Joe Strummer era punk com todas as letras

Joe Strummer era punk com todas as letras

Por Jason Hopps

LONDRES (Reuters) – Joe Strummer, líder do grupo The Clash, cuja faixa “London Calling”, de 1979, explodiu como um dos maiores hinos do movimento punk, morreu aos 50 anos, afirmou um porta-voz na segunda-feira.

O cantor, guitarrista e compositor morreu em sua casa em Somerset, no oeste da Inglaterra, de causa desconhecida.

Ainda não sabemos a causa, mas acreditamos que não tenha sido nada duvidoso e que ele tenha morrido em paz. Será realizada uma autópsia para determinar o motivo (da morte)”, disse o porta-voz.

Nascido em Ancara, na Turquia, com o nome de John Graham Mellor, os talentos de Strummer o levaram de pequenas apresentações no metrô de Londres à fama com o Clash, que, ao lado dos Sex Pistols, definiu o som agressivo e o estilo politizado do punk britânico dos anos 70.

Até que a banda anunciasse sua dissolução nos anos 80, o Clash produziu uma série de clássicos punks, incluindo “Career Opportunities” e “Should I Stay or Should I Go?”, destilando depressão, ódio e energia do Reino Unido daquela época.

Mas eles transcenderam a agressão dos três acordes para divulgar mensagens contra o racismo e pela consciência social.

Strummer, filho de um diplomata britânico, compôs muitos dos maiores hits da banda.

Ele foi uma das mais importantes figuras da música britânica moderna, um intérprete poderoso e um compositor do mesmo nível de Bob Dylan”, disse Pat Gilbert, editor da revista britânica Mojo.

Sua música tinha compaixão e visão, respaldada pela intenção de mudar o mundo para melhor. Fiquei chocado ao saber de sua morte”, disse o editor à Reuters.

Às vezes descritos como “rebeldes com causa”, o Clash fundia vários estilos musicais — reggae, dub, funk e até mesmo rap — com uma mensagem política que elevou o punk ao cenário principal da música e também conquistou grande sucesso no mercado norte-americano.

PUNK COM TODAS AS LETRAS

Em 1976, Strummer conheceu o guitarrista Mick Jones, então com 23 anos, e se uniu ao baixista Paul Simonon e ao baterista Terry Chimes. Com o nome de The Clash, a estréia do quarteto teve impacto imediato e explosivo no Reino Unido.

A revista Rolling Stone se referiu ao disco de estréia, que levou o nome da banda, como o “disco punk definitivo”.

Os álbuns que viriam depois, “Give ‘Em Enough Rope” (1978) e “London Calling” (1979), também se tornaram instantaneamente clássicos punk.

Depois do fim da banda, um incansável Strummer se envolveu com uma série de projetos, desde trabalhos como ator até composições para filmes.

Mais recentemente, Strummer saiu em turnê com uma nova banda, os Mescaleros, e tocou em um concerto beneficente com Mick Jones, em novembro, apresentando-se com seu ex-parceiro pela primeira vez em 20 anos.

Nos últimos tempos, Strummer trabalhava com Bono Vox, vocalista do U2 e com Dave Stewart, ex-Eurythmics, em uma música que homenagearia Nelson Mandela e seria apresentada em um concerto contra a Aids.

Bono disse: “O Clash foi a maior banda de rock de todos os tempos. Eles escreveram a cartilha para o U2”.

O Clash deve ser incluído no Rock and Roll Hall of Fame no ano que vem e esperava-se que o grupo voltasse a se reunir para uma turnê. Isso deve ser especialmente triste para os fãs”, disse Gilbert, da Mojo.

A morte representa um novo golpe para os aficionados do punk, ainda lamentando a morte do cantor Dee Dee Ramone, da lendária banda norte-americana Ramones, vitimado por uma overdose em junho.

Strummer deixa mulher, duas filhas e uma enteada.

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