Reinvenção do Sepultura

Reinvenção do Sepultura

Mito do heavy metal, a banda mineira inicia nova fase recriando músicas alheias

Silvio Essinger

SÃO PAULO – Começa uma nova fase na carreira do Sepultura, que acumula o posto de mito mundial do heavy metal extremo (o disco Roots, de 1995, foi eleito recentemente pela revista americana Spin um dos clássicos do gênero) e de banda brasileira de rock mais popular no exterior em toda a história (são 5 milhões de discos vendidos em 18 anos de carreira).

Liberados pela gravadora Roadrunner em 2000, depois de quatro álbuns com o vocalista original, Max Cavalera, e dois com seu substituto, o americano Derek Green, os músicos se mudaram para São Paulo, vindos dos EUA, e começaram a repensar a carreira. O primeiro resultado chega às lojas dentro de alguns dias: o disco Revolusongs, em que a banda faz versões de músicas de bandas de metal, como Exodus e Hellhammer, e de artistas fora do estilo, como o U2, os trip hoppers do Massive Attack e os rappers do Public Enemy.

A entrevista acontece num estúdio numa silenciosa rua do bairro paulistano de Vila Madalena. Foi lá que o grupo se reuniu para escolher as músicas do disco, lembrando-se volta e meia do começo da banda, em 1984, quando eram adolescentes tocando as músicas dos grupos favoritos na garagem do baixista, Paulo, no bairro de Santa Teresa, em Belo Horizonte.

A única exigência quanto ao repertório, conta o guitarrista Andreas Kisser, é que tinha que ficar com a pegada do Sepultura.

– Tem que ser os quatro na mesma página, botando energia e idéias junto – diz.

Assim, entraram músicas da época dos primeiros ensaios do Sepultura, como Messiah (Hellhammer) e Piranha (Exodus). Mas também a climática Angel (Massive Attack), a new wave Mongoloid (Devo), o hard rock Mountain song (Jane’s Addiction) e Bullet the blue sky, clássico da música de protesto dos popstars do U2.

– A letra do U2 ainda é muito forte, muito atual. Tem a ver com São Paulo, Palestina, Iraque – diz Andreas, aproveitando para explicar um pouco do processo de seleção do repertório:

– A gente queria ter feito músicas do Police, Funkadelic, Kraftwerk, The Who, Soundgarden… O Police a gente tentou bastante mesmo, a gente gosta muito deles, mas as letras sempre podavam a gente. Não tem nada a ver fazer músicas como Message in a bottle ou Don’t stand so close to me… Elas fugiam do caráter mais sombrio do Sepultura – conta.

Revolusongs está sendo lançado no Brasil pela FNM (subsidiária da gigante Universal Music), na Ásia pela JVC e na Europa pela SPV. Falta ainda um representante nos Estados Unidos, onde a banda estava radicada nos tempos do contrato com a Roadrunner.

– Nós fomos atrás de todas as gravadoras possíveis e imagináveis. Estamos com um empresário, Jim Lewis, que viajou o mundo falando com um monte de gente e com gravadoras grandes. Só que elas estão com muito medo de investir. A crise no mercado é grande. Então a gente foi atrás das independentes – diz Andreas, que ainda guarda muitas mágoas da relação com a antiga gravadora, hoje dedicada à carreira do Soulfly, banda do ex-Sepultura Max Cavalera.

Em 2003, tem CD do Sepultura

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