O’Neill pede por uma nova abordagem para os problemas na África

O’Neill pede por uma nova abordagem para os problemas na África

Não é a imagem normal do secretário do Tesouro, mas Paul O’Neill ainda está usando os óculos azuis de Bono e ainda está falando sobre a melhor maneira de ajudar a África.

Seis dias após completar uma viagem de 12 dias a Uganda, Etiópia, África do Sul e Gana, O’Neill usava óculos azuis, um presente de seu companheiro de viagem e astro do rock Bono, ontem e criticou meio século de ajuda estrangeira que ele insiste ter tido impacto limitado na África. “Nós temos que mudar nossa abordagem”, disse ele.

As observações de O’Neill, juntamente com o pedido do presidente do Banco Mundial James Wolfensohn para maior assistência à África e a campanha em andamento para perdão das dívidas do líder do U2, Bono, põem em evidência o debate sobre a utilidade da ajuda estrangeira em uma época onde os fundos fornecidos pelas nações industrializadas do mundo diminuíram e as necessidades do mundo em desenvolvimento aumentaram.

O imprevisível secretário inquietou os líderes de organizações multinacionais e financistas como Wolfensohn nos últimos dois anos pela crítica à efetividade dos empréstimos e doações passados.

Ele repetiu a crítica ontem. “O povo pobre da África e os países pobres em geral precisam de um novo tipo de ajuda que vai além dos bem intensionados mas desapontadores resultados dos últimos 50 anos.”

O’Neill anunciou ontem que ele volta à questão com uma paixão gerada pelo que ele chamou de “os mais intensos 12 dias que eu já experimentei.”

Em hospitais, vilarejos, lojas, fábricas e em encontros com primeiros ministros, Bono e O’Neill carregaram seu debate em andamento sobre o meio apropriado de dar assistência. A cada parada, Bono destacou novas salas de aula ou projetos de saúde que foram financiados com os fundos liberados quando os juros de empréstimos passados foram cancelados.

O’Neill, tão diligentemente quanto Bono, pressionou seu argumento de que a ajuda deveria ser dirigida a projetos cujo sucesso deveria ser medido – poços de água de $1000, livros para as escolas e microempréstimos para pequenos negócios. No 55° aniversário da palestra de George Marshall descrevendo um plano para o reconstrução da Europa pós-guerra, O’Neill disse que um esforço comparável deveria ser focalizado em fornecer água pura, em melhorar a educação primária e em isolar a AIDS na África sub-Saariana.

O’Neill e Wolfensohn debateram idéias na terça-feira e ontem. Wolfensohn argumentou que os países desenvolvidos deveriam diminuir os subsídios domésticos, as tarifas e as barreiras de comérico que sufocam o desenvolvimento africano e os chamou de “hipócritas” por não agirem deste modo. Os subsídios agriculturais nos países em desenvolvimento agora totalizam 350 bilhões de dólares, disse ele, sete vezes o total da ajuda estrangeira das nações industrializadas.

Ele também chamou a obcessão de O’Neill em medir resultados como “simplista”.

Ao mesmo tempo, Wolfensohn armou uma discussão de dois dias sobre como medir e monitorar os projetos com representantes das Nações Unidas, do Fundo Monetário Internacional e dos países em desenvolvimento.

O’Neill refutou a crítica. “Eu não sei por que Jim ficou tão defensivo. Nós todos temos que trabalhar juntos”, disse ele.

O’Neill, Wolfensohn e Bono, todos concordaram sobre a profundidade dos problemas na África sub-Saariana, onde 300 milhões não têm acesso a água potável, onde 300 milhões vivem com menos de 1 dólar por dia, onde 28 milhões foram atingidos pela AIDS e onde a espectativa de vida caiu dos 50 para os 47 anos na década passada, de acordo com o Banco Mundial.

As apostas também foram aumentadas pelos líderes mundiais, que prometeram em março aumentar a ajuda estrangeira. O presidente George W. Bush prometeu aumentar a ajuda americana em 50%, para 15 bilhões de dólares por ano, e instruiu O’Neill e o secretário de estado Colin Powell a desenvolverem a fórmula apropriada. Isso será revelado em 26 de junho, quando os líderes africanos apresentarem suas estratégiras para suprir as necessidades econômidas e de saúde para os líderes de oito nações industrializadas em Kananaskis, no Canadá.

Comments are closed.