Empresa anuncia turnês e critica Medina

Empresa anuncia turnês e critica Medina

Bruno Porto

A apresentação que Roger Waters fará na Praça da Apoteose, no dia 9 de março, pode ser muito mais do que um presente para os fãs de sua antiga banda, o Pink Floyd. A gigante americana Clear Channel Entertainment, que acaba de se instalar no Brasil, quer aquecer a escassa safra de shows internacionais por aqui, nos últimos dois anos restrita a festivais como o Rock in Rio e o Free Jazz. A meta da companhia é ambiciosa: quer trazer para o país a cada três meses artistas de porte em lugares abertos e com capacidade para no mínimo 30 mil pessoas. A empresa se anuncia provocando polêmica com seus concorrentes diretos, a mexicana CIE (que trouxe Eric Clapton e Backstreet Boys ano passado) e Roberto Medina, o criador do Rock in Rio (que confirmou nova edição em 2003).

– Não queremos ser precipitados e anunciar atrações não confirmadas, como já fez a CIE, que disse que traria o Roger Waters – alfineta Lawrence Magrath, diretor de marketing no Brasil da Clear Channel. – Respeito o trabalho do Medina, mas essa história de trazer o U2 também não tem o menor cabimento.

Empresa gerencia turnês do U2 e de Lenny Kravitz

Procurados pelo GLOBO, Medina e representantes da CIE não retornaram as ligações para comentar as declarações de Magrath. A Clear Channel – que entra no país de braços dados com a empresa de marketing e eventos Newsport, presidida pelo ex-gerente de marketing da Coca-Cola, Luís Lobão – não diz que nomes pretende trazer, mas a crítica a Medina dá uma pista: a última turnê do U2, “Elevation”, que foi prometida pelo grupo para passar pelo Brasil este ano, é gerenciada pela empresa americana.

– No ano passado nós gerenciamos a turnê da Madonna, “Drowned world”. Em 2002 estamos com o U2 e o Lenny Kravitz. No ano que vem estaremos gerenciando as turnês do Rush e dos Rolling Stones – adianta Magrath.

Segundo Leandro Stillitano, gerente da empresa, as negociações de onde sairão os nomes acontecerão nos próximos dois meses. O grupo de entretenimento estaria em conversações com uma marca de cerveja, que daria nome à série de shows.

– É nessa época, depois do fim das grandes turnês que começaram ano passado, que fechamos os shows para o resto do ano – explica. – Nossas prioridades são shows inéditos no Brasil. O Roger Waters será apenas o começo.

Para Magrath, as atrações que são boas para o resto do mundo não têm necessariamente o mesmo valor para o Brasil.

– O Phil Collins, por exemplo, é um arroz-de-festa na Inglaterra, entre outros lugares. Mas no Brasil ele seria uma ótima atração – acredita.

Com a alta do dólar, o cachê de muitos artistas sofreu um considerável aumento. A empresa que vai trazer Waters – que ainda se apresenta em Porto Alegre (dia 12, no Estádio Olímpico) e em São Paulo (dia 14, no Pacaembu) – estaria preparada para intempéries econômicas.

– É claro que a alta do dólar nos afeta, mas, se queremos nos expandir, o investimento aqui é necessário – diz. – O nosso objetivo é incluir o Brasil definitivamente na rota das turnês globais.

Paralelamente aos shows, seria realizado ao longo do ano o evento DJ Series, definido pela assessoria da Clear Channel como ” happenings de cultura clubber e não só um festival de música eletrônica”. Os nomes dos DJs, segundo a empresa de primeira linha, ainda não foram definidos.

A Clear Channel possui 135 estádios, teatros e anfiteatros no mundo todo, sendo 44 nos Estados Unidos e 28 na Europa. No ano passado cerca de 70 milhões de pessoas estiveram em 26 mil eventos promovidos e/ou produzidos pelo grupo de entretenimento.

A CIE, por outro lado, não divulgou ainda sua programação de shows internacionais para este ano, mas, segundo fontes ligadas à empresa, deve iniciar a agenda em abril. O ATL Hall, que é de propriedade da companhia mexicana, fechou as portas para obras e deve reabrir com um show estrangeiro. Roberto Medina deve divulgar suas metas para 2003 após o carnaval. O empresário tem feito reuniões com sua equipe desde o começo de janeiro.

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