U2 do bem e do mal emociona cristãos em SP

U2 do bem e do mal emociona cristãos em SP

Parte de artigo da MTV Brasil sobre os shows no Brasil:

Momento mais antecipado que esse, só o depoimento do Roberto Jefferson na CPI mesmo. Foram dias de provação e desespero na busca pelos 146 mil ingressos dos dois shows do U2 em São Paulo, e todos queriam ser recompensados – se não pela fila monstruosa que encararam, pelos preços salgados dos ingressos para a ocasião.

E ninguém saiu decepcionado. Foi uma noite de U2 em potência máxima, tanto musical quanto teatral, com telão gigante sincronizado à perfeição, carisma de sobra, som perfeito. O repertório conseguiu mostrar metade do disco novo sem deixar muitos sucessos de fora, evidenciando que aqueles quatro irlandeses quase-tiozinhos são, sem muito exagero, a maior banda de rock surgida nos últimos vinte anos.

Eis uma teoria do porquê: Todos sabem que o U2 teve desde sempre um lado cristão muito forte (bom, pelo menos desde “October”), e o cristianismo é baseado em conceitos de “bem” e “mal” bastante definidos. Com isso em mente, podemos dividir a carreira da banda em três fases:

1) O crescimento do Bono punk-religioso-idealista dos primeiros discos para o herói das causas grandiosas de “Joshua Tree”;

2) A partir de “Rattle And Hum”, nosso herói conhece o blues, coisa evidentemente do tinhoso, e inicia uma viagem pela décadance até a explosão de seu ego em “Achtung Baby”, reprocessada em “Zooropa” e encerrada em “Pop”;

3) O herói revê seu passado com uma coletânea e retoma o caminho do bem, das músicas conscientes, agora totalmente imbuído nas causas globais da fome e da Aids na África, inclusive tentando um arremedo de santificação (leia-se Prêmio Nobel).

É uma típica saga de ascensão e queda, com as fases de aprendizado, percalços, pecados e redenção. Tipo a daquele cara que os cristãos tanto adoram, sabe? Esses personagens atraem a atenção. E o que essa loucura toda tem a ver com o show de ontem?

Muito. Tudo se encaixa quando as setenta e tantas mil pessoas estão fazendo o “Oooh, oooh oh oooh” do final de “With or Without You”, e mais ainda no “How long… we’ll sing this song” de “40”, que encerra o show. Não que se trate de uma experiência religiosa, mas tem a ver com identificação, com ver naquele grupo – ou naquele cara de óculos – algo que faz sentido pra sua vida. Da mesma maneira que a maioria dos cristãos não deve saber direito os detalhes da Bíblia, a maioria dos presentes no Estádio do Morumbi provavelmente não conhece toda discografia da banda, mas sabem por alto porque aquele cara é seu herói.

Não deixe de conferir a matéria completa, clicando no link.

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