Especial U2:Show, Parte 3

Especial U2:Show, Parte 3

Vamos lá, com a terceira parte do especial “U2:Show”, onde Maria Teresa nos mostra, através de traduções de trechos importantes do livro de mesmo nome, muitos detalhes importantes da carreira do U2. No episódio de hoje, Ian Flooks e Dennis Sheehan, alguns dos responsáveis pela parte que muitos acham a melhor qualidade da banda; As apresentações ao vivo.

Boa leitura! (Márcio Guariba)

Continuando, agora quem fala é o Ian Flooks, agente de shows do U2 para o resto do mundo (nos Estados Unidos era a Premier Talent, que falei no reply anterior), de1982 a1997.

No artigo, ele fala sobre as diferenças de excursionar nos Estados Unidos e na Europa, e conta como o U2 passou finalmente das arenas para os estádios, com a Joshua Tree Tour, num episódio em que o Bono, literalmente, amarelou.

Vamos lá então

(Maria Teresa)

IAN FLOOKS

Eu lembro de organizar a primeira turnê do U2 em estádios, para o Joshua Tree. Todo mundo havia concordado que nós iríamos fazer isso. Eu agendei e organizei tudo, e então fui para a Austrália acompanhar o Eurythmics, que estava em turnê por lá. Os ingressos para a turnê do U2 iriam à venda no dia seguinte.Cheguei à Austrália, e como o jet lag é horrível, troca-se o dia pela noite, então eu tomei um comprimido pra dormir às 2 h da manhã. Lá pelas 3 h, eu recebi um telefonema do Paul McGuiness dizendo “Você tem que falar com o Bono. Você tem que falar pessoalmente com ele, porque não iremos mais vender os ingresso amanhã.” E o show era pra acontecer apenas alguns dias mais tarde, no Wembley Stadium, essa seria uma turnê de dois ou três meses em estádios europeus. Eu recebi o telefonema do Bono, e mal conseguia manter meus olhos abertos.

Ele dizia “Bem, não tenho certeza se nós deveríamos mesmo fazer isso. Por que a gente não pode continuar tocando em arenas?…não sinto que deveríamos mudar pra estádios”. Ele ainda sentia que esse não era o jeito certo de tratar o seu público. Foi um momento muito difícil. Eu disse a ele “Se eu pensar em todas as vezes que vi o U2, provavelmente os shows mais incríveis que vi foram quando vocês tocaram naqueles enormes festivais em Torhout e Werchter (conhecidos festivais de verão na Bélgica e Holanda), e fizeram com que eles se parecessem com o Marquee (um clube londrino onde eles tocaram algumas vezes). Vocês chegaram até a sexagésima milésima pessoa lá no fundo daquela arena, e eles se divertiram muito”. A turnê foi adiante, é claro. Nós esgotamos os ingressos três vezes para o estádio de Bologna, três de uma vez só: 120 mil ingressos em Bologna não é nada mal, porque o U2 estava se apresentando em várias outras cidades na Itália também. Naquele primeiro show, eu quase chorei ao vê-los tocar. O público inteiro cantou I Still Haven´t Found What I´m Looking For à capella, sem a banda. Foi uma das noites mais mágicas com o U2 que eu jamais experimentei. E então pensei “Bem, okay, fico contente por termos feito isso. Fico contente por termos tomado a decisão certa.” 

DENNIS SHEEHAN

Continuando então, com algumas partes interessantes do artigo escrito por Dennis Sheehan, gerente responsável pelas turnês do U2 desde 1982.

Tem coisas interessantes que ele conta, coisas que fazem parte da história do U2, pois ele é um dos mais antigos colaboradores da banda, e continua com eles até hoje. Não posso dizer que conheça muito sobre outras bandas, mas duvido que esse tipo de parceria de longo prazo exista com frequência no mundo da música. Se estiver errada, por favor me corrijam.

Bem, algumas coisas que gostei no artigo do Dennis Sheehan:

(Maria Teresa)

Shows são sempre ótimos. Eu acredito que, pra mim, a melhor experiência é quando o grupo está pronto pra entrar em cena, e começam a se dirigir ao palco. Geralmente eu faço uma contagem regressiva, porque usamos músicas de introdução e o timing é essencial pra que eles estejam no palco na hora certa. Então, depois disso, eu me junto ao público e fico olhando para os seus rostos. Eles se iluminam. Isso é parte importante do porque eu gosto de fazer o que faço. Aquele júbilo e felicidade por duas horas e meia enquanto o grupo está no palco valem totalmente à pena, e não têm preço.”

A experiência de excursionar com o U2 é maravilhosa. É um lar longe de casa. Os integrantes da banda e suas famílias eram bons amigos quando os conheci, e hoje em dia são mais amigos ainda. Eles têm trabalhado duro a sua vocação, e isso tem sido evidente durante os bons momentos e os difíceis também. Temos sido abençoados com um grupo que redefine as fronteiras de sua música a cada álbum, mantendo-os excitantes. Muitos fãs diriam que as canções significam tudo pra eles, a música e as palavras. Eu sinto que o Cristianismo é a base para o que eles fazem. Não digo isso relacionado a religião. Eu digo em tudo o que fazem, dizem e agem.”

O grupo é formado por pessoas muito honradas. Quando eles começam a construir algo, eles estão construindo sobre algo que já é grande. Eles constroem tendo em mente o Everest, mas quando chegam ao topo eles ainda sentem que precisam ir mais alto. Não acho que exista um limite para o U2, eles têm continuadamente ido mais e mais alto com sua música, e atingiram o cume em termos de conquistar aquilo a que se propuseram. Nossas turnês são assim também. Temos sempre lutado pra sermos cada vez melhores, e acho que temos conseguido isso. O U2 provou que podem ser grandes realizadores e ainda assim levarem uma vida praticamente normal, e respeitar aqueles aos seu redor e aqueles com quem eles entramem contato. Afinal de contas, nós estamos aqui na Terra por um curto espaço de tempo. O que mais eu teria feito?”

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