim, era quase 1° de abril e eu vinha recebendo mensagens que alguém na Irlanda queria entrar em contato comigo. O telefone estava no estúdio e me disseram: “É o Bono, pra você.”Então, eu atendi e disse: “Ok, quem está me enrolando?” Mas era ele mesmo. Ops.

U2.COM: O que ele disse?

Os caras estão fazendo um novo álbum e eu gostaria de ir e testar, para ver se nos damos bem? Ele gostava de um monte de coisas que eu tinha feito. E o que eu gostei, quando eu cheguei lá, é que ele xingava muito. Eu pensava que Bono não xingasse. Então, eu fiz um teste de duas semanas. Eles estavam trabalhando no começo do álbum, nas demos.

U2.COM: Não era um mal momento para se juntar, então?

Inacreditável. Ir para a Irlanda e trabalhar com a maior banda do mundo – ou bem perto disso – era como: “Oh, meu Deus! Eu tenho apenas 26 anos…”

U2.COM: Como foi trabalhar ao lado de Brian Eno e Daniel Lanois?

Eu tinha sido convencionalmente treinado como engenheiro de gravação, mas eu percebi como era não-convencional suas abordagens pra tudo. Tudo. Eu tive que rasgar o livro de regras, que eu usava há 6 anos e começar de novo. Foi como acordar em um outro lugar, um lugar bom, um lugar feliz.

U2.COM: E o U2 te quis de volta. Você foi chamado para o Achtung Baby!

Sim, embora eu não tenha sido realmente “chamado”. Depeche Mode estava tocando no Giants Stadium (depois que gravamos Violator juntos) e eu estava sentado na área de impressa, pensando: “Como se consegue algo bom?”, quando Anton Corbjin disse: “Flood, têm umas pessoas que querem te ver.”
Esses dois caras com capuz e barba, entraram pela porta e eram Bono e Adam disfarçados. Então, nós todos estávamos lá e eles disseram “Nós queremos detonar o velho U2 e ir à Berlim para fazer um novo álbum. Você está interessado?”

U2.COM: O quanto você pode planejar para algo tão profundo como “explodir o U2”? Ou simplesmente você apareceu com alguma dinamite?

Bem, é um grande negócio, mas é estranho: há um nível de respeito entre os músicos e os produtores, que todo mundo fica na mesma sintonia. A banda não podia voltar para onde eles estavam – era uma filosofia dominante. Eles diziam pra mim: “Fique livre o quanto você quiser. Tente tudo!” Eu estive trabalhando com Depeche Mode e Nine Inch Nails, então eles estavam procurando por algo “industrial”.
Mas todo dia eles diziam: “É muito parecido com as coisas antigas.” Eu lembro de ter escutado Trying To Throw Your Arms Around The World – parecia uma canção de acampamento, pra começar. Eu dizia: “Está boa,” e eles diziam, “Não, Não pode ser assim!” Todo mundo sabia o que eles não queriam.

U2.COM: Então, como você encontrou o que eles queriam?

Bono colocou isso perfeitamente: “Você tem o material, então o circule.” Um grande exemplo é One. Essa era praticamente a única música feita em Berlim. Demorou cerca de uma tarde, uma vez que as coisas se encaixaram; eles tinham a melodia, os acordes, tudo em três tomadas. Todo mundo dizia: “É maravilhosa, é uma música clássica, é brilhante, é o U2!” e veio uma grande sensação de alívio para a banda.
Mas Eno e eu dizíamos: “É uma canção maravilhosa, mas é sem graça, um arranjo chato?” Então passamos seis meses tentando de tudo. Não parece muito diferente, mas muitas coisas pequenas se mudaram do som tradicional.

U2.COM: Como o que?

A bateria, para começar. Por muito tempo, nós experimentamos com uma bateria pesada. Mas Dany teve uma ideia para o Larry tocar com um efeito de atraso. Dá uma sensação de caindo – não é óbvio na versão final, mas está lá – e deu à Larry uma forma diferente de tocar a canção, também.
Eu também comecei a perceber que a bateria no mono poderia ser mais poderosa, sem ser mais alta. Essa é uma das maiores sutilezas do Achtung Baby: a maioria da bateria em mono, o que é bem incomum.”

Fonte: U2.COM

Achtung Baby – 20 anos

Achtung Baby – 20 anos

Estamos comemorando os 20 anos do lançamento do Achtung Baby, um álbum mais do que importante para a carreira do U2. Não somente apenas por trazer grandes canções, mas também pelo significado em si: período de renovação, onde a banda teve que se re-inventar no som, no visual, nas atitudes…

Segue abaixo um vídeo com uma reportagem da MTV, mostrando o lançamento do álbum em 1991. É muito bom rever as imagens daquela época, ver a histeria de uma multidão de pessoas que passou a madrugada na rua pra comprar o disco, com direito à contagem regressiva para a abertura da loja. Realmente foi um grande evento na Irlanda, mas que também marcou a história da música mundial.

Assistam e #HappyABDay!

U2 volta ao estúdio para gravações do novo álbum

U2 volta ao estúdio para gravações do novo álbum

Pra quem estava pensando que o U2 estava descansando e curtindo umas férias, se enganou.

Ontem a banda voltou ao estúdio Hanover Quay, em Dublin, para continuar gravando mais uma parte do seu novo álbum.

Além do trabalho no estúdio, Bono depois saiu para atender aos fãs, dar autógrafos e tirar fotos.

Isso que é ídolo simpático e atencioso!

Informações: Independent.ie

Fotos: Cozycot

“From The Sky Down” no Multishow

“From The Sky Down” no Multishow

Um dos mais importantes álbuns do U2, o “Achtung Baby” completa 20 anos de lançamento neste sábado, dia 19 de novembro. Para comemorar, o Multishow e o Multishow HD exibem, no próximo dia 30, o documentário inédito “U2 – From The Sky Down”, que registra o processo de criação do álbum que mudou a história da banda irlandesa.

Dirigido por Davis Guggenheim, o documentário foi lançado no Festival de Toronto, em setembro deste ano, e esteve entre os destaques do último Festival do Rio. Com imagens de arquivo e entrevistas com os integrantes da banda e seus colaboradores, o filme ajuda a contar a história do U2 a partir da produção do álbum.

U2 – From The Sky Down
Dia 30 de novembro – às 20h no Multishow e às 22h no Multishow HD

“Bono me ensinou a dançar de salto alto”

“Bono me ensinou a dançar de salto alto”

Florence Welch, dos Florence & The Machine, revelou que aprendeu a dançar de saltos altos com o vocalista do U2, Bono. Em entrevista ao canal de televisão RTE, a cantora recordou o tempo que passou com a banda irlandesa durante parte da turnê 360º.

“O Bono ensinou-me a dançar de saltos altos e também me contou sobre a atuação no festival Glastonbury – de como tudo o que poderia correr mal correu mal, incluindo ele rasgar as calças no palco”, disse Florence.

“Ele disse-me que teve de encontrar uma nova forma de cantar que não envolvesse ter de se mexer.”

Recentemente, Bono falou sobre o malfadado concerto em Glastonbury à revista Q. O músico culpou o DJ do palco principal do festival por estragar o computador onde a banda tinha as faixas gravadas com teclados e disse que também teve o azar de calçar os “sapatos errados” nesse dia.

“Fui para o palco e percebi que era como uma pista de gelo (a água da chuva tinha congelado) e que eu estava usando os sapatos errados. Não podia me mexer”, contou.

Fonte: IOL Música

Produtora de “Homem Aranha” é despedida…

Produtora de “Homem Aranha” é despedida…

À Esquire, Julie Taymor não negou as palavras de The Edge, que dela disse estar “exausta” antes de ser despedida. Só que a resposta não ficou por aí: “o que foi desgastante foi a ausência dos produtores”, lamentou.

“Essa gente não estava lá, por isso como é que o Bono (sabe o que se passou)? Peço desculpa (mas não sabem)”, reagiu.

Taylor trabalhou por nove anos na produção antes de ser despedida. Na semana passada, anunciou a instauração de um processo por violação de direito de autor e por não ter sido devidamente remunerada.

O espetáculo mais caro da história sofreu uma série de adiamentos que incluíram lesões da equipa e foi obrigado a parar durante três semanas no verão.

O U2 é também notícia porque os lucros do álbum de versões de “Achtung Baby” serão revertidos a favor da campanha de emergência da Concern na luta contra a fome na África Oriental.

AHK-toong BAY-Bi Covered”, o álbum que reúne versões assinadas por artistas tão diversos quanto Patti Smith, Nine Inch Nails, Depeche Mode, Jack White, The Killers, entre outros, está disponível para download, em todo o mundo, desde a terça-feira, exclusivamente na iTunes Store. Concebido pela revista britânica Q para assinalar o seu 25º aniversário, que coincidia com a re-edição de 20º aniversário de “Acthung Baby”, “AHK-toong BAY-Bi Covered” pode ser encontrado na edição de dezembro da revista.

Fonte: Disco Digital

Entrevista com Larry Mullen Jr

Entrevista com Larry Mullen Jr

Larry Mullen, baterista do U2, fez sua estreia no cinema, ao lado de Donald Sutherland, como ator, produtor e supervisor da trilha sonora. Confiram a entrevista com o músico:

Tribeca: Parabéns pela sua estreia! Certamente, você sempre foi um homem criativo. Quando você percebeu que tinha interesse em atuar, e havia algo especial que o motivou a enfrentar este desafio?

Larry Mullen Jr: Eu sempre tive interesse em fazer algo fora da minha zona de conforto. Eu acho que é como você se imaginar mergulhando com tubarões ou pulando de bungee jumping de uma ponte alta. Eu acho que atuar é algo muito interessante de se fazer – Eu estou acostumado a ficar sentado e no fundo e eu tenho gostado de fazer isso por muitos e muitos anos. Mas eu meio que brinquei com a ideia por um tempo, nunca acreditando que nada viria a acontecer.
Então, eu corri até Mary McGuckian e conversamos sobre fazer seus filmes. E ela disse pra mim “Se você está interessado em cinema, você tem que assistir a este filme,” que era o original de Man On The Train, a versão de Patrice Leconte. Então eu dei uma olhada e adorei, e pensei “Bom, seria legal se alguém re-filmasse esse filme e eu poderia fazer uma pequena parte dele e isso seria uma ideia ótima.” Pra encurtar, Mary disse “Olha, se nós vamos fazer isso, vamos criar uma parceria.” E assim fizemos e eu me envolvi na produção – tentando obter os direitos, etc – e eu adorei isso.
E, finalmente, quando conseguimos os direitos do filme, falaram pra mim “Bem, você terá que desempenhar o papel do “The Man”. E eu disse “Que porra é essa?”. Eu fui forçado a isso, mas eu não era totalmente um participante relutante. Foi uma decisão bem grande de ser tomada. E claro, quando Donald Sutherland assinou, parecia que eu tinha feito a coisa mais idiota da minha vida (risos). Acabei trabalhando com Sutherland por 17 dias em Toronto e foi uma experiência muito diferente pra mim, eu confesso.

Tribeca: O que te atraiu nessa história? O que você gosta do filme original e o que você e a Mary fizeram diferente nesta versão?

Larry: Eu acho que a razão pela qual Mary me mostrou foi por causa do qual difícil é para uma pessoa na música, em particular, fazer essa mudança (de atuar). Há uma longa lista de pessoas que tentaram e não conseguiram – não porque elas não são talentosas, mas porque é difícil de ser acreditado pelos outros quando você é conhecido como uma coisa e decide fazer outra.
A observação de Mary era que Johnny Hallyday (músico francês) tinha feito vários filmes e não tinha sido bem sucedido, e então encontrou este filme. E foi uma transição de muito sucesso e ela disse que é assim que pode ser feito: com uma grande história, um grande diretor e assim por diante.
Johnny não era conhecido como um grande ator e acaba neste filme, e era o filme perfeito para ele, e ele está maravilhoso. Então, é assim que começou.

Tribeca: Você achou alguma semelhança em atuar como músico?

Larry: Eu acho que há algumas semelhanças, mas falando genericamente, quando você é músico, você está tocando pra você mesmo: é sobre você e é uma experiência pessoal. Eu acho que atuar é meio que o oposto disso de alguma forma. É sobre o “não pessoal” se tornando “pessoal” – você está interpretando outra pessoa. Eu acho que para atores jovens, pessoas que nunca atuaram antes, a maior lição é que as vezes são as coisas que você não sabe que realmente vão te beneficiar.
Isso realmente foi importante pra mim, eu tenho que dizer, quando eu estava trabalhando com pessoas como Sutherland. Eu não sabia de nada, eu não sabia qual protocolo era pra ser. Eu tive sucesso e fracassei ao mesmo tempo, eu não tinha expectativas comigo mesmo, eu não sabia se eu poderia fazê-lo. Então, eu continuei tentando o que eu achava que era a coisa certa.
Eu imagino que se eu soubesse um pouco mais, a perspectiva de trabalhar com uma pessoa como Sutherland teria sido demais. Ele é um ator extraordinário, mas ele também é um estadista mais velho. Foi só na metade do filme que eu realmente percebi como era difícil pra ele, eu acho, de trabalhar como um estreante como eu, mas nessa etapa eu não me importei…

Tribeca: Você já estava mergulhado nisso…

Larry: Eu já tinha pulado com tudo. Não tinha nada que eu pudesse fazer, não havia pára-quedas. Mas Sutherland foi muito generoso, ele não me ofereceu um monte de conselhos e tentou me ensinar. Ele só ficou fora do meu caminho. Ele me deixou fazer. E eu acho que esse foi o grande presente que ele me deu. Eu sou muito agradecido a ele porque eu acho que não deve ser fácil de me ver confuso em várias cenas, errando as falas e não fazendo as coisas certas. Não deve ter sido fácil pra ele ver isso, mas ele não interferiu. Ele não interferiu e me permitiu ascender e cair.

Tribeca: Eu acho que é uma honra ele te respeitar e te deixar fazer as coisas.

Larry: Com certeza. É exatamente assim que eu vejo. Eu vejo isso como uma coisa incrivelmente generosa pra ele fazer por mim, realmente “saindo do meu caminho”. Porque eu já estava pegando o meu jeito.

Tribeca: As notícias na imprensa diziam que Mary via o filme como um western urbano contemporâneo. Com isso em mente, como você se preparou para o personagem e o cavanhaque fazia parte dessa transformação ou era uma coisa que você já estava pensando?

Larry: Sabe, eu folheei o livro de Stanislavski sobre o método de atuar alguns anos atrás, mas isso não significava nada pra mim porque eu não tinha atuado antes. E quando Mary e eu decidimos que nós iríamos pra frente com isso, parte do problema pra mim era “Bem, o que eu faço? Como eu me preparo pra isso?” Ela tinha uma ideia bem clara sobre como eu me prepararia para isso e ela já trabalhou como “não-atores” antes, então eu tinha uma espécie de fichário de com todas as cenas nele, e eu tinha que construir meu personagem. Eu deixei crescer o cavanhaque e eu acho que usei uma forma de método, mesmo sem saber. Eu entrei nessa zona, com 5 ou 6 pessoas que eu conhecia e meio que eu os coloquei todos juntos para criar o personagem.

Tribeca: Você entrou em um espaço mental diferente ou foi realmente mais as aparências externas? Como foi o processo?

Larry: Muito disso veio do exterior, mal-humorado, um cara difícil, rude e a transformação num “cara” (para o personagem do Sutherland, um professor) foi um caminho agradável. Porque eu não estava interpretando o mesmo cara durante todo o filme: eu tinha a oportunidade de me comprometer com o professor.
Mas a medida que o filme ia sendo rodado – não era cena um para cena dois, etc. Era gravado em sequências diferentes: ao ar livre, dentro do estúdio… Então, foi um belo desafio. De manhã, por exemplo, eu poderia estar assaltando um banco. De tarde, eu poderia estar conversando com o professor durante o jantar como o cara é maravilhoso. Era um desafio estar tentando imaginar que tipo de sujeito eu seria naquela determinada hora. (risos)
Eu consegui? Tive sucesso em algumas partes. Estava convincente o tempo todo? Têm suas falhas, eu quero dizer que não sou um ator, mas certamente é algo que eu gostei de fazer.

Tribeca: Eu acho que você vê as falhas mais do que qualquer um… Mudando de assunto, você usou chapéus no filme: você é produtor e ator e produziu a trilha. O que você achou mais desafiador? E produzir te surpreendeu?

Larry: Sim. Quando você está no ramo da música, tudo é muito pessoal porque você está investido em tudo, há um apego muito profundo e pessoal à sua música. Quando você está fazendo um filme, é diferente. Eu acho que como um diretor que escreveu uma peça, eu posso entender como você se sentiria muito pessoal com isso, (mas pra mim) não era um desafio pessoal, era um filme. E a parte de produção foi muito prosaica, a resolução de problemas de uma forma básica: como você lança o filme, como você faz o financiamento, quem vai lançá-lo, e por aí vai. Eu gostei muito desse processo. Eu acho que era melhor, de um modo engraçado, do que atuando. Atuar foi realmente bem desafiador pra mim, embora tenha achado muito libertador. Foi a experiência mais agradável da minha vida? Não, mas eu fiz algo que não esperava.
E na medida em que a trilha era concebida, isso veio por acaso. Eu não era pra fazer a trilha e eu nem queria, mas nós estávamos sem tempo. Mary sugeriu que eu deveria me juntar com Simon Climie, que Mary conhece há muitos anos; eu nunca tinha o encontrado. Ele é um grande músico. Então, eu e ele trabalhamos por uns dias e surgiu alguma coisa. Nós não tivemos muito tempo pra isso. E, eu tenho que dizer, que de todas as coisas, essa foi a mais difícil – Eu estou acostumado com projetos musicais, para acessar pesquisas rápidas e conseguir o que (eu) quero e isso não foi assim. Foi muito difícil, foi um desafio. Mas nós fizemos o que fomos incumbidos de fazer. Poderia ter sido bem diferente e provavelmente poderia ter ficado bem melhor. E é uma música usada durante o filme, eu adoraria se fossem duas ou três partes – mas nós não tivemos tempo pra isso.

Tribeca: Então, qual é o veredicto? Você acha que vai atuar novamente ou você saiu correndo gritando desse mundo louco do cinema? Qual é o seu plano?

Larry: Bem, meu batismo foi um batismo de fogo. Não me senti humilhado, e não acho que eu falhei, como pensei que poderia. Eu não sei como isso seria. Eu sinto que fiz do meu jeito, eu absolutamente gostaria de fazer mais cinema. Eu não sei se sou qualificado para isso… É difícil para um diretor ou um diretor de elenco encontrar algo que eles achem que eu possa fazer. Para responder essa questão diretamente, eu gostaria sim de atuar mais.

Fonte: Tribeca Film